ISSN 0798 1015

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Vol. 38 (Nº 11) Año 2017. Pág. 14

Comparação entre Métodos de Abate de Árvores de Eucalyptus spp.

Comparison among methods of slaughter of Eucalyptus spp trees

Everton Lorenzett TAVARES 1; Clérito Kaveski PERES 2; Luis Fernando Paulista COTIAN 3; Marcos William Kaspchak MACHADO 4; Amélia Guimarães CARVALHO 5; Antônio Jose Vinha ZANUNCIO 6

Recibido: 12/09/16 • Aprobado: 10/10/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Materiais e método

3. Resultados e Discussão

4. Considerações

Referências


RESUMO:

Técnicas de anelamento podem ser utilizadas visando minimizar os defeitos gerados pelas tensões de crescimento em madeira serrada. O estudo teve como objetivo testar a eficácia de técnicas que levam as árvores de Eucalyptus spp. à morte. O estudo foi realizado em um talhão de Eucalyptus spp. com espaçamento 2 x 2 m com diâmetros da altura do peito (DAP) variando de 10 a 27 cm, o experimento foi realizado com 48 árvores com cinco anos de idade. Foram comparadas três técnicas, sendo: anelamento mecânico, realizado com o auxílio de motosserra; anelamento químico 1, com triclopir-butotílico pertencente; e anelamento químico 2, com sal de isopropilamina de N-(phosphonomethyl) glicine. Cada técnica foi aplicada em 12 árvores. Os resultados mostraram que as técnicas de anelamento químico são eficazes, com maior destaque para o tratamento químico 2 que levou as árvores à morte em 83% dos casos. Entretanto, todos os tratamentos apresentaram resultados satisfatórios.
Palavras chave: Eucalyptus spp; Anelamento mecânico; Anelamento químico.

ABSTRACT:

Annealing techniques can be used to minimize the defects generated by growing tensions in lumber. The aim was to evaluate the effectiveness of techniques that lead the Eucalyptus spp. trees to death. This study took place in a field of Eucalyptus spp. with 2x2 m spacing with breast height diameter (DBH) ranging from 10 to 27 cm, the experiment was conducted with 48 trees were five years old. We compared three techniques, namely: mechanical annealing, carried out with the aid of chain saw; chemical girdling 1 with triclopyr-butotílico pertencente; Chemical annealing and 2, with isopropylamine salt of N- (phosphonomethyl) glycine. Each technique was applied in 12 trees. The results showed that all techniques are effective, most notably the chemical treatment 2 which led the trees to death in 83% of cases. However, all treatments showed satisfactory results..
Key words: Eucalyptus spp; mechanical annealing; chemical girdling.

1. Introdução

No cenário florestal brasileiro, as espécies exóticas como o Eucalyptus spp. E Pinus spp. estão ganhando mercado. Conforme Ibá (2015) no ano de 2014 as florestas com espécies exóticas atingiram um total de 7,74 milhões de hectares, com um aumento de 1,8% em relação ao ano de 2013, sendo 5,56 milhões de hectares de eucalipto e 1,59 de pinus.

O Eucalyptus spp. apresenta um alto índice de incremento no Brasil devido as condições climáticas, investimento em pesquisa e treinamento de mão de obra. A madeira de Eucalyptus spp. é muito utilizada no setor de celulose e papel, assim como no setor energético, além disso, essa matéria prima também vem ganhando espaço para uso como madeira serrada. Isso é uma grande vantagem, uma vez que, maior disponibilidade de madeira garante uma menor pressão sobre as florestas nativas, contribuindo para redução dos índices de desmatamento.

Desta forma, o Eucalyptus spp. está presente nos programas de produção florestal da maioria das indústrias madeireiras do país. Porém, existem algumas limitações quanto à sua utilização como madeira serrada, devido principalmente às tensões de crescimento que geram rachaduras na madeira roliça e nas tabuas após o desdobro.

As tensões de crescimento são forças encontradas nos troncos lenhosos verdes. As quais são fundamentais para a sustentação do tronco e o equilíbrio das copas, respondendo assim ao crescimento e desenvolvimento normal da árvore (BELTRAME, 2010).

Madeiras de angiospermas apresentam maiores tensões de crescimento que as de gimnospermas, com destaque para o gênero Eucalyptus. Consequentemente esse gênero apresenta maiores índices de rachaduras, acarretando em perdas no processamento mecânico da madeira (CONRADIE, 1980; YANG et al., 2005).

Buscando minimizar os efeitos das tensões na madeira serrada, as técnicas de anelamento das árvores tem se mostrado satisfatórias, conforme destacam Matos et al. (2003); Oliveira & Segala (2014).

Existem diversas técnicas de anelamento que podem ser aplicadas de forma mecânica e química. O anelamento mecânico consiste na retirada de uma porção externa da seção transversal do tronco, onde se encontra o floema, impedindo assim a condução de seiva elaborada para as raízes da planta, deste modo levando a árvore à morte. Já o anelamento químico consiste em descascar uma porção do tronco e posterior aplicação de herbicida.

Porém, estudos dedicados em avaliar a eficácia dessas técnicas na morte das árvores ainda são escassos, o que dificulta o processo escolha da técnica mais apropriada. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo testar a eficácia de três técnicas que levam as árvores em pé à morte.

2. Materiais e método

Para a realização deste estudo, foram utilizadas 48 árvores com 5 anos de idade, dispostas em um espaçamento 2 x 2 m, tendo os diâmetros da altura do peito (DAP) variando de 10 a 27 cm, provenientes de um talhão de Eucalyptus spp. A madeira proveniente deste talhão é produzida para fins múltiplos, tais como construção civil, mourões, palanques e energia.

A área de estudo está localizada no município de Chopinzinho-PR, Brasil, com altitude média de 630m, clima Cfa – Clima subtropical; temperatura média no mês mais frio inferior a 18ºC (mesotérmico) e temperatura média no mês mais quente acima de 22ºC, com verões quentes, geadas pouco frequentes e tendência de concentração das chuvas nos meses de verão, contudo sem estação seca definida (IAPAR 2012).

O experimento empregou técnicas que levam a árvore em pé à morte. As técnicas utilizadas foram anelamento mecânico e dois tipos de anelamento químico, com 12 repetições cada. Foram também utilizadas árvores testemunhas, nas quais nenhuma técnica foi aplicada. As árvores selecionadas apresentavam altura e diâmetro próximos à média do povoamento, além disso, as mesmas estavam no interior do talhão, para evitar o efeito da bordadura.

No método com anelamento mecânico: anelou-se as árvores utilizando uma motosserra, a injúria foi realizada na base do troco com dez centímetros de altura, com uma profundidade transversal de 1/3 do raio da árvore (Figura 1).

Figura 1: Método com anelamento mecânico de árvore 1/3
Fonte: autores

No método de anelamento químico 1: constituiu-se em descascar 50 cm da base das árvores acima do chão utilizando um facão, conforme Figura 2.  Em seguida aplicou-se o herbicida sistêmico, com formulação Triclopir-butotílico pertencente ao grupo químico ácido piridiniloxialconóico e Picloram ao grupo químico ácido piridinocarboxílico. Utilizou-se uma concentração de 10% conforme a recomendação do fabricante.

Figura 2: anelamento químico

No método de anelamento químico 2: constituiu-se em descascar 50 cm da base da árvore acima do chão utilizando um facão, conforme Figura 3. na sequencia aplicou-se o herbicida sistêmico não seletivo de ação total do grupo químico glicina substituída, com formulação Sal de isopropilamina de N-(phosphonomethyl) glicine. Sendo utilizado na concentração de 50% do produto e 50% de água.

Após um período de 90 dias, verificou-se o numero de árvores mortas devido a cada tratamento.

3. Resultados e Discussão

Os resultados das técnicas que levaram as árvores à morte são apresentados na Tabela 1.

 

Tabela 1: resultados da aplicação das técnicas de anelamento

Amostra

Testemunha

Anelamento mecânico

Anelamento químico 1

Analemento Químico 2

1

0

1

0

1

2

0

1

1

1

3

0

1

1

1

4

0

0

1

1

5

0

1

1

1

6

0

0

1

0

7

0

1

1

0

8

0

1

0

1

9

0

0

1

1

10

0

1

1

1

11

0

0

1

1

12

0

1

0

1

0: árvore viva   1: árvore morta

As técnicas que levaram as árvores à morte foram eficientes como observado na tabela anterior, comprovando desta forma a eficácia das técnicas. Os tratamentos químicos apresentaram maior eficiência, isto ocorreu porque as substancias toxicas à arvore permaneceram mais tempo no tecido lenhoso, dificultando uma tentativa de cicatrização.

Notou-se que nenhuma técnica com anelamento atingiu os 100% das mortes das árvores, considerando que isso possa ter ocorrido pelo motivo de algumas árvores não apresentarem a medula concêntrica, fazendo com que restasse alburno no tronco da árvore e as mesmas conseguissem sobreviver.

Quando se expressa graficamente os resultados obtidos, conforme Figura 3, fica evidente a eficácia das técnicas em levar as árvores à morte. Com maior destaque para o anelamento químico 2 que levou as árvores à morte em 83% dos casos. Em seguida tem-se o anelamento químico 1, com 74% eficácia e o anelamento mecânico com 68% de eficácia.

Figura 3: Eficiência das técnicas

Comprovam-se os resultados de Aguiar & Jankowsky (1986), Malan (1979); Matos et al. (2003); Van Wyk (1978); Yamamoto (2005), que identificaram que o anelamento é uma técnica eficiente em levar árvores de Eucalyptus spp à morte, consequentemente reduzindo a ação das tensões internas da árvore.

4. Considerações

Os resultados das análises demonstraram que todas as técnicas foram eficazes em seu propósito de levar às árvores a morte. Notou-se que a técnica química 2, com Sal de isopropilamina de N-(phosphonomethyl) glicine, teve maior destaque, levando as árvores à morte em 83% dos casos. Desta forma, esta técnica deve ser priorizada em relação às outras duas testadas.

É importante destacar que, neste estudo foi utilizado um número reduzido de amostras que foram aplicadas no contexto específico do município de Chopinzinho - PR, Brasil. Desta forma, para generalização dos resultados, estudos futuros devem considerar um número maior de amostras e serem aplicados nos diferentes contextos ambientais em que as florestas de Eucalyptus spp. podem ser encontradas.

Referências

AGUIAR, O. J. R.; JANKOWSKY, I. P. Prevenção e controle de rachaduras de topo em tora de Eucalyptus grandis. Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais – IPEF, n.33, p.39-46, 1986.

BELTRAME, R. Determinação das deformações residuais longitudinais decorrentes das tensões de crescimento em Eucalyptus spp. 2010. 81p.  Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal/ Tecnologia de Produtos Florestais) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2010.

CONRADIE, W. E. Utilization of south African grown E. grandis (W. Hill ex Maiden) as veneer log: Part 1. Control of end-splitting in veneer logs. Pretoria: National Timber Research Intitute, 1980. 26 p.

IAPAR. Instituto Agronômico do Paraná. Cartas Climáticas do Paraná, Londrina, PR, 2012. Disponível em:<http://www.iapar.br/modules/conteudo.php?conteudo=597>. Acesso em: 01 de junho de 2016.

IBÁ - INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES. Relatório Ibá 2015. Disponível em <http://iba.org/pt/biblioteca-iba/publicacoes>. Acesso em 22 de junho de 2016.

MALAN, F. S. The control and-splitting in saw logs: A short literature review. South African Forestry Journal, Pretoria, n. 109, p. 14 – 8. 1979.

MATOS, J. L. M.; IWAKIRI, S.; ROCHA, M. P.; PAIM, R. M.; ANDRADE, L. O. Redução do efeito das tensões de crescimento em toras de Eucalyptus dunnii. Scientia Forestalis, Piracicaba, n 64, p. 128-135, dez, 2003.

OLIVEIRA, F. M.; SEGALA, S. H. Comparação entre dois métodos de eliminação de Eucalyptus sp. em área de preservação permanente. Scientia Rural, v. 1, p. 15-28, 2014.

VAN WYK, J. L. Hardwood sawmilling can have a brtight future in South Africa. South African Forestry Journal, Pretoria, v.109, p. 47 – 53, dez., 1978.

YAMAMOTO, H. Biomechanics of wood-toward utilization of Forest biomass in the 21st century.2005. 164 p. Tese (Pós-Doutor em Ciências Florestais/Setor de Ciências Agrárias) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2005.

YANG, J. L.; BAILLÈRESB, H.; OKUYAMAC, T.; MUNERID, A.; DOWNESE, G. Measurements methods for longitudinal surface strain in trees: a review. Australian Forestry, v. 68, n. 1 p. 34 - 43, 2005.


1. Engenheiro Florestal graduado pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2013). Atualmente é mestrando em Ciências Florestais pela Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO. E-mail: evertontavares1@hotmail.com

2. Engenheiro de Produção graduado pela Faculdade Campo Real (2014). Atualmente é mestrando em Engenharia de Produção pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Email: cleritokp@gmail.com

3. Engenheiro de Produção graduado pela Universidade de Franca (2013). Atualmente é mestrando em Engenharia de Produção pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Email: luis.cotian@gmail.com

4. Administrador de Empresas graduado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (2011) e mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2016). Email: wkm@marcoskaspchak.com.br

5. Engenheira Florestal e professora na Universidade Federal de Uberlândia, Campus Monte Camelo. Email: ameliagcarvalho@gmail.com

6. Engenheiro Florestal e professor colaborador pela Universidade Estadual do Centro-Oeste, Campus Irati. Email: ajvzanuncio@yahoo.com.br


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