ISSN 0798 1015

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Vol. 40 (Nº 8) Ano 2019. Pág. 23

Cultura popular e letramento. Práticas pedagógicas nos anos iniciais

Popular culture and literature. Pedagogical practices in the early years

Rozineide Iraci Pereira da SILVA 1; Nair Alves dos Santos SILVA 2; Maria Aparecida Dantas BEZERRA 3; Ana Cláudia Xavier da SILVA 4; Diógenes José Gusmão COUTINHO 5

Recebido: 09/11/2018 • Aprovado: 07/02/2019 • Publicado 06/03/2019


Conteúdo

1. Introdução

2. Metodologia

3. Resultados e Discussão

4. Conclusões

Referências bibliográficas


RESUMO:

O presente estudo e baseado em uma pesquisa realizada por professores que lecionam na educação básica dos anos iniciais em uma escola da zona rural de uma cidade do agreste pernambucano brasileiro, onde há dificuldades na prática de leitura e na aprendizagem nessa escola, pois o processo de construção da leitura das crianças dos anos iniciais vem se tornando um grande desafio para os educadores. Tem-se como objetivo geral analisar a cultura popular e as práticas do letramento no cotidiano escolar.
Palavras chiave: Cultura Popular, Letramento, Prática Pedagógica

ABSTRACT:

This study presents a research carried out by a group of teachers who teach into the early years of basic education in a rural school in a small village of Pernambuco-Brazil. There are difficulties in reading and learning in this school, since the construction process of children's reading of the early years has become a major challenge for educators. The general objective is to analyze popular culture and literacy practices in daily school life.
Keywords: Popular Culture, Literacy, Teaching Practice

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1. Introdução

As dificuldades de leitura e escrita subsidiam o professor com elementos para uma reflexão contínua sobre sua prática. O processo da cultura popular nas práticas de leitura escrita das crianças nos anos iniciais da educação básica vem se tornando um grande desafio para os educadores. O papel desempenhado pela escola para a constituição de alunos letrados, especialmente aqueles oriundos das classes populares, apontam estratégias de práticas de letramento presentes na sala de aula, dirigidas as crianças de oito a dez anos de idade.

A motivação para esta pesquisa emergiu das atuais demandas para os usos da escrita e da leitura e das crescentes dificuldades apresentadas por alunos diante suas culturas. As culturas populares aos bens culturais, de forma geral, e a tecnologia do ler e escrever, em particular, tem sido uma reivindicação histórica de diversos setores sociais comprometidos com as transformações e a superação de desigualdades ainda presentes na sociedade brasileira, onde o povo rico em cultura popular e não letrados.

Vale dizer que, embora a escola seja o local privilegiado da apropriação do conhecimento, mas ela não é o único na sociedade. Assim, as questões colocadas pautam-se em investigar como as práticas letradas se fazem presentes nos meios populares e de que forma as relações família e escola são tocadas por essas práticas. O impacto dos estudos sobre o letramento para as práticas alfabetizadoras. O resgate e o incentivo da leitura são sós o exercício para formar leitores que leiam por prazer, proporcionando a aprendizagem da mesma, servindo de estímulo e satisfação para que a criança perceba a importância da leitura para o processo do letramento em sua vida.

O tema foi escolhido, diante da dificuldade de alguns alunos na hora de interpretar ou redigir um texto, apontando para a não valorização da leitura nos primeiros anos escolares, buscando na cultura popular uma base estrutural dessa prática de leitura e escrita. Como grande número de alunos que chegam ao ensino fundamental sem o domínio da leitura, o estudo visa investigar quais são os fatores causadores da defasagem do aprendizado da leitura e ainda reconhecer estratégias facilitadoras na superação dessas dificuldades.

Justifica-se esta pesquisa através das dificuldades das práticas de leitura e escrita na aprendizagem dos alunos dos anos iniciais em uma escola da zona rural do agreste pernambucano, sendo observadas, na escola, as dificuldades dos alunos de se expressarem diante sua cultura perante a comunidade local, e muitos discentes com deficiência na leitura e escrita das palavras, devido à maneira de falar no seu cotidiano no convívio social. 

Na visão de Freire (2014), Soares (2009), Brandão (2006) educar alguém é processo dialógico, um intercâmbio constante. A leitura é um objeto sociocultural de conhecimento e, sendo assim, está presente nas mais diversas situações cotidianas que circundam a vida da criança e, por isso, desde muito cedo a criança passa a refletir e a formular hipótese sobre ambas, antes mesmo de lhe ser formalmente apresentado, constantemente, a criança estará em contato com a leitura. 

1.1 Cultura Popular e Educação

A escola contribui para a formação integral do indivíduoum dos seus papéis em linhas gerais, formar leitores críticos e que compreendam o mundo em que vivem o popular olhando pela riqueza cultural do folclore que se refere à tradição e criatividade para a melhoria da educação a cultura popular apresentada muito recentemente pelos folcloristas, atividades riquíssimas para a aprendizagem visando valorizar a cultura popular da região buscando meios motivadores para educação. Não se trata de aprender apenas a ler e escrever em uma língua, como nos programas tradicionais de ensino, mas antes de aprender a ler o seu próprio mundo através de sua própria cultura e a se comunicar-se com o outro como um sujeito consciente perante a sociedade.

Segundo Mondin (2005, p.195), “a cultura é um fenômeno múltiplo ao qual podem ser proferidas várias definições. Contudo, o pensador italiano em questão chama a atenção para duas concepções extraídas da Enciclopédia filosófica”. O autor destaca que a Cultura pode ser entendida tanto do ponto de vista subjetiva quanto do ponto de vista objetiva.

São infinitas as possibilidades do uso da cultura nas práticas de letramento, pois há várias alternativas de exploração desse território tão rico que envolve a cultura em seus mais diversificados aspectos, seja ela qual for despertando na criança o prazer e o contato com a leitura e escrita do ser humano através das culturas populares de sua região. Este caminhar paralelo é inevitável, pois esta variedade de grupos que enriquece o vocabulário popular nas diversidades de suas manifestações culturais de cada região.

Segundo Freire:

O tema da linguagem é um dos temas da cultura e dos mais importantes, porque a linguagem tem a ver com a gente mesmo, com a identidade cultural, enquanto indivíduo e enquanto classe. Eu sou a minha linguagem não tem dúvida disso. É indispensável que a professora testemunhe ao menino popular que o jeitão dele dizer as coisas também faz sentido, é bonito e tem sua própria gramática, ainda que ela lhe ensine outra forma de escrever. (FREIRE, 2014, p. 15)

A educação popular almeja realizar em sua escala e ao longo de seu currículo, a valorização dos conhecimentos adquiridos dos alunos no seu cotidiano. A vocação reside a aprender, a saber, no partilhar o saber, no transformar vidas, nos mundos sociais por meio de um saber tornado ação, e uma ação coletiva vivida como projeto de transformação diante da cultura popular. É necessário descartar, por outro lado, a visão naturalizada de família entendendo-a como uma construção histórica e social, trata-se de uma questão ética construir juntamente com as famílias das camadas populares práticas educativas que garantam às suas crianças a permanência na escola e o sucesso escolar.

No entanto, lembra Burke:

Responder “não” é negar diferenças palpáveis, mas responder “sim” talvez seja exagerá-las. Pode ser mais esclarecedor pensar em termos de culturas ou ‘subculturas’ femininas mais ou menos autônomas ou demarcadas. Serão mais autônomas sempre que as mulheres forem mais segregadas dos homens; por exemplo, nos conventos, no mundo mediterrâneo tradicional ou na cultura islâmica (BURKE, 2010, p. 41)

A escola cumpre um papel importante no processo de introdução das crianças das camadas populares na cultura escrita que, embora não possa ser visto de forma dicção das culturas orais, se guia por regras diferentes. Aproveitar os conhecimentos que os alunos já possuem e que costumam envolver o reconhecimento global de algumas palavras caso contrário, a primeira tarefa da escola será a de proporcionar oportunidades para que esse conhecimento seja valorizado e respeitado por todos.

1.2. Culturas Populares nas Práticas de Letramento

O que mais motiva uma criança a ler é ver um adulto lendo, daí a importância do exemplo. O aluno precisa ser orientado a ler desde a infância, quando aprenderá ler apenas interpretando gravuras, sequenciando fatos, identificando as ideias contidas no texto representativo, observando a localização do ambiente, as cores referentes à situação, delimitando as várias partes do texto como início, meio e fim. A escola em seu cotidiano busca a valorização da cultura popular dos alunos para explorar a valorização dessa cultura na educação. Esse tipo de leitura é importante porque desperta a atenção da criança, faz com que ela exercite sua mente através da percepção e da valorização cultural do meio social.

Segundo Soares:

[...]. Um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia; em contextos específicos. As práticas específicas da escola, que forneciam a parâmetros de prática social segundo a qual o letramento era definido, e segundo a qual os sujeitos eram classificados ao longo da definição apenas com tipos de práticas e forma de utilizar o conhecimento sobre a escrita (SOARES, 1999, p. 19).

Que a escola deve ajudar os alunos a desenvolver a maturidade do leitor é algo que se constitui através de um longo processo de aprendizagem Soares (1999). A respeito das formas viáveis de leitura com o objetivo de pô-las em práticas nocotidiano escolar, de modo a transformar a cultura do alunado em indivíduos questionadores, situando assim na realidade que lhes é imposta.

As histórias alimentam as brincadeiras de faz de conta das crianças, pois ampliam o vocabulário cultural. É como num passe de mágica, as crianças viram reis, rainhas e demais personagens que ganham vida e contexto nas culturas populares vivenciadas no espaço educacional.

A escola deve adequar-se para criar programas, métodos e um ambiente agradável onde o prazer em aprender seja mais forte que os sentimentos negativos que acompanham o aluno, onde o respeito à diversidade e ao ritmo de cada um, seja respeitado e avaliado para o replanejamento das ações educativas nas práticas do letramento. Aprender ler e escrever implica não apenas em suas culturas, mas a responsabilidade de usar esse conhecimento em benefícios de forma de expressão e comunicação possíveis, reconhecidas, necessárias e legítimas em um determinado contexto cultural.

A cultura popular é uma categoria do povo, que passa de geração em geração. Vários autores refletem de forma crítica sobre as concepções e os estudos relativos ao conceito de popular no século XX. Segundo Canclini (1989), destaca a importância da desconstrução do popular para posteriormente reconstruir este conceito. Para o autor a cultura popular foi excluída da sociedade que não têm patrimônio ou não conseguem que ele seja reconhecido e valorizado para a conservação da cultura de um povo. Portanto o popular, olhando pelo prisma do folclore, é o que se refere à tradição cultural na educação popular.

Segundo Freire:

E o que dizer, mas, sobretudo que esperar de mim, se, como professor, não me acho tomado por este outro saber, o de que preciso estar aberto ao gosto de querer bem, às vezes, à coragem de querer bem aos educandos e a própria prática educativa de que participo. Esta abertura ao querer bem não significa, na verdade que, porque professor me obriga a quere a todos os alunos de maneira igual. Significa, de fato, que a afetividade não me assusta que não tenho medo de expressá-la. Significa esta abertura ao querer bem a maneira que tenho de autenticamente selar o meu compromisso com os educandos, numa prática específica do ser humano (FREIRE, 2014, p. 141).

Dessa forma, a atualidade de cada cultura de sua localidade depende dos conhecimentos adquiridos de cada geração cultural, pois a educação está a cada dia buscando argumentos para a melhoria da aprendizagem dos estudantes partindo de seus conhecimentos culturais para a atualização das culturas populares na sociedade. O que equivale dizer que a cultura popular se explica pelo paradigma temporal, isso não significa que o atual é o mais recente, mas o que persiste e faz sentido na atualidade. Logo, o atual transcende a temporalidade do agora.

Neste sentido Brandão escreve:

A educação popular emerge como um movimento de trabalho político com as classes populares através da educação. Diante de um modelo oficial de educação compensatória, a educação popular não se propõe originalmente como uma forma ‘mais avançada’ de realizar a mesma coisa. Ela pretende ser uma retotalização de todo o projeto educativo, desde um ponto de vista popular (BRANDÃO, 2006, p. 75).

É acautelado que as ideias possuem certa datação histórica e são inúmeros os momentos que professor e aluno ministram as aulas a partir da realidade popular, que a interdisciplinaridade está presente nas práticas pedagógicas, de alguma forma, produto de seu tempo histórico, não obstante, as ideias possuem a capacidade de transcender no tempo.

Nessa perspectiva, o pensamento de Brandão se faz atual entendido como qualidade daquilo que acompanha o momento presente, sobretudo pelo quadro social de opressão que permanece.

Do ponto de vista estrutural, conservam-se aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos que negam as potencialidades e o fortalecimento das classes populares e seus reais interesses, onde a educação passa pela a cultura popular nos seus conteúdos nas atividades escolares para alcançar com êxito a aprendizagem social e cultural, buscando a atualização de cada cultura.

2. Metodologia

Esse trabalho é o resultado de observações de pesquisas teóricas e práticas pedagógicas em relação à cultura popular e letramento observando a aprendizagem da leitura e escrita em duas salas de aula na zona rural, nos anos iniciais da educação básica. Para a realização deste trabalho foram pesquisados o ambiente e o contexto da escola da zona rural de uma cidade do agreste pernambucano, além de serem explorados conceitos, concepções e fundamentação teórica relacionada à temática.

Tomando por base metodológica a pesquisa qualitativa, trata-se de um estudo de caso com ação participativa realizada através de questionários que foi aplicado na escola municipal da zona rural, destinando-se a apresentar o discurso de 2 (duas) professoras.

Foram escolhidas apenas essas educadoras porque a escola é da zona rural e só trabalha essas professoras com turmas multisseriadas, foram entregues questões no que diz respeito à cultura popular e letramento nas práticas pedagógicas nos anos iniciais, bem como a contribuição da pesquisa na formação de leitores letrados.

O estudo de caso teve por objetivo o exame detalhado de um ambiente, ou de um local, e de uma situação, de um determinado objeto, ou, simplesmente de um participante de uma situação. Pode, então, ser conceituado como um modo de coletar informação específica e detalhada, frequentemente de natureza pessoal, envolvendo o pesquisador, sobre o comportamento de um indivíduo ou grupo de indivíduos em uma determinada situação e durante um período dado de tempo.

Segundo Gil (2017), trata-se de uma forma de se fazer pesquisa investigativa de fenômenos dentro do contexto real, em situações em que as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não estão claramente estabelecidas. Ainda de acordo com o autor, o estudo de caso é caracterizado pelo estudo a permitir conhecimento amplo e específico.

3. Resultados e Discussão

Diante da transcrição do questionário aplicado as professoras, foram analisadas as seguintes respostas:

Tabela 1
Questionário com as professoras dos anos iniciais, da Escola Municipallocalizada no Agreste Pernambucano.

PERGUNTAS/RESPOSTAS

PROFESSORA 1

PROFESSORA 2

 

 

 

Como são as atividades de leitura na escola?

“As leituras são feitas diariamente através dos livros didáticos e paradidáticos, buscando oportunidades aos estudantes práticas motivadoras com leituras atraentes e prazerosas, a escola oferece vários paradidáticos maravilhosos para o enriquecimento das práticas da leitura em sala de aula”.

“Através de atividades lúdicas, ora individual, ora coletiva partindo da realidade de cada aluno, visando as necessidades individuais de cada criança através de poesias, cordéis, músicas, dramatizações e buscando o incentivo a visita na biblioteca pública da cidade para a escolha de livros pelos alunos de autores que mais lhe chamam atenção e leituras diárias no livro didático para estimular o hábito da leitura”.

 

Como você trabalha a cultura popular nas práticas de letramento?

“Através dos conhecimentos adquiridos da comunidade que as crianças relatam situações riquíssima e interessante para a sua aprendizagem, busco na cultura popular situações atrativas e curiosas para almejar as leituras e escritas de palavras, frases e textos no cotidiano escolar como, por exemplo, as ervas medicinais, o forró, ciranda, as lendas, as comidas típicas da região que é riquíssima nessa comunidade escolar”.

“Busco na cultura popular situações da comunidade para a sala de aula através de dramatizações teatrais, danças, apresentações dos repentistas da comunidade na escola, quadrilhas matutas da localidade incentivo as culturas populares na sala de aula devidos o enriquecimento dessas culturas para o desenvolvimento intelectual dos alunos, buscando os conhecimentos prévios para ser prioridade nas práticas de leituras e escrita”.

 

Os alunos têm acesso a que fontes de leitura?

“Os alunos têm acesso a livros, jornais, revistas, gibis, cartazes, vídeos e demais situações de leituras do cotidiano”.

“Com livros literários, revistas, cordéis, livro didático e paradidático e outras fontes que podem ser trabalhadas em sala de aula para despertar o prazer da leitura”.

Quais as atividades de escrita exitosas realizadas em sala de aula através das culturas populares nas práticas do letramento?

“As atividades são realizadas com estórias ou fatos que eles próprios viveram e contaram das gerações locais através de poesias, acrósticos e produções de textos”.

“Através de produção de estórias em quadrinhos, versos, poesias, mensagens das culturas populares da comunidade, paródias e acrósticos das ervas medicinais da zona rural dessa localidade e incentivando a produção de textos teatrais”.

 

Por que muitas crianças não estão alfabetizadas em sua idade certa? Os professores valorizam sua cultura popular nas suas práticas escolares? Explique.

 

“Muitos estudantes ainda não estão alfabetizados devido aos desinteresses dos mesmos, porque a maioria deles prefere está ajudando os familiares para a melhoria de seu alimento, e só vai para escola devido à bolsa família que é o caso da minha região, a maioria dos familiares são analfabetos sobrevivem da agricultura. E como professora busco na cultura popular momentos de leituras e escritas de textos produzidos pelos alunos de acordo com seu conhecimento. E que os quatros horas de aulas sejam de grande aproveito dos alunos diante sua cultura, onde as aulas ficam mais prazerosas com a valorização das culturas populares”.

 

“A maioria das crianças não estão alfabetizadas devido o acompanhamento da família em suas tarefas escolares, muitos de seus familiares são carentes e analfabetos que as crianças têm apenas as quatros horas de aula por isso nós professores enfrentamos essa dificuldade dos alunos em sala de aula, porque os mesmos não são reforçados pela família. E gosto de valorizar as culturas populares da comunidade local, porque estou percebendo o desempenho de cada aluno diante sua cultura, a cada dia todos estão evoluindo no processo de letramento através das atividades realizadas em sala de aula como, por exemplo, as dramatizações, produções textuais, leituras de lendas e cordéis e apreciação das culturas populares nas diversidades das atividades escolares”.

Por que alguns alunos têm dificuldades para aprender a ler e escrever?

“Algumascrianças ainda não sabem ler e escrever devido o interesse dos mesmos é alunos que vivem da agricultura falta às aulas com frequência, eles precisam ajudar a família devido às necessidades diárias dos seus familiares. Porém os mesmos são filhos de agricultores não alfabetizados as crianças não tem um apoio adequado nas tarefas escolares devido à família não serem alfabetizadas. Esses alunos o único momento de leitura e escrita que eles têm são apenas em sala de aula, juntos com os colegas de classe e o tempo é muito curto para o seu desenvolvimento na aprendizagem escolar”.

“Diante do mundo das modernidades que vivemos em nosso país, com vários acessos a livros, revistas, jornais e a era dos celulares e computadores modernos e demais instrumentos metodológicos para a melhoria da leitura e escrita dos estudantes, muitos deles enfrentam várias dificuldades em sua aprendizagem cotidiana. Onde um povo rico em cultura popular, mas com dificuldade na escrita e leitura de suas criações culturais. Os alunos que ensino é crianças que necessitam de atenção por serem filhos do homem do campo, é uma clientela rica em conhecimento de um povo, mas com habilidades lentas na escrita de palavras, pois muitos alunos não têm tempo e nem condições de ter um acompanhamento em suas tarefas escolares com a família por muito de eles serem analfabetos, com isso dificulta na aprendizagem”.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

As professoras relatam que o incentivo das práticas pedagógicas nos anos iniciais diante a cultura popular e letramento, ocorre no cotidiano escolar perante as atividades diversificadas em sala de aula. Que são através das atividades lúdicas, revistas, livros didáticos e paradidáticos e principalmente partindo do conhecimento do aluno que podem ser trabalhadas na sala de aula, textos diversos, utilizando métodos atrativos buscando na cultura popular práticas motivadoras das gerações para alcançar com êxito o letramento.

Mostrando para o aluno que é importante o uso da leitura, uma vez que a leitura e produção escrita caminham juntas. Paulo Freire introduz uma questão importante que nos sinaliza como construir possibilidades nesse sentido, na medida em que passamos a “dialogar sobre a negação do próprio diálogo”. (FREIRE, 2014, p. 71).

Contudo, a importância das culturas populares nas práticas diárias das escolas está cada dia, mas exitosas na aprendizagem do aluno. As professoras buscam dialogar com os estudantes seus conhecimentos culturais para colocar em práticas nas produções textuais.

A sala de aula bem organizada e com acervo de qualidade para a formação do leitor, a leitura e escrita como uma prática social e cultural a ser resgatada pela escola, a mediação do professor na formação do leitor experiente e o dicionário como grande aliado para as atividades de leitura na sala de aula e na vida em sociedade são fatores imprescindíveis para desenvolver o hábito de um bom leitor nas práticas pedagógicas e a construção do seu saber crítico. 

Diante das respostas do Questionário aplicado aos Alunos, tivemos os seguintes dados:

Tabela 2
Questionário com os alunos dos anos iniciais, da Escola Municipal do Agreste Pernambucano.

ALUNOS

PERGUNTA E RESPOSTAS

 

Quais os momentos de leitura que sua professora oferece?

ALUNO 1

“Na ora do conto clássico e pesquisas em jornais”.

ALUNO 2

“Quando pesquiso no dicionário e leitura individual no livro didático”.

ALUNO 3

“Todos os dias no início da aula com leituras em quadrinhos, poesias, parlendas, jornais, revistas e no livro”.

 

ALUNO 4

“Na ora do cantinho da leitura os alunos é quem escolhe o livro e o autor para ler no dia para os colegas. E leitura coletiva e individual no livro didático”.

ALUNO 5

“Leitura em jornais, revistas e no livro didático”.

ALUNO 6

 “Leitura coletiva e individual de poesias e contos literários dos livros paradidáticos do cantinho da leitura”.

ALUNO 7

“Na ora da roda de conversa, com apresentação de vários livros e jornais espalhados na roda”.

ALUNO 8

“Todos os dias no início da aula com leituras coletivas e individuais no livro didático. E apresentação da leitura através de dramatização para a classe”.

ALUNOS

PERGUNTA E RESPOSTAS

 

Cite no mínimo dois pontos positivos sobre a cultura popular nas práticas de leitura e escrita.

ALUNO 1

“É divertido e gostoso a cultura popular da nossa comunidade na escola a nossa quadrilha matuta é um show”.

ALUNO 2

“É rica e boa trabalhar a nossa cultura popular na escola como por exemplo as danças, brincadeiras, cordel, lendas e músicas”.

ALUNO 3

 “Primeiro porque me faz feliz ver minha professora falando da nossa cultura e segundo porque eu aprendi a ler e escrever com as lendas e as receitas das ervas medicinais da minha localidade”.

ALUNO 4

“O primeiro ponto da nossa cultura são as brincadeiras, músicas e danças e o segundo ponto as parlendas que me divirto muito com a cultura popular”.

 

ALUNO 5

“A nossa cultura é muito rica mais vou citar as parlendas, os cordéis, as receitas e as ervas da nossa comunidade. Eu aprendi a ler e escrever com as parlendas que a professora lia e trazia para nós mimeografadas”.

 

ALUNO 6

“Falar da nossa cultura popular é muito fácil porque a professora traz muitos pontos positivos como, por exemplo, as brincadeiras, dramatizações e faz produções textuais coletiva com nós em sala de aula. São muito importantes as leituras de lendas, parlendas, poesias confecção de acrósticos sobre nossa cultura”.

 

 

ALUNO 7

“É muito bom falar da nossa cultura popular, minha comunidade é rica nas dramatizações culturais como: o frevo samba, a nossa quadrilha matuta e quando chega o folclore são muito lindos os eventos culturais da nossa escola. São vários pontos positivos que a nossa professora trás para aula, textos informativos sobre o frevo, samba, quadrilhas e os cordéis que são expostos na sala para a exploração da leitura e escrita de pequenos textos a cada dia eu estou melhorando na leitura e escrita das palavras”.

 

ALUNO 8

“A minha professora explica e explora muito a nossa cultura popular em sala de aula. Eu aprendi a ler e escrever através das lendas e os versos estilo quadrinha na hora da leitura diária. Eu acho interessante ver as leituras divertidas em sala de aula, fica até mais fácil quando vou produzir meus textos, porque busco sempre da minha realidade cultural. Esse ano eu vou ser a rainha do carnaval da minha escola porque minha produção textual foi escolhida pelos meus colegas de classe”.

 

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

A cada dia as culturas populares estão sendo vivenciadas na escola para a melhoria da qualidade da educação. Na visão de Brandão (2002) as práticas pedagógicas devem ser construídas a partir do conhecimento do aluno, por meio de diversas situações e instrumentos, do processo de um saber orgânico das classes populares. O valor da essência de cada criança é o alicerce para a aprendizagem escolar diante a sociedade. As culturas populares são de suma importância nas atividades de leitura e escrita. 

Segundo Burke (2005), a atenção do professor deve concentrar-se na interação do meio e não na divisão entre elas. A escola precisa estimular a cultura popular e buscar meios na valorização de cada aluno sem deixá-los fora de um contexto social junto à sociedade letrada. A cultura do povo se apresenta sempre como um conjunto misto que reúne para a vida social e cultural. 

Conforme apresenta os dados, os alunos relatam que as professoras trabalham com várias diversidades de leitura vivenciada na escola e outras fontes que são trabalhadas na sala, textos diversos, utilizando métodos atrativos sempre partindo do contexto que o aluno está inserido, mostrando para o aluno que é importante o uso da leitura, uma vez que a leitura e produção caminham juntas.

Na escola pesquisada foi aplicado o questionário com perguntas para 08 alunos. Verificamos que a maior parte dos educandos gosta de ter acesso a diversos tipos de textos. O domínio da língua oral e escrita é fundamental para a informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz seu próprio conhecimento e que todos os entrevistados citaram vários pontos positivos da cultura popular da sua comunidade, que os professores vivenciam no espaço aula para a valorização e a preservação das massas populares no contexto escolar. 

Constatamos com a pesquisa que existem atividades criativas e atraentes, onde todos participam da prática de leitura, tendo o professor intuito de envolver e direcionar o aluno a essa prática.

4. Conclusões                                 

Com esta pesquisa, os resultados mostram que as professoras vivenciam a cultura popular com êxito nas suas práticas pedagógicas. Com atividades diversificadas no cotidiano escolar, a coleta de dados, revelou que há dificuldades nos discentes, tanto na leitura quanto na escrita, relacionado ao convívio da realidade interna e externa dos alunos, professor, escola, família e o meio. Sabe-se que ensinar a ler e escrever é necessário, principalmente a crianças para a valorização do meio social e cultural.

São necessários, que as professoras busquem meios que atraiam os alunos, de modo especial, os que apresentam dificuldades para aprender a ler e a escrever, mesmo com métodos e caminhos relacionados à realidade do aluno para melhorar leitura e escrita, o problema ainda apresenta nos anos iniciais do Fundamental I. Fica evidente que é preciso mais empenho por parte dos professores da escola e de todo o corpo docente para que essas crianças possam sair do anonimato com relação à leitura e escrita, tornando-se cidadãos conscientes dos seus direitos, respeitando a cultura popular nas práticas do letramento.

Por preparados e experientes que sejam os facilitadores da aprendizagem da zona rural dessa cidade do agreste pernambucano, faz-se necessário buscar caminhos que entendam as necessidades encontradas nas aprendizagens da leitura e escrita. Na realidade de cada aluno, o professor mediador facilita com clareza a aprendizagem, colocando em prática os conhecimentos culturais em sala de aula, através das dramatizações, danças, costumes, literaturas, contos e demais práticas pedagógicas cotidianas para a motivação das atividades prazerosas. 

Acredita-se que o gosto de ler e a aquisição de hábitos de leitura, por parte das crianças, é resultado de uma educação com início nos primeiros anos de vida, e começa na família e que é reforçado assim que a criança faz a sua entrada na educação e ao longo de toda a sua escolaridade. Essa parceria entre escola e família favorece esse processo.

Os resultados permite perceber que o professor deve oportunizar situações de ensino-aprendizagem que envolva a leitura e a escrita como objeto social do conhecimento. Sempre partindo do conhecimento prévio dos alunos. A criança desde que entra na escola deve participar de atos de ler e escrever na produção de textos coletivos e individuais, vivenciar momentos de leitura realizados pelo professor, tendo oportunidades de perguntar, explorar e confrontar suas hipóteses com os outros, tendo oportunidades de construir sua própria leitura e escrita.

A realização dessa pesquisa demonstrou a necessidade de alguns professores em trabalhar a cultura popular e letramento nas práticas pedagógicas sua maneira de como aplicar práticas de leitura em sala de aula, pois os professores precisam de apoio da família, coordenadores, comunidade local para expandir e preservar a cultura popular através das danças, dramatizações teatrais, produções de poesias e confecção de cordéis para expor na escola para a valorização do acervo dessas culturas no mundo letrado. Portanto, precisamos rever a nossa própria maneira de ver a educação, principalmente no que diz respeito a formar leitores letrados.

O estudo revelou a necessidade de trabalhar a expressividade, a oralidade, para que os alunos possam redigir e interpretar textos fluentemente, instrumentos que ofereçam ações e atividades para os mesmos estarem aptos a atribuírem significados na aprendizagem, proporcionando atividades criativas e motivadoras para o prazer de ler e escrever por prazer. O importante é que as crianças não percam o contato prazeroso com o mundo da leitura e da escrita, onde as mesmas estejam ligadas aos diferentes contextos de letramento.

Referências bibliográficas

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GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6.ed – São Paulo, Atlas, 2017.

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SOARES, Magda. B. Aprender a Escrever, Ensinar a Escrever.  IN ZACCUR. É. (ORG.). A Magia da Linguagem. Rio de Janeiro: DPEA, 1999.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 3.Ed..Belo Horizonte: Autêntica, 2009, p. 124.


1. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA. Especialista em Psicopedagogia pela Faculdade Escritor Osman da Costa Lins- FACOL, Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Gama Filho-UGF. Doutoranda em Ciências da Educação pela Atenas College University. Email: neide-silva96@hotmail.com.

2. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA. Especialista em Psicopedagogia pela Faculdade Escritor Osman da Costa Lins- FACOL, Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Gama Filho-UGF. Doutoranda em Ciências da Educação pela Atenas College University. E-mail: bvnairalves@gmail.com

3. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade Escritor Osman da Costa Lins- FACOL, Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Gama Filho-UGF. Doutoranda em Ciências da Educação pela Atenas College University. E-mail: cidaraulinho@hotmail.com

4. Graduada em Pedagogia pela UNICAP-PE, Pós-graduada em Administração Escolar na UFRPE, Mestraem Ciências da Educação pela Universidade Gama Filho-UGF. Doutoranda em Ciências da Educação pela Atenas College University. E-mail: anaxavier15@hotmail.com

5. Biólogo-UFRPE, Mestre em Biologia-UFPE, Doutor em Biologia-UFPE, Professor do PPG/Faculdade ALPHA e do Centro Universitário Brasileiro – UNIBRA, Recife-PE-Brasil. ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-9230-3409 . E-mail: gusmao.diogenes@gmail.com


Revista ESPACIOS. ISSN 0798 1015
Vol. 40 (Nº 8) Ano 2019

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