Raphaela Maria de Castro e Silva Vidal, Claudemir Inacio dos Santos y Antonio de Souza Silva Júnior
A rede de capacitação está sendo formada pela participação de diversos atores Capacitadores, incluindo SEBRAE-PE, SENAI-PE, SIMMEPE e Projeto Vínculos; Articuladores, entre eles, SEBRAE-PE, SIMMEPE e IEL; Fomentadores, considerando BNDES, BID e BNB e a Empresa-âncora, representada pelo EAS. Cada ator dentro de sua competência gerencial, técnica e financeira contribui para a capacitação, potencializando a inserção das empresas locais na cadeia de fornecimento do EAS.
Deve-se ressaltar a importância da atuação do SIMMEPE dentro de todo o processo de capacitação, à medida que executa atividades de articulação e capacitação, integrando os demais parceiros em busca de desenvolver plano de ação coletivo, evitando retrabalho, produzindo velocidade para alcançar os resultados.
As evidências apontam que a rede é dispersa, os nós de rede não estão localizadas na mesma área geográfica, o que pode ser negativo, pois minimiza as vantagens de proximidade geográfica preconizadas nos clusters (PORTER, 1989) e heterogênea, por agregar nós com atividades distintas, o que é benéfico para a rede porque remete à idéia de complementariedade de tarefas (SCHMITZ; NADVI, 1999). Esses autores comentam que a ação conjunta, de empresas com atividades complementares, ajuda a mobilizar recursos financeiros e humanos, reduzindo riscos e investimentos.
Quanto à formalização, trata-se de uma rede híbrida, por possuir relacionamentos formais, através de convênios, e informais, baseada nas relações pessoais entre os representantes das Instituições. Dessa forma, a rede não fica restrita apenas aos instrumentos legais, abrindo o horizonte para outros parceiros que podem agregar conhecimento à rede de capacitação, tal como a proximidade do SEBRAE-PE e SENAI-PE nesta rede. Não há convênio que promova a interação, no entanto há trocas de informações que beneficiam à rede.
Dentro das interações existentes, percebe-se que os relacionamentos entre os atores estão focados nos interesses mútuos relativos às competências individuais, técnicas, gerenciais ou de suporte, que podem ser potencializadas quando estas competências estão aliadas. O fluxo de conhecimento que ocorre entre os nós da rede, através da formação de parcerias em projetos, torna-se essencial, gerando maior freqüência dos contatos, ou seja, os contatos estão mais intensos devido à necessidade urgente de capacitação, uma vez que o EAS já se encontra em fase de processamento de aço, perdendo as empresas locais a oportunidade de fornecimento para a primeira embarcação Suezmax.
Portanto, após a realização do estudo, é razoável afirmar que a rede de capacitação tecnológica do setor eletro-metal-mecânico para atender à construção naval pernambucana possui estrutura e dinâmica de relações definidas, com propósitos alinhados e voltados para o mesmo objetivo. Todavia, mesmo com as movimentações dos atores em prol da capacitação tecnológica do setor, foi identificado um gap de competências técnicas relativas à mão-de-obra. A rede não se encontra sedimentada para promover a capacitação das empresas em curto prazo, necessitando de maior interação dos centros de ensino, cuja participação está muito discreta, e dos demais atores integrantes da rede, sendo o fator tempo crucial para que se alcance a eficácia em sua operação.
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