5. Metodologia
A presente pesquisa se classifica por um estudo multicaso, caracterizado por Yin (2001) com o maior foco na compreensão e na comparação quantitativa dos fenômenos. Este proporciona maior abrangência dos resultados, não se limitando às informações de uma só organização. O método empregado é dedutivo e exploratório, com a forma de abordagem predominantemente quantitativa em relação a descobrir ações estratégicas inovativas voltadas para a GDP.
De acordo com este caracterização, a população desta pesquisa se restringiu a agentes empresários da governança dos APLs e presidência de associações ou sindicatos de confecção do Estado do Paraná com organização maior ou igual a quatro anos de existência, de acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP). Entre estes estão os APLs de confecção de: bonés de Apucarana; moda masculina da região sudeste que caracteriza o aglomerado produtivo de Francisco Beltrão/Pato-branco; moda bebê na cidade de Terra Roxa; e vestuário de Maringá/Cianorte.
Os procedimentos técnicos foram realizados em três etapas, primeiramente por meio da pesquisa documental nos planos de ação dos APLs entre os anos de 2004 até 2008, mapeou-se as ações voltadas para inovação organizacional, inovação de marketing, inovação de produto e processo e novos materiais . Segundamente, questionários foram aplicados aos empresários agentes de governança e a presidência de associações e sindicatos de confecção do Estado do Paraná para avaliar o índice de execução desta ações nos APLs. E por fim, observações sistemáticas nas empresas, projetos e capacitação dos APLs para atestar a execução destas ações.
No universo de APLs de confecção do Estado do Paraná somente um não participou da pesquisa por motivos de reestruturação da governança. Assim, as pessoas responsáveis pela organização e execução dos planos de ação da antiga gestão se recusaram a participar da pesquisa. Um dos questionários não foi respondido em sua totalidade, como consequencia este foi retirado da pesquisa. Os questionários foram respondidos presencialmente contendo: 7 questões pessoais, 27 questões sobre inovação organizacional; 16 questões sobre inovação em marketing; 16 questões sobre inovação de produto e processo; e 11 questões sobre novos materiais.
A análise dos questionários aconteceu de acordo com as ações encontradas nos APLs de confecção do estado do Paraná. O calculo do índice de frequência de realizações destas ações foi adaptado de Candido e Menezes (2008):
Quando a relação é > = 0.
𝐼= industrial e financiamento para registro de marcas a nível internacional foi bem pontuado. Contudo, o grau de consolidação de APLs tem uma de suas variáveis marcadas pelo nível de exportação do APL, que tem a exigência do registro da marca para ser executado. A mensuração das estratégias de inovação em marketing é apresentada na Figura 3.
Figura 3− Inovação em marketing: uma imagem de marca forte.
Fonte: autores.
O APL de Maringá apresenta performance ideal de inovação em marketing, este arranjo não tem especificamente uma marca em conjunto, mas divulga as coleções atravês de desfiles e publicidades dos shoppings atacadistas onde seus produtos são vendidos. Os APLs de Apucarana e Imbituva tem uma performance aceitável, o primeiro por trabalhar com produtos promocionais assim a visão da marca por empresa não é tão importante. No entanto, a região aonde o APL atua tem que ser conhecida como um polo nacional de produção de bonés. O APL de Imbituva tem todo o seu planejamento de coleção e pesquisa de mercado em conjunto, pois o seu maior potencial de vendas esta na feira de malhas de Imbituva que é realizada em conjunto.
A performance do APL da região sudoeste esta em estado de alerta, este se caracteriza por que os produtos confeccionados no APL são tercerizados de marcas internacionais ou grandes magazines. Porém observa-se neste arranjo algumas iniciativas de divulgação de marcas proprias das empresas. O APL de Terra Rocha esta em uma performance critica porque não encontrou-se nenhuma ação voltada especificamente para a pesquisa de marketing, cultura de criação de marca própria ou em conjunto para o APL.
5.1. Inovação de produtos e processos (IPP): design e tecnologia
A inovação de produto e processo apresenta as ações em conjunto dos APLs em relação a inovação direta na criação e produção do produto. Estudos recentes sobre inovação mostram que a produção em massa tenderá a um produto personalizado e de alto valor agregado. Assim, encontra-se a necessidade na indústria de confecção paranaense de inovação de produtos e processos de produção, voltadas para design e altas tecnologias. Principalmente com ações voltadas para qualidade e sustentabilidade dos produtos, foco nos resultados de coleções anteriores. Como apresenta os autores Pich, Loch e Meyer (2002) por meio de aprendizagem de produtos já lançados e a dificultade do ciclo de vida em relação a complexidade de tendências, ambiguidade e tempo de desenvolvimento.
Figura 4 − Inovação de produtos e processos: uma imagem de marca forte.
Fonte: autores.
A inovação de produtos e processos nos APLs de confecção do Estado do Paraná tem suas estratégias e ações voltadas somente para aquisição de tecnologia de processo. Quando a variável é desenvolvimento de novos produtos este se restringe a estudo de novas tendências internacionais. Neste contexto, somente o APL de Maringá tem o índice de performance ideal, seguido do APL de Imbituva com índice aceitável o que diferencia estes dois arranjos e que o APL de Maringá tem dois cursos de graduação em DP de moda. Entretanto, o APL de Imbituva não tem um centro de ensino superior na região o que dificulta muito a pesquisa em novos processo e produtos no arranjo.
O APL da região sudoeste e Apucarana estão no nível de performance de alerta, o primeiro se caracteriza muito em inovações na área de otimização do processo produtivo, porém não se destaca em novos produtos. O APL de Apucarana trabalha com produtos promocionais que se caracteriza com pouca diversificação e alta produção, focando para a inovação de processos, mas não de DP. Novamente o APL de Terra Roxa apresenta um estado critico voltado para a GDP.
Duas afirmações constataram a realidade das estratégias de inovação de produtos e processos nos APLs de confecção pesquisados. “Participar do APL não é ser irmão, pois não vou adquirir uma tecnologia, principalmente de equipamentos, pagar por ela e oferecer de graça o conhecimento para operá-la para os outros integrantes”. “Não executamos atividades de desenvolvimento de produtos em conjunto, porém após este ser lançado e colocado nas vitrines, estes são copiados em questão de dias”. Porém um projeto de desenvolvimento com a teoria open innovation é o “Projeto Criando Moda”, no qual estudantes universitários, de três cursos de moda do Estado, apresentam coleções em um grande desfile. Como consequência, empresários compram modelos e os estudantes são reconhecidos no mercado da moda estadual. Uma parceria universidade e empresas que gera resultados positivos para ambas as partes.
5.2. Novos materiais (NM): valor agregado e sustentabilidade
As práticas de organização e gestão da cadeia de valor da inovação compreendem a toda etapa de gerações de idéias, até em idéias externas, entre elas a de fornecedores. Na indústria de confecção, especificamente vestuário e acessórios a principal matéria-prima é o tecido. Ele determina o nível de flexibilidade, qualidade, conforto térmico, resiliência e maciez da peça do vestuário. Portanto, pensar na GDP em confecção sem parcerias de desenvolvimento com empresas fornecedoras de tecido, analogamente, seria pensar no desenvolvimento de um carro sem ter parceria com fornecedores de pneus. Porém, ANPEI (2004) mostra que o setor têxtil que compreende as empresas de fiação e tecelagem e beneficiamento investe 11% a mais em desenvolvimento de produtos em comparação com as empresas de vestuário e acessórios. Este fator ocorre porque geralmente empresas de vestuário e acessórios são de médio, pequeno e até micro porte ao contrário das empresas têxtil que são de grande porte.
Com relação aos novos materiais empregados como matéria prima nos APLs de confecção do Estado do Paraná, mais de 75% dos envolvidos responderam que não tem nenhum ou pouco conhecimento sobre o tema, e não realiza ações conforme ilustrado na Figura 5.
Figura 5− Novos materiais utilizados nas matérias primas de confecção.
Fonte: autores.
Parcerias para ações estratégicas com fornecedores é a maior dificuldade que os APLs de confecção encontram na GDP, somente o APL de Maringá tem a performance ideal em novos matériais, porém esta se encontra em somente médias e grandes empresas. O APL da região sudoeste, Apucarana e Imbituva estão em situação de alerta. Porque mesmo realizando compras em conjunto ou pelo mesmo representante, as empresas não vêem os APLs de confecção do Estado do Paraná como um cliente tímido em relação a volume de compras no mercado. O APLs de malhas de tricô de Imbituva tem como seu fornecedor principal a fiação, assim neste encontra-se parcerias para a criação de produtos ecologicamente corretos. A fiação produz fios com tingimento natural e a confecção efetua sua produção sem degradação de meio ambiente, principalmente sem o processo de estamparia. Com esta sociedade tem-se como estratégia de marketing um produto de vestuário inovador e ecologicamente correto, blusa de tricô com rápida degradação no ambiente.
Os dados conseguidos na pesquisa apresentam a realidade de pouco desenvolvimento de produtos diferenciados dentro dos APLs de confecção do Estado do Paraná e como consequência de parceria de desenvolvimento de materiais com fornecedores e acesso a estas novas tecnologias. Uma comparação entra as inovações organizacionais, marketing, produto e processo e novos materiais é apresentada na figura 6.
Figura 6 − Comparação entre as inovações do PREPFIP
Fonte: autores.
Nos APLs de confecção do Estado do Paraná a parceria inovativa para desenvolvimento de NM tem o menor índice de ações nos APLs somente 0,43 com performance alerta. A IM e DP e processo apresentam um índice total no Estado de 0,48, seguido da IO com 0,49. Assim, as ações inovativas nos APLs de confecção pesquisados apresentam uma situação de alerta. O APL de Maringá tem uma realidades inovativas aceitável e ideias, porém o APL de Terra Rocha se encontra em estado de critico. Neste sentido tem se a necessidade para as politicas de desenvolvimento para MPE serem mais efetivas em determinadas regiões. No entanto, a questão de inovar principalmente em produtos e processos vem de uma questão de cultura de cada região.
Pode–se afirmar estatisticamente que há evidência suficiente para rejeitar a afirmação que as cinco amostras de grau de ocorrência denotadas pela escala de Likert provenham de um F excessivamente grande, assim rejeita-se a afirmação de igualdades entre as médias pelo teste ANOVA. Esse teste realizado com todos os blocos de inovação do questionário que é representado pela diferença entre as médias. O valor de F: 8,44 com o grau de confiança de 95% e um valor crítico de 1, 96.
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