Renato Dagnino*
RESUMO: O trabalho explora uma preocupação recente que se expande rapidamente no Brasil e em outros países da América Latina, de conceber tecnologias para a Inclusão Social. Seu enfoque, interdisciplinar, orientado por problema e para a elaboração de políticas, como convém ao tema, é balizado pelo campo dos Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia. Duas percepções orientaram sua elaboração. Primeiro, a de que a Tecnologia Convencional, a tecnologia que hoje existe, que a empresa privada utiliza, não é adequada para a Inclusão Social. Segundo, a de que as instituições públicas envolvidas com a geração de conhecimento científico e tecnológico (universidades, centros de pesquisa, etc) latino-americanas não parecem estar ainda plenamente capacitadas para desenvolver uma tecnologia capaz de viabilizar a Inclusão Social e tornar auto-sustentáveis os empreendimentos autogestionários que ela deverá alavancar; a que denominamos aqui Tecnologia Social. O que torna necessário um processo de sensibilização dessas organizações e de outras, situadas em outras partes do aparelho de estado e da sociedade em geral, a respeito do tema. Retomar um debate sobre essas questões, que foi interrompido há muito tempo, para promover tal sensibilização através de um processo de reflexão como o aqui proposto é o objetivo deste trabalho. |
ABSTRACT: |
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O trabalho explora uma preocupação recente e em certo sentido única que se expande rapidamente no Brasil e em outros países da América Latina, de conceber tecnologias para a Inclusão Social. Seu enfoque, interdisciplinar, orientado por problema e para a elaboração de políticas, como convém ao tema, é balizado pelo campo dos Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia.
Ele se inicia com uma pergunta: por que é necessário conceber TS (Tecnologia Social)?
Essa pergunta, cuja resposta pode ser entendida como o objetivo buscado pela apresentação 1 aqui realizada, pode ser preliminarmente respondido pela menção a duas razões.
Primeiro, porque se considera que a Tecnologia Convencional (TC), a tecnologia que hoje existe, que a empresa privada utiliza, não é adequada para a IS (Inclusão Social). Ou seja, que existem aspectos na TC, que é crescentemente eficiente para os propósitos de maximização do lucro privado para os quais é desenvolvida nas empresas, que limitam sua eficácia para a IS.
Segundo, porque se percebe que as instituições públicas envolvidas com a geração de conhecimento científico e tecnológico (universidades, centros de pesquisa, etc) não parecem estar ainda plenamente capacitadas para desenvolver uma tecnologia capaz de viabilizar a Inclusão Social e tornar auto-sustentáveis os empreendimentos autogestionários que ela deverá alavancar. O que torna necessário um processo de sensibilização dessas organizações e de outras, situadas em outras partes do aparelho de estado e da sociedade em geral, a respeito do tema. Sensibilização esta que se inicia por um processo de reflexão como o proposto por este trabalho.
Para guiar esse processo vou tomar essas duas partes da reposta como hipóteses concentrando-me em torno de cinco pontos.
1 - Como é essa Tecnologia Convencional? A tecnologia que utilizam as empresas privadas?
2 - Que tecnologias demanda a Inclusão Social e os empreendimentos auto-gestionários? Ou, em outras palavras, como é essa Tecnologia Social (que é a denominação que eu vou dar a priori, sem conceituar previamente, a esta tecnologia)?
3 - O que faz essa Tecnologia Convencional ser diferente da Tecnologia Social? O que diferencia a tecnologia que existe daquela que seria necessária para tornar viável a Inclusão Social e os empreendimentos auto-gestionários?
4 - Será que as instituições públicas que produzem conhecimento (a universidade, em particular) podem aproximar essas duas tecnologias? Em outras palavras, será que a universidade pode a partir da Tecnologia Convencional com a qual ela está “acostumada” gerar a Tecnologia Social necessária a esses empreendimentos?
5 - Como começar? Como começar a fazer com que a universidade possa de fato, se engajar numa empreitada, tão difícil, tão ampla, mas tão necessária para o Brasil e para outros países latino-americanos?
Universidad de Campinas, Brasil. Emial=rdagnino@ige.unicamo.br
1 Este trabalho se origina da “desgravação” de uma apresentação realizada para os participantes do processo de construção da Rede de Tecnologia Social atualmente em curso no Brasil. Foi mantida a linguagem informal em que ela foi feita e foram incorporados os quadros projetados aos quais o texto faz referência. Foi também introduzida a indicação bibliográfica referente aos autores aludidos. Nas notas de rodapé que seguem, indico trabalhos recentes que possibilitam aos leitores interessados uma melhor fundamentação dos argumentos apresentados.