ISSN 0798 1015

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Vol. 41 (Nº 09) Ano 2020. Pág. 13

A literatura infantil como um recurso pedagógico indispensável

Children’s literatura as an indispensable pedagogical resource

CAMARGO, Maria Aparecida Santana 1 y SILVA, Mari Jaqueline Pinto 2

Recebido: 03/11/2019 • Aprovado: 28/02/2020 • Publicado: 19/03/2020


Conteúdo

1. Introdução

2. Metodologia

3. Resultados

4. Concluções

Referências bibliográficas


RESUMO:

A literatura infantil possibilita às crianças novas experiências com a linguagem e com os sentidos, ou seja, proporciona um melhor desenvolvimento linguístico, cognitivo, emocional e sociocultural. Deste modo, o problema de pesquisa foi assim delineado: como a literatura contribui para a formação de crianças leitoras críticas? Logo, o objetivo geral do estudo é o de investigar o papel que a literatura possui no proceso de ensino-aprendizagem na educação infantil.
Palavras chiave: Ensino-aprendizagem, formação, imaginação, leitores críticos.

ABSTRACT:

Children’s literature allows children new experiences with language and the senses, that is, it provides a better linguistic, cognitive, emotional and sociocultural development. Thus, the research problem: how does literature contribute to the formation of critical reading children? Thus, the general objective of the study is to investigate the role that literature has in the teaching-learning process in early childhood education.
Keywords: Teaching-learning, formation, imagination, critical readers.

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1. Introdução

É de se destacar, primordialmente, que a Literatura Infantil possibilita às crianças novas experiências com a linguagem e com os sentidos, ou seja, proporciona um melhor desenvolvimento linguístico, cognitivo, emocional e sociocultural. Assim, o professor deve oportunizar a leitura desde o início da escolarização, pois isso poderá torna-los futuros leitores, capazes de interpretar o mundo de uma maneira mais consciente e crítica. Deste modo, o problema de pesquisa foi assim delineado: Como a Literatura contribui para a formação de crianças leitoras críticas?

Sob esta perspectiva, o objetivo geral do presente estudo é o de investigar o papel que a Literatura possui no processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil. Como objetivos específicos, almeja-se: a) Explicitar a contribuição da Literatura Infantil para o desenvolvimento integral da criança; e, b) Refletir sobre a relevância do uso da Literatura Infantil na formação de leitores críticos. Nesse sentido, pretende-se examinar a Literatura na sua interface com a Educação, especificamente no âmbito infantil.

Procurando atingir os objetivos propostos, esta investigação está subdividida em três tópicos. No primeiro, intitulado “Breve Histórico da Literatura Infantil”, discute-se a historicidade do gênero literário no universo das crianças. No segundo, “A Relevância da Literatura no Âmbito Escolar”, analisa-se o quanto a Literatura pode contribuir no processo de ensino-aprendizagem. E, por fim, em “A Formação de Crianças Leitoras Críticas e o Contexto Pesquisado”, verificam-se as metodologias e as estratégias que os docentes utilizam para potencializar a evolução das crianças no que diz respeito à inserção do hábito da leitura e discutem-se os dados coletados a partir dos participantes envolvidos.

2. Metodologia

Metodologicamente, a pesquisa possui caráter qualitativo, com um cunho teórico e empírico, embasando-se sites e obras clássicas de Abramovich (1995), Coelho (1991; 2000), Lajolo e Zilberman (1998) e Lopes e Navarro (2014), dentre outros autores. Para a coleta dos dados, foi utilizada a aplicação de questionários com 6 (seis) participantes, sendo 3 (três) professoras e 3 (três) pais de alunos de uma escola municipal localizada na cidade de Cruz Alta, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.

Busca-se explicitar, portanto, o quanto é fundamental, para o crescimento infantil, o contato com a Literatura desde os primeiros anos, propiciado por estímulos lúdicos, que possibilitam exercitar as capacidades cognitivas, afetivas, intelectuais e socioculturais das crianças. Esta pesquisa tem como ponto de partida o fato de que a Literatura Infantil revela-se como um mecanismo fundamental na Educação, especialmente considerando que se trata de uma atividade que muito contribui para a construção de futuros leitores e, por conseguinte, na evolução dos indivíduos. A Literatura mostra-se como um dos recursos pedagógicos essenciais para a criança na construção de conhecimentos, além de ser um meio de comunicação e de socialização.

3. Resultados

3.1. Breve histórico da literatura infantil

A comunicação oral é uma das mais antigas e tradicionais formas de trocar experiências. Desde os primórdios, os seres humanos habituaram-se a partilhar as vivências, as descobertas e os medos de cada dia. Com o surgimento da linguagem articulada, os grupos começaram a falar uns com os outros sobre o ambiente em que viviam, os animais que caçavam, os instrumentos que fabricavam, os frutos que recolhiam e tudo aquilo que os preocupava. Desta forma, pouco a pouco, o ato de relatar as ações cotidianas passou a ser uma das atividades mais universais de toda a humanidade. Pode-se dizer que, contemporaneamente, o que se conhece de Literatura Infantil teve a sua origem nas histórias narradas naqueles tempos, as quais foram conservadas e transmitidas oralmente de geração para geração (Tavares, 2010).

Segundo estudiosos como Ariès (1986), como não havia diferenciação de idade, os livros destinados para crianças não existiam, sendo que estas participavam, junto com o adulto, das tradições populares, tais como: escutar as narrativas dos contadores de histórias. A criança da nobreza ouvia trechos de clássicos; a criança da aldeia, ouvia lendas. Nesse período, crianças e adultos compartilhavam os mesmos lugares em diversas situações, inclusive na educação escolar. Afirma Ariès (1986, p. 183) que, “de um lado, as crianças foram separadas dos mais velhos e, de outro, os ricos foram separados dos pobres”.

No decorrer da História, o conceito de infância e de criança foi interpretado de várias maneiras. No século XIX, a criança passa a ter maior visibilidade e as produções literárias começam a atender as necessidades do desenvolvimento infantil. Além deste cuidado com o pedagógico, surge também a preocupação em estimular os consumidores a comprar obras impressas (Oliveira, 2015).

Nessa direção, Zilberman (2003, p. 13) acrescenta que antes da constituição deste modelo familiar burguês, inexistia uma consideração especial para com a infância. Esta faixa etária não era percebida como um tempo diferente, nem o mundo da criança como um espaço separado. Pequenos e grandes compartilhavam dos mesmos eventos, porém nenhum laço amoroso especial os aproximava. A nova valorização da infância gerou maior união familiar, mas, igualmente, os meios de controle do desenvolvimento intelectual da criança e da manipulação de suas emoções. Literatura Infantil e escola, inventada a primeira e reformada a segunda, são convocadas para cumprir esta missão

Neste século, surgem obras partindo de contos populares e do folclore, como “João e Maria” e “Rapunzel”, dos Irmãos Grimm, escritores alemães, e “O Patinho Feio”, do dinamarquês Hans Christian Andersen. “São autores da metade do século XIX que confirmam a Literatura Infantil como parcela significativa da produção literária da sociedade burguesa e capitalista. Dão-lhe consistência e um perfil definido, garantido sua continuidade e atração”, como explicam Lajolo e Zilberman (2003, p. 21).

Já Diógenes e Justo (2018, p. 2) aduzem que os primeiros livros destinados ao público infantil foram escritos no final do século XVII e meados do século XVIII, com intuito educativo e moralizador. Foi assim com as histórias contadas por Charles Perrault para Luís XIV, na França, no século XVII. Do mesmo modo, foi com as histórias dos Irmãos Grimm, uma readequação dos contos de fadas. Antes desse período não se escrevia para as crianças.

Quanto ao Brasil, a valorização da Literatura e dos livros infantis surgiu em meados do século XX, por obra de Monteiro Lobato e sua “Turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo”. O sucesso de suas coletâneas rompe com as convenções estereotipadas da época e oportuniza a produção de livros literários para crianças. Por volta de 1970, a Literatura ganha um novo impulso sendo considerada muito importante ao desenvolvimento intelectual e cultural da criança. Com isso, a edição de livros infantis e sua produção expandiram-se a números bem significativos. Somente a partir do final da década de 1970 é que se observou uma produção literária “[...] cuja função lúdica está aliada a uma visão questionadora de falsos valores e comportamentos característicos da sociedade contemporânea” (Sandroni, 1987, p. 13).

Nesse aspecto, Cunha (1999) menciona que foi Lobato quem abriu as portas da verdadeira Literatura Infantil ao criar obras destinadas às crianças em um tempo e espaço determinado. O autor consegue retratar o Brasil de sua época, o sistema social vigente, seus valores, comportamentos, organização política e funções, de forma lúdica, rompendo com um tipo de literatura ideológica até então consumida pelas crianças brasileiras, em sua minoria, visto que a maioria estava privada do acesso aos livros. A Literatura Infantil passou a ganhar mais atenção, quando a criança, juntamente com a escola, começam a dar seus primeiros passos e conquistam relevância no espaço social.

No entender de Coelho (1991, p. 139), nos rastros dessa descoberta da criança, surge a preocupação com a Literatura que lhe serviria para leitura, isto é, para sua informação sobre os mais diferentes conhecimentos e para a formação de sua mente e personalidade (segundo os objetivos pedagógicos do momento).

Por outro lado, consoante expõem Lopes e Navarro (2014), a Literatura oral permaneceu até o final do século XIX, com os mitos e o folclore dos indígenas, africanos e europeus. Os primeiros brasileiros que escreveram sobre Literatura Infantil foram Carlos Jansen e Alberto Figueiredo Pimentel, os quais traduziram os considerados clássicos para as crianças. Porém, somente em 1917, com Thales de Andrade, é que a Literatura na­cional se iniciou. Já em 1921, Lobato escre­veu “Narizinho Arrebitado”, exibindo ao mundo a personagem Emília.

Sob esta ótica, desde as origens, a Literatura aparece ligada a essa função essencial: atuar sobre as mentes, nas quais se decidem as vontades ou as ações e sobre os espíritos, nos quais se expandem as emoções, paixões, desejos, sentimentos de toda ordem. No encontro com a Literatura (ou com a arte em geral), os indivíduos têm a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida, em um grau de intensidade não igualada por nenhuma outra atividade (Coelho, 2000).

Com o advento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394/1996), (LDB), ao estabelecer o ensino da língua nacional por meio de textos literários, as obras destinadas ao leitor infantil expandiram-se e ocorreu um aumento dos escritores e das editoras interessadas na publicação desse tipo de produção cultural. Atualmente, há coletâneas literárias para a infância não apenas como recursos pedagógicos, mas, de maneira lúdica, visam preparar o sujeito para a vida repleta de diversidade cultural, abordando temas que estão na pauta do dia e primando, igualmente, pela representação de histórias clássicas, como os contos de fadas.

3.2. A relevância da literatura no âmbito escolar

Ouvir histórias faz parte da vida da criança desde muito pequena, pois é normalmente em casa que ela tem o convívio inicial com a narrativa oral, em histórias contadas pela família. Segundo Abramovich (1995), o primeiro contato da criança com um texto é realizado oralmente, tendo como narrador uma voz familiar. Na vivência escolar, a criança irá explorar de forma diferenciada a relação com os livros e os contos. De acordo com Abramovich (1995, p. 17), as histórias exploram emoções vivenciadas na infância como alegria, medo, tristeza, tranquilidade..., “pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário!”.

A autora (1995, p. 17) destaca, ainda, que é através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula... Porque, se tiver, deixa de ser Literatura, deixa de ser prazer e passa a ser Didática, que é outro departamento (não tão preocupado em abrir as portas da compreensão do mundo).

Dentro deste entendimento, esta arte é importante para o desenvolvimento da criatividade e do emocional infantil, pois, quando as crianças ouvem histórias, passam a visualizar de forma mais clara sentimentos que têm em relação ao mundo. As histórias trabalham problemas existenciais típicos da infância, tais como: medos, sentimentos de inveja, de carinho, curiosidade, dor, perda, além de ensinar infinitos assuntos que com o tempo terá maior significado para elas (Muneveck, 2010).

Nesse sentido, a Literatura é uma ferramenta que auxilia o desenvolvimento da inteligência e da imaginação, transformando o mundo real em faz-de-conta, sendo importante valorizar a leitura e o contato com os livros como fonte de prazer. Os pequenos devem ser estimulados pelos adultos, com atividade de leitura e contação de histórias em casa, bem como internalizar na criança o hábito dela contar histórias e recontar as ouvidas. Sobre este papel desempenhado pelo Literatura Infantil, Teles e Soares (2013, p. 4) alertam para o fato de que a Literatura Infantil é o caminho que leva as crianças ao mundo da leitura de maneira divertida, pois através de seu caráter mágico e lúdico faz com que a atenção das crianças se volte a ela. Entretanto, a escola muitas vezes não tem proporcionado aos seus alunos esse caráter mágico e lúdico da Literatura Infantil. A leitura não é apresentada à criança como algo belo e prazeroso, daí vem a má formação de nossos leitores. Desta forma, teremos adultos que não sentem prazer pela leitura e nem a adotam como uma prática social indispensável. Cabe, assim, aos professores essa árdua tarefa. Eles precisam produzir atividades divertidas, desenvolver em suas aulas metodologias diversificadas, fugindo de atividades rotineiras que desligam os alunos do prazer pela leitura.

A leitura literária, quando trabalhada na escola, é uma janela para o mundo da imaginação, podendo ser recriada e reinventada pelos leitores. Nesse caminho, Coelho (2000, p. 46) assevera que “como objeto que provoca emoções, dá prazer e diverte e, acima de tudo, modifica a consciência de mundo de seu leitor, a Literatura é arte. Sob outro aspecto, como instrumento manipulado por uma intenção educativa, ela se inscreve na área da Pedagogia”. É pertinente que a Literatura Infantil seja inserida no contexto do ensino-aprendizagem, para que desperte na criança tanto o hábito de leitura quanto o mundo mágico da criatividade e da imaginação.

Seguindo tal compreensão, Zilberman (2003, p. 16) afirma que a sala de aula é um espaço privilegiado para o desenvolvimento do gosto pela leitura, assim como um campo importante para o intercâmbio da cultura literária, não podendo ser ignorada, muito menos desmentida sua utilidade. Por isso, o educador deve adotar uma postura criativa que estimule o desenvolvimento integral da criança.

Desta maneira, a Literatura Infantil é essencial no âmbito escolar devido ao fornecimento de condições à formação da criança, visando aprimorar a criatividade e o pensamento crítico. Constitui-se em um elemento que representa o mundo e a vida através das palavras, deixando a imaginação, o gosto pela leitura e a aprendizagem entrelaçados. A Literatura Infantil também contribui, conforme defende Oliveira (2010, p. 41), para a “formação da criança em todos os aspectos, especialmente na formação de sua personalidade, por meio do desenvolvimento estético e da capacidade crítica, garantindo a reflexão sobre seus próprios valores e crenças, como também os da sociedade a que pertence”.

Neste viés, Nunes (1990) ressalta que a Literatura, mais do que introduzir as crianças no mundo da escrita, ao tratar a linguagem enquanto arte, traz as dimensões ética e estética da língua, exercendo um importante papel na construção do sujeito. Assim, o contato da criança com a Literatura é essencial para a sua formação como leitora de mundo e, além disso, quanto mais cedo as histórias orais e escritas forem inseridas em seu cotidiano, maiores serão as chances de desenvolvimento do prazer pela leitura. Com base no percebido, é o professor um importante mediador, familiarizando o aluno com o texto literário e sendo uma ponte entre o texto e o leitor que ainda não adquiriu autonomia

Sob tal perspectiva, fica evidente que a Literatura faz parte da evolução escolar e da construção humana. Por intermédio do hábito da leitura e contação de histórias, é proporcionado às crianças a evolução de habilidades e competências, preparando-as para os desafios do mundo atual. Refletir sobre a fundamentalidade da Literatura Infantil e como esta contribui para a constituição de leitores, permite compreender o quanto é essencial incentivar a leitura desde cedo mediante a contação de histórias, possibilitando que a criança tenha um contato maior no âmbito da leitura. Logo, pensar nas diversas estratégias metodológicas para se utilizar a Literatura Infantil na formação de alunos leitores se mostra tão pertinente na contemporaneidade.

Nesse aspecto, a escola tem o papel de mediadora, propiciando à criança sua interação com o meio literário. Cabe ao professor ter a capacidade de utilizar a Literatura como ferramenta que viabilize ao aluno compreender melhor as mudanças, os pensamentos e os fatos históricos, contribuindo, assim, para seu desenvolvimento, formando uma criança com autonomia e pensamento crítico. Sobre tal cenário, Zilberman (2003, p. 16) refere que um dos principais objetivos da escola de hoje é a instrumentalização do aluno para que ele possa ter acesso ao acervo cientifico-cultural da humanidade. Todo o conhecimento cientifico, toda produção artístico-cultural dos homens está, de alguma forma, registrada à emoções e informações que se abrem diante do leitor.

Com isso, no momento em que a criança possui contato com o livro, com as ambiências literárias, ela se apropria do conhecimento e surgem, então, seus questionamentos, suas curiosidades, suas inquietudes diante dos acontecimentos. Nesse sentido, a Literatura Infantil consiste em uma leitura que transporta as crianças para um mundo mágico de encantamentos, super-heróis, dragões, monstros, mistérios e surpresas, permitindo que vivenciem as mais diversas aventuras.

Para tanto, é necessário que o Ensino da Literatura efetive um movimento contínuo de leitura, partindo do conhecido para o desconhecido, do simples para o complexo, do semelhante para o diferente, com o objetivo de ampliar e consolidar o repertório cultural do aluno. Nesse caso, é importante ressaltar que tanto a seleção das obras quanto as práticas de sala de aula devem acompanhar este movimento (Cosson, 2012).

Percebe-se, desse modo, que o contato com as histórias infantis se torna um aliado na configuração dos futuros leitores críticos. Sob tal viés, o uso da Literatura Infantil se traduz em uma ferramenta metodológica que pode ser introduzida no processo formativo de maneira lúdica e prazerosa, na qual a criança fortaleça sua linguagem oral, dando suporte para a compreensão da escrita e, por conseguinte, consiga construir aprendizagens significativas em um clima de satisfação.

3.3. A formação de crianças leitoras críticas e o contexto pesquisado

O caminho metodológico percorrido nesta pesquisa ocorreu em diversas etapas. Primeiramente, definiu-se a aplicação de questionários, já que, como descreve Gil (1999, p. 128), esta é uma “técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas e situações vivenciadas”. Na sequência, analisaram-se as respostas de professores e alguns pais de alunos de uma Escola Municipal de Educação Infantil, localizada na cidade de Cruz Alta, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.

Deste modo, os participantes da pesquisa são 6: 3 (três) professoras, 1 (um) pai e 2 (duas) mães, escolhidos de acordo com a disponibilidade para responder ao questionário. As três professoras, denominadas A, B e C, quando inquiridas sobre a relevância da presença da Literatura no ambiente infantil, responderam afirmativamente acerca dessa pergunta sobre o trabalhar com tal aspecto no contexto educacional, apesar de a Escola em questão não possuir uma biblioteca.

A respeito de algum projeto que incentive a leitura na referida Escola, as três docentes destacaram a existência de vários, sendo que, mensalmente, ocorrem atividades diferenciadas relacionadas ao ato de ler. Tais projetos são intitulados: “Mala de Leitura”, “Sacola Viajante”, “Varal da Literatura”, “Histórias da Vovó e “Histórias de Natal”, dentre outros, como “Histórias de Bruxa”, que, a partir do próximo ano letivo, será implementada na Escola. Estas propostas perpassam as duas turmas de Pré-Escola (A e B) e as duas turmas de Maternal (A e B), que compõem a Escola Municipal envolvida. As atividades aqui relatadas referem-se a projetos clássicos viabilizados por inúmeras escolas da cidade e do país. O nome destes projetos é bastante recorrente e conhecido no meio educacional, entretanto, foram adaptados e adequados à Escola em questão, tornando-os, assim, propostas de grande valia.

O Projeto Mala de Leitura é concernente a uma maleta que contém um material composto por obras literárias infantis e alguns fantoches alusivos a uma determinada história, como, por exemplo, a dos Três Porquinhos. É um momento em que as crianças, após ouvir a narrativa, assumem o papel dos integrantes das cenas por meio dos fantoches. O Projeto Sacola Viajante é atinente a uma sacola confeccionada artesanalmente com materiais reutilizados, a qual abrange, aproximadamente, cinco livros infantis, além de um caderno de desenhos. A Sacola, que é entregue ao aluno seguindo a ordem alfabética, é levada para casa na sexta-feira e devolvida na segunda-feira pela criança.

O objetivo da Sacola é que, após o momento da contação de histórias feita por algum dos integrantes da família, a criança a reconte e transcreva para o caderno de desenhos alguma cena que tenha chamado a sua atenção, mediante grafismos característicos desta idade. Na segunda-feira, quando a criança retorna com a Sacola, em meio a uma roda de conversa com seus colegas e professora, esta faz um relato descrevendo a história escolhida e como ocorreu o momento da contação pela família. Quando foi feita a pergunta “As atividades literárias acontecem com a participação da família?”, as três professoras destacaram a significativa contribuição dos pais para o bom andamento da criança na Escola. Nesse sentido é que o envolvimento da família nos Projetos da Escola torna-se cada vez mais essencial.

Por sua vez, o Projeto Histórias da Vovó se configura em um momento onde as turmas da Escola se reúnem ao redor de uma avó, devidamente caracterizada com xale, óculos e cabelos brancos, visando ouvir suas encantadoras histórias antigas e costumes do passado. Vale ressaltar que a avó é uma integrante idosa que pertence a uma das famílias dos alunos. Trata-se de uma ocasião em que há um elo unindo gerações, cujo fio condutor é a Literatura, ou seja, ocorre aí um típico relacionamento intergeracional, uma questão cada vez mais valorizada e pesquisada na conjuntura atual.

Já o Projeto Varal de Literatura, também ocorre no próprio Educandário, ocasião em que fica disponível um cordão que une dois pontos da sala de aula, de maneira acessível para que as próprias crianças possam pendurar suas criações com prendedores coloridos. Após a contação de histórias feita pela professora, tais criações são realizadas pelos alunos em papel tamanho ofício, ampliadas e expostas no Varal.

Os grafismos são apresentados na sequência da narrativa, imediatamente após as cenas serem contadas pela professora, ou seja, a cada capítulo narrado pela docente é realizado um desenho. Deste modo, um dos principais objetivos do Projeto é desenvolver o senso de organização e de sistematização de uma história com início, meio e fim, trabalhando, igualmente, a motricidade, o movimento de pinça e a coordenação motora ao pendurar as cenas no Varal. É interessante destacar que esta é uma atividade que permite uma interação entre as quatro turmas de Pré e Maternal, pois cada professora leva sua turma para visitar a exposição de trabalhos das salas vizinhas. Isto faz com que haja uma pertinente troca e, consequentemente, conduza a um envolvimento com as outras crianças, além de expandir as perspectivas sobre os olhares dos outros quanto aos seus desenhos e às suas histórias.

Tem-se como exemplo a história do Chapeleiro Maluco, oportunidade em que a família também é envolvida, visto que cada criança, com a ajuda dos responsáveis, traz de casa a sua própria cartola, o seu chapéu já confeccionado, juntamente a uma xícara para o chá e um pratinho com doce ou salgado de sua preferência, para o lanche coletivo. Ao final da dinâmica do Chapeleiro Maluco, todas as turmas se encontram para uma confraternização após a apreciação dos trabalhos exibidos no Varal.

Para fazer o encerramento do ano letivo, destaca-se, igualmente, o Projeto Histórias de Natal, que ocorre no mês de dezembro. O objetivo é fazer uma confraternização, onde reina a alegria e o entusiasmo, agregando toda a comunidade escolar, contando com a presença e o apoio dos professores, funcionários e familiares. Neste evento, além das histórias natalinas contadas, são envolvidas inúmeras atividades interdisciplinares, tais como oficinas de dobraduras de Papai e Mamãe Noel, árvores de Natal, cantigas e dança, pois, principalmente as crianças, entoam canções alusivas à data. Enfim, no Projeto são reunidas todas as histórias referentes ao momento na sua interface com as outras áreas do conhecimento.

Em tal enfoque, os leitores constroem significados sobre o que ouvem ou leem usando seus conhecimentos prévios, criando imagens que estão ligadas às suas próprias experiências e interações humanas, e construindo significados na medida em que interagem com outras crianças, adultos e idosos, comentando as histórias. Contudo, se a forma de trabalhar o texto literário no contexto escolar deve sofrer mudanças, a seleção desse material, de igual maneira, também deve se atualizar, não se pautando na concepção tradicional da prática leitora, centradas na visão do professor, mas variando de acordo com a perspectiva social e cultural e de formação do sujeito. Para que o convívio do leitor com a Literatura resulte afetivo, nessa aventura que é a leitura, muitos são os fatores em jogo. Entre os mais importantes está a necessária adequação dos textos às diversas etapas do desenvolvimento infantil (Coelho, 2000).

Levando em consideração esses aspectos, o livro infantil com o apoio de imagens torna-se o elemento principal do processo de aproximação com o gênero literário, sob a forma de experiências, brincadeiras, e interações. Segundo Coelho (2000, p. 161), “livros que contam histórias através da linguagem visual, sem o suporte de textos narrativos ou com o apoio de pequenas falas escritas, são chamados de livros de imagens”. Esses livros são ideais para o começo dos trabalhos com a criança pré-leitora, sendo bem-vindos, ainda, os livros de pano, borracha, com texturas diferentes, com gravuras coloridas e atrativas, tendo em vista que a criança, nessa fase, motiva-se, também, pelo tato. “Tais modelos de obras sem palavras apresentam muitas estratégias que possibilitam para as crianças o reconhecimento dos seres, das coisas e dos acontecimentos de seu cotidiano, relacionando as histórias com o arcabouço cultural do qual já se apropriaram” (Coelho, 2000, p. 161).

Por sua vez, Abramovich (1995, p. 33) realça que há prazer em folhear um livro, colorido ou branco e preto [...] Livros feitos para crianças pequenas, mas que podem encantar aos de qualquer idade, são, sobretudo, experiências de olhar, de um olhar múltiplo, pois se vê com o olhar do autor e do olhador/leitor, ambos enxergando o mundo e os personagens de modo diferente, conforme percebem o mundo. Saborear e detectar tanta coisa que nos cerca usando este instrumento nosso tão primeiro, tão denotador de tudo, a visão.

Seguindo este entendimento, no que diz respeito à aprendizagem da leitura, Coelho (2000) orienta que, no período dessa descoberta, o adulto responsável pela educação do pequeno leitor deve utilizar textos breves, combinados com grande quantidade de imagens e com poucas páginas, cujos temas fundamentais a serem abordados devem ser simples, fáceis de decifrar e que, de um livro para o outro, serão esclarecidas as dificuldades de compreensão e entendimento da leitura para essa fase do pré-leitor. Esses livros devem retratar, especialmente, coisas e objetos vivenciados no dia a dia da criança, como comer, dormir, brincar, vida familiar, higiene, lazer, entre outros, o que possibilitará o meio de acesso à realidade das experiências existenciais da criança.

O desenvolvimento da leitura entre crianças resultará em um enriquecimento progressivo no campo dos valores morais, da cultura da linguagem e no campo racional. O hábito da leitura ajudará na formação da opinião e de um espírito crítico, principalmente a leitura de livros que formam o espírito crítico (Góes, 2010). Por sua vez, Soares (2001) observa que o processo de ensino-aprendizagem deve aproximar os textos literários de suas práticas concretas, verossímeis de leitura. Para uma escolarização adequada da Literatura são, pois, necessários método, técnicas, procedimentos metodológicos e modos apropriados de serem transmitidos como qualquer outro conteúdo escolar.

A escola, espaço de prática educacional sistemática e planejada, tem papel decisivo na formação e capacitação de agentes/mediadores de leitura, entre os quais se incluem especialmente professores (Soares, 2001). E, conforme defende Zilberman (2004, p. 27), “a escola constitui o espaço por excelência de aprendizagem, valorização e consolidação da leitura, cooperando com o processo de legitimação da Literatura e da escrita no mundo capitalista”. Ela conta com uma história especial, de que fazem parte as diferentes filosofias educacionais, as concepções relativas aos processo de ensino, o modo de organização do aparelho pedagógico.

“O grande desafio é promover estratégias de escolarização mais adequadas para a literatura e para leitura” (Soares, 2001, p. 31). É função e obrigação da escola dar amplo e irrestrito acesso ao mundo da leitura e isto inclui a leitura informativa, mas também a leitura literária; a leitura para fins pragmáticos, mas também a leitura de fruição; a leitura que situações da vida real exigem, mas também a leitura que nos permita escapar por alguns momentos da vida real (Soares, 2008).

Nessa esfera, o papel do professor abrange mais que oferecer estímulos, compreende que, conhecendo as regularidades do desenvolvimento infantil, ele ofereça às crianças um fazer que possibilite essa apropriação da cultura humana. O docente tem a função de ser o parceiro mais experiente que conhece a cultura humana elaborada e, efetivamente, a usa em seu convívio com os pequenos (Chevbotar & Silva, 2016). Embora haja uma ênfase na escola quanto ao papel de formadora de leitores, outra instituição é cobrada em dar sua contribuição: a família. “Um leitor se forma até os doze anos de idade (dados da UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), sendo, pois, fundamental que a criança trave contato com o livro desde os primeiros anos de vida” (Maia, 2007 p. 51).

É nesta perspectiva que, no que concerne às respostas dadas por duas mães e um pai que responderam sobre a questão da relevância de se contar histórias para seus filhos, os três pesquisados responderam estar cientes de tal importância, sendo que todos afirmaram dispor livros para as crianças, mas que nem sempre reservam um tempo para a contação de histórias e para momentos mais frequentes de interações com a literatura destinada aos pequenos.

Fica evidente, neste sentido, o quanto os pais devem contribuir para a formação leitora de seus filhos. Essa participação pode vir por meio de exemplos: o pai ou a mãe que lê são imitados pelos filhos. Também seriam significativos os momentos de leitura em família, como a contação de histórias. Se esse incentivo acontecer em casa, a criança pode mostrar mais interesse na escola e isso fomentará para que se torne um futuro leitor. Desta maneira, fica claro que a escola e a família têm o poder de transformar esses alunos, com a ajuda da Literatura o que, segundo Cosson (2012, p. 20), “serve tanto para ensinar a ler e a escrever quanto para formar culturalmente o indivíduo”.

A escola e a família, sem dúvida, têm uma grande influência sobre a formação de leitores. Assim, o contato dos alunos com diferentes textos (escritos, orais e imagéticos), principalmente, o texto literário, dependerá do incentivo da escola e da família, visto que, para Cosson (2012), a Literatura cumpre o papel de humanização do indivíduo. Logo, como aponta Maia (2007, p. 60), “quanto mais cedo a criança conviver com a Literatura, mais garantias se tem em relação ao seu futuro como leitor”. Quando perguntadas se as atividades literárias acontecem com a participação da família, duas professoras responderam que essa interação ocorre às vezes, sendo que a terceira professora respondeu que não. Deste modo, pode-se perceber que nem todas as famílias do contexto pesquisado estão comprometidas como deveriam no que tange à inserção da temática da Literatura Infantil.

Entretanto, as três professoras, duas delas com menos de 5 anos de atuação e uma atuando há quase 10 anos, relataram estar implicadas com o ensino e conscientes da imprescindibilidade da Literatura no desenvolvimento integral da criança e do seu papel enquanto mediadora desse processo de ensino-aprendizagem. Em contrapartida, as educadoras descreveram a carência da escola, a qual não possui uma biblioteca instituída, mas, apesar dessa falta física, conseguem trabalhar com os livros, gibis, histórias em quadrinhos e outros materiais que trazem a Literatura Infantil para o cotidiano escolar, mais especificamente, por meio dos Projetos vigentes.

4. Concluções

Ao longo deste estudo, foi discutida a importância da Literatura Infantil para a formação de crianças leitoras, através do seu uso no cotidiano escolar, quando se investigou a sua inserção em sala de aula. Foi possível conhecer a historicidade da Literatura para as crianças e alguns dos principais autores que colaboraram para que o gênero se expandisse ao status de obra literária, além de verificar os diferentes aspectos enquanto ferramenta metodológica no ambiente educacional. Como destaca Colomer (2003, p. 68), “ler enriquece a todos [...]. É útil pensar a educação literária como uma aprendizagem de percursos e itinerários de tipo e valor muito variáveis. A tarefa da escola é mostrar as portas de acesso. Mas a decisão de atravessá-las, e em que medida, depende de cada indivíduo”.

Conforme menciona Camargo (2005), antes mesmo de ser “alfabetizada”, a criança já é capaz de “fazer leituras” do que acontece ao seu redor, de interpretar o olhar dos adultos e entender se um gesto é acolhedor ou não. Nesse contexto, Freire (1999, p. 30) afirma que, antes de ler palavras, lê-se o mundo, pois “se antes os textos geralmente oferecidos como leitura aos alunos escondiam muito mais do que desvelavam a realidade, agora, pelo contrário, a alfabetização como ato de conhecimento, como ato criador e como ato político é um esforço de leitura do mundo e da palavra”.

Veja-se o compromisso de um educador, pois é à Literatura, como linguagem e como instituição, que se confiam os diferentes imaginários, as diferentes sensibilidades, valores e comportamentos através dos quais uma sociedade expressa e discute, simbolicamente, seus impasses, seus desejos, suas utopias. Por isso, a Literatura é importante no currículo escolar: o cidadão, para exercer, plenamente sua cidadania, precisa apossar-se da linguagem literária, alfabetizar-se nela, tornar-se seu usuário competente, mesmo que nunca vá escrever um livro, mas porque precisa ler muitos (Lajolo, 2008).

Por isso, “importa que o livro infantil não se limite e nem se determine, mas que sempre extrapole e convide à fruição”, como destaca Oliveira (2005, p. 125). Os livros infantis, além de proporcionarem prazer, contribuem para o enriquecimento intelectual das crianças. Sendo esse gênero objeto da cultura, a criança tem um encontro significativo de suas histórias com o mundo imaginativo dela própria. A criança tem a capacidade de colocar seus próprios significados nos textos que lê, isso quando o adulto permite e não impõe os seus próprios significados, visto estar em constante busca de uma utilidade que o cerca (Oliveira, 2005).

Nesta perspectiva, assim como se deve apresentar às crianças os personagens clássicos dos contos de fada, igualmente não se pode deixar de lado os personagens que permeiam a contemporaneidade, os quais surgem em quantidade, a todo momento, como os super-heróis, os monstros, dragões, dentre outros, que são muito apreciados pelos infantes.

Cabe ao professor indicar os caminhos que conduzirão os futuros leitores ao hábito de leitura, além de fomentar a imaginação e o prazer pelo ato de ler. Pode-se perceber, devido aos Projetos implantados e aos quais estão engajados, o quanto as professoras pesquisadas, com a ajuda da família, estão atentas à necessidade do uso da Literatura Infantil na Escola em questão, ficando evidente que estas utilizam a leitura de gênero variados com frequência, comprovando a relevância desta atividade na Educação Infantil. Referente à contribuição da Literatura no processo de formação dos pequenos leitores, as pesquisadas foram unânimes em afirmar que a criança, quando entra em contato com a leitura de histórias, desde cedo e constantemente, desenvolve a oralidade, a imaginação, a criatividade e, principalmente, o gosto pela leitura, podendo se tornar, no futuro, um leitor crítico e consciente.

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1. Professora Doutora do Programa de Pós-Gradução em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social – Mestrado – da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ), no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Pesquisadora integrante do Grupo de Pesquisa em Estudos Humanos e Pedagógicos (GPEHP) da UNICRUZ. E-mail de contato: cidascamargo@gmail.com

2. Professora de educação infantil no municipio de Cruz Alta, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Acadêmica do Curso de Pedagogia/PARFOR da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ/RS). E-mail de contato: jakemeg01@gmail.com


Revista ESPACIOS. ISSN 0798 1015
Vol. 41 (Nº 09) Ano 2020

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