Luiz Alex Silva Saraiva* y Glauciane da Piedade Rodrigues**
Recibido: 08-04-2009 - Aprobado: 15-07-2009
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RESUMEN: Para hacer frente a crecientes limitaciones del gobierno para mejorar las economías, varios mecanismos se han utilizado hacer el desarrollo local. Incubadoras de empresas han alcanzado este papel en este contexto, ya que la intención es articular objetivos distintos para la distribución de beneficios entre muchos actores sociales. En este artículo analizamos la influencia de las incubadoras de empresas en el desarrollo local, lo que hicimos a través de la observación del caso de la ciudad brasileña de Santa Rita do Sapucaí, Brasil. Utilizando un enfoque cualitativo basado en entrevistas semiestructuradas y tratadas a través de la técnica de análisis del discurso, la muestra, no probabilística intencional, fue integrada por 15 personas, entre los gerentes y representantes de incubadoras de empresas y propietarios de empresas incubadas y graduadas. Los principales resultados muestran una expresiva articulación entre los sectores público y privado y las instituciones educativas para estimular el espíritu empresarial. Por eso, hemos encontrado fuerte influencia de las incubadoras de empresas en la decisión de apertura de nuevos negocios y en la economía local, lo que beneficia directamente y no directamente el gobierno local para promover un proceso de auto-alimentación del desarrollo local. Palabras clave: Incubadoras de empresas. Desarrollo local. Articulación publica e privada. |
O objetivo neste artigo é analisar a influência das incubadoras de empresas sobre o desenvolvimento local. O interesse pelo tema se deve ao fato de que o quadro neoliberal vivenciado em diversas esferas da sociedade também tem sido percebido de maneira inequívoca no setor público. Sob o argumento de tornar as ações públicas mais ágeis e voltadas ao atendimento das necessidades dos cidadãos (Bresser Pereira, 1998), diversas instâncias antes públicas agora se encontram privatizadas, cabendo aos governos e suas agências a tarefa de regulação das atividades. Este processo tem ocorrido, como denuncia Paula (2005), à revelia de discussões mais amplas sobre os focos de interesse envolvidos. Tudo se dá como se apenas critérios técnicos fossem suficientes para dar conta das questões públicas (Misoczky, 2004), o que endereça à pesquisa questões férteis, ligadas à capacidade de a iniciativa privada assumir o papel público e dirigir suas ações em prol de outra racionalidade que não a de acumulação capitalista.
A trajetória dos governos municipais revela a adoção de uma gama de alternativas inovadoras no desempenho deste novo papel, que passa por políticas de descentralização, participação, emprego e renda, entre outras. O governo municipal pode promover o desenvolvimento econômico e a busca de melhoria das condições de vida da população local, assumindo cada vez mais o papel de agente articulador, indutor e catalisador de transformações econômicas, o que tem consolidado uma nova forma de atuar baseada em parceria com o setor privado e as entidades da sociedade civil (Mantovani et al., 2006).
Esta problemática é particularmente evidente na questão do desenvolvimento local, pois, uma vez que o Estado diminui de tamanho, reduz-se também seu poder de fogo para conceber, estruturar, implementar e controlar as formas pelas quais se concretiza o desenvolvimento. Isso leva a que as parcerias entre os setores público e privado, mais do que recomendadas, passem a ser decisivas para o progresso da localidade (Baêta et al., 1999). No âmbito local, os governos buscam alternativas para fomentar o desenvolvimento e dinamizar a economia, um frenesi que estabelece objetivos públicos de desempenho quase em termos empresariais, o que é um equívoco, conforme discutem Saraiva e Capelão (2000).
As incubadoras de empresas já são vistas como alternativas de desenvolvimento pelo menos desde o final da década de 1980, como atestam os trabalhos de Allen e Weinberg (1988), Allen e McCluskey (1990) e Gulotta e McDaniel (1995), e têm constituído um promissor campo para a configuração de políticas públicas para o desenvolvimento da localidade. Isso se dá, em essência, por conta do estabelecimento de uma dinâmica localmente enraizada, que movimenta a economia da localidade a partir de um processo auto-impulsionado a partir de micro e pequenas empresas.
Neste artigo foi estudado o caso de Santa Rita de Sapucaí, cidade localizada no sul de Minas Gerais, e de suas duas incubadoras de empresas de base tecnológica, que, reconhecidas nacional e internacionalmente, sedimentaram uma concepção de desenvolvimento local peculiar. Para discutir as características do desenvolvimento nesta localidade, neste artigo se propõe a alcançar os seguintes objetivos específicos, identificando e analisando: a) o empreendedorismo tecnológico como expressão da cultura e da vocação locais; b) o empreendedorismo em incubadoras de empresas como base do desenvolvimento local; c) a articulação entre o poder público, as instituições educacionais e desenvolvimento local; e d) efeitos do empreendedorismo em incubadoras de empresas para o desenvolvimento local. Além desta introdução, este artigo contará com mais três seções teóricas, uma seção referente à metodologia, quatro seções, que discorrerão sobre cada um dos objetivos mencionados, e com uma seção de considerações finais.
Mudanças recentes têm trazido novos desafios para governantes, desde o nível nacional até o local, pressionando as administrações públicas, principalmente as subnacionais, a adotarem estratégias de gestão capazes de fazer com que a atividade econômica se mantenha em níveis compatíveis com as demandas de suas populações. Tais transformações fizeram com que a questão do desenvolvimento local se consolidasse como uma problemática própria (e não mais como parte da discussão regional), requerendo iniciativas direcionadas especificamente para esse fim (Schmitt et al., 2004). A intervenção direta dos governos nacionais, assim como a utilização das condutas anteriormente adotadas, mostram-se insuficientes face à nova realidade (Moura et al., 1999).
As pressões são consideráveis principalmente sobre a compatibilização de riqueza econômica e progresso social para a região. Pinho e Santana (2000) afirmam que o desenvolvimento local tem sido apontado como uma possível resposta ao aprofundamento da dualização e da exclusão social no país. Para elas, trata-se de uma possibilidade de articular, a partir de iniciativas dos governos locais – um conjunto heterogêneo de forças sociais locais em torno de um projeto comum – iniciativas voltadas à abertura de novas possibilidades na localidade.
Para Ribeiro et al. (2002), o desenvolvimento local pode ser entendido como o processo endógeno de mobilização das energias sociais em espaços de pequena escala que implementam mudanças capazes de elevar as oportunidades sociais, a viabilidade econômica e as condições de vida da população. Aludem a práticas que têm como palco a localidade e como agentes de organizações e grupos do lugar, situados na esfera privada ou no contexto público. As práticas desses agentes se referem à gestão de projetos potencializadores da economia local, visando à geração de emprego e renda, a criação/fortalecimento de pequenas e médias empresas e/ou a implementação de estratégias de integração competitiva no mercado global (Moura, 1998).
Nos programas de desenvolvimento local empreendidos atualmente, uma das maiores preocupações está na atenção dada à articulação de parcerias que associem políticas sociais às políticas de desenvolvimento, em que as forças se materializam em ações que orientem o desenvolvimento econômico para o aproveitamento e desenvolvimento das potencialidades regionais de forma competitiva (Ribeiro et al., 2002). O êxito da gestão local do desenvolvimento depende, em parte, da mobilização e do engajamento dos seus agentes sociais e da capacidade para pensar o local de forma sistêmica, para que seus recursos produtivos sejam valorizados e transformados em vantagens competitivas efetivas (MOURA et al., 1999). Isso pode se dar de diversas formas, como na de incubadoras de empresas.
Até recentemente, no Brasil as políticas regionais de desenvolvimento econômico ficavam a critério da União, o que mudou, pondo em foco os interesses dos agentes locais. Isso fortaleceu as pequenas empresas, que, em longo prazo, possuem um maior potencial de absorção de mão-de-obra (Moura, 1998). O papel do governo local seria propiciar condições para que tais empresas possam investir com rentabilidade em aspectos como a requalificação profissional, o que pode se desdobrar, no nível público, na melhoria da qualidade da infra-estrutura e dos serviços, no incentivo à abertura de novas empresas, e na promoção da imagem do município (Schmitt et al., 2004).
Corcetti (2003) sustenta que vulnerabilidades comprometem a eficiência das pequenas empresas, dificultando o acesso ao capital de risco, à manutenção de pessoal especializado e qualificado e à permanência de pesquisa e desenvolvimento, havendo necessidade de se tecer uma rede de relacionamentos, parceria e cooperação, a partir da qual seja possível interagir com outras empresas e, assim, haver capacitação para o processo de inovação (Baêta et al., 1999; Hansen et al., 2000).
Entre as vias possíveis para permitir a sedimentação de um cenário mais favorável às pequenas empresas, uma se mostra particularmente promissora: a incubação. Segundo Sá (2003), o sistema de incubadoras se apresenta como elemento interessante no mecanismo de indução à inovação. As incubadoras de empresas podem representar um estímulo à criatividade – libertando o profissional brasileiro do papel de mero leitor dos manuais de técnicas originárias de outros países – o que também inclui a satisfação dos profissionais diretamente envolvidos e da população em geral proporcionada pela criação como: aumento da taxa de sobrevivência das empresas de pequeno porte, apoio ao desenvolvimento local e regional pela geração de emprego e renda, otimização dos recursos alocados pelas instituições de apoio, aumento da interação entre o setor empresarial e as instituições acadêmicas e retorno aos agentes que aportam recursos financeiros (Sebrae, 2007). Além disso, pelo fato de abrigarem empresas start up (iniciantes), as incubadoras catalisam o processo empreendedor e conduzem a empresa da concepção à consolidação no mercado, representando principalmente um ambiente flexível e encorajador no qual são oferecidas facilidades para o empreendedor no desenvolvimento de seu negócio (Dornelas, 2002).
* Faculdade de Ciências Administrativas e Contábeis da Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira (FUNCESI). E-mail: lassaraiva@uol.com.br
** Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). E-mail: glaucianepr@yahoo.com.br.