ISSN 0798 1015

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Vol. 40 (Nº 36) Ano 2019. Pág. 10

Como as propostas pedagógicas contribuem de forma significativa para a aprendizagem dos estudantes da educação de jovens e adultos

How the pedagogical proposals contribute significantly to the learning of students of youth and adult education

SANTOS, Cassia Fernanda Viana dos 1; RESENDE, Andreia Santiago 2; SILVA, Karla Danielle Rezende 3 e COUTINHO, Diogenes José Gusmão Coutinho 4

Recebido: 28/06/2019 • Aprovado: 02/10/2019 • Publicado 21/10/2019


Conteúdo

1. Introdução

2. Metodologia

3. Resultados e discussão

4. Conclusões

Referências bibliográficas


RESUMO:

O presente estudo apresenta uma reflexão sobre como às práticas pedagógicas desenvolvidas no ambiente escolar podem desenvolver mudança no desenvolvimento do pensamento critico do aluno. No desdobramento desta questão, buscou-se indicar possibilidades de metodologia na perspectiva de uma aprendizagem significativa e compreender se as práticas pedagógicas utilizadas pelos educadores dessa modalidade levam em consideração os conhecimentos empíricos dos estudantes da EJA, relacionando-se com o saber cientifico, para assim possibilitar um aprendizado significativo para os jovens e adultos desse segmento.
Palavras chiave: EJA; Fazer Pedagógico; Aprendizagem Significativa

ABSTRACT:

The present study presents a reflection about how the pedagogical practices developed in the school environment can develop change in the development of the critical thinking of the student. In the unfolding of this question, it was tried to indicate possibilities of methodology in the perspective of a significant learning and to understand if the pedagogical practices used by the educators of this modality take into account the empirical knowledge of the students of the EJA, relating with the scientific knowledge, thus significant learning for youth and adults in this segment.
Keywords: EJA; Doing Pedagogical; Meaningful Learning

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1. Introdução

Diante de toda complexidade social, os desafios que o docente encontra na sua atuação na modalidade do ensino de jovens e adultos é de suma importância à reflexão sobre essa prática, a forma de abordagem e os métodos utilizados. Tal prática exige do professor qualificação específica para atuar nessa modalidade.  Corroboramos com o autor quando cita que:

Ao contrário do que se pensa, que ser professor é fácil e qualquer um pode fazer, principalmente na Educação de Jovens e Adultos, sustentamos que esta profissão é altamente complexa e especializada, não só quanto ao seu saber profissional específico e à forma como é avaliada no seu processo de formação (ESTRELA, 1997, p. 29).

Dessa forma se faz necessário que os professores adquiram novos saberes que levem em consideração todo contexto de  vida que os estudantes dessa modalidade estão inseridos. Nesse contexto Freire (1997, p.52) ressalta “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar a possibilidade para sua própria produção ou a sua construção”.

De acordo com Jardim (20016) os educadores da EJA devem estar preparados para atender esses jovens e adultos em todas suas especificidades, com metodologia que contemple as reais necessidades dos estudantes dessa modalidade. “Para que estes se vejam como parte da história e não apenas como expectadores” (FERREIRA, 2008, p.14). O autor supracitado pontua que os alunos da EJA “possuem uma forma própria de aprendizagem, um saber próprio resultante de experiências adquiridas ao longo da vida pelo fato de dedicarem-se muito cedo a uma atividade produtiva” (FERREIRA, 2008, p.10).

Nesse sentido, os saberes que os alunos levam para a escola são riquíssimos, são saberes adquiridos em diversos lugares inclusive no trabalho. “Reconhecer que os jovens e adultos trabalhadores carregam consigo conhecimentos que vão além daqueles ditos científicos significa valorizar outros saberes que formam esses sujeitos”. (GONÇALVES, 2012, p.41).

Partindo desse pressuposto e considerando se às praticas pedagógicas desenvolvidas no ambiente escolar, se concretizam na realidade para um ensino significativo na aprendizagem dos alunos da EJA surgiu à inquietação: quais as contribuições que as propostas pedagógicas proporcionam de forma significativa na vida familiar, profissional e social do aluno do aluno da EJA?

As respostas a esse questionamento poderão sinalizar possíveis encaminhamento no que se refere ao trabalho pedagógico realizado em sala de aula. Tendo em vista, que ao trabalhar com educação de jovens e adultos a construção de conhecimentos é muito mais rica, em virtude dos educandos já possuírem um conhecimento empírico decorrente de experiência pessoais.  A partir das reflexões e estudos acerca dessa questão, elaboramos a seguinte hipótese: Ao focarmos na prática dos educadores da EJA pode-se reconhecer o quanto prejudicial se torna, se ela for tratada de forma improvisada descompromissada, empobrecida pelo educador.

Nesse viés, cabe ao educador ser consciente da importância de sua prática, valorizar as  experiências, conhecer a trajetória de vida desses alunos, oferecer um ensino que traga significado para vivência, recursos e métodos apropriados para a sua idade, pois o adulto não pode ser comparado com uma criança, cuja história de vida ainda estivesse começando. Existe todo um caminho que já foi trilhado e toda essa caminhada e vivência deve ser considerada para contribuição de seu aprendizado.

Na perspectiva de verificar a coerência ou não da nossa hipótese, elencamos os seguintes objetivos:  quanto ao objetivo geral investigar como as propostas pedagógicas contribuem de forma significativa para aprendizagem dos alunos da Educação de Jovens e Adultos – EJA, em relação aos objetivos específicos delimita-se em dois pilares estratégicos: verificar a sintonia da prática pedagógica de acordo com as políticas que orientam a EJA e analisar como uma aprendizagem significa pode proporcionar mudanças no aspecto do desenvolvimento do pensamento crítico do aluno.

1.1 Marco Histórico da Educação de Jovens e Adultos e seus Mecanismos Legais

A história da Educação de jovens e Adultos no Brasil, considerando os estudos realizados por Scheibel e Lehenbauer (2006), teve seu início desde o Brasil colônia com a presença dos membros da companhia de Jesus uma vez que os jesuítas transmitiam princípios religiosos aos índios, jovens e adultos e posteriormente aos escravos. Segundo Silva e Souza (2001), os Jesuítas acreditavam que não seria possível converter os índios sem que eles soubessem ler e escrever. De acordo com Ghiraldelli Jr. (2008, p. 24) “o interesse era difundir o catolicismo pelo mundo, iniciado aqui a partir da catequização dos povos indígenas”, nas palavras do autor:

A educação escolar no período colonial, ou seja, a educação regular e mais ou menos institucional de tal época, teve três fases: a de predomínio dos jesuítas; a das reformas do Marquês de Pombal, principalmente a partir da expulsão dos jesuítas do Brasil e de Portugal em 1759; e a do período em que D. João VI, então rei de Portugal, trouxe a corte para o Brasil -1808- 1821.(GHIRALDELLI JR.,2008,p.24).

Percebe-se que a EJA não é recente em âmbito brasileiro, visto que desde o período colonial, quando era falado em educação de indivíduos não infantis, era feito menção ao público adulto.

A primeira Constituição Brasileira 1824 que tinha como uma das finalidades garantir o direito aos indivíduos à instrução primária gratuita, entretanto, nem todos os sujeitos tinham acesso a esse ensino principalmente a população pobre.

Na época de 1930 com o governo de Getulio Vagas com regime militar denominado ‘Estado Novo’ a educação foi organiza de modo que pudesse atender o setor produtivo. “Onde a principal função da EJA era a de formar indivíduos que agissem como máquinas, sem nenhum senso crítico”. (NASCIMENTO, 2013, p.14)

  O autor supracitado em sua pesquisa pontua que nessa época a proposta de educação a qual tem a finalidade de formar sujeitos críticos e reflexivos que foi desenvolvia por Paulo Freire, foi dilacerada pelo regime militar. (NASCIMENTO, 2013). Considerando os estudos realizados pelo educador Paulo Freire o fazer pedagógico deve desafiar o estudante a pensar criticamente a realidade social, política e histórica.  “Ensinar exige disponibilidade para o diálogo, pois o sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se confirma como inquietação e curiosidade”. (FREIRE, 1996, p. 154).

Ao refletimos sobre a EJA é perceptível que no decorrer da trajetória histórica dessa modalidade houve alguma evolução no que tange à legislação que rege esse segmento de educação, principalmente com a promulgação da Constituição Federal 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96) conforme vejamos a seguir:

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria;

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames;

§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si;

§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento. 

Nesse sentido, podemos compreender que a LDB 9394/96 garante a escolarização, aos alunos da EJA os quais por diversos motivos não tiveram  oportunidade de concluir o ensino no tempo e idade adequada, não obstante, Nascimento (2013) ressalta que mesmo a escolarização sendo gratuita e   garantida pela legislação vigente   não significa que atenda as especificidades dos alunados da EJA.Tendo em vista que ainda encontra - se muita dificuldade em relacionar teoria e prática.

Já As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação de Jovens e Adultos (Parecer CNE/CEB 11/2000 e Resolução CNE/CEB 1/2000) ressalta que a EJA como modalidade da educação básica, deve levar em consideração o perfil dos estudantes ao oferecer um modelo pedagógico, de forma que venha assegurar a igualdade no que tange à distribuição especifica de componentes do currículo. Portanto, as Diretrizes Nacionais são referenciais que estabelecem e norteiam os sistemas de ensino garantindo não só o direito a educação básica, mas uma aproximação do currículo escolar com o contexto social, cultural e econômico dos estudantes da EJA.

1.2. Permanência na esfera educacional e como as aprendizagens significativas podem proporcionar mudanças no desenvolvimento do pensamento crítico do aluno da EJA

A permanência dos alunos da educação de jovens e adultos são variados e tem como divisores, fatores intrínsecos e extrínsecos, nesta perspectiva Mileto (2010) afirma que:

“[...] pluralidade de interferências podem ser observadas nos processos que levam à decisão dos sujeitos em desistir ou permanecer [...]. Para efeitos de análise, foi adotada, em relação à instituição escolar, a classificação que identifica fatores externos e fatores internos vinculados à permanência ou evasão [...]. Os fatores externos estão vinculados principalmente aos obstáculos interpostos pelas estruturas socioeconômicas, que se refletem no cotidiano e nas histórias de vida dos alunos. Os fatores internos decorrem da configuração das relações sociais instituídas no âmbito do espaço escolar, destacadamente as interações estabelecidas no interior da turma. As ações pedagógicas, no sentido amplo, que se processaram nesses grupos sociais, constituíram aspectos de fundamental relevância (MILETO, 2010, p. 10)”

Segundo Velho (2003) no contexto econômico do país os indivíduos enxergam a educação como ponto de partida para recuperar e progredir no mercado de trabalho, onde a competitividade provoca esse espírito de projetasse para o futuro e poder vislumbrar de boas oportunidades.

No momento em que o educando ingressar na EJA, suas motivações não são necessariamente  iguais a dos estudantes matriculados no ensino regular já  que “Os alunos da EJA são diferentes dos alunos presentes nos anos considerados adequados à faixa etária, pois muitos deles são trabalhadores, maduros, com larga experiência profissional ou com expectativa de (re) inserção no mercado de trabalho’. (OLIVEIRA, 1999, P.40).

Nesse sentido, tão importante quanto à motivação dos alunados ao regressarem a EJA é o que pontua Teles (1992, p.13), “quando a gente fala em educação, há algo que nunca pode ser esquecido: este indivíduo, que acabou de nascer é único, original, tem potencialidades individuais, além daquelas comuns a toda a espécie humana”.

Corroborando com o autor citado anteriormente Gadotti (2011, p.143) pontua que “esta população chega à escola com um saber próprio, elaborado a partir de suas relações sociais e dos seus mecanismos de sobrevivência”. O Perfil dos estudantes da Eja são na maioria trabalhadores proletariados, desempregados, dona de casa, jovens, idosos, portadores de necessidade especial. Sobre esta questão, Pedroso (2010, p.25) ressalta: o público atendido pela Eja é de pessoas que na idade regular não puderam estudar, ou por não se sentirem-se atraídos pelo conteúdo escolar acabaram deixando a escola.

Gadotti discorre, ainda, sobre a importância de o educador valorizar os conhecimentos contextuais dos alunos levando em consideração toda a história e experiência de vida de cada indivíduo que se matricula na vertente de educação citada anteriormente.  Para Gadotti (2011, p.22):

São tão importantes para a formação dos grupos populares certos conteúdos que o educador lhes deve ensinar, quanto a análise que eles façam de sua realidade concreta. E, ao fazê-lo, devem ir, com a indispensável ajuda do educador, superando o seu saber anterior, de pura experiência feito, por um saber, mais critico, menos ingênuo. (GADOTTI, 2011, p.22).

Nessa ótica, O profissional da educação que trabalha com a Eja, deve conhecer o estudante que compõe a Educação de Jovens e Adultos. Estes profissionais precisam entender e reconhecer como centro do processo o ensino aprendizagem, buscando descobrir e valorizar a riqueza das experiências que envolva conhecimentos e saberes vividos ao longo dos anos, e a sua própria leitura de mundo. Somente uma prática pedagógica reflexiva dará inteligibilidade ao fazer pedagógico do docente (ESTRELA, 1994).

1.3.  Práxis pedagógica na perspectiva de uma aprendizagem significativa

Os estudantes da educação de jovens e adultos na maioria das vezes são trabalhadores, às vezes em condições de subemprego ou mesmo desemprego que são submetidos a circunstancias de mobilidade de serviço, alternância de trabalho e cansaço. (GADOTTI, 2011). Desse modo, os educandos da EJA são diferentes dos estudantes presentes nos anos considerados adequados a sua faixa etária, os alunos dessa modalidade  apresentam pluralidade de culturas e diversos tipos de conhecimentos, portanto,  cabe ao professor procurar se qualificar e está habilitado especificamente para atuar e exercer a função de educador e facilitador da aprendizagem, pautar-se em uma prática pedagógica voltada para as necessidades dos alunados, um aprendizado fundamentado na realidade desses jovens e adultos. Tal prática exige do professor qualificação específica para atuar nessa modalidade, pois o contexto histórico desses alunos foi e é fundamentado sobre um caminho de negação de seus direitos.

Nesse contexto, As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos (PARECER CNE/CEB 11/200) no título VIII acrescenta que:

Com a maior razão, pode – se dizer que o preparo de um docente voltado para a EJA deve incluir, além das exigências formativas para todo e qualquer professor, aquelas relativas à complexidade diferencial desta modalidade de ensino. Assim esse profissional do magistério deve estar preparado para interagir empaticamente com esta parcela de estudantes e de estabelecer o exercício do diálogo .Jamais um professor aligeirado ou motivado apenas pela boa vontade ou por  um voluntariado idealista e sim um docente que se nutra no geral e também das especificidades que a habilitação como formação sistemática requer.

Assim, o desafio do educador é desenvolver uma prática pedagógica que articule os saberes empíricos dos estudantes com os conteúdos curriculares. “a leitura de mundo precede a da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquela. (FREIIRE, 1996, p.12).

Simões e Eiterer (2007) discorre sobre a importância do educador valorizar as experiências de vida   dos discentes, o saber prévio, tendo ele como ponto de partida,  e resalta que o trabalho do docente não é coagir os alunos e sim desenvolver um processo de descobertas , nesse caso, o aprendiz só aprende alguma coisa nova a partir de algo já conhecido.

Nessa mesma linha de pensamento Freire (1996, p. 4) ressalta saber ensinar,

Não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas inibições, um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho - a ele ensinar e não a de transferir conhecimento.

Desse modo, Freire (2011, p.40), pontua que “na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”. A concepção contemporânea de educador exige uma formação continuada exigindo também uma sólida formação, juntamente com uma prática pedagógica crítica e consciente. Tardif (2002) destaca que o saber docente é um “saber plural, formado de diversos saberes provenientes das instituições de formação, da formação profissional, dos currículos e da prática cotidiana” (p.54).

Elencamos alguns saberes a partir das ideias de Paulo Freire (1996) e por Maurice Tardif (2002).

Tabela 1
F ontes de aquisição dos saberes docentes da Eja

Saberes Docentes

Adaptar o currículo às necessidades dos estudantes da Eja;

Adaptar os conteúdos;

Amar o que faz;

Compreender o estudante;

Conhecer a realidade do estudante da Eja;

Conhecer os estudantes;

Conhecer o meio que o estudante da Eja vive;

Criar estratégias que desperte a vontade de aprender;

Dar oportunidade ao estudante da Eja ingressar no mercado de trabalho;

Dar sentido às atividades;

Desenvolver a oralidade do estudante da Eja;

Dominar a didática e o ensino;

Dominar o conteúdo;

Dominar sua disciplina curricular;

Adequar a linguagem para transmitir o conhecimento;

Estar se qualificado com as tecnologias;

Gostar de interação;

Gostar de diálogo;

Interpretar a realidade de cada estudante na sala de aula;

Observar a vivência do estudante da Eja;

Saberes da experiência

Fazer cotidiano do professor;

Saber imediatos relacionados ao campo profissional;

Relacionar o que professor estabelece com realidade objetiva;

O contato com estudantes da Eja;

Saber como agir;

Proporcionar a aprendizagem;

Trabalhar diversos conteúdos

Explorar o livro didático;

Abordar da maneira possível o conteúdo em sala de aula;

Respeitar os saberes dos educandos;

Querer bem aos estudantes da Eja;

Utilizar as ferramentas do professor em sala de aula;

Saberes curriculares

Compreender que a educação é uma maneira de integra o estudante ao mundo;

Respeitar a autonomia do educando;

Ter bom senso;

Respeitar os saberes dos educandos;

Estimular a criticidade;

Utilizar a ferramenta do professor (livros, cadernos de exercícios entre outros);

Tomar consciência da sua decisão;

Habilidade para ensinar os conhecimentos em sala de aula.

Diante do exposto, podemos perceber que os autores contemplaram alguns dos saberes que julgam ser usados pelo docente na sua pratica pedagógica, e, sobretudo, interferem na configuração do fazer do professor. Nesse sentido, é relevante que os educadores tenham um repertório de saberes e que precisam adaptar os conteúdos com as necessidades desses educandos, relacionar a teoria com a prática, ter formação especifica na modalidade que estar atuando, utilizar metodologias adequadas a necessidade desse estudante, favorecendo a aprendizagem significativa.

2. Metodologia

2.1. Primeiros passos

O presente artigo buscou fazer uma reflexão sobre como às práticas pedagógicas desenvolvidas no ambiente escolar podem promover uma aprendizagem efetiva para o aluno da Educação de Jovens e Adultos – EJA.

 No primeiro momento, numa fase exploratória, realizou – se uma revisão da literatura, no qual foram analisados artigos, livros e dissertações sobre o tema dessa pesquisa, onde foram feitas buscas nos Site: Scielo, Google Acadêmico. Foram selecionados artigos utilizando os descritores “Eja”, “pratica pedagógica” e “aprendizagem significativa”, foram selecionados aproximadamente de 15 a 30 artigos no ano de 200 à 2018 e algumas dissertações.

Dessa forma, pudemos identificar que o tema como as propostas pedagógicas contribuem de forma significativa para a aprendizagem dos alunos da Educação de jovens e adultos pode ser facilmente encontrado nos artigos, dissertações e livros de educação. A partir dessas pesquisas e estudos foi possível identificar outros temas intimamente relacionados a essa temática, o que possibilitou uma visão geral do mesmo. 

2.2. Delimitando a pesquisa

Na elaboração desse estudo utilizou-se a pesquisa de campo que segundo Lakatos & Marconi (2001, p. 186), “é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para qual se procura uma resposta”.

O estudo foi desenvolvido a partir dos preceitos da abordagem qualitativa, a escolha se deve pelo fato de cinco características atribuídas por Bogdan e Birklen (1994, p.47-50):

Na investigação qualitativa a fonte direta dos dados é o ambiente natural, consistindo ao investigador o instrumento principal. Os investigadores introduzem e despendem grandes quantidades de tempo em escolas, famílias, bairros e outros locais tentando elucidar questões educativas ...[...]. A investigação qualitativa é descritiva. Os dados recolhidos são em forma de palavras ou imagens e não de números...[...]. Os investigadores qualitativos interessam- se mais pelo processo do que simplesmente pelos resultados ou produtos ...[...]. Os investigadores qualitativos tendem analisar os seus dados de forma indutiva. Não recolhem dados ou provas com o objetivo de confirmar ou infirmar hipóteses construídas previamente: ao invés disso, as abstrações são construídas à medida que os dados particulares que forem recolhidos se vão agrupando...[...]. O significado é de importância vital na abordagem qualitativa. Os investigadores que fazem uso desse tipo de abordagem estão interessados no modo como diferentes pessoas dão sentido às suas vidas.

Nesse caso, esse tipo de pesquisa leva em consideração que todos envolvidos no estudo estão a todo tempo produzindo conhecimentos e práticas apropriadas para intervir nos problemas detectados e, sobretudo, os sujeitos investigados se sentem mais à vontade para expressar sua opinião sobre o assunto relacionado ao objeto de estudo.

2.3. Amostragem

Participaram desta pesquisa seis professoras e a coordenadora pedagógica da Eja, todas com formação superior e especializações, entretanto só foram analisadas as entrevistas que mais se aproximaram aos objetivos dessa pesquisa. A escolha dos participantes não foi aleatória, consideramos como critérios de inclusão docentes alfabetizadores que tivessem mais tempo de atuação na docência no ensino da Educação de Jovens e Adultos. E de exclusão educadores com respostas  vagas que não contemplavam nossos objetivos de pesquisa.

O lócus da pesquisa foi uma Escola municipal em Camaragibe, localizada no Bairro Novo, Centro Camaragibe – PE. Etapas de ensino que a instituição escolar trabalha: Educação Infantil (Pré-escola), Educação de Jovens e Adultos – Supletivo (Ensino Fundamental – Supletivo), Ensino Fundamental (Ensino Fundamental - Anos Iniciais).

2.4. Coleta de dados e Análise de dados

O instrumento metodológico utilizado para coleta de informações será a entrevista semiestruturada. Segundo Triviños (2008), para alguns tipos de pesquisa qualitativa, a entrevista semiestruturada é um dos principais meios que o pesquisador tem para realizar a coleta de dados. Para ele, a entrevista semiestruturada mantém a presença consciente e atuante do pesquisador e, ao mesmo tempo, permite a relevância na situação do ator (TRIVIÑOS, 2008, p. 152).

Triviños (2008) ressalta que o tipo de entrevista semiestruturada proporciona não só a descrição dos fenômenos sociais, como também sua explicação e a compreensão da totalidade, “tanto dentro de sua situação específica como de situações de dimensões maiores” (p. 152). Segundo este autor, os instrumentos de coleta de dados nada mais é do que a “teoria em ação”, o que dá apoio à visão do pesquisador (TRIVIÑOS, 2008).

Os dados obtidos serão analisados através de análise de conteúdo segundo Bardin. De acordo com a autora pode ser entendido como:

[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, obter indicadores quantitativos ou não, que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção das mensagens (BARDIN, 1977, p. 42).

3. Resultados e discussão

3.1. Análise das entrevistas

Para este momento, usou-se a entrevista semiestruturada, e em meio observações e diálogos, ocorreu uma discussão satisfatória mediante discernimento das educadoras e suas concepções em relação a Eja. Lembrando sempre que suas vivências de sala de aula são muitos relevantes e todas pudessem externar da melhor maneira possível. Por isso, analisou-se cada resposta. O material organizado (coletado) requer algumas escolhas pertinentes a partir de uma leitura minuciosa das transcrições das entrevistas semiestruturadas realizadas, destacando alguns registros significativos as perguntas relatadas. Essa pesquisa foi destacada frases e passagens essenciais das falas dos interlocutores. Tendo como base na análise das respostas das seis professoras e a coordenadora pedagógica que responderam às entrevistas no segundo semestre de 2018 na escola Municipal de Camaragibe-Pe. Tornou-se possível agrupar a recorrência dos diálogos em três  dimensões sendo elas: Os objetivos da Eja, Proposta pedagógica e Procedimentos metodológico. Com base nas entrevistas semiestruturadas foram analisadas as dimensões dos saberes docentes.  Analisando os resultados, dos dados coletados das entrevistas semiestruturadas. Dada a ênfase aos saberes docentes por se tratar das dimensões o ponto central desse estudo, sem desprezar as demais dimensões. A transição das falas das educadoras e da coordenadora podem eclodir não apenas  um único  saberes docentes proposto por Tardif (2002). Para averiguação, vale retomar o objetivo geral do estudo que foi investigar como as propostas pedagógicas contribuem de forma significativa para a aprendizagem dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos da Eja: Como estrutura na análise das dimensões dos saberes docentes, foi possível compreender o seguinte:

3.2. A finalidade da EJA

As expressões mais expressivas das professoras e da coordenada pedagógica expõem que a Eja tem como objetivos: conceber cidadão critíco e reflexivo; instigar o estudante para dá continuidade aos estudos posteriores; e preparar o aprendiz para o mercado de trabalho. Acredita-se que a partir de um olhar atento seja possível aproximar a futura prática docente as reais necessidades das turmas da Eja. A falar das professoras retrata os objetivos da aprendizagem na Eja a seguir:

“Nas series iniciais da Eja, os objetivos da aprendizagem são introduzir, aprofundar e consolidar. O conceito introduzir que dizer, levantar o estudante a se familiarizar com os conteúdos e conhecimentos prévios. O conceito aprofundar que dizer sistematicamente para favorecer tanto o desenvolvimento e a aprendizagem dos mesmos. O conceito consolidar, tornar estável os avanços em seus conhecimentos e capacidades em despertar o interesse desses aprendentes com temas atuais que trabalhem a necessidades dos aprendizes” (P 1).

“A Eja é relevante para integrar tanto o jovem e o adulto no ambiente educacional. Além do mais á Eja tem um papel fundamental no impulso do conhecimento. Um espaço propicio para sanar dúvidas, medos e questões, com isso beneficiará ampliar o desenvolvimento intelectual do aprendiz” (P 3).

As respostas das profissionais na educação, todas tiveram a mesma ótica em relação ao objetivo da Eja nas series iniciais do ensino fundamental. Ressaltando quando as educadoras estão envolvidas com a realidade dos estudantes, lhe doando subsídio para melhor compreender as experiências de vida dos seus estudantes. Nessa perspectiva, Leal (2005, p.114):

O conhecimento na ação, ou o conhecimento tácito, seria aquele constituído na prática cotidiana do exercício profissional. Concebemos que esse é um saber que se constrói com base nos conhecimentos prévios de formação inicial, articulado com os saberes gerados na prática cotidiana, de forma assistemática e muitas vezes sem tomada de consciência acerca dos modos de construção. Para um projeto de formação numa base reflexiva, torna-se fundamental conhecer e valorizar esses conhecimentos que são constituídos pelos professores, seja através de uma reflexão teórica, seja através desses processos eminentemente assistemáticos.

3.3. Saberes Docentes

A elaboração das perguntas para as entrevistas semiestruturadas se dá com base do saber docente. Onde será possível entender e ter um olhar voltando para esses estudantes, ou seja, o que desejam, o que vão buscar no espaço escolar, buscar superação, aumentando sua autoestima, o conhecimento e a sua capacidade de reflexão e criticidade. E cabe ao educador pensar em aulas reflexivas, permitindo o estudante a liberdade de pensar livremente, diferentes dos livros se assim desejar. Essa modalidade de ensino precisa ir além, otimizado um novo olhar em sua vida. Relatando a seguir os trechos correspondentes as falas destas professoras:

“O saber docente é algo plural, com mistura, de saberes advindos da formação profissional e dos saberes disciplinares, curriculares e das experiências de vida, em sua história profissional, com sua relação com seus estudantes, com o trabalho na escola e na sala de aula” (P 2).

Em relação ao saber acredito que para o professor ensinar, precisa passar por uma formação continuada. Além disso, ao saber teórico e a prática, é algo relevante e se faz necessário” (P 4).

A resposta das educadoras da Eja é que cada profissional deveria ter compromisso para buscar a atualização de seus saberes docentes, a sua formação profissional e o exercício da docência que o professor vai construindo e desenvolvendo a sua prática profissional, sua competência profissional e a base de suas disposições para agir. Na obra intitulada saberes docentes, e formação profissional Tardif (2002, p. 54) diz:

[...] os saberes experiência surgem como núcleo vital do saber docente, núcleo a partir do qual os professores tentam transformar suas relações de exterioridade com os saberes em relações de interioridade com sua própria prática. Nesse sentido, os saberes experiências não são saberes como os demais; são, ao contrário, formados de todos os demais, mas retraduzidos, polidos e submetidos às certezas construídas na prática e na experiência.

3.4. Saberes da Ação Pedagógica 

Esses saberes da ação pedagógica são importantes para a prática docente, através desses conhecimentos sobre a metodologia que o mesmo possa vir a fazer bom uso em sala de aula, enfatizo que o educador compreenda a necessidade desse saber tanto em sua formação e na sua prática em sala de aula fazendo bom uso dessa metodologia. A seguir a fala das educadoras:

“O professor faz uso de uma série de saberes pedagógicos. Ao longo da sua trajetória profissional por meio da pesquisa em educação. Para desenvolver um trabalho coletivo, interdisciplinar e transdisciplinar. É necessário estar aberto à comunicação, precisa ler bastante, falar e escrever bem, gosta de pesquisar, tomar decisões e resolver possível problemas escolares quando este vier acontecer” (P 5).

 “O compromisso tanto da escola quanto de nós educador deve ser pleno com esses estudantes. Uma proposta de aprendizagem de fácil entendimento para aprenderem com uma linguagem acessível para sua compreensão” (P 6).

“A juventude na Eja tem aumentado a cada ano escolar, levando em conta que esses jovens compartilha um espaço de sala de aula, com adultos e os idosos. Eles apresentam maneiras diferentes de pensar e agir e por esse motivo requer da ação pedagógica uma diversidade nos conteúdos ministrado em sala de aula” (Coord.).

Percebesse que os relatos são diversificados, pois cada profissional da educação possui uma postura em relação a ação pedagógica. Para ofertar um processo de ensino aprendizagem contínuo, precisa adequar ao ambiente escolar elementos que favoreçam o aprender, elaborar matérias, mudar as metodologias em sala de aula e muito mais.

4. Conclusões

Nota-se durante a pesquisa que diversos elementos contribuem para a evasão escolar, podendo ser fenômenos internos ou externos e esses fatores influenciam de forma significativa na vida do educando, seja ele dentro ou fora das dependências da escola. Sendo assim, na intenção de, se não acabar pelo menos diminuir a evasão escolar, cabe ao docente de qualquer campo do conhecimento, e da Eja em especial, posta-se criticamente e instigado a criticidade de seus estudantes como sujeitos que constroem seu percurso histórico.O profissional da educação que trabalha com essa vertente educativa, deve conhecer o estudante que compõe a Educação de Jovens e Adultos. Os professores precisam aproveitar o conhecimento experienciado para valorizar as atividades dia a dia, constituindo entre o senso comum e a ciência que cada educando possui e traz para sala de aula e a partir disso ter um olhar voltando para o trabalho pedagógico de maneira que traga significados para ambos tanto na troca de experiências, partilhando os saberes de forma mútua, onde o educador é chamado a desempenhar concomitantemente seu papel de formador e de formado.

As reflexões acerca deste estudo possibilitaram analisar alguns aspectos da modalidade da Educação de Jovens e Adultos- EJA, tais como: o fazer pedagógico e as contribuições das propostas pedagógicas na perspectiva de uma aprendizagem significativa. Verifica- se que a EJA é uma educação possível e indispensável, como possibilidade de mudança. Nesse sentido, o docente em sua prática pedagógica deve oferecer condições para que o estudante possa se expressar como um ser pensante, critico que é sujeito do seu próprio conhecimentos. O educador deve associar os conteúdos a realidade dos estudantes, valorizando os diversos saberes que estes possuem, o docente deve ser flexível ao planejar os conteúdos, buscar estratégias diferenciadas de modo  que possa  não só supri as necessidades do coletivo  , mas sobretudo, em sua prática deve ensinar de maneira individualizada respeitando o ritmo e as especificidades de cada educando pois é  fundamental ressaltar que os métodos e estratégias utilizadas em sala de aula facilitam a aprendizagem dos alunos, conferindo significado ao processo educativo.

Em suma, deve- se oferecer uma educação de qualidade  no qual valorize que na educação de Jovens e Adultos, cada estudantes tem seu tempo de aprendizagem, e cada um deles tem características particulares e que eles não podem ser comparados entre si no processo de ensino aprendizagem e que a competência do docente transcenda o conhecimento especifico disciplinar, para assim as propostas pedagógicas contribuírem de forma significativa na vida familiar, profissional e social do aluno  da EJA.

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4. Prof. Dr. Em biologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). E email de contato: gusmao.diogenes@gmail.com


Revista ESPACIOS. ISSN 0798 1015
Vol. 40 (Nº 36) Ano 2019

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