Espacios. Vol. 32 (4) 2011. Pág. 35


Investimentos em ciência, tecnologia e inovação: Panorama brasileiro

Investments in science, technology and innovation: Brazilian Panorama

Las inversiones en ciencia, tecnología e innovación: Panorama brasileño

Claudia Tania Picinin, Luiz Alberto Pilatti, João Luiz Kovaleski y Bruno Pedroso


3. Conclusões

O debate ocorrido entre pesquisadores das áreas de ciência, tecnologia e inovação e divulgado pelo caderno Aliás permitiu elencar quatro pontos importantes a respeito do assunto:  O primeiro item apontado pelo debate enfatiza que mesmo tendo a percepção de que a ciência e o conhecimento são elementos essenciais para o desenvolvimento do Brasil, o país hesita em utilizar-se desses elementos para inovar e gerar riquezas.

A ciência é utilizada no país apenas como forma de originar conhecimentos, sendo a predominância das pesquisas realizadas em ambiente acadêmico. Prova deste fato é que uma minoria dos cientistas possui como meio de trabalho as indústrias, enquanto que em países desenvolvidos uma significativamente maior atua em unidades produtivas. A conexão entre pesquisa e mercado ocorre por intermédio da indústria, sendo este o ambiente que gera riquezas para o Brasil através de inovações e que, não está sendo explorado de forma eficiente. 

O debate abordou ainda o ciclo evolutivo de geração de ciência, onde o ciclo depende de descobertas para dinamizar a sociedade, gerar novas pesquisas, utilizar tecnologias diferenciadas e internalizar conhecimentos. Neste processo, inovações podem ser desenvolvidas. Durante o debate, a inovação é abordada de forma conceitual, onde esta não é classificada nem como ciência nem como tecnologia. Inovação é mercado.

O Brasil caminha em oposição ao desenvolvimento, pois além de ser lento em implementar tecnologias, também possui baixa participação mundial em registros de patentes. Esses dois fatores inviabilizam uma modernização acelerada.

O diagnóstico feito pelos pesquisadores que participaram do debate é comprovado pelos dados coletados, referentes a ciência, tecnologia e inovação. A mensuração dos resultados ocorre por meio de indicadores apontados por órgão públicos brasileiros. No país, o órgão responsável por estabelecer indicadores que quantifiquem aplicações de recursos financeiros em ciência, tecnologia e inovação é o CNPq. A produção científica é dada pelo Ibict e indicadores de ensino superior e pós graduação é fornecido pela CAPES.

Com a análise dos indicadores de investimentos brasileiros, pôde-se constatar:

  • As maiores aplicações são realizadas pelo setor público (53,64%) em relação montante investido em ciência, tecnologia e inovação;
  • O setor público possui maior dispêndio em pesquisa e desenvolvimento no período de 2000 a 2008;
  • As pessoas que desenvolvem pesquisa e desenvolvimento no Brasil concentram-se na área de ensino superior; 
  • As publicações brasileiras de artigos da área de engenharia em revistas indexadas na base de dados Thomson Reuters  representa apenas 1,30% do volume mundial.
  • Os pedidos de patentes realizadas ao INPI, não tem apresentado aumento desde 2000.

Por meio da avaliação dos pesquisadores participantes do Aliás debate para o setor de ciência, tecnologia e inovação no Brasil e, dos dados coletados com base nos indicadores, denota-se que o país não possui um ambiente propício voltado ao desenvolvimento tecnológico. Observa-se ainda que as pesquisas geradas possuem unicamente a finalidade de causar conhecimento, não tendo o foco em originar inovações e conseqüentemente produção de riquezas.

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