Vol. 38 (Nº 05) Año 2017. Pág. 8
Luciana Virginia Mario BERNADO 1; Maycon Jorge Ulisses Saraiva FARINHA 2
Recibido: 04/08/16 • Aprobado: 21/09/2016
2. A alfabetização: O início da aprendizagem escolar
3. O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC): Elementos históricos
5. A participação dos professores por escola nas capacitações oferecidas pelo PNAIC
6. A participação dos alunos na ANA em 2013 E 2014
7. O comparativo entre os resultados de leitura e matemática da ANA
RESUMO: O período da alfabetização é o de início do processo de aprendizagem escolar, ele deve ser realizado nas diferentes áreas do conhecimento. Como auxílio aos professores, programas de formação continuada ─ como o PNAIC ─ são aplicados em âmbito nacional. Esta pesquisa teve como objetivo identificar a participação dos professores nas capacitações oferecidas e comparar os resultados das avaliações realizadas em 2013 e 2014. Foram coletados os dados no site oficial do Ministério da Educação. Os resultados da pesquisa demonstram que os professores diminuíram sua participação nas capacitações, podendo esse comportamento influenciar o desenvolvimento do programa que visa a alfabetização. Palavras-Chave: Alfabetização; Formação Continuada para professores e Política Pública. |
ABSTRACT: The literacy period is the beginning of the school learning process, it must be carried out in different areas of knowledge. As an aid to teachers, continuing education programs - as PNAIC - are applied nationwide. This research aimed to identify the participation of teachers in training offered and compare the results of evaluations carried out in 2013 and 2014. Data were collected on the official website of the Ministry of Education. The survey results show that teachers have decreased their participation in training, this behavior may influence the development of the program to literacy. |
O direito à educação básica é garantido pela Constituição Federal de 1988 a todos os brasileiros (BRASIL, 1988). Nesse processo estão inseridas questões referentes à qualidade do ensino, sabendo-se que registros sobre a preocupação com a alfabetização se iniciaram ostensivamente no Brasil a partir da década de 1920, com a constituição da Associação Brasileira de Educação (ABE), ou seja, não são novas essas demandas pela qualificação do ensino na infância nacional, porém muito recorrentes na atualidade (SAVIANI, 2009).
Quando as habilidades e as competências da alfabetização não se desenvolvem no período destinado a ela na infância, esse fracasso no processo de ensino se torna um problema que influencia a qualidade da educação em geral, tendo em vista que as dificuldades em leitura, em escrita e em matemática podem tornar-se cada vez maiores durante o período escolar, podendo aumentar o número das retenções nos anos escolares e incrementar os índices de evasão escolar ─ ambos considerados problemas sociais, principalmente quando vinculados a indivíduos com baixo desenvolvimento socioeconômico (GOMES, 2013).
Os incentivos para ações de qualificação do ensino geralmente estão relacionados às políticas públicas. Uma política pública de educação consiste num ciclo de atividades composto por atividades definidas como formulação, implementação, acompanhamento e avaliação (GELINSKI et al., 2008). Assim, em prol da alfabetização e letramento em âmbito nacional, o governo federal, em 2012, lançou a política do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa ─ PNAIC, tendo o objetivo de alfabetizar as crianças com no máximo oito anos. Essa política pública é desenvolvida com as seguintes bases: (i) formação continuada presencial dos professores; (ii) materiais didáticos, obras literárias, obras de apoio pedagógico, jogos e tecnologias educacionais para as escolas; (iii) avaliações sistemáticas; e (iv) gestão, mobilização e controle social (BRASIL, 2015).
Nesta proposta o processo de alfabetização avança em prol ao letramento. O letramento para Santos e Mendonça (2007) trata-se de um processo complexo que torna o aluno capaz de fazer leitura e escrita e interpretar as informações recebidas a partir dos diversos gêneros textuais. Tornando os alunos um agente ativo em seu meio social por possibilitar a compreensão das informações que são transmitidas aos mesmos. Esta pesquisa teve como objetivo identificar a participação dos professores nas capacitações oferecidas e comparar o resultado das avaliações realizadas em 2013 e em 2014.
A alfabetização no Brasil ainda é um problema a ser resolvido. Quando essa demanda não se configura com a concretização das necessidades de aprendizagem de habilidades e competências referentes ao período, toda a educação básica de um indivíduo pode estar comprometida, com ocorrências como evasão e repetências no decorrer do período escolar (GOMES, 2013).
Para Veloso (2014), desde 1995 a educação nacional vem passando por um período de descaso. Assim, posteriormente, há mais de uma década, o sistema educacional nacional vem sofrendo alterações que, embora tenham universalizado o acesso à educação básica ─ devido à ampliação do número de unidades escolares, principalmente com relação ao Ensino Médio ─, não tem alcançado, porém, a qualidade mínima necessária ao processo.
Nesse contexto, Cotta (2001) identifica a necessidade de avaliações nacionais. Essas avaliações poderiam gerar informações sobre as características educacionais do país, em uma perspectiva direcionada às especificidades desse setor. Para esse autor, deverão estar contidas no sistema que proporcionará informações: elementos censitários e referentes à avaliação. O primeiro contemplará aspectos sociais e demográficos dos discentes, cadastrados pelos responsáveis da secretaria da escola. E o segundo, respectivo às características de desempenho escolar, características identificadas por meio das avaliações externas à unidade escolar.
Os incentivos à existência de qualidade do ensino geralmente estão relacionados às políticas públicas de educação, que podem ser compreendidas como ações desenvolvidas pelo governo para reduzir ou resolver uma necessidade de determinado grupo ou região do país. As políticas públicas estão pautadas em um ciclo de atividades, ciclo esse composto pela formulação, implementação, acompanhamento e avaliação (GELINSKI et al., 2008).
Nessa perspectiva, a formação continuada precisa estar incluída. Para Vaillant e Garcia (2012), a qualidade do ensino pode estar vinculada à formação continuada, tendo em vista que esta contribui com o desenvolvimento profissional e para a ampliação do conhecimento e das práticas pedagógicas. Além disso, Marques et al. (2015) ressaltam que as avaliações externas impactam as intuições escolares, pois através dessas avaliações informações são emitidas à sociedade sobre a unidade escolar, assim sendo tornada pública uma imagem de qualidade ou não de uma escola.
O PNAIC é uma ação governamental federal para todo o território nacional. Trata-se de uma política de orientação sobre os procedimentos a serem adotados no Ciclo de Alfabetização e vem sendo desenvolvida por meio de um conjunto de atividades que envolve capacitações aos professores dos 1°, 2° e 3° anos do Ensino Fundamental, material didático e avaliações externas às escolas (BRASIL, 2012a).
Está apoiado em diferentes eixos, sendo aqui utilizados:
1º - Formação Continuada de Professores Alfabetizadores: Essa formação ocorre através de um curso presencial de dois anos para os professores alfabetizadores, com carga horária de 120 horas por ano, com base no programa Pró-Letramento, cuja metodologia propõe estudos e atividades práticas. Os professores que ministram as aulas, chamados de orientadores de estudo, são também professores da rede, mas que recebem uma formação específica na universidade responsável pelo polo.
2º - Avaliações: Esse eixo reúne três componentes principais: avaliações processuais, disponibilização de um sistema informatizado, no qual os professores deverão inserir os resultados da Provinha Brasil de cada criança, no início e no final do 2º ano, e a aplicação, junto aos alunos concluintes do 3º ano, de uma avaliação externa universal pelo INEP, visando aferir o nível de alfabetização alcançado ao final do ciclo, o que possibilitará às redes implementarem medidas e políticas corretivas. (BRASIL, 2012b, p. 15).
Com relação às avaliações, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira ─ INEP (2013), no que se refere aos alunos, no terceiro ano, contempla Leitura, Escrita e Matemática e essas avaliações são aplicadas por um agente externo à unidade escolar. As provas são elaboradas a partir das habilidades e das competências referentes ao período escolar. Um dos objetivos dessa política é produzir um índice nacional referente à alfabetização e letramento. Os resultados são emitidos por escola, e comparados com escolas similares, município e estado. Cada elemento avaliado possui nível de desempenho correspondente a uma pontuação.
Quanto a essa pesquisa, trata-se de uma análise documental com característica quantitativa e análise descritiva. A coleta dos dados foi realizada no site do Ministério da Educação do governo federal. Os dados coletados referem-se à participação dos professores do 1° ao 3° ano do Ensino Fundamental, nas capacitações oferecidas e sobre os resultados da Avaliação Nacional da Alfabetização – ANA, ambos realizados nos anos de 2013 e 2014, aplicadas aos conteúdos de Leitura, Escrita e Matemática, porém a análise comparativa dos resultados por escola refere-se à Leitura e Matemática, pois as mesmas disciplinas mantêm as características em ambos os anos.
A análise dos dados constituiu-se na distribuição das unidades escolares por região e por esfera pública, municipal e estadual. Além disso, foram aplicados cálculos de frequência numérica e percentual, que contribuíram para a comparação de dados dos diferentes anos. Os resultados foram apresentados em forma de quadros e de gráficos.
Como já dito, o PNAIC (BRASIL, 2012a) é um programa criado com a finalidade de melhorias no processo de alfabetização. Então, em razão disso, definiram-se alguns pilares que fundamentam a atuação do programa, sendo um deles a Formação Continuada para professores. A participação desses professores, que atuam em escolas estaduais, está explicitada no Quadro 01, referente a Dourados/MS:
Quadro 01. Percentual de Participação dos Professores da Rede Estadual de Dourados/MS nas Capacitações do PNAIC
ESCOLAS ESTADUAIS DE DOURADOS/MS |
% PARTICIPAÇÃO |
% DE DIFERENÇA DA PARTICIPAÇÃO |
|
2013 |
2014 |
||
Abigail Borralho |
100% |
100% |
- |
Antônio Vicente Azambuja |
77,8% |
42,9% |
(34,9%) |
Castro Alves |
85% |
68,5% |
(16,5%) |
Floriano Viegas Machado |
87,5% |
100% |
12,5% |
Maria da Glória Muzzi Ferreira |
100% |
80,5% |
(19,5%) |
Pastor Daniel Berg |
85,7% |
87,8% |
2,1% |
Presidente Getúlio Vargas |
100% |
98,4% |
(1,6%) |
Presidente Tancredo Neves |
80% |
54,3% |
(25,7%) |
Professor Alício Araújo |
83,3% |
91,1% |
7,8% |
Professor Celso Muller do Amaral |
83,3% |
81% |
(2,3%) |
Professora Floriana Lopes |
70% |
51,9% |
(18,1%) |
Ramona da Silva Pedroso |
75% |
66,4% |
(8,6%) |
Rotary Dr. Nélson de Araújo |
100% |
94,3% |
(5,7%) |
São José |
100% |
92,1% |
(7,9%) |
Vilmar Vieira Matos |
83,3% |
85,9% |
2,6% |
Fonte: Elaborado a partir de MEC (2015).
Ressalta-se que 10 unidades escolares de Dourados/MS reduziram a participação no ano de 2014. Dessas escolas, 5 tiveram uma redução maior que 15%. Nenhuma das escolas que aumentaram sua participação em 2014 conseguiu percentuais de participação maior ou igual a 15%.
Para Veloso (2014), entre 1995 e 2005, houve poucas preocupações com a educação no Brasil, sendo alterado o contexto apenas com a questão da garantia do acesso à educação básica a todos ─ o que é uma garantia meramente quantitativa. Em relação a isso, o autor considera que a qualidade ainda não estava sendo inserida no processo. O registro desse aspecto pode auxiliar a dar justificativa para a redução da participação dos professores nos cursos de formação continuada. Com relação à participação dos professores da rede municipal, o Quadro 02 traz as respectivas informações:
Quadro 02. Percentual de Participação dos Professores da Rede Municipal de Dourados/MS nas Capacitações do PNAIC
ESCOLAS MUNICIPAIS DE DOURADOS/MS |
% PARTICIPAÇÃO |
% DE DIFERENÇA DA PARTICIPAÇÃO |
|
2013 |
2014 |
||
Armando Campos Belo |
85% |
85,5% |
0,5% |
Arthur Campos Mello |
94,12% |
86,4% |
(7,72%) |
Aurora Pedroso de Camargo |
61,76% |
71,4% |
9,64% |
Bernardina Correa de Almeida |
81,25% |
69% |
(12,25%) |
Clarice Bastos Rosa |
82,35% |
72% |
(10,35%) |
Coronel Firmino Vieira de Matos |
80% |
- |
- |
Dom Aquino Correa |
60% |
75,7% |
15,7% |
Doutor Camilo Hermelindo da Silva |
100% |
- |
- |
Etalívio Penzo |
85,71% |
73,1% |
(12,61%) |
Fazenda Miya |
75% |
- |
- |
Francisco Meireles |
29,41% |
34,2% |
4,79% |
Franklin Luiz Azambuja |
80% |
80% |
0% |
Frei Eucário Schmitt |
69,23% |
76,1% |
6,87% |
Indígena Agustinho |
35,71% |
28,4% |
(7,31%) |
Indígena Arapora |
19,23% |
17,9% |
(1,33%) |
Indígena Lacu I Roque Isnard |
0% |
7% |
7% |
Indígena Pa’i Chiquito-Chiquito Pedro |
10% |
- |
- |
Indígena Ramão Martins |
0% |
19,8% |
19,8% |
Indígena Tengatui Marangatu |
66,67% |
56% |
(10,67%) |
Izabel Muzzi Fioravanti |
100% |
97,3% |
(2,7%) |
Januário Pereira de Araújo |
66,67% |
70,8% |
4,13% |
Joaquim Murtinho |
76,92% |
64,4% |
(12,52%) |
José Eduardo C. Estolano-Perequete |
90% |
69,1% |
(20,9%) |
Laudemira Coutinho de Melo |
87,5% |
78,2% |
(9,3%) |
Loide Bonfim Andrade |
67,39% |
81,1% |
13,71% |
Maria da Rosa A. da Silveira Câmara |
72,22% |
73% |
0,78% |
Neil Fioravanti |
75% |
63,6% |
(11,4%) |
Padre Anchieta |
70% |
83,8% |
13,8% |
Prefeito Álvaro Brandão |
70,59% |
84,9% |
14,31% |
Prefeito Luiz Antônio Alvares Gonçalves |
77,27% |
75% |
(2,27%) |
Prefeito Ruy Gomes |
60% |
67,6% |
7,6% |
Professor Manoel Santiago de Oliveira |
91,67% |
86,4% |
(5,27%) |
Professora Antônia Cândida de Melo |
42,86% |
26,5% |
(16,36%) |
Professora Avani Cargnelutti Fehlauer |
100% |
91,7% |
(8,3%) |
Professora Clori Benedetti de Freitas |
88,1% |
77,3% |
(10,8%) |
Professora Efantina de Quadros |
70% |
74,8% |
4,8% |
Professora Elza Farias Kintschev Real |
33,33% |
- |
- |
Professora Íria Lúcia Wilhelm Konzen |
77,78% |
66,4% |
(11,38%) |
Professora Maria da Conceição Angélica |
75% |
76,3% |
1,3% |
Sócrates Câmara |
94,74% |
77% |
(17,74%) |
Vereadora Albertina Pereira de Matos |
85% |
88,2% |
3,2% |
Weimar Goncalves Torres |
90,91% |
85,2% |
(5,71%) |
Fonte: Elaborado a partir de MEC (2015).
O quadro denota que 5 escolas não possuem informações divulgadas sobre a participação dos professores em 2014, não sendo possível identificar se houve aumento ou redução. Em 20 escolas houve redução da participação dos professores nas capacitações. Outras 16 unidades escolares melhoraram sua participação e 01 permaneceu com o percentual.
Nesse panorama, o que mais chama a atenção é o número elevado de escolas com redução na participação das capacitações oferecidas, tendo em vista as considerações de Vaillant e Garcia (2012), que destacam a importância da formação continuada para a obtenção de melhorias na profissionalização dos professores. E essa formação é um dos propósitos do PNAIC (BRASIL, 2012b).
No ano 2013, os dados divulgados referem-se à avaliação como um todo, por ter sido aplicada em um único dia. O número de alunos previstos (com base no Censo Escolar) e o número de participantes está descrito no Quadro 03:
Quadro 03. Quantidade de Alunos Participantes das Avaliações do PNAIC nos Anos de 2013 em Dourados/MS.
ESCOLAS ESTADUAIS DE DOURADOS/MS |
PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS - 2013 |
||
Previstos |
Participantes |
% de Participantes |
|
Abigail Borralho |
30 |
16 |
53,3% |
Antônio Vicente Azambuja |
15 |
13 |
86,7% |
Castro Alves |
87 |
76 |
87,3% |
Floriano Viegas Machado |
31 |
25 |
80,6% |
Maria da Glória Muzzi Ferreira |
53 |
44 |
83% |
Pastor Daniel Berg |
31 |
26 |
83,9% |
Presidente Getúlio Vargas |
33 |
31 |
93,9% |
Presidente Tancredo Neves |
70 |
60 |
85,7% |
Professor Alício Araújo |
64 |
59 |
92,1% |
Professor Celso Muller do Amaral |
25 |
14 |
56% |
Professora Floriana Lopes |
47 |
46 |
97,9% |
Ramona da Silva Pedroso |
66 |
39 |
59,1% |
Rotary Dr. Nélson de Araújo |
60 |
57 |
95% |
São José |
48 |
43 |
89,6% |
Vilmar Vieira Matos |
61 |
62 |
101,6% |
Fonte: Elaborado a partir de MEC (2015).
A Escola Vilmar Vieira Matos teve um número de participantes maior que o previsto. Além disso, 3 escolas tiveram uma participação próxima dos 50%, nas demais 11 escolas, ela foi superior a 80%. A avaliação realizada no 3° ano do Ensino Fundamental tem por objetivo identificar o nível de alfabetização (BRASIL, 2012b). A participação na ANA em 2014, aplicada em dias distintos, está descrita na Figura 1:
Figura 01. Percentual de Alunos de Dourados/MS Participantes das Avaliações do PNAIC nos Anos de 2014.
Fonte: Elaborado a partir de MEC (2015).
Apenas a Escola Celso Muller do Amaral teve a participação total em ambos os dias. Novamente a Escola Vilmar Vieira Matos teve um número maior de participantes do que o previsto. Doze escolas, na avaliação de Matemática, tiveram uma participação entre 80% e 99%; em Leitura e Escrita, 11 escolas conseguiram o mesmo. A Escola Professora Floriana Lopes conseguiu, nessa avaliação, a participação de 100% dos alunos.
Para Cotta (2001), o Brasil necessita de avaliações elaboradas externamente às escolas, para que seja criado um banco de informações sobre as características do setor. Todavia, compreende-se que essas informações dependem da compreensão dos alunos sobre a importância em realizar as atividades com empenho e dedicação. Sobre a participação na rede municipal de ensino, o assunto está explicitado no Quadro 04:
Quadro 04. Quantidade de Alunos de Dourados/MS Participantes das Avaliações do PNAIC nos Anos de 2013.
ESCOLAS MUNICIPAIS DE DOURADOS/MS |
PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS |
||
2013 |
|||
Previstos |
Participantes |
% de Participantes |
|
Armando Campos Belo |
74 |
67 |
90,5% |
Arthur Campos Mello |
99 |
83 |
84% |
Aurora Pedroso de Camargo |
91 |
81 |
89% |
Bernardina Correa de Almeida |
28 |
25 |
89,2% |
Clarice Bastos Rosa |
79 |
70 |
89% |
Coronel Firmino Vieira de Matos |
18 |
14 |
78% |
Dom Aquino Correa |
13 |
9 |
69% |
Doutor Camilo H. da Silva |
9 |
9 |
100% |
Etalívio Penzo |
80 |
70 |
87,5% |
Fazenda Miya |
11 |
8 |
73% |
Francisco Meireles |
113 |
92 |
81% |
Franklin Luiz Azambuja |
100 |
91 |
91% |
Frei Eucário Schmitt |
59 |
51 |
86% |
Indígena Agustinho |
82 |
68 |
83% |
Indígena Araporã |
108 |
88 |
81,5% |
Indígena Lacu I Roque Isnard |
35 |
21 |
60% |
Indígena Pa’i Chiquito-C. Pedro |
12 |
0 |
0% |
Indígena Ramão Martins |
99 |
80 |
81% |
Indígena Tengatui Marangatu |
124 |
100 |
81% |
Izabel Muzzi Fioravanti |
45 |
38 |
84% |
Januário Pereira de Araújo |
47 |
43 |
91,5% |
Joaquim Murtinho |
74 |
70 |
95% |
Jose E. C. Estolano-Perequete |
35 |
31 |
89% |
Laudemira Coutinho de Melo |
89 |
87 |
98% |
Loide Bonfim Andrade |
123 |
113 |
92% |
Maria da Rosa A. da S. Câmara |
51 |
43 |
84% |
Neil Fioravanti |
149 |
130 |
87% |
Padre Anchieta |
19 |
3 |
16% |
Prefeito Álvaro Brandao |
93 |
86 |
92% |
Prefeito Luiz Antônio A. Goncalves |
54 |
41 |
76% |
Prefeito Ruy Gomes |
17 |
13 |
76% |
Professor Manoel S. de Oliveira |
72 |
67 |
93% |
Professora Antônia Cândida de Melo |
72 |
58 |
80,5% |
Professora Avani C. Fehlauer |
100 |
91 |
91% |
Professora Clori B. de Freitas |
125 |
107 |
86% |
Professora Efantina de Quadros |
74 |
68 |
92% |
Professora Elza Farias K. Real |
24 |
24 |
100% |
Professora Íria Lúcia W. Konzen |
104 |
99 |
95% |
Professora Maria da C. Angélica |
79 |
50 |
63% |
Sócrates Câmara |
121 |
98 |
81% |
Vereadora Albertina P. de Matos |
50 |
25 |
50% |
Weimar Goncalves Torres |
79 |
74 |
94% |
Fonte: Elaborado a partir de MEC (2015).
Em 2013 indica-se que 32 escolas tiveram uma variação de 80% a 100% de participação, porém duas escolas tiveram os percentuais zero e 16%. Para Gomes (2013), a alfabetização no Brasil é um problema a ser resolvido e ele pode influenciar negativamente o desenvolvimento da Educação Básica. Avaliações nesse formato funcionam como diagnósticos que contribuem para identificar as necessidades dos alunos, de modo a contribuir com a melhoria do ensino e da aprendizagem. Com relação à participação no ano de 2014, as informações foram organizadas na Figura 02:
Figura 02. Percentual de Alunos de Dourados/MS Participantes das Avaliações do PNAIC nos Anos de 2014.
Fonte: Elaborado a partir de MEC (2015).
Com relação às avaliações de Leitura e Escrita, 27 escolas conseguiram alcançar percentuais entre 80% e 95%. Não houve 100% de participação nesta atividade, porém 2 escolas superaram esse resultado, tendo mais alunos do que o esperado para realizar a avaliação. Em Matemática, 28 escolas alcançaram o percentual entre 80% e 100%, o que representa melhores resultados de participação.
O menor índice de participação na avaliação de Leitura e Escrita refere-se à Escola Indígena Augustinho e na avaliação de Matemática na Escola José E. C. E. – Perequete. Observa-se também que, no caso das escolas indígenas, com exceção da Escola Indígena Lacu I Roque Isnard, a participação em Matemática foi maior do que em Leitura e Escrita.
Todavia, Marques et al. (2015) consideram as avaliações externas elementos que impactam as escolas devido à sua vinculação pública com a sociedade. Assim, dados com percentuais elevados de participação tornam-se interessantes ao ambiente interno e externo de cada uma delas, pois podem indicar a relevância do processo de ensino-aprendizagem para os agentes internos dessas escolas.
A Figura 03 é um gráfico que demonstra o comparativo dos resultados na avaliação de Leitura por escola da rede estadual em Dourados/MS em 2013 e 2014, a legenda trata-se dos possíveis níveis de aprendizagem identificados pela avaliação, sendo N1 o menor e N4 o maior desempenho:
Figura 03. Comparativo dos resultados da Rede Estadual em Dourados/MS na Avaliação de Leitura
Fonte: Elaborado a partir de MEC (2015).
Com relação à leitura, a Escola Abigail Borralho não tem divulgados os resultados das avaliações em 2014. Todavia, 7 unidades escolares conseguiram reduzir o percentual de alunos em N1 de 2013 para 2014, assim como 2 escolas conseguiram manter seu percentual em zero, em ambos os anos. As demais 5 unidades aumentaram seu percentual.
Em N2, o número de reduções foi um pouco menor, pois 6 escolas conseguiram diminuir o percentual. Não houve escolas que mantiveram seus resultados e as demais 8 escolas conseguiram aumentar o percentual. Destacam-se, nesse grupo, 5 escolas que reduziram em N1 aumentaram em N2, o que pode significar uma melhoria com relação à leitura. Além disso, uma escola conseguiu manter N1 zerado e reduzir N2, o que também pode ser uma indicação de melhoria na qualidade de ensino, pois a maioria dos alunos está concentrada em N3 e N4, ou seja, nos melhores níveis.
Para N3, 8 escolas conseguiram aumentar seus percentuais; as demais, 6 escolas, reduziram, sendo preocupante para a maioria dos casos, com exceção de 1 escola, que conseguiu aumentar N4 mais do que reduziu em N3; outras duas conseguiram aumentar N4 em um percentual menor do que reduzido em N3. Sobre N4, 7 escolas reduziram seus percentuais, o que representa 50% das escolas estudadas. A Figura 04 indica o comparativo do desempenho das unidades escolares em Matemática:
Figura 04. Comparativo dos resultados da Rede Estadual em Dourados/MS na Avaliação de Matemática
Fonte: Elaborado a partir de MEC (2015).
A Escola Abigail Borralho não tem divulgados os resultados das avaliações em 2014, assim como 6 unidades escolares em 2013 tiveram no nível N1 resultado de 0% de seus alunos. Em 2014, apenas a Escola Floriano V. Machado conseguiu manter esse percentual; as demais aumentaram este valor. Por ser o nível mais baixo de pontuação, este panorama não é favorável. Com relação às demais, apenas duas conseguiram reduzir o resultado de N1 em 2014 e outras duas mantiveram-se estáveis, totalizando, assim, 11 escolas que aumentaram os resultados do primeiro nível.
Com relação a N2, apenas a Escola Rotary Dr. Nélson de Araújo teve com resultado 0% em 2013, porém, em 2014, esse resultado não se manteve, sofrendo um aumento, incluindo-se no grupo das 9 escolas que aumentaram o número de alunos nesse nível de aprendizado em Matemática. Desse grupo, 7 escolas aumentaram em N1 no ano de 2014. Logo, isso representa que, nessas unidades escolares, o desempenho sobre a Matemática baixou, pois, para aumentar N1 e N2, N3 e N4 tiveram que sofrer reduções.
Para N3, 11 unidades escolares reduziram os percentuais de 2013 para 2014; dessas escolas, 6 também reduziram seu desempenho em N4 em 2014. Outras 2 unidades reduziram o percentual em N4, 1 delas aumentou os percentuais em N1, N2 e N3, e a outra aumentou o percentual reduzido de N4 em N2. Apenas a Escola Professora Floriana Lopes conseguiu aumentar os resultados no grupo N3 e N4 e outras 5 unidades escolares conseguiram aumentar o desempenho na Matemática no grupo N4. Com relação às escolas municipais, a Figura 05 traz as informações sobre a Leitura:
Figura 05. Comparativo dos resultados da Rede Municipal em Dourados/MS na Avaliação de Leitura
Fonte: Elaborado a partir de MEC (2015).
Os dados referentes ao desempenho dos alunos na avaliação de Leitura, para a Rede Municipal, não foram totalmente divulgados, pois 11 escolas não possuem dados com relação a 2014 e uma em 2013. Assim, mesmo estando inseridas no gráfico, não pode ser feito o comparativo das mesmas. Evidenciando-se os níveis da avaliação, tem-se que, em N1, apenas 5 escolas tiveram com resultado 0% em 2013; destas, apenas a Escola Municipal Maria da Rosa A. da Silveira Câmara conseguiu manter o percentual em 2014. Por outro lado, das 28 escolas em que foi possível realizar o comparativo entre os anos de 2013 e 2014, 64% conseguiram melhorar seu desempenho em N1, havendo uma redução próxima de 42%.
Em relação a N2, o panorama não é tão favorável, tendo em vista que 64% das escolas aumentaram o número de alunos no segundo nível mais baixo da avaliação, havendo desempenhos acrescidos próximos a 24% e 27%. Do total das escolas comparadas, apenas 4 conseguiram reduzir em 2014 o desempenho em N1 e N2. Com relação a N3, 46% das escolas conseguiram aumentar o rendimento neste nível e, destas, 4 escolas conseguiram aumentar seus resultados em N4 também. Desse modo, 31% das escolas comparadas conseguiram aumentar seu desempenho em N3 e N4. Apenas em N4, 61% das escolas reduziram seus resultados e uma manteve-se igual, em 0%. O desempenho em Matemática está ilustrado na Figura 06:
Figura 06. Comparativo dos resultados da Rede Municipal em Dourados/MS na Avaliação de Matemática
Fonte: Elaborado a partir de MEC (2015).
Como em Leitura algumas escolas não possuem divulgados os dados, porém, neste caso, existem 9 unidades em 2014 e 1 em 2013, não necessariamente as mesmas, de Leitura. Desse modo, foi possível comparar 29 unidades escolares em 2013 com 2014. O panorama é diferente da disciplina de Leitura, pois em N1, 66% das escolas comparadas aumentaram seus resultados em 2014; destas, 60% reduziram os percentuais em N2; no total neste nível, 17 escolas conseguiram reduzir seus percentuais.
Sobre N3, 48% das escolas aumentaram seus desempenhos, outros 48% reduziram seus desempenhos e 4% se mantiveram estáveis. Com relação a N4, 65% das escolas reduziram o desempenho, sendo este um índice alto para o nível.
O objetivo do artigo foi identificar a participação dos professores nas capacitações oferecidas e comparar o resultado das avaliações realizadas em 2013 e 2014, no âmbito do PNAIC. O que se observou, no desenvolvimento da pesquisa, foi uma limitação com relação à prova de escrita devido à mudança feita no formato da avaliação.
Observou-se, contudo, que existe uma participação decrescente nas capacitações do PNAIC. Na rede estadual de ensino das 14 escolas com possibilidade de comparação, 71% reduziram o número de professores capacitados em 2014 pelo PNAIC. Na rede municipal, das 37 escolas com disponibilidade para o cálculo, 54% diminuíram o número de profissionais participantes do mesmo programa. Isso pode implicar uma dificuldade para ampliar a qualidade da Educação Básica no município, assim como deverá influenciar os resultados da Avaliação ANA ─ Avaliação Nacional de Alfabetização nos próximos anos.
Neste momento, o que se percebe é que cada escola apresenta um resultado sobre a avaliação. Sugere-se que cada uma deve investigar os motivos e as influências sobre esse resultado e planejar atividades que contribuam para a melhoria da aprendizagem conforme as dificuldades identificadas na avaliação. Além disso, visto que esta pesquisa se ateve mais a um âmbito quantitativo, identifica-se a necessidade de outras pesquisas sobre a temática, pesquisas que possam evidenciar mais o contexto qualitativo dos dados analisados.
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1. Bacharel em Ciências Contábeis e licenciada em Matemática, mestre em Agronegócios e doutoranda em Desenvolvimento Regional e Agronegócios pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná; Email: lucianamario@yahoo.com.br
2. Bacharel e licenciado em Geografia, licenciado em Pedagogia, mestrando em Agronegócios pela Universidade Federal da Grande Dourados.