Roberto Sbragia y Érica Cristiane Ozório Pereira*
RESUMO: Este estudo tem por objeto de analise empresas de base tecnológica EBT´s de origem universitária incubadas, mas que já operam no mercado. Seu propósito é identificar fatores-chave que contribuíram para seu êxito, tanto interna como externamente. Quatro casos são estudados, todos do CIETEC- Centro de Incubação de Empresas Tecnológicas, situado no campus da Universidade de São Paulo, nos setores de instrumentos de laser, produtos odontológicos, automação de processo e biotecnologia. Um questionário semi-estruturado foi utilizado através de um procedimento de entrevista junto a seus sócios principais. Os resultados indicam que, enquanto trajetória, tais empresas têm experimentado os desafios comuns presentes, de um modo geral, em pequenas empresas, como dificuldades para lidar com sócios. Enquanto fatores de têm contribuído para seu êxito, do lado interno destacam-se a criatividade dos colaboradores técnicos e a visão de negócios/competência gerencial dos empreendedores, e, do lado externo, o ambiente proporcionado pela universidade em cujo sistema se inserem. |
RESUMEN: |
||
As empresas de base tecnológica têm se constituído em significativos instrumentos para a ação das universidades, através de suas Incubadoras, Parques Tecnológicos e Pólos Empresariais. Algumas dessas empresas têm sido êxitosas, porem esta não é a regra geral. Percebe-se, de maneira geral, que há limitações nos modelos e critérios de avaliação dessas empresas no que diz respeito ao seu potencial de êxito. De fato, as empresas de base tecnológica que atuam em mercados competitivos necessitam conciliar seus propósitos essenciais com uma gestão eficiente e profissionalizada. Por isso, é necessário analisar experiências que permitam identificar quais fatores, de origem interna ou externa, têm impactado o êxito dessas empresas e, a partir daí, desenvolver critérios e modelos mais sistematizados de avaliação a “priori” desses empreendimentos.
Tendo como finalidade contribuir para com essa lacuna, o presente trabalho busca expor os resultados de uma pesquisa de campo, realizada com empresas incubadas já graduadas operando no mercado, na busca da identificação de alguns desses fatores. Inicialmente apresenta-se um quadro conceitual. Depois, descreve-se os casos estudados, incluindo a metodologia utilizada e a análise dos dados coletados. Por fim, as conclusões e recomendações finais são apresentadas.
Para BIZZOTTO et al. (2002), os principais problemas das empresas residentes são a falta de experiência empresarial, as dificuldades técnicas, a má gestão de projetos de inovação, e as dificuldades para a penetração no mercado. Os autores afirmam ainda que as incubadoras, visando minimizar esses problemas, devem promover a articulação dos incubados com outras empresas residentes, com a universidade, com empresas já estabelecidas, e com entidades de apoio à geração e ao desenvolvimento de empresas desse tipo. Além disso, apontam que é necessário avaliar “a adequação de ferramentas, das técnicas e dos processos utilizados para o desenvolvimento do produto ou oferecimento do serviço”; analisar “a estratégia de posicionamento da empresa no mercado”, verificar “os aspectos relacionados à gestão da empresa (...), além de avaliar a qualidade da rede de contatos” (BIZZOTTO et al., 2002:4).
Lee et al. (apud Dornelas, 2002) complementa esse quadro, afirmando que a performance das empresas start-up de tecnologia são influenciadas por:
Fatores internos:
Fatores externos:
Um outro aspecto que deve ser levado em conta para o sucesso de um empreendimento, cujo resultado seja um produto ou serviço inovador, é ter-se um mercado bem definido e conhecer as necessidades do consumidor (Leite, 2002). Essa, na verdade, tem sido uma das grandes dificuldades das empresas de base tecnológica, pois muitas vezes as mesmas surgem mediante o technological push, ao invés do demand pull, tendo, assim, uma grande dificuldade para dimensionar o mercado. O autor ainda aponta outros fatores importantes para a gestão de empresas de base tecnológica: a definição de metas e a realização de um plano estratégico de negócios. De fato, é muito importante que se pense no futuro da organização e onde se quer chegar, para que a empresa possa trabalhar focada e direcionar seus esforços naquilo que é essencial e que vai gerar resultados.
Já a respeito da incubadora e sua gestão, como um instrumento facilitador que pode influenciar o êxito ou fracasso das empresas incubadas, Carleial (1997) afirma que a visibilidade institucional tem relevância particular. A autora aponta ainda que a capacidade da incubadora de mobilizar recursos políticos, financeiros e organizacionais são importantes para a definição estratégica e o desempenho mercadológico das empresas incubadas. Acredita-se que sejam essas as benesses principais obtidas por uma empresa que se instala em uma incubadora, ou seja, não somente usufruir de uma sala e de serviços a preços menores que o de mercado, mas de toda uma serie de ganhos intangíveis.
Dentre as funções que a incubadora deve ter para apoiar o desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas - MPE’s incubadas e, portanto, auxiliar no seu sucesso (Carleial 1997), está a de atuar como um elemento de intermediação entre elas e várias outras instituições de pesquisa, políticas publicas e financeiras, em nível nacional, regional ou local. Uma outra função ainda é a de colocar a empresa incubada no centro de redes formais e informais de informações tecnológicas, legais e econômicas, abrindo caminho de acesso a recursos humanos qualificados e estabelecendo um espaço de negociação com os poderes públicos.