Vol. 38 (Nº 58) Ano 2017. Pág. 12
Raimundo Christian O. SOARES 1
Recebido: 30/07/2017 • Aprovado: 30/08/2017
3. Apresentação e discussão de resultados
RESUMO: Neste trabalho faremos uma descrição sobre a dinâmica das grandes empresas do agronegócio no Paraguai, mostrando como o mercado da soja vem se desenvolvendo com grande influência das empresas e quem acaba sendo beneficiado em esse mercado. Analisam-se as informações de exportação, importação e destino final da produção de Soja. Também, dentro da concepção de empresas no Paraguai, é feito uma análise sobre as empresas que são nacionais, transnacionais e estrangeiras e quais os benefícios ou malefícios dessas empresas, tanto em questões trabalhistas (empregos na zona rural) quanto em questões ambientais. |
ABSTRACT: In this work, we will describe the dynamics of the large agribusiness companies in Paraguay, showing how the soybean market has developed with great influence of companies and who ends up benefiting in this market. The information on export, import and destination of Soy production is analyzed. Also, within the design of companies in Paraguay, an analysis is made of companies that are national, transnational and foreign, and what the benefits or harms of these companies, both in labor matters (jobs in the rural area) and in environmental issues. |
Atualmente Paraguai é um dos maiores exportadores de matéria prima agrícola do mundo (Capeco, 2016), essa atividade tem grande impacto na economia do País, pois parte do PIB vem da atividade agrícola e da exportação dos produtos produzidos na zona rural, (20,5% do PIB paraguaio vem da agricultura). Para que todo esse processo aconteça é necessário a participação de diversos atores que estão atuando desde a produção até venda dos produtos agrícolas, gerando um verdadeiro desenvolvimento rural no País.
Dentre todas as atividades presentes no processo de produção de commodities (como a Soja) existem empresas que estão se especializando cada vez mais em tecnologia agrícola e em prestação de serviços no País, empresas tais que possuem origem estrangeira e que estão em diversos países do mundo dominando o mercado agrícola com seus produtos tecnológicos e de serviços (multinacionais).
No Paraguai as principais empresas exportadoras e importadoras são agrícolas e de grande parte estrangeira ou que tem seus produtos vendidos por empresas nacionais (Aduana, 2016). As Principais importadoras são as de máquinas agrícolas (tratores e colheitadeiras), que cada vez mais tem aumentado seus investimentos em tecnologia mecânica (Cadam, 2016), e as importadoras de insumos agrícolas (agrotóxicos, adubos químicos, sementes), que também apostam cada vez mais em seus produtos (Capeco, 2016).
No ranking de exportadores do Paraguai as primeiras empresas são transnacionais agrícolas (Capeco, 2016), que possuem como principal produto exportado a soja (INBIO, 2016), além de também industrializarem a matéria prima e contarem com seus próprios sistemas de transporte para fazer suas transações.
As grandes empresas não somente geram grande impacto na economia do País, também geram impactos ambientais e sócias. Em estudos feitos em algumas comunidades do Paraguai, que vivem próximo de locais que fazem uso dos produtos químicos das transnacionais em suas atividades agrícolas, se nota grande contaminação de rios e poços, esses usados pela comunidade que vem sofrendo de doenças, mortes e estão sendo prejudicados em suas atividades de pesca e caça (Rulli, 2009).
Outro fator importante a ser analisado é a questão de empregos que essas empresas geram nas zonas rurais, pode-se ver que as empresas mesmo tendo uma estrutura muito grande de serviços gera poucos empregos, pois seus investimentos em tecnologia são muito altos e não há muita demanda de mão-de-obra local (pela falta de mão de obra qualificada). Nota-se também uma grande perda da população rural e um aumento na população urbana (Banco mundial, 2016).
O artigo foi feito a partir de uma revisão bibliografia de autores que falam a respeito do modelo agroexportador no Paraguai e incluem análises feitas sobre as grandes empresas agrícolas no País, além do uso de dados de instituições que trabalham com a arrecadação e divulgação de informações sobre exportações, importações, empregos nas zonas rurais e urbanas. Também foi usado material recolhido de sites das principais empresas agroexportadoras e importadoras do Paraguai.
Para a descrição da dinâmica das grandes empresas no Paraguai foi necessário buscar como suporte bibliográfico de fontes que debatessem tanto as questões estatísticas das empresas quando históricas. Para isso utilizou-se como base as fontes como a Camara Paraguaya de Exportadores y Comercializadores de Cereales y oleaginosas (CAPECO), que possui informações sobre as áreas semeadas, produção e rendimento, exportação e importação, uso da soja, ranking mundial, e várias outras informações. Para informações mais externas como ranking mundial de produtores, exportadores e importadores foi utilizado como fonte o Banco Mundial e Faostat. Já para elementos internos foi utilizado como referencial teórico Instituto de Biotecnologia Agrícola (INBIO).
Para as informações históricas e de instalações das empresas no Paraguai, assim como as empresas nacionais que são associadas a multinacionais utilizou-se como principal fonte os sites das empresas trabalhadas aqui.
Para a contextualização dos dados usados na pesquisa foi revisado como uma das bases principais o livro “Actores del agronegócio en el Paraguay” de Luis Rojas Villagra, que faz uma análise sobre as relações entre atores no agronegócio, e do funcionamento desse sistema, além de fazer uma breve contextualização sobre o início da produção de soja no Paraguai, trazendo alguns elementos (como a entrada de brasileiros no País), que são essenciais para entender a soja na atualidade.
A República do Paraguai, possui um tamanho de aproximadamente 40.675.20 hectares, onde cerca de 21.390.00 hectares são de área agrícola (FAOSTAT, 2011). A agricultura tem grande importância na economia do País, onde cerca de 20,5% do PIB (valor agregado) vem desse setor (Banco Mundial, 2014). Paraguai apresenta uma população de 6.552.52 habitantes, onde 2.807.00 vive na área rural (FAOSTAT, 2015). A população do País está dividida em 18 departamentos, onde Asunción é a capital. A região oriental do Paraguai é a que possui maior produção de commodities agrícolas. Os departamentos de Alto Paraná, Itapúa, Caagazu e Canindeyu são os principais produtores de soja do País (INBIO, 2015).
Dos principais produtos agrícolas produzidos no Paraguai, um de grande impacto para o PIB do País é a soja. Essa cultura produziu cerca de 9.975.000.00 toneladas no ano de 2015 (FAOSTAT, 2015), e possui como principal função a exportação. Segundo Capeco (2015) no ano de 2015 foi exportado cerca de 4.447.514 toneladas do grão, o que representa 54,5% das exportações. Os principais destinos da soja são a União Europeia, que importa cerca de 37%, seguido pela Rússia, com importação de 25%, e depois vem Brasil e Turquia com 7% (Capeco, 2016). Devido a todo esse volume de exportação e capital gerado em torno dos seus processos a soja é considerada como “ La columna vertebral del agronegócio en Paraguay” (Rojas Villagra, 2009).
A soja teve seu processo iniciado no Paraguai já nos anos sessenta, porém teve grande aumento a partir dos anos setenta. Em 1969 a produção de soja no País foi de 34.177,00 toneladas, já em 1973 a produção chega 122, 541.00 toneladas (FAOSTAT, 2016). Esse crescimento se dar por conta do aumento dos preços no mercado internacional e principalmente o fortalecimento do modelo agroexportador pelo governo Stroessner, através do Programa Nacional de Soja, criado em 1972, e que incentivava os produtores de soja já semi mecanizados. (Klauck, 2011). Através do credito fornecido pelo Banco Nacional de Fomento, que priorizava esses produtores já mecanizados, para assim aumentar a produção da soja, e além disso houve isenção de taxas e impostos (Venetti, 1974).
Outro fator importante para a expansão do cultivo de soja no Paraguai foi a migração de brasileiros para a região oriental (ou região de fronteira com Brasil e Argentina). O governo Stroessner entre os anos de 1969 e 1970 aboliu a lei que proibia estrangeiros de comprarem terras até 150 km de distância da fronteira, além de incentivar os imigrantes com os créditos e preços bem baixos das terras. As facilidades oferecidas, a inexistência de impostos sobre a produção agrícolas e os altos preços internacionais chamaram ainda mais a atenção dos agricultores brasileiros (Pappalardo, 1995).
Dentro do mercado mundial de exportação e importação de insumos e maquinários agrícolas existe um certo domínio de algumas empresas de iniciativa privada que por vários anos vem se especificando e desenvolvendo-se cada vez mais em tecnologia para produtos agrícolas e, possuem como forte característica a entrada em diversos países para levar seus produtos, essas empresas podem ser chamadas de transnacionais. Segundo Gudynas e Bounomo (2007), as transnacionais podem ser vistas como empresas que atuam além de seu país, buscando expandir suas atividades em várias nações através de subsidiarias ou alianças com diversas empresas. No Paraguai segundo Rojas Villagra (2009) existe cerca de 12 empresas transnacionais, de enfoque agrícola, que atuam diretamente na economia do País, onde cinco são de origem Norte Americana, seis de países europeus e um da Ásia.
No Paraguai as empresas transnacionais são praticamente voltadas para o cultivo de soja, são responsáveis por grande parte dos insumos agrícolas e máquinas agrícolas, além de serem as principais exportadoras do grão no País. No ano de 2015 entre as 9.380 empresas exportadoras do País a principal exportadora é a empresa Cargill, que é responsável por um pouco mais de 20% das exportações do grão de soja, seguida pela ADM que possui cerca de 9,6% das exportações (ADUANA,2016). Isso mostra a influência dessas empresas no mercado agrícola do Paraguai e sobretudo a participação maciça no fortalecimento da expansão do monocultivo de soja, que traz consigo uma série de problemas sociais e ambientais.
As empresas transnacionais, possuem grande influência nos processos de integração regional, nos organismos internacionais e nos governos de países que recebem essas empresas, e contam com uma crescente participação de capital transnacional no setor agrícola do país, que se compõe no núcleo do modelo do agronegócio implantado no território nacional, esse núcleo se define como principal organizador da estrutura de produção agrícola do país, que se orienta a partir das demandas do comercio internacional ( Rojas Villagra, 2010).
Devido ao volume de área com soja e sua grande produção é indispensável investir em maquinário de alta tecnologia e capacidade física para as diversas atividades que demandam a produção de soja. Nos anos de 2014 e 2015 Paraguai importou respectivamente cerca de 3.029 e 1.978 maquinas agrícolas, com importações cometidas principalmente do Brasil, Índia, Estados Unidos, México e determinados países da Europa. (CADAM, 2016). Diante disso, existem empresas que dominam o mercado maquinário dentro da linha de produção agrícola no Paraguai e, entre essas corporações podemos ver a forte influência das transnacionais que atuam no cenário internacional agrário. CADAM (2016) destaca como as cinco principais empresas John Deere, Massey Ferguson, Valtra, New Holland e Case como podemos ver no gráfico 1 e gráfico 2.
Figura 1
Importação de tratores
Fonte: Cadam (2016)
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Figura 2
Importação de colheitadeiras
Fonte: Cadam (2016)
A empresa John Deere apresenta como principais distribuidores no Paraguai as companhias Automaq S.A.E.C.A e Kurosu & Cia S.A. Automaq foi constituída por Antonio Luis Pecci Saavedra, com primeiramente o nome de CIDE S.R.L, e apenas foi fundada como Automaq no ano de 1961. Em 1985 Antonio Luis Pecci Saavedra viajou até os Estados Unidos para assinar um contrato com a empresa John Deere, contrato que até os atuais dias está vigente 2. A distribuidora Kurosu & Cia S.A, iniciou suas celeridades no ano de 1968, tendo como primeiro contato com Schneider Logemann y cia (SLC) e, depois de 7 anos foi absorvida por John Deere, onde até os atuais dias segue sendo concessionária no país 3. Em 2015 a empresa John Deere importou cerca de 32,2% dos tratores e 42,2% das colheitadeiras no Paraguay (CADAM, 2016)
A companhia Massey Ferguson e Valtra tem sua marca fabricada a partir da empresa AGCO, que produz os maquinários no Brasil e exporta para Paraguai e vários outros países da América Latina e alguns do e África do Sul 4. No ano de 2015 a Massey Ferguson importou cerca de 19,7% dos tratores e 6,8% das colheitadeiras e a empresa Valtra cerca de 16,4% de tratores (CADAM, 2016).
A corporação CASE IH é fruto da união das empresas J.I Case e Cyrus McCormick, que aconteceu em 1985 5. No Paraguai a marca Case é distribuída através da Ciabay, e no ano de 2015 importou cerca de 15,2% das colheitadeiras no País. Outra empresa que tem sua marca vendida através da Ciabay é a New Holland, que no ano de 2015 contou com cerca de 32,1% das colheitadeiras e 12,0% dos tratores (Cadam,2016), que também vende sua marca através da Tape Ruvicha e Agro Silo Santa Cantalia.
Dentro do processo de produção de produtos agrícola (se tratando de monocultivos) existe uma cadeia que vai desde a compra de insumos e máquinas agrícolas, passando pelos cultivos, comercialização das matérias primas, industrialização, até chegar finalmente ao consumidor final. Em todos esses processos ou passos existem empresas especificadas em um dos processos descritos anteriormente ou até mesmo em todos os processos (Rojas Villagra, 2009).
Atualmente no Paraguai cerca de cinco empresas de insumos agrícolas estão fortemente envolvidas com a produção de monocultivos no País, essas empresas dominam os rankings de exportações gerais do país e, também estão entre as principais empresas importadoras (Capeco, 2016). Podemos ver na tabela 1 as empresas que estão no destaque da exportação de grãos no País se tratando de exportação por toneladas e na tabela 2 podemos ver os valores em dólares de importação das principais empresas agrícolas no Paraguai. Grande parte dessas corporações que dominam o mercado agrícola, no Paraguai e no mundo, são de origens estrangeiras e, além disso possuem grande controle em sistemas políticos e governamentais do País (Rojas Villagra, 2009). Isso mostra o quanto as questões sociais, econômicas, ambientais e políticas do Paraguai estão sendo influenciadas por demandas que surgem a partir dos interesses do grande capital estrangeiro e como isso vem se fortalecendo ao longo dos anos, deixando de lado aos microempresários que ainda más não podem inovar (Diaz, et .al. 2016)
Tabela 1
Exportação por empresa (Ton)
Empresa |
2014 |
2015 |
CARGILL AGROPECUARIA SACI |
1.768.738.129,60 |
1.415.141.890,06 |
ADM PARAGUAY S.R.L. |
848.635.528,20 |
678.375.306,07 |
BUNGE PARAGUAY AS |
269.958.480,30 |
219.152.765,30 |
LDC PARAGUAY S.A. |
136.950.799,20 |
6.315.024,92 |
NOBLE PARAGUAY S.A. |
176.425.618,10 |
135.046.978,35 |
Fonte: Aduana (2016)
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Tabela 2
Importação por empresa (U$)
Empresa |
2014 |
2015 |
AGROTEC AS |
80.113.735,80 |
82.342.398,57 |
SYNGENTA PARAGUAY S.A |
85.605.924,30 |
80.067.674,86 |
AGROFERTIL AS |
77.386.153,60 |
54.121.613,43 |
BAYER AS |
44.030.256,20 |
50.844.161,57 |
NOBLE PARAGUAY S.A. |
54.248.108,20 |
31.619.309,77 |
Fonte: Aduana (2016)
A principal exportadora do Paraguai é a transnacional Cargill que é responsável por cerca de 20% de todas as exportações do País (Aduana, 2016). A corporação surge em 1865, ao final da guerra civil Norte Americana, como um armazém de grãos, fundado por WW Cargill, em Conover, Lowa e, que logo depois teve a junção de seus dois irmãos, James e Sam, que estabeleceram a sede da empresa em La Crosse, Wisconsin 6. Em 1978 a empresa Cargill Agropecuária S.A.C.I inicia suas atividades, no Paraguai, com a comercialização de algodão e soja. Em 1991 a transnacional constrói seu primeiro porto (Porto Paloma), localizado a 1 Km do rio Paraná, e começa a fortalecer suas importações e exportações. No ano de 2001 a empresa adere a uma nova estratégia, não só mais de trabalhar com exportações, mas além disso inserir-se no mercado de fertilizantes, fortalecendo suas raízes no País. Atualmente a empresa abarca vários serviços no setor agrícola, como processamento de sementes oleaginosas e cereais, sua comercialização como matéria prima e para a indústria alimentícia, comercialização de insumos agrícolas e serviços vinculados a todas essas atividades, além de possuir sua própria companhia de navegação e dois portos, um próprio sobre o rio Paraná, Porto Paloma, e outro em consocio sobre o rio Paraguay, Porto Unión e mais outros cinco portos minados no País e 37 silos espalhados por diversas regiões do Paraguai 7.
Depois da Cargill, a empresa com maior volume de exportação é a ADM, que é responsável por cerca de 9,6% de todas as exportações do Paraguai, no ano de 2015 a empresa exportou a quantia de 678.375.306,07 em dólares (Aduana, 2016). A companhia antes de ser nomeada ADM, foi fundada John W. Daniels, como Daniels Linseed Company em 1902 em Minneapolis, Minnesota. No ano seguinte George A.Acher junta-se a W.Daniels em Minnesota. No ano de 1905 no nome da empresa passa a ser Archer Daniels Linseed Company, e depois da compra de várias outras companhias em 1923 a companhia muda seu nome para Archer Daniels Midland Company (ADM) 8.
A transnacional ADM começa a fazer parte do mercado da soja no Paraguai a partir dos anos 1997 através da compra das divisões locais de grão de Agrocereales e Silo Amambay. Atualmente a empresa é responsável por cerca de 30% do processamento da produção de grãos e sementes oleaginosas. Ao longo dos anos a ADM construiu sua logística de transporte através da compra de uma empresa de camionagem, duas de transporte fluviais (Naviera Chaco e América Fluviais) e com execução de contrato para construir mais de 60 barcaças. Atualmente a frota fluvial da ADM conta com cerca de 13 rebocadores e 230 barcaças, que ajudam no transporte dos produtos agrícolas. A empresa conta também com um porto próprio e outros três locados 9.
A empresa Bunge, responsável por cerca de 3% das exportações totais no Paraguai em 2015, foi fundada em 1818 por Johann Peter Gottlieb Bunge, em Amsterdam com o nome de Bunge & CO. Com o passar dos anos a empresa foi se estabelecendo no mercado mundial e se fixando em alguns países como Argentina e Brasil 10.
A transnacional se instalou no Paraguai no ano de 2006, como Bunge Paraguay, e atualmente é uma das mais influentes no mercado do agronegócio, com volume de grãos comercializados de 850.000 toneladas anuais, a empresa é a terceira maior exportadora (entre as corporações agrícolas) no ranking de exportadores no País. Dos serviços oferecidos pela Bunge estão, a distribuição de fertilizantes, a comercialização, recepção e a armazenagem de grãos e, a industrialização de grãos. A transnacional possui três portos, porto CAIASA, Porto Dos Fronteras e Porto Encarnacion (com capacidade para 25.000 toneladas de grãos), além de três armazéns (chamados acopio) que estão instalados nos departamentos de Canindeyu, no distrito de Curuguaty, Acopio Curuguaty (com capacidade de 10.000 toneladas), no departamento de Alto Paraná distrito de Naranjal, Acopio Naranjal (com capacidade de 34.000 toneladas), e o acopio Cruci Guarany localizado na estrada 10, km 356 Cruci Guarany 11.
A transnacional Louis Dreyfrus (LDC), foi criada por Leopodo Louis Dreyfrus na região de Alsace, França, e tem como objetivo o cultivo e produção de materiais agrícolas em estado natural e industrializado, processar e refinar produtos não processados e exportar commodities 12.
A Louis Dreyfrus Company começou com suas atividades no Paraguai a partir do ano de 2004, e possui como principais atividades a produção, processamento e transporte de produtos agrícolas, além da comercialização de fertilizantes e agroquímicos. A companhia possui oficinas comerciais em Canindeyu, Nueva Esperanza, na região norte do País e em Alto Paraná, Santa Rita, na região sul. No ano de 2015 a empresa ampliou sua capacidade, criando mais dois armazéns (Acopio), o de Curuguaty, Canindeyu, com capacidade de armazenamento de 13.000 toneladas de grãos, e outro em Tuna, Caazapá, com capacidade de 13.000 toneldas. A empresa conta também com a Caiasa (Complejo Agroindustrial Angostura S.A), que é uma associação com outras empresas. A LDC também conta com a Logica Paraguay, uma empresa de transporte fluviais, que é filiada da transnacional, com capacidade de transportar 1,3 milhões de toneladas por ano 13.
Entre as empresas importadoras de produtos agrícolas no Paraguai podemos ver no ano de 2015 que a principal importadora foi a empresa Agrotec S.A, que importou cerca de 82.342.398,57 dólares (Aduana,2016), e faz parte do Grupo Agrihold, fundando em 1990 junto a empresa Agrotec, porém estendendo suas atividades a outros países, como Brasil, Uruguai e China 14. A corporação foi fundada em 1990 por Túlio Luiz Neves Zanchet, que já em 1992 passa a distribuir produtos da transnacional Cargill no Paraguai e, em 1993 passa a ser distribuidor exclusivo da empresa BASF, até os atuais dias. No ano de 1994 Agrotec S.A inicia a distribuição exclusiva dos produtos Fosmag 15.
Outra Grande importadora agrícola do Paraguai é a empresa Syngenta, que no ano de 2015 importou cerca de 80.067.674,86 em dólares (Aduana, 2016). A empresa tem sua sede na Suíça e distribuía seus produtos no Paraguai através de empresas que tem a representação de seus produtos, como por exemplo a corporação Agrosan S.A (Rojas Villagra, 2009). No ano de 2012 a empresa Agrosan passa a ser Syngenta S.A (Aduana, 2016).
A transnacional Monsanto, uma das maiores empresas de produtos agrícolas do mundo, vende seus produtos no Paraguai através de outras empresas. A principal representante dos produtos Monsanto no País é a corporação Agrofértil S.A, de fundadores brasileiros (Rojas Villagra, 2009). A empresa possui grande volume de importações no País, no ano de 2015 importou cerca 54.121.613,43 em dólares, estando entre as primeiras colocadas no ranking de importadoras do Paraguai (Aduana,2016). Segundo Rojas Villagra (2009), outra empresa que representam a Monsanto no Paraguai é Dekalpar S.A, que em 2015 importou cerca de 33.779.360,38 em dólares (Aduana, 2016).
Um dos grandes problemas causados pelas empresas transnacionais que a partir de seus produtos proporcionam insumos agrícolas, como fertilizantes e agrotóxicos, é a contaminação do meio ambiente por meio desses produtos. Mesmo sendo aplicado pelos agricultores, nesse trabalho partimos da ideia de que as grandes corporações por terem grande poder político no País e grande investimento de capital estrangeiro, orientam o modelo agroexportador e as questões agrícolas no País.
Em estudos feitos em regiões do Paraguai, onde os monocultivos tem maior volume e onde o grande uso dos produtos agrícolas oferecidos pelas grandes empresas de insumos agrícolas, pode-se ver grandes impactos ambientais causados por agrotóxicos e adubos químicos, que afetam principalmente os pequenos produtores que se acercam dessas grandes produções. Nota-se que várias regiões estão sofrendo com erosões (causadas pelas incessantes aplicações de biocidas químicos) e além disso há relatos de perda de fauna nos rios das regiões, por conta da contaminação de agrotóxicos, afetando as pessoas que fazem da pesca sua atividade trabalhista. Também, é visto como grande problema a contaminação das espécies nativas da região por espécies transgênicas e por agrotóxicos, que põem em risco a soberania alimentar das comunidades que vivem próximo a esses centros de produções agroexportadoras (Repórter brasil, 2010).
Os agrotóxicos vendidos pelas grandes corporações estão levando grandes problemas para a população que faz uso diariamente da água que está nos lençóis freáticos da região, onde tem ocorrido diversos casos de contaminação e até mesmo morte. O caso mais conhecido é o de Silvino Talavera, 2003, onde foi declarado como causa da sua morte a contaminação por organofosforados 16.
Com a falta de fiscalização, fica mais fácil o uso intensivo e abusivo de agrotóxicos no Paraguai, levando ao prejuízo do meio ambiente com perda de fauna nativa, perca de biodiversidade, perigo a soberania alimentar e causa de doenças que podem ser provenientes de intoxicação causada pelo contanto com as substancias tóxicas. Tem-se como formas de intoxicação a intoxicação aguda, que provem do contato com grandes quantidades de agrotóxicos e afeta a pessoa instantaneamente causando fortes sequelas ou até mesmo morte, e a outra forma é a intoxicação crônica, que se manifesta a partir do contanto com pequenas quantidades de agrotóxico, porém em um largo período causando câncer e outras doenças (Martínez, 2016).
Nos últimos 11 anos a população rural do Paraguai tem aos poucos diminuído em relação a população total do País, enquanto que a população urbana somente tem crescido no mesmo período de tempo. No ano de 2006 a população rural, em relação a total, era de 42,4 % e no ano de 2014 esse número cai para 40,3%, já a população urbana era de 57,6% em 2006 e em 2014 aumenta para 59,7% (Banco Mundial, 2016). Podemos ver que o índice de homens trabalhando no espaço rural também tem decrescido nos últimos anos. Em 2009 cerca de 34,4% dos homens estavam empregados na zona rural, já em 2014 essa quantia chega a 26,9% (Banco Mundial, 2016).
Devido a inclusão do Paraguai no mercado mundial, o País passou por um processo de especialização na produção de commodities, que demandam poucos trabalhadores. Com a venda de máquinas agrícolas de alta tecnologia e insumos tecnológicos que melhoram o desempenho das culturas e do solo não é necessária mais tanta mão de obra como antes, pois somente uma pessoa pode cuidar de 200 hectares em uma produção. Os trabalhos de fornecimento de insumos tecnológicos, armazenamento e exportação também não demandam tantos trabalhadores, sem contar que essas tarefas estão nos domínios de grandes empresas transnacionais que ao fim faturam muito e com um baixo número de funcionários (Repórter Brasil, 2010).
Quando analisamos o número de empregados das principais empresas agrícolas do Paraguai podemos ver que essas grandes corporações, mesmo algumas possuindo não somente atividades de vendas, mas também de industrialização de alimentos, acabam gerando grande capital no País, aumento no PIB, porém com pouquíssima mão de obra em todo o Paraguai.
Podemos ver a partir de informações fornecidas por algumas corporações a quantidade de funcionários que possuem em todo o País. A corporação Cargill, com todos seus pontos de recepção, processamento, comercialização e suas áreas portuárias emprega cerca de 560 pessoas de forma direta 17. A empresa ADM, com suas fábricas de processamento, seus portos, pontos de venda e mais outras series de serviços emprega cerca de 1.300 funcionários 18. A Bunge com seus três armazéns, três portos e mais áreas de vendas emprega cerca de 100 pessoas diretamente 19. Louis Dreyfus também com toda sua estrutura de armazéns e pontos de venda possui mais de 200 empregados em todo País 20. Segundo Rojas Villagra (2009) as empresas Nestlé, Unilever e Parmalat, provedoras de alimentos da agricultura com grande importância no País, juntas possuem cerca de 317 funcionários.
A partir das discussões feitas no artigo e das análises sobre as grandes empresas no Paraguai, podemos ver que grande parte do modelo agroexportador do País está sendo regido pelas grandes empresas transnacionais que possuem demasiada influência nos órgãos políticos do País e nas tomadas de decisões, além de serem responsáveis por grande parte da economia do País e possuírem o domínio das principais tecnologias agrícolas e produtos agroquímicos que são usados intensamente nas produções do País.
Podemos ver também no decorrer do artigo a origem das grandes corporações e como está vinculado a ideia de expansão mundial nessas empresas e, de como depois da fixação ou processo de parceria com outras empresas locais, elas dominam o mercado do país, onde se instalaram tanto importando produtos quanto exportando, deixando o rural do País refém desse modelo agroexportador. Podemos confirmar isso a partir dos rankings de exportação e importação onde sempre constam como principais exportadoras e importadoras as empresas transnacionais agrícolas dentro do Paraguai.
Outro ponto do artigo é a questão ambiental onde se observa uma denúncia de casos de poluições ambientais por conta de agroquímicos nos rios e poços de pequenos agricultores nas regiões rodeadas por monocultivos e até mesmo casos de morte e doenças causadas diretamente pela contaminação de agroquímicos, além da questão das sementes geneticamente modificas que podem afetar as espécies da região que são usadas por campesinos colocando em risco a soberania alimentar da população (Rulli, 2009).
O debate sobre as questões trabalhistas nas empresas transacionais também aparece como importante, pois a partir dos dados encontrados no Banco Mundial é notório que a população rural segue indo para o espaço urbano, criando uma espécie de desertificação populacional no campo. Como podemos ver, as grandes transnacionais estão presentes em vários departamentos do Paraguai com silos, armazéns, industrias e portos, porém mesmo com suas fortes atuações no mercado agrícola essas corporações possuem poucos funcionários e, sem contar com o fato de por serem empresas transnacionais elas podem contratar empregados de outros países onde também possuem representatividade, diminuindo ainda mais as oportunidades de empregos em algumas áreas de atividades para a população rural do Paraguai.
Segundo as análises feitas no artigo a estrutura das grandes empresas agrícolas já está muito bem estabelecida no País, sendo muito difícil acabar ou diminuir toda essa participação e influência das corporações na economia do Paraguai. Grande parte de mercado agrícola (tecnologias, agrotóxicos, exportação, importação, maquinário, indústria) já está sob controle dessas empresas. Para uma tentativa de saída desse modelo e do domínio das grandes empresas seria necessária uma maior organização dos movimentos campesinos territorialmente e politicamente, com representantes em cargos políticos que possam fortalecer a denúncia do abuso socioambiental dessas grandes corporações e buscar, através de criação e implementação de políticas, uma punição para as empresas que violam a natureza (biodiversidade do meio ambiente) do País e atentam contra a vida da população com seus produtos tóxicos, e buscar o fortalecimento de um modelo que fuja do padrão estabelecido por essas empresas.
Devesse por tanto, potenciar as políticas públicas que visem ajudar os pequenos agricultores rurais, fortalecendo suas cadeias produtivas e apoiando a agricultura ecológica e diversa (sem agrotóxicos) na produtividade. Também é recomendável trabalhar os aspectos da contabilidade de custos dos pequenos agricultores para potenciar a inserção no mercado formal que vise um aumento produtivo (Amarilla, 2017).
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1. Estudante de graduação no curso de Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar na Universidade Federal da Integração Latino Americana. E-mail: raimundo.soares.unila@gmail.com
15. Fátima Insfrán, médica que atendeu a criança e confirmou a morte por “intoxicação de organofosforados” relata o quadro de sintomas apresentado por Silvino Talavera ao chegar à emergência: “convulsões, desmaios, febre de 39 graus, diarréia, desidratação, um estado de choque muito grave que, com sucessivos ataques cardíacos que levaram a criança à morte”. A médica reforçou seu testemunho com sua experiência laboral; declara que é “pediatra há mais de 10 anos e que está na Emergência do Hospital Regional há muitos anos e ali recebem este tipo de problemas de contaminação com organofosforados” (Reporter Brasil, 2015)