ISSN 0798 1015

logo

Vol. 38 (Nº 07) Año 2017. Pág. 13

A influência do Arranjo Produtivo Local de Moda Bebê no desenvolvimento Econômico Social de Terra Roxa

The influence of Local productive Arrangement sets baby on Social economic development of Terra Roxa

Rodrigo Ulisses Garbin da ROCHA 1; Derek VOIGT; Nelson CASAROTTO FILHO

Recibido: 26/08/16 • Aprobado: 24/09/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Referencial teórico

3. Método

4. Resultados e discussões

5. Conclusões

Referências


RESUMO:

A proposta do presente artigo é contextualizar o cenário de desenvolvimento regional por meio da estruturação de um APL. Para tal seu objetivo é analisar, com base em informações da experiência internacional e nacional, o processo de formação e desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local (APL) e sua influência no desenvolvimento econômico social da região. Um modelo de transformação é apresentado que ilustra a importância dos atores estarem expostos a novas ideias e visões para a mudança industrial por empresários, agentes políticos e redes externas. A apresentação de ações tomadas pelas empresas constituintes do Cluster, assim como a mensuração dos resultados ao longo dos anos, firmando a viabilidade da alocação de recursos para o desenvolvimento de determinado segmento em nível de cooperação. Caracterizar o APL por meio de ações correlacionadas com a sociedade, a inovação, geração de emprego e renda, aumento da eficiência produtiva, são formas de uma mudança adaptativa e que envolve um processo de aprendizado estratégico entre os principais atores industrias e políticos da região, para assim enfrentar os desafios da concorrência e se fortalecer diante um mercado altamente dinâmico.
Palavras-chave: Arranjo Produtivo Local. Desenvolvimento Regional.

ABSTRACT:

The purpose of this paper is to contextualize the regional development scenario by structuring an APL. To do this your goal is to analyze, based on information from national and international experience, the process of formation and development of Local Productive Arrangement (APL) and its influence on social economic development of the region. A transformation model is presented that illustrates the importance of the actors are exposed to new ideas and visions for industrial change by businessmen, politicians and external networks. The presentation of actions taken by the constituent companies of the Cluster, as well as measurement of results over the years, establishing the feasibility of allocating resources to the development of certain segment-level cooperation. Characterize the APL through actions correlated with society, innovation, job creation and income, increase production efficiency, are forms of an adaptive change that involves a strategic learning process among key stakeholders industries and politicians in the region, order to meet the challenges of competition and strengthen on a highly dynamic market.
Keywords: Local productive arrangements. Local development.

PDF version

1. Introdução

O ambiente competitivo das empresas tem se tornado mais amplo devido à globalização e devido ao aumento da quantidade de oferta de produtos e serviços ao mercado consumidor. Isto faz com que as organizações passem a competir em mercados mais exigentes (CASAROTTO FILHO, 2015).

Um agrupamento de empresas em uma determinada região gera economias de escala, desenvolve a vocação empresarial da localidade, garante a sobrevivência das organizações, desenvolve a cultura empresarial de cooperação entre os agentes e estimula a inovação (FUMAGALLI; TRENTI, 2012).

O sucesso de clusters provocou iniciativas de governos e outros atores sociais, incluindo as universidades, para promover o desenvolvimento de modelos industriais regionais que repliquem a dinâmica de empreendedorismo e inovação dos clusters bem sucedidos. Estas atividades destinam-se a reestruturar a atividade econômica em uma região, o desenvolvimento de novas indústrias e modelos de coordenação econômica envolvendo redes de empresas e alianças entre governos locais, universidades, mão de obra qualificada e empresas (Amin, 1999;. Bresnahan et al, 2005 ; Cooke e Morgan, 1998).

Aglomerações geográficas e/ou setoriais tipicamente de micro e pequenas empresas têm se tornado objeto de políticas e estudos industriais nas últimas duas décadas, em vários países, inclusive Brasil. Essas aglomerações, dependendo de sua configuração, são chamadas por diversos autores de arranjos produtivos locais - APLs, sistemas locais de inovações, sistemas produtivos locais, clusters, entre outros. Essas diversas denominações têm em comum a ênfase na importância dos aspectos locais para o desenvolvimento e a competitividade das empresas (DALLA VECCHIA, 2006).

O objetivo deste estudo é analisar, com base em informações da experiência internacional e nacional, o processo de formação e desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local (APL) e sua influência no desenvolvimento econômico social da região. Para tanto o artigo em questão analisará o caso do município de Terra Roxa e a influência produzida na região pela presença do APL de Moda Bebê.

O artigo está organizado, além dessa introdução, nas seguintes seções: referencial teórico onde, serão apresentados e discutidos os aspectos teóricos do Arranjo Produtivo Local e Desenvolvimento Regional. Método, seção onde é apresentada as técnicas de pesquisa utilizadas. Na seção Resultados e Discussões, serão analisados os resultados da experiência do município de Terra Roxa, para, então, serem apresentadas as considerações finais.

2. Referencial teórico

Este capítulo visa estabelecer o referencial teórico relacionado aos principais temas abordados no presente artigo. Para atingir tal finalidade julgou-se necessário tratar os seguintes temas: Evolução dos Clusters (Seção 2.1) e Desenvolvimento Regional (Seção 2.2).

2.1. Arranjos Produtivos Locais

É importante ressaltar que o termo arranjo produtivo local, bem como a sigla APL, originaram-se a partir das discussões conduzidas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) do Brasil, no final da década de 1990 (COSTA, 2010).

Porter (1999) nomina o APL de cluster e o define como: “um agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas numa determinada área, vinculadas por elementos comuns e complementares”. Exemplos de tais entidades de interesse são: universidades, centros de pesquisa, agência de normatização, associação de indústrias, poder público, entre outras.

Para Suzigan (2002) o APL deve necessariamente caracterizar-se como uma aglomeração geográfica de empresas de portes variados, não integradas verticalmente, fabricantes de um mesmo tipo de produto (ou produtos similares) e seus fornecedores e prestadores de serviços.

Toda e qualquer crise acende a necessidade de as empresas tornarem-se mais competitivas e mudar sua forma de atuar no mercado, colaborando e interagindo mais entre si, de forma verticalizada ou até mesmo horizontal, dentro da esfera na qual se engloba. Casarotto Filho (2001) afirma que o cluster desenvolve-se com base na experiência regional e pode conter empresas produtoras de produtos finais, verticalizar-se a jusante (serviços) ou a montante (fornecedores), além de relacionar-se com associações de suporte privadas ou ligadas ao governo, desenvolvendo relações de parceria público-privada.  Casarotto Filho acrescenta “... vale observar que um cluster não necessariamente contém toda uma cadeia produtiva...”, dessa forma a relação pode ser apenas de cunho comercial.

Contudo o que torna os APL potencialmente benéficos para a competitividade de Pequenas e Médias Empresas (PME´s) é o fato de existirem oportunidades para se obter eficiências coletivas, derivadas de economias externas e desenvolvimento de ações conjuntas (SCHMITZ, 1999). Conforme Gerolamo et al.(2008) clusters e redes de cooperação têm sido vistos como instrumentos que podem estimular a competitividades entre PME´s, regiões e países por meio de inovação, dessa forma para que a inovação ocorra neste meio é fundamental que a “palavra-chave” cooperação esteja bem difundida, pois somente com a combinação de esforços e recursos em prol de agregação de valor será possível a estruturação de um processo, produto ou serviço.

Para Tavares e Castro (2014), as organizações de empresas em rede contribuem para a aquisiçãomais rápida de produtos especializados, acesso a novos maquinários eserviços especializados, obtenção de mão-de-obra qualificada, melhoriano diálogo entre fornecedores e clientes, maior interação cominstituições de ensino e pesquisa, associações empresariais eorganizações privadas que podem colaborar para influenciar as políticas públicas do setor. É possível encontrar na literatura diversas vantagens daassociação de empresas em rede, porém, Dalmoro, Vieira e Venturini (2008) destacam cinco fatores principais: ganhos de escala e de poder demercado, acesso a soluções,aprendizagem e inovação, redução decustos e riscos e relações sociais.

2.2. desenvolvimento Regional

Para que ocorra o desenvolvimento regional é necessário grau de coordenação para que um APL deixe de ser apenas um aglomerado de empresas e torne-se uma rede ou um sistema de inovação, gerando desenvolvimento, renda e capacitação para o meio na qual está inserida (GEROLAMO et al., 2008).

Casarotto Filho e Pires (2001) destacam que somente através da cooperação a competitividade das empresas podem se manter elevada. E afirmam que “a cooperação entre pequenas empresas é algo tão irreversível como a globalização, ou melhor, talvez seja a maneira como as pequenas empresas possam assegurar sua sobrevivência e a sociedade garantir seu desenvolvimento equilibrado”. (p.36)

Conforme Mattioda et al. (2009), o cluster apresenta capacidade de implementar ações e projetos, assim como de criar um ambiente favorável ao crescimento e desenvolvimento do setor, suportado por uma infraestrutura educacional e tecnológica, por exemplo, a criação de cursos técnicos, de graduação e especialização específicos para o atendimento das demandas setoriais, especializando ainda mais a mão de obra, além de ampliar a referência da região como centros especializados de assistência empresarial e científica para o determinado segmento.

Em uma economia global para que haja uma competitividade duradoura, faz-se necessário cada vez mais suporte de elementos localizados, como conhecimento, motivações e relacionamentos, estabelecidos em um espaço geográfico ou região aos quais empresas rivais não têm acesso (PORTER, 1998).

Um aglomerado de empresas em uma determinada região potencializa economias de escala, desenvolve o empresariado da região, garante a sobrevivência das organizações, desenvolve a culturaempresarial de cooperação entre os agentes e estimula a inovação (ZACCARELLI, 1995; FUMAGALLI; TRENTI, 2012).

A competitividade está intensamente relacionada com o desenvolvimento devantagens competitivas geradas por meio do processo de inovação (PORTER, 1986). A inovação como um processo de transformar ideias em novos produtos ou serviços, promove a diferenciação da empresa nomercado, tendo como consequência o aumento da competitividade (BAREGHEH; ROWLEY; SAMBROOK, 2009). Assim, empresasformam alianças para estimular a inovação, melhorar o potencialcompetitivo e promover o crescimento econômico das empresas e odesenvolvimento regional (SOHN, 2015)

Verschoore e Balestrin (2008) consideram que redes com poucotempo de existência têm maior ênfase na redução de custos e riscos, maior oportunidade de soluções, e o aumento do número de associados iráelevar os ganhos. Os benefícios como aprendizagem, inovação e relações sociais são fatores que determinam boas interaçõesentre as empresas, conquistando aprimoramento conforme o grau de maturidade darede. As relações sociais são prejudicadas quando há um número muito grande de empresas na rede, já os ganhos de escala e poder de mercadodependem do grau de maturidade da rede e, principalmente, de ummaior número de associados (VERSCHOORE, BALESTRIN, 2008, apud MACEDO, 2015).

Dessa maneira formaliza-se o conceito de que redes cooperativas organizacionaispromovem o desenvolvimento regional, pois estimulamprocessos cooperativos de aprendizado, favorecendo a melhoria daeficiência e eficácia de produção, gerando um ganho na competitividadeda região (AMATO NETO ET AL., 2012).

Tavares e Castro (2014) ainda ressaltam que o aumento da competitividade pode influenciar positivamente a produtividade, lucratividade e aumento das vendas.

3. Método

Em concordância com a proposta de classificação da pesquisa compilada por Silva e Menezes (2005), segundo a natureza do problema abordado esta pesquisa caracteriza-se como aplicada, cujo objetivo é gerar conhecimentos para aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos.

Sobre a forma de abordagem do problema é qualitativa, considera-se que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do indivíduo que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são fundamentais no processo de pesquisa qualitativa, não requerendo uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para a coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave.

Sob o ponto de vista dos objetivos é exploratória, que visa proporcionar maior familiaridade com o problema a fim de torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão (GIL, 2009).

O método de pesquisa eleito - estudo de caso - é utilizado quando existem muitas variáveis. A abordagem do processo como um todo e a flexibilidade nos procedimentos de coleta e análise dos dados são vantagens que contribuíram para a adoção deste método.

Um maior número de fontes de evidência eleva a qualidade da pesquisa, no entanto, nem todas as fontes são relevantes para todo estudo de caso. Cabe ao pesquisador a seleção e o uso apropriado das fontes de evidência (YIN, 2010).    

A análise documental é utilizada com o objetivo de corroborar as informações obtidas por meio de outras fontes de evidência, sendo muitas vezes considerada como fonte secundária (YIN, 2010). Foram analisados documentos que caracterizavam o APL de Moda Bebê de Terra Roxa, em sua maioria documentos públicos relacionados ao município e estudos referentes ao APL.

Foram realizadas ainda entrevistas com os coordenadores da Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral envolvidos na Rede APL Paraná e com a coordenadora da APL Moda Bebê de Terra Roxa.  

4. Resultados e discussões

Este capítulo visa estabelecer o referencial teórico relacionado aos principais temas abordados na presente resenha crítica. Para atingir tal finalidade julgou-se necessário tratar os seguintes temas: Evolução dos Clusters (Seção 3.1) e Desenvolvimento Regional (Seção 3.2).

4.1. O município de Terra Roxa

O município de Terra Roxa foi criado pela Lei Estadual nº 220, de 14/12/1961, está localizado na região oeste do Estado do Paraná (Figura 1). Sua criação bem como seu processo de colonização segue o padrão adotado pelo Paraná em relação à região oeste. A Companhia de Colonização e Desenvolvimento Rural (CODAL) comprou a área onde se localiza o município e dividiu a terra em lotes rurais e urbanos (PARANACIDADE, 2005).     

Figura 1 – Localização do Município de Terra Roxa

Fonte: www.aplterraroxa.com.br

A população inicial do município era de migrantes da região norte do estado, oriundos do nordeste e sudeste do Brasil. Na década de 1960, também vieram migrantes da região sul radicando-se principalmente, no distrito Santa Rita D’ Oeste. Conforme os dados apresentados pelo IBGE, em 1960, a população era de 5.916 habitantes e na década de 1970, passou para 38.353 habitantes.

A partir dos anos 1980, houve um decréscimo da população de Terra Roxa. Dentre os diversos motivos, o êxodo rural foi significativo, pois com o desmatamento para o plantio de café o clima deixou de ser estável na região, em decorrência as grandes geadas começaram a queimar as lavouras de café. Os cafeicultores, descontentes, e com a chegada de modernas técnicas de agricultura, começaram a mecanizar as lavouras. O uso de inseticidas próximos as residências, o auto custo da mecanização e fatores econômicos levaram os pequenos proprietários rurais a venderem suas terras e buscarem as cidades e até outras regiões. (Site)

A transformação da base econômica de Terra Roxa – com a substituição do café pela produção de soja e trigo – refletiu-se de forma importante na ocupação da mão de obra. A mão de obra rural, substituída por máquinas e equipamentos, apresentou grande redução. Assim, houve um esvaziamento populacional significativo devido à diminuição e perda dos postos de trabalho do campo. Desse modo, grande parte dos trabalhadores migrou para outros municípios em busca de novas alternativas de ocupação e de renda. O gráfico 1 demonstra a redução populacional de Terra Roxa.  

Gráfico 1 – Redução populacional de Terra Roxa

Fonte: Ibge

Nesse sentido, fica visível o decréscimo populacional apresentado pelo município de Terra Roxa devido à transformação do modelo de produção agrícola, que afetou não somente este município, mas todo o Oeste do Paraná. Da mesma forma, a transferência de parte da população rural para o urbano fez com que o grau de urbanização aumentasse significativamente em Terra Roxa, passando de 15%, em 1970, para 68%, em 2000.

A mudança na cidade de Terra Roxa começa na década de 1990, com o surgimento das primeiras indústrias de confecções de moda bebê, as principais responsáveis pela absorção de mão de obra e por um efeito de encadeamento com os setores secundário e terciário nunca visto antes no município. A partir desse período, Terra Roxa entra em uma nova fase de ascensão econômica e de desenvolvimento local (IPARDES, 2006).

De 1995 a 2003 quarenta e seis indústrias são abertas, segundo dados da Secretaria da Fazenda Municipal de Terra Roxa, tais indústrias registraram uma rápida absorção e expansão da mão de obra local. Essas indústrias geraram no ano de 2003. 1900 postos de trabalho, que somados aos trabalhadores terceirizados ultrapassam 2,5 mil, representando 84 % do emprego formal do município. A grande maioria das indústrias de confecção de roupas infantis, são micro e pequenas quanto ao porte (93% tem até 50 funcionários) sendo as demais de médio porte (STADUTO, WILLERS e AZEVEDO, 2005). 

No ano de 2004, com apenas uma década de produção, as indústrias produziram mais de 200 mil peças/mês, comercializadas em todo território nacional. A qualidade dos produtos atribui acidade de terra Roxa, a partir de 2003, o título de “Capital Nacional de Moda Bebê”.   

4.2. O APL Moda Bebê e o desenvolvimento Econômico Social de Terra Roxa

O aumento do número de empresas de moda bebê em Terra Roxa, fez com que os gestores percebessem certos benefícios em relação à segmentação do produto. A qualidade da mão de obra, por exemplo, indicou um diferencial competitivo que deveria ser melhor explorado. Houve uma organização por parte do empresariado que decidiu obter benefícios comuns ao segmento, tais como: melhor preço de compra de matéria prima, atração de fornecedores para o município, uma unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), ampliação de estrutura física e de cursos profissionalizantes, inserção mais eficiente dos produtos no mercado nacional e em medio prazo internacional (WILLERS, 2006).

 A partir deste ideal é fundada a associação “Arranjo Produtivo Local (APL) de moda bebê de Terra Roxa” no ano 2004, que congrega cerca de 80% das indústrias do setor. O APL moda bebê se caracteriza por conter um aglomerado de empresas especializadas na confecção de roupas infantis de 0 a 1 ano, bordadas (IPARDES, 2006).

A viabilização do APL adveio da iniciativa de alguns empresários, do trabalho realizado pelo SEBRAE-PR e da Associação Comercial, Industrial e da Agricultura de Terra Roxa (ACIATRA), desde o ano de 2001.

Atualmente, o município de Terra Roxa possui uma população estimada de 17.517 habitantes (IBGE, 2015), com uma dinâmica econômica fortemente a atividade industrial têxtil com ênfase na confecção infantil. O gráfico 2 mostra a evolução de empregos e de empresas dos últimos dez anos.          

Gráfico 2 – Empregos e empresas de confecção infantil de Terra Roxa

Fonte: IPardes (2015).

A representatividade do setor industrial torna-se cada vez mais importante com o passar dos anos. Em 2004, o setor foi responsável por 10,47% do valor adicionado total do município, sendo que, em 2003, o ramo têxtil e de vestuário representou 44% do valor adicionado da indústria de Terra Roxa, índice que reforça a posição do segmento como importante vetor de desenvolvimento econômico local.

Gráfico 3 – Produto interno bruto (pib) per capita do município de terra roxa

Fonte: Ipardes (2005).

O número de empregos e indústrias de confecções infantis no município de Terra Roxa confirma a especialização da região e a importância destas indústrias para o desenvolvimento sócio econômico do município. O aumento do número de empresas de moda bebê alavancou o aumento de estabelecimentos comerciais e de prestação de serviço em Terra Roxa.

A interrupção da evasão populacional é outro benefício a ser citado decorrente da atividade industrial. A análise dos dados históricos do município revelam que a motivação para a evasão populacional foi reflexo do baixo dinamismo econômico e consequente queda na ocupação da mão de obra.

O aumento da absorção da produção das indústrias de confecções infantis pelo mercado estimulou a demanda por mão de obra especializada. Este fato ampliou o número de vagas nas indústrias, que aproveitou o número significativo de trabalhadores ociosos na década de 1990.

5. Conclusões

Diversos autores destacam que o sucesso de uma atividade econômica é em grande parte uma construção social – pois empresas individuais não permanecem ou desaparecem como resultado exclusivo de seus próprios esforços. Dependem dos efeitos mutuamente fortalecedores do sucesso de cada uma, definidas por economias externas positivas provindas das aglomerações geográficas que definem, de fato, a indústria de uma região.

Várias experiências concretas e significativas no exterior e no Brasil, têm atestado que esta estratégia de organização de Pequenas e Médias Empresas (PME) em APL oferece os melhores resultados do ponto de vista tanto econômico quanto social. As empresas integrantes dos APLs desenvolvem habilidades, eficiência coletiva e capacidade competitiva, em um grau muito acima do que se estivessem atuando isoladamente, conseguiriam.

Os arranjos produtivos locais assumiram relevância como formas de organização da produção de bens e serviços e unidades de referência para a formulação e operacionalização de políticas públicas voltadas para o fomento das atividades econômicas.

Considerando que as dimensões institucional e regional constituem elementos cruciais do processo de capacitação produtiva e inovativa, a promoção de cooperação multi institucional é um requisito para a efetivação dos programas e políticas de apoio em favor dos APL.

O presente artigo se propôs a analisar a influência do Arranjo Produtivo Local de Moda Bebê no desenvolvimento Econômico Social de Terra Roxa. Os resultados desta análise podem ser observados, como segue:

O estudo em questão evidencia a influência do APL no desenvolvimento econômico social da região. Todavia como o surgimento do APL se deu por uma série e incentivos e parceria público privada, indica-se como oportunidade de trabalho futuro os elementos motivadores que contribuem para o surgimento organizado e crescimento saudável e sustentável dos APL.

Referências

AMATO NETO, J.; et al. Competitividade e cooperação emaglomerados, redes e sistemas de produção e inovação no Brasil. In:Tópicos Emergentes e DesafiosMetodológicos em Engenharia deProdução: Casos, Experiências e Proposições, v. 5. Rio de Janeiro:ABEPRO, p. 131-192, 2012. Disponível em: <http://dspace.unav.es/dspace/handle/10171/6278>. Acesso em:13/9/2014.

BAREGHEH, A.; ROWLEY, J.; SAMBROOK, S. Towards a multidisciplinary definition of innovation. Management Decision, [S.l],v. 47, n. 8, p. 1323 1339, 2009.

CASAROTTO FILHO, N.; PIRES, L. H. (2001). Redes de pequenas e médias empresas e desenvolvimento local: estratégias para a conquista da competitividade global com base na experiência italiana. São Paulo: Atlas.

DALLA VECCHIA, R. V. R. (2006). Arranjos produtivos locais como estratégia de desenvolvimento regional e local. Capital Científico, v. 4, n. 1, Jan/Dez.

DALMORO, M.; VIEIRA, K. M.; VENTURINI, J. C. Percepção dos fatores de sucesso e insucesso de redes inter organizacionais de cooperação. In: ENCONTRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAISDA ANPAD, 5., 2008. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, 2008, p.1–15.

FUMAGALLI, Serena; TRENTI, Stefania (Ed.). Il ruolo dell'innovazione tecnologica nel distreto delle macchine agricole di modena e reggio Emilia. In: MOSCONI, Franco (Ed.). La metamorfosi del modelo emiliano": L'Emilia-Romagna e i distreti industriali che cambiano. Bologna: Società Editrice Il Mulino, 2012. p. 243-259.

GEROLAMO, M. C.; CARPINETTI, L. C. R.; FIESCHUTZ, T.; SELIGER, G. (2008). Clusters e redes de cooperação de pequenas e médias empresas: observatório europeu, caso alemão e contribuições ao caso brasileiro.Gest. Prod., São Carlos, v. 15, n. 2, p. 351-365, maio-ago.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MACEDO, M. A. (2015). A Gestão do Design como fator de inovação em redes de empresas: O Caso do Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC). Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, 2015.

MATTIODA, E.; NODARI, C. H.; OLEA, P. M. (2009). Vantagens Competitivas em Clusters de empresas: estudo de caso no arranjo moveleiro da Serra Gaúcha. Revista de Administração da UNIMEP, v. 7, n.1, Janeiro / Abril – 2009.

PORTER. M. E. (1998). Clusters and the new economics competition. Harvard Bussines Review, v. 76, n. 6, Nov/Dec.

PORTER, M. E. (1999). Cluster e competitividade. H S M Management, São Paulo, Vol.3, n. 15, p.100-110,jul-ago.

SCHMITZ, H.; NADVI, K. Clustering and industrialization: introduction. World Development, v. 27, n. 9, p. 1503-1514, 1999.

SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. Laboratório de Ensino a Distância, 4. ed. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2005.

SOHN, Ana Paula Lisboa. Análise da aprendizagem colaborativa na geração de vantagens competitivas em clusters têxteis e de vestuário no Brasil e na Europa. 2015. 162 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia de Produção, Departamento de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.

SUZIGAN, W. (2002). Clusters ou sistemas locais de produção e inovação: identificação, caracterização e medidas de apoio. IE/UNICAMP, Maio.

TAVARES, W.; CASTRO, C. C. DE. Benefícios competitivos advindosdo desenvolvimento de uma aglomeração produtiva : o caso do setortêxtil na microrregião de Campo Belo (MG). Revista Brasileira deGestão e Desenvolvimento Regional, v. 10, n. 1, p. 80–104, 2014.

VERSCHOORE, J. R.; BALESTRIN, A. Ganhos competitivos dasempresas em redes de cooperação. Revista de Administração USP Eletrônica,v. 1, n. 1, p. 1–21, 2008.

WILLERS, E. M. (2006). Estratégia de desenvolvimento econômico local: o caso do município de Terra Roxa. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegócio) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Toledo, 2006.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.

ZACCARELLI, S. B. A nova ideologia da competição. Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 1, p. 14-21, 1995.


1. Email: ing.garbin@gmail.com


Revista ESPACIOS. ISSN 0798 1015
Vol. 38 (Nº 07) Año 2017

[Índice]

[En caso de encontrar algún error en este website favor enviar email a webmaster]

revistaespacios.com