ISSN 0798 1015

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Vol. 38 (Nº 47) Ano 2017. Pág. 16

Análise dos fatores de crescimento das receitas de exportações brasileiras de suco de laranja: 1997-2015

Analysis of the growth factors of the Brazilian orange juice export revenues: 1997-2015

Giuliano Raphael Rocha BROCANELLI 1; Vitória Alves da Costa FERRAZ 2; Adriano Marcos Rodrigues FIGUEIREDO 3

Recebido: 26/05/2017 • Aprovado: 30/06/2017


Conteúdo

1. Introdução

2. Metodologia

3. Resultados

4. Conclusões

Referências bibliográficas


RESUMO:

Neste artigo são analisadas a taxa de câmbio, a quantidade exportada e o preço internacional do suco de laranja sobre a receita da exportação brasileira dessa commodity, no período de 1997 a 2015. A análise foi feita através do método shift-share, que permite decompor o efeito isolado das variáveis estudadas. Os resultados apontaram que as receitas das exportações de suco de laranja são cíclicas. O câmbio e o preço se mostraram os maiores influenciadores, afetando as receitas de forma concisa.
Palavras chave Taxa de câmbio, shift-share, commodity

ABSTRACT:

In this article, we analyzed the exchange rate, the exported quantity and the international price of orange juice on the Brazilian export revenue of this commodity, from 1997 to 2015. The analysis was done using the shift-share method, obtaining the isolated effect of these variables on these exports revenue. The results showed that orange juice exports are cyclical. The exchange rate proved to be the major driver, followed by the price, which had a concise effect on revenues.
Key words Exchange rate, shift-share, commodity

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1. Introdução

A laranja, originária do sul Asiático, encontrou no Brasil melhores condições para vegetar e produzir do que nas próprias regiões de origem, sendo cultivada em todas as regiões do país. A produção da laranja se destacou, ao longo dos anos, em vários estados, mas, somente após a década de 1920 que surgiu o primeiro núcleo de produção citrícola. Tal núcleo, localizado no estado do Rio de Janeiro, servia para abastecer o consumo dos estados do próprio Rio de Janeiro e de São Paulo, além de dar o pontapé inicial para as exportações de laranja para a Argentina, Inglaterra entre outros.

As exportações brasileiras de laranja e suco de laranja começaram na década de 1960, quando os pomares da Flórida, até então os maiores produtores mundiais de laranja e de suco, foram afetados por uma geada e não puderam ofertar o produto. Mas somente na década de 1970 que o Brasil se estabeleceu e a indústria nacional entrou numa fase de expansão. A união de uma citricultura extremamente desenvolvida e uma indústria competitiva fez com que o Brasil se tornasse o maior produtor mundial de laranjas na década de 1980, superando os Estados Unidos. Mas é no suco de laranja onde o Brasil tem realmente vantagem, produzindo a metade do suco de laranja do planeta cujas exportações trazem de US$ 1,5 bilhão a US$ 2,5 bilhões por ano ao país (NEVES, 2010). Em praticamente 50 anos, a cadeia produtiva trouxe diretamente do consumidor mundial de suco de laranja quase US$ 60 bilhões ao Brasil a preços de 2009 (NEVES, 2010).

É notável que o Brasil seja voltado para o agronegócio, este trazendo uma renda de exportação de mais de 40% do PIB do Brasil, e só em 2009 o PIB citrícola foi de US$6,5 bilhões, sendo US$4,39 bilhões no mercado interno e US$2,15 bilhões no mercado externo (NEVES, 2010). Numa exportação mundial da ordem de 1.229.500 toneladas de suco de laranja em 2015/16, coube ao Brasil 870.000 toneladas e aos Estados Unidos 66.000 toneladas, evidenciando a expressiva participação brasileira, da ordem de 70% em 2015/16 (MAPA, 2017; USDA, 2017).

Mas, quais são os fatores de crescimento das receitas de exportações brasileiras do suco de laranja no período 1997-2015? Diante deste quadro onde se vê a importância do setor citrícola e das exportações do suco de laranja para o Brasil, pretendeu-se analisar os fatores que têm afetado as receitas brasileiras de suco de laranja no período analisado. Portanto, o presente trabalho teve por objetivo geral identificar os fatores que têm afetado as receitas de exportação de suco de laranja e, mais especificamente, quantificar as variações nas receitas dos produtores provenientes da taxa de câmbio, do preço doméstico e da quantidade exportada.

O presente trabalho contribui com a literatura acadêmica ao interpretar os fatores de crescimento acima referidos para a commodity da laranja num período ainda não investigado com a metodologia de shift-share. Desta forma, a seguir tem-se a metodologia de análise e os resultados da pesquisa.

2. Metodologia

A análise das variações na receita de exportação brasileira de suco de laranja foi feita pelo método diferencial-estrutural, também designado shift-share. Este método permite decompor o efeito de algumas variáveis sobre a receita das exportações da referida commodity.

Silva e Carvalho (1995) afirmam que esta metodologia permite mensurar os efeitos da variação cambial sobre os preços entre diferentes momentos no tempo. Com isso, é possível verificar o efeito das diferentes políticas cambiais sobre um mercado específico, como o do suco de laranja. Os efeitos são captados pelas variações de seus componentes no tempo, e não se considera a interação entre as fontes; por isso, quando se analisa um dos efeitos, o outro é dado como constante.

Este estudo se diferencia dos anteriormente citados por tratar da receita de exportação de suco de laranja no período de 1997 a 2015 pelo fato de os efeitos aqui estudados serem decompostos em efeito preço, efeito câmbio e efeito quantidade, os quais serão mais bem detalhados adiante. Uma importante referência teórica para o artigo é Souza et al (2007), realizado para a soja.  Nesta metodologia, podem ser citados também Dorneles (2014), Pedroso et al (2015) e Perobelli et al (2016). Entretanto, estes autores em geral enfatizam a relação área, produção e produtividade e não exatamente a decomposição das receitas de exportações.

2.1. Fonte de dados

Parte dos dados são da Secretaria do Comércio Exterior (MDIC, 2016): quantidade exportada, preço e receita de exportação do suco de laranja. A taxa de câmbio nominal (R$/US$) foi obtida no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipeadata, 2016), assim como o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI), utilizado como Proxy para a inflação do Brasil, e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) dos Estados Unidos.

O período estudado correspondeu aos anos de 1997 a 2015. O ano base para deflacionamento é o de 2015, devido aos dados encontrados terem como base este mesmo ano. A taxa de câmbio real foi obtida a partir de taxas médias anuais para o período de 1997 a 2015, deflacionadas pelo critério da paridade do poder de compra da moeda, conforme a expressão (11), considerando a inflação doméstica e a inflação internacional:

                                                                                                                                                             (11)

3. Resultados

A Figura 1 contém as receitas em milhões do suco de laranja no período de 1997 a 2015. É possível observar que a receita das exportações do suco de laranja é cíclica. A década de 1990 é marcada pela recuperação dos pomares da Flórida e uma explosão do setor citrícola da região de São Paulo, isso somado a elevação das taxas de consumo nos mostra uma receita crescente até 1999, ano favorável, pois o câmbio estava desvalorizado e o preço alto. A queda subsequente em 2001 é devido às super safras da Flórida e São Paulo, que fizeram o preço da commodity cair. As maiores receitas ocorreram em 2002, 2008 e 2015 devem-se ao fato do câmbio desvalorizado, principalmente em 2002, e em 2008 a crise internacional e novamente em 2015, e também pelo preço que foi alto nesses anos devido aos desastres naturais na Flórida, o que causou quebra de safra e consequentemente diminuiu a oferta mundial do suco.

Figura 1 – Receita de exportação do Suco de laranja 1997-2015, em bilhões de Reais.

Fonte: Cálculos dos autores.

Na Figura 2 é apresentada a evolução da taxa de câmbio real do dólar em relação a moeda brasileira no período de 1997 a 2015. Tendo seu pico em 2002, ano em que o real se apresentou mais desvalorizado desde a implantação do plano real. Nos anos seguintes o real voltou a valorizar, tendo uma desvalorização em 2008 com a crise internacional, seguida de uma valorização até 2010 quando, a partir de 2011 ele volta a se desvalorizar.

Figura 2 – Taxa de câmbio real no período de 1997-2015, Brasil (R$/US$).

Fonte: Resultados da pesquisa.

Na Figura 3, observa-se o volume das exportações de suco de laranja no período de 1997 a 2015, que se mostra crescente até 2007 e, a partir de 2008, constante, com pequenas quedas em 2012 e 2014, mas nada preocupante.

Figura 3 – Volume das exportações do suco de laranja no período 1997-2015, Brasil, em 10³ toneladas.

Fonte: MDIC (2016) e cálculos dos autores.

Na Figura 4 é possível observar a volatilidade do preço por tonelada do suco de laranja para o período analisado. As quedas do preço do suco coincidem com as supersafras de São Paulo e Flórida, gerando um excesso de oferta do produto no mercado. Assim, qualquer notícia de aumento de safra de laranjas provoca queda nos preços do suco na Bolsa de Nova York. De modo contrário, o aumento no preço do suco ocorre em momentos de quebra de safra por conta da consequente expectativa de aumento de preços das laranjas e do maior custo de produção de suco. Dessa forma as expectativas em cima da fruta afetam e determinam os preços do suco de laranja. Os picos de preços ocorridos em 2007 e 2012 foram, principalmente devido aos furacões que atingiram a Flórida, e o Brasil teve que abastecer o mercado nesse período. Já em 2001, o menor preço foi registrado devido às supersafras dos anos anteriores.

Figura 4 – Preço do suco de laranja exportado pelo Brasil, 1997-2015, em US$/tonelada.

Fonte: MDIC(2016) e cálculos dos autores.

Na Tabela 1 são apresentados os valores das variáveis do modelo — os mesmos das figuras 1, 2, 3 e 4; assim, o leitor atento pode observar os números das oscilações anteriormente comentadas.

Ao analisar o coeficiente de variação (CV), pode-se observar que o câmbio real foi a variável que mais apresentou oscilação (CV = 33,58%), entre os anos de 1999 e 2003 apresentou-se acima da média do período, justamente o ano em que o real esteve mais desvalorizado, incentivando as exportações do suco de laranja.

Já o preço internacional da commodity apresenta um CV= 19.68%, o menor em relação as demais variáveis, sendo cotado as maiores altas de preço em relação à média no período de 1998, 1999 e 2007, e depois novamente de 2011 até 2015. Nos outros anos preço da Commodity decresceu em relação à média, alcançando o mínimo de US$ 624.72 /ton. em 2005.

A variação da quantidade foi a segunda maior, tendo um CV de 20,30%. No período de 2005 até 2015 apresentou valores maiores do que a média. E no período total apresentou crescimentos constantes, não passando dos 2120 ton. de suco de laranja.

Tabela 1 - Volume, preço e receita das exportações brasileiras do suco de laranja de 1997 a 2015.

Anos

Volume (1000 Ton.)

Preço (US$/Ton.)

Câmbio Real (R$/US$)

Receita (R$)

1997

1.186,256351

848,46

3,112622815

3.132.815.178

1998

1.236,228833

1.024,43

3,294396753

4.172.104.253

1999

1.176,806219

1.052,88

4,477039364

5.547.203.288

2000

1.276,820402

809,55

4,446533467

4.596.142.728

2001

1.348,195734

626,83

4,916601007

4.154.996.880

2002

1.328,995094

783,06

6,701239724

6.973.825.637

2003

1.590,254021

750,18

4,563411492

5.444.060.845

2004

1.584,057923

667,96

3,934749579

4.163.326.752

2005

1.777,599525

624,72

3,385355790

3.759.438.302

2006

1.772,042534

828,85

3,137712992

4.608.512.161

2007

2.066,204976

1.089,82

2,544207841

5.729.020.627

2008

2.053,915121

972,21

3,133998333

6.258.112.521

2009

2.069,188394

782,51

2,285492325

3.700.596.567

2010

1.977,645096

897,41

2,105438330

3.736.645.373

2011

2.006,504056

1.184,23

2,253357884

5.354.361.796

2012

1.895,038159

1.201,26

2,364465547

5.382.556.987

2013

2.120,408707

1.082,51

2,592657119

5.951.102.144

2014

1.928,234589

1.019,63

2,835494890

5.574.830.843

2015

2.007,853762

929,98

3,904200000

7.290.168.950

Fonte: Resultados da pesquisa.

Na Tabela 2 são apresentados os resultados da decomposição dos três efeitos sobre a receita de exportação do suco de laranja. O efeito total mostra que a receita de exportações apresentou declínio em vários anos, sendo o mais acentuado em 2009, de
-40.87%.

Tabela 2 - Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas
de exportação de suco de laranja (em %), de 1997 a 2015.

Ano

Efeito Preço

Efeito Câmbio

Efeito Quantidade

Efeito Total

1998

20.74

7.05

5.38

33.17

1999

2.78

36.90

-6.71

32.96

2000

-23.11

-0.52

6.49

-17.14

2001

-22.57

8.19

4.79

-9.60

2002

24.92

45.34

-2.42

67.84

2003

-4.20

-30.56

12.82

-21.94

2004

-10.96

-12.27

-0.30

-23.53

2005

-6.47

-13.06

9.83

-9.70

2006

32.67

-9.71

-0.38

22.59

2007

31.49

-24.87

17.70

24.31

2008

-10.79

20.68

-0.65

9.24

2009

-19.51

-21.79

0.44

-40.87

2010

14.68

-9.03

-4.67

0.97

2011

31.96

9.27

2.06

43.29

2012

1.44

5.00

-5.91

0.53

2013

-9.89

8.70

11.75

10.56

2014

-5.81

8.82

-9.34

-6.32

2015

-8.79

34.38

5.19

30.77

Fonte: Resultados da pesquisa.

Ocasionada, principalmente pelo efeito Preço e efeito Câmbio, que neste mesmo ano apresentaram quedas acentuadas, entretanto, isso não afetou acentuadamente a quantidade das exportações, que foram baixas, mas não tiveram um efeito negativo. Em 2000, 2001, 2003, 2004 e 2005 também houve quedas nas receitas das exportações, sendo mais acentuada em 2004 com -23,53%, e nos outros anos -17,14%, -9,60%, -21,94% e
-9,70% respectivamente. Em 2000 e 2001 essa queda foi ocasionada pelo efeito preço. Já nos outros anos, ambos, câmbio e o preço tiveram efeitos negativos nas receitas de exportações do suco de laranja, entretanto, a desvalorização do dólar prejudica a receita em reais do exportador brasileiro de suco de laranja.

Não houve predomínio de nenhum efeito por todo o período analisado, conforme a Figura 5; como foram anos de grandes variações na taxa de câmbio, na quantidade exportada e nos preços, houve variação de efeito dominante ano a ano.

O efeito preço e efeito câmbio foram os decisórios para as variações do efeito total na grande parte dos anos do período analisado, menos em 2013 e 2014, quando as variações da quantidade que foram cruciais para um efeito total positivo e negativo respectivamente. No restante dos anos do período de analise o efeito preço foi decisório em sete anos do total, e o efeito câmbio em oito.

Em 1998 todas as variáveis tiveram efeitos positivos, o que causou um efeito total de 29,14%, entretanto, neste mesmo ano o preço da tonelada de suco de laranja foi de
US$ 1024.43 /ton., um dos maiores registrados no período de análise, o que foi o maior propulsor do efeito total nas receitas de exportações.

No próximo ano, em 1999 o preço cai consideravelmente afetando as quantidades exportadas, que tiveram um efeito negativo de -6,71%. Já o efeito do câmbio tem uma variação positiva de 36,9%, o que pode ser explicado pela implantação do plano real e a desvalorização do real em relação ao dólar, o que impulsiona as exportações. O efeito total deste ano foi bom de 32,96%, mesmo que decrescente.

Figura 5 – Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas
de exportação do suco de laranja do Brasil (em %) — 1997 a 2015.

Fonte: Resultados da pesquisa, tabela 2.

Em 2000 e 2001 foram anos de quedas nas receitas das exportações do suco de laranja, e o principal fator que gerou um efeito negativo foi o preço, que caiu cerca de 20% nesses anos. Em 2000 o câmbio teve uma leve valorização, o que auxiliou num efeito total de -17,14%, já em 2001 o câmbio voltou a desvalorizar, diminuindo o efeito total negativo e incentivando as exportações aumentando a quantidade exportada.

No ano seguinte os preços continuaram baixos e a quantidade exportada diminuiu ainda mais, consequência das grandes safras do estado da Flórida e de São Paulo, entretanto o efeito preço foi positivo de 24,92 % e o câmbio estava muito desvalorizado chegando a quase 7 reais por dólar, o que gerou um efeito positivo de 45,34 %, fazendo do efeito total deste ano o maior do período analisado, de 67,84%.

Apresentando uma queda relevante nos anos seguintes, em 2003, 2004 e 2005 praticamente todas as variáveis apresentaram efeitos negativos nas receitas do suco de laranja, em 2003 e 2005 as quantidades exportadas tiveram um efeito positivo, reflexo da escassez de oferta internacional devido aos furacões na Flórida. Entretanto o preço caiu nesses anos, batendo menor valor de US$ 624.72/ton. em 2005.

A partir de 2006 as receitas das exportações melhoraram e as variáveis apresentaram efeitos positivos, principalmente o preço, que teve sua maior cotação até então em 2007, de US$ 1089.82/ton., referente aos desastres naturais da Flórida que destruíram dezenas de milhares de caixas de laranja e o Brasil teve que abastecer o mercado americano, isto se deu até 2008, ano da crise internacional, em que o câmbio voltou a desvalorizar impulsionando as exportações e tendo um efeito positivo de 30,2% nas receitas das exportações de suco de laranja.

Já em 2009, ano do pior resultado e com um efeito total negativo de -40,3%, causado pelo câmbio que esteve valorizado e o preço que voltou a cair. Isso devido a mudança dos hábitos dos consumidores internacionais, que, logo após a crise começaram a optar por bebidas e sucos mais baratos, causando uma queda acentuada nas receitas das exportações do suco de laranja naquele ano.

A recuperação começa em 2010, quando o preço volta a subir, US$ 897.41/ton., causando um efeito positivo de 14,63% e gerando um efeito total positivo de 0,97%, mesmo com as outras variáveis afetando negativamente as receitas das exportações do suco. Em 2011 o efeito total é um dos maiores registrados no período de analise, de 43.29%, devido, principalmente ao efeito preço, que variou positivamente 31,9%, neste ano todas as variáveis foram positivas, mas o que determinou um efeito total tão bom foi o preço. A partir daí, o preço continua subindo e batendo cotação máxima de US$ 1201,86/ton. em 2012, ano em que o Brasil produziu 19 milhões de toneladas de laranja, o dobro que os Estados Unidos, e consequentemente, mais suco também. Entretanto, neste ano o efeito preço caiu em consideração ao ano anterior, sendo somente de 1,44% e o efeito quantidade apresentou valores negativos.

Em 2013 o preço caiu em consideração ao ano anterior e teve um efeito negativo de cerca de 9% no efeito total das receitas das exportações, o que manteve o efeito total positivo foram as quantidades, que variaram positivamente cerca de 11,75%. Ao contrário, em 2014 as quantidades exportadas caem e gera um efeito negativo de -9,34%, a maior das oscilações e definindo um efeito total negativo de -6,32%.

No último ano da análise o preço continua caindo, gerando um efeito negativo de -5,82%. O câmbio desvalorizado, devido às crises internas, impulsiona as exportações e gera um efeito positivo de 34,38% e as quantidades exportadas também crescem afetando positivamente as receitas das exportações daquele ano, com um efeito total de 30,77%.

4. Conclusões

Analisando os resultados pode-se verificar que o efeito câmbio, é a variável que mais influencia nas receitas das exportações de suco de laranja, sendo o decisório na maioria dos anos em relação às demais variáveis, e tendo um pico em 2002, quando a taxa de câmbio real era de R$ 6,70 por dólar norte-americano, sendo este, justamente o ano em que as receitas tiveram o melhor desempenho nas receitas das exportações. Apesar disso nenhuma política cambial é feita explicitamente para fomentar as exportações, sendo as grandes desvalorizações ocorridas no período analisado devido às crises internacionais e a implantação do plano Real.

O preço é uma variável volátil e segue o fluxo de mercado, apesar de não ser a variável decisória na maioria dos anos, fica em segundo, decidindo o efeito total em sete anos dos dezesseis analisados. Seguindo os pressupostos teóricos, quando há excesso de oferta o preço cai, e quando há escassez de oferta, devido principalmente às quebras de safra americanas, há um aumento do preço.

 Já a variável quantidade fica à mercê das outras duas, não afetando majoritariamente o total das receitas e sim, conforme a variação do preço e do câmbio, ela varia e afeta positiva ou negativamente a receita das exportações do suco de laranja.

Os ciclos das receitas das exportações podem ser verificados por causa dessa grande variação no preço e câmbio, já que nenhum componente foi constante ou predominante durante o período analisado, sendo alternados e pontuais nos anos em que foram decisórios para o desempenho das receitas das exportações do suco de laranja. Resumidamente, no final dos anos 2000, o preço foi determinante nos efeitos totais das receitas das exportações. Já nos primeiros anos da década dos 2010, o câmbio foi o principal componente.

Apesar de ser o maior produtor de laranja e suco de laranja do mundo desde 1960, o Brasil ainda tem poucos incentivos governamentais para o setor citrícola e nem políticas cambiais que impulsione as exportações, sofrendo com as barreiras internacionais ao produto nos outros países, e isso afeta negativamente o desempenho da competitividade brasileira, já que 90% da fruta e do suco produzido no país são destinados para exportação.

Referências bibliográficas

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1. Escola Superior de Administração e Negócios (ESAN) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Email: giubrocanelli@gmail.com

2. Escola Superior de Administração e Negócios (ESAN) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Email: ferrazvi16@gmail.com

3. Professor de Economía, Escola Superior de Administração e Negócios (ESAN) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Email: adriano.figueiredo@ufms.br


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