Espacios. Vol. 37 (Nº 35) Año 2016. Pág. 14

Capacidade absortiva na produção artesanal de cervejas

Absortiva capacity in the production of hand-crafted beers

Ana Claudia Machado PADILHA 1; Bruna CERVO 2; Juliana Birkan AZEVEDO 3; Antônio Genésio VASCONCELOS NETO 4; Paloma de Mattos FAGUNDES 5

Recibido: 27/06/16 • Aprobado: 12/08/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Revisão da literatura

3. Procedimentos metodológicos

4. Apresentação das empresas

5. A capacidade absortiva na produção industrial de cervejas artesanais

6. Fatores que influenciam a capacidade absortiva

7. Considerações finais

Referências


RESUMO:

O artigo objetivou identificar os conhecimentos prévios e novos que são aplicados na produção artesanal de cerveja que contribuem para o alcance de diferencial competitivo. A pesquisa foi exploratória, qualitativa, do tipo estudo de caso, e os dados coletados através de entrevistas com os mestres cervejeiros das duas cervejarias selecionadas para a pesquisa. Os resultados indicaram que os mestres cervejeiros possuem conhecimento prévio que são aplicados no desenvolvimento de novas cervejas, os fatores internos são os que mais influenciam a capacidade absortiva, os fatores externos também são importantes, pois as tendências do mercado influenciam oportunidades de negócios para as empresas.
Palavras-Chave: Capacidade absortiva; Cervejaria; Empreendedorismo.

ABSTRACT:

The article aimed to identify the previous and new knowledge are applied in craft beer production that contribute to the achievement of competitive advantage. The research was exploratory, qualitative, type case study, and the data collected through interviews with the master brewers of the two breweries selected for research. The results indicated that the master brewers have prior knowledge that are applied in the development of new beers, domestic factors are that influence the absorptive capacity, the external factors are also important, as market trends influencing business opportunities for companies.
Key-Words: Absorptive capacity; Brewery; Entrepreneurship

1. Introdução

O agronegócio tem ocupado posição de destaque no âmbito global, registrando importantes avanços quantitativos e qualitativos, o que mantém o com geração de renda cada vez mais elevada, demonstrando o dinamismo e a capacidade de impulsionar os demais setores da economia mundial (OECD/Food and Agriculture Organization of the United Nations, 2015). Dentre as diversas cadeias produtivas que compõem o agronegócio, destaca-se a da cevada. Esta vem se organizando para atender à crescente demanda por matéria prima. Durante os anos de 2007 a 2013, sua produtividade mundial (quilos de cevada produzidos por hectare plantado) cresceu 21,94%, o que equivale à taxa de crescimento média, aproximada, de 3,66% ao ano. Dentre os usos da cevada, uma delas é a sua utilização no processo de fabricação de cervejas. A produção de cerveja, em nível mundial, no período de 2003 a 2013 cresceu 3,13% ao ano, aproximadamente. Dentre os continentes de maior produção da bebida, aponta-se o americano, com 31,3% da produção mundial. No recorte da América Latina, tem-se o Brasil como maior produtor, estando entre os cinco maiores produtores mundiais de cerveja à base de cevada (Faostat, 2015).

A inserção da cerveja no Brasil remonta ao século XVII, trazida pela Companhia das Índias Orientais, junto com os holandeses. Com a saída dos holandeses do país em 1654, o produto sumiu por quase 150 anos, reaparecendo apenas em 1808, quando a Família Real Portuguesa desembarcou no Brasil Colônia. A partir deste acontecimento, algumas iniciativas pioneiras de produção artesanal de cerveja foram realizadas por famílias de imigrantes, mas apenas para seu próprio consumo (Morado, 2009). Somente em 1995 surgiu a primeira micro cervejaria comercial do Brasil, no estado do Rio Grande do Sul. Este estado logo se tornou referência na fabricação de cervejas especiais. Diante deste cenário, surge no país um novo segmento para a cerveja, resultado da modificação dos hábitos dos consumidores, além da busca por produtos diferenciados dos já massificados oferecidos no varejo.

Com isso, as micro cervejarias passaram a oferecer produtos premium ou gourmet, ganhando espaço em locais tradicionais, como barzinhos, pubs e restaurantes, através de consumidores que procuravam produtos especializados. Além disso, com o surgimento de novas marcas, os consumidores passam a dispor de mais opções, tanto em termos de origem, quanto a sabores e aromas, atingindo inclusive o público mais jovem e em ascensão, que opta pela qualidade e diferenciação do produto. Estas características fazem com que a busca pela inovação no setor cervejeiro seja constante, já que a competitividade do setor vem aumentando, tanto entre as micro cervejarias, quanto destas com as grandes empresas tradicionais do setor.

Neste contexto de acúmulo de experiência, contato com mercado acirrado e busca por novidades que que se insere a capacidade absortiva. Introduzida por Wesley Cohen e Daniel Levinthal em artigo publicado em 1989 no Economic Journal, a capacidade absortiva passou a ser utilizada como construto na pesquisa acadêmica. Do ponto de vista conceitual, Cohen e Levinthal (1989) foram os primeiros a analisar a “capacidade abortiva”, que é a habilidade da empresa de identificar, assimilar e explorar o conhecimento do ambiente.  Esta habilidade  propicia o reconhecimento do valor de novas informações, advindas de fontes externas, assimilando-as e aplicando-as com fins comerciais, de forma estratégica e com base na inovação (Cohen e Levinthal, 1990). Inclusive tais autores propõem um modelo para este processo. Complementarmente, a capacidade absortiva possibilita à empresa a aquisição e utilização da informação, do conhecimento, da cultura e dos valores, convertendo esses atributos em estratégias, facilitando a disseminação do conhecimento para os demais membros da instituição.

Nesse sentido, surgem alguns questionamentos que balizam esta pesquisa: Quais fatores levam empreendedores a se dedicarem a produção de cervejas artesanais? Que base de conhecimentos prévios são utilizados na atividade de produção deste produto? Que tipo de conhecimentos novos são identificados, assimilados, transformados e aplicados no empreendimento de produção de cerveja artesanal?

Com base nestas questões, o objetivo desta pesquisa é identificar quais são os conhecimentos prévios e novos que são aplicados na produção artesanal de cerveja que contribuem para o alcance de diferencial competitivo.

2. Revisão da literatura

Neste capítulo são apresentados os principais conceitos teóricos que serviram de base para a pesquisa.

2.1. Conhecimento

A competição baseada no conhecimento tem sido observada por empresas voltadas para o campo da aprendizagem, as quais estão em constante desenvolvimento de capacidades. Estas se relacionam com a vantagem competitiva uma vez que necessitam de alguns elementos básicos como: eficiência, inovação, qualidade e estudo do mercado em que está inserida (Padilha, 2009). Conforme a autora, pode-se entender o conhecimento como o ato de conhecer e/ou procurar saber. Esse conhecimento pode ser obtido por vários meios, tais como livros, jornais, revistas, internet e outros meios de comunicação. No entanto, o conhecimento dependerá da razão ligada ao raciocínio, para fazer surgir o entendimento ou explicação do que é aquilo que se “conhece”.

Magalhães (2005) conceitua conhecimento como o processo de compreender para adquirir o domínio sobre alguma parcela do universo, entendido materialmente ou não, podendo abranger um objeto mental, além de objetos materiais. Para este autor, o conhecimento significa o elemento chave que compõe a cadeia de valor indispensável ao processo de desenvolvimento da inovação. Parte-se de profissionais aptos a desenvolverem atividades, criar e compartilhar novas ideias no âmbito das organizações, fazendo com que sejam gerados novos significados para conteúdos emergentes nas organizações (Nonaka e Taukeuchi, 2008). Portanto, o conhecimento é responsável pelo processo humano dinâmico de justificar a crença pessoal com relação à ‘verdade’. Porém, este processo de transformação da informação em conhecimento não é algo linear ou óbvio. Ao contrário, caracteriza-se como complexo e subjetivo. Isto se deve ao fato de que, ao ser absorvida, a informação interage com processos mentais lógicos e não lógicos, experiências anteriores, insights, valores, crenças e inúmeros outros elementos que subjazem na mente do sujeito (Carvalho, 2012).

Esta percepção vai ao encontro do conceito apresentado por Davenport (2003), que afirma que o conhecimento é uma mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual e insights experimentado. Esta mistura proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Assim, pode-se entender que o conhecimento tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Quando está neste formato, o conhecimento caracteriza-se como tácito, pertencendo às pessoas que o detêm e aplicam. Quando registrado e documentado, o conhecimento passa a ser considerado como explícito, podendo ser utilizado por outras pessoas que não necessitam passar pelo mesmo processo que levou ao seu desenvolvimento, apenas aplica-lo ou melhorá-lo. Nas organizações, o conhecimento também pode estar presente sob as duas classificações, tácito ou explícito, na medida em que estão presentes em documentos, rotinas, processos, práticas, saberes ou normas organizacionais (Swink, Narasimhan e Kim, 2005).

Neste mesmo sentido, Bukowitz e Williams (2002) defendem que o conhecimento, no âmbito organizacional, é qualquer coisa valorizada pela organização que esteja contida nas pessoas, ou seja, derivada de processos, de sistemas e da cultura organizacional. Como exemplo tem-se as habilidades individuais, normas e valores, base de dados, marcas e segredos organizacionais, metodologias, entre outros. Além disso, o conhecimento pode ser utilizado para reagir ao status quo e, se possível, transformá-lo, por meio de produção da sua cultura, técnica, artes, valores e outros fatores.  Ao transformar a realidade, com obtenção de melhores resultados, o conhecimento atua como vetor para alterações nas organizações e nos setores produtivos nos quais estão inseridas. Quando estas alterações são perceptíveis e preferida pelos clientes frente às outras empresas, alcança-se vantagem competitiva (Cao e Zhang, 2011). Por fim, a capacidade que uma empresa tem de criar, disseminar e incorporar o conhecimento em suas habilidades técnicas torna-as altamente competitivas em suas cadeias produtivas. Assim, cabe à empresa possuir capacidade não só para gerar este conhecimento, como também absorvê-lo para aplica-lo em suas atividades e rotinas, proporcionando melhores resultados. Esta capacidade, conhecida como absortiva, será apresentada no próximo tópico.

2.2. Capacidade Absortiva

O conceito de Capacidade Absortiva (Absorptive Capacity) foi utilizado pela primeira vez por Cohen e Levinthal (1989), que cunharam o conceito como a habilidade da empresa de identificar, assimilar e explorar o conhecimento do ambiente para fins comerciais.  No entanto, para exercer a capacidade absortiva, a empresa depende de sua experiência interna, do conhecimento especializado e de processos apropriados, que lhe permitam identificar e utilizar o significado das ideias externas e oportunidades de inovações. Neste mesmo sentido, Daghfous (2004) afirma que a capacidade absortiva possibilita a empresa adquirir e utilizar eficientemente o conhecimento, tanto externo e interno. Estes conhecimentos transformam e afetam a habilidade da empresa para inovar e se adaptar às mudanças ambientais, com foco na competitividade.

A capacidade absortiva organizacional depende da capacidade absortiva dos seus profissionais, ou seja, a capacidade absortiva de uma empresa é a soma das capacidades absortivas de seus empregados (Cohen e Levinthal, 1990). No entanto, os empregados acrescentam, individualmente, criatividade necessária para ajudar a empresa a criar valor único, a partir de novos conhecimentos, que possam ser utilizados como diferenciais competitivos. Além disso, os referidos autores estimulam investigação empírica sobre a capacidade de aprendizagem, envolvendo o desenvolvimento de habilidades para assimilar conhecimento existente. Reforçam, também, a pesquisa sobre as habilidades de resolução de problemas, que representam capacidade para gerar novos conhecimentos. Destaca-se que a capacidade absortiva pode ser afetada por fatores internos, como estrutura organizacional, tamanho da empresa, estratégia, conhecimento prévio e responsabilidade organizacional. Além deles, existe a interação com fatores externos, que incluem o ambiente de conhecimento externo e a posição das empresas em redes de conhecimento (Daghfous, 2004).

Mesmo com o trabalho seminal sobre capacidade absortiva ser de 1990 (Cohen e Levinthal, 1990), o aprofundamento do conceito deu-se somente na década seguinte. Isto ocorreu com o surgimento do novo conceito oferecido por Zahra e George (2002). Tais autores apresentam distinção entre a capacidade absortiva potencial (CAP) e capacidade absortiva realizada (CAR). Segundo os autores, a CAP inclui as potencialidades da aquisição e da assimilação. Já a CAR inclui a transformação e a exploração das potencialidades uma vez que estas não podem ser desvinculadas do conhecimento.

Figura 1. Modelo de capacidade absortiva.
Fonte: Adaptado de Zahra e George (2002)

A Figura 1 sugere que as fontes de conhecimento externo, oriundo de várias fontes e apresentados de diferentes formas, influenciam significativamente a capacidade absortiva potencial, influenciando a aquisição e a assimilação das capacidades.  Além deles, existem também os processos internos, que são os desencadeadores da ativação, mecanismos de integração social e regimes da apropriação, que podem ajudar ou afetar o processo de transformação do conhecimento “bruto” em vantagem competitiva (Zahra e George, 2002). Com isso, estes autores apresentam quatro diferentes dimensões para a capacidade absortiva: aquisição, assimilação (ambos relativos à CAP), transformação e exploração (ambos relativos à CAR) do conhecimento, de acordo com os seguintes conceitos:

  1. Aquisição: representa a atividade de identificar e adquirir conhecimento externo crítico as operações.
  2. Assimilação: comporta as rotinas e processos que permitem analisar, processar, interpretar as informações obtidas das fontes externas.
  3. Transformação: é onde se aloca o aspecto de desenvolver e refinar as rotinas para facilitar a combinação do novo e do velho conhecimento existente.
  4. Exploração: se configura por refinar, estender e nivelar as competências existentes, ou a criação de novas competências, incorporando o conhecimento novo e transformando em práticas operacionais.

Para a execução destes processos que envolvem as dimensões da capacidade absortiva, a empresa depende dos processos e rotinas dentro da organização (Lane, Koka e Pathak, 2006). Assim, a organização necessita reconfigurar e realinhar as ações relativas à gestão do conhecimento, tanto do já existente quanto o que será adquirido, para adaptarem-se às mudanças das condições ambientais, antes de seus concorrentes, buscando a vantagem competitiva. Estas práticas auxiliam as empresas a novas oportunidades de negócios, alianças organizacionais e disseminação da informação. Tais atividades são realizadas com intuito de obtenção de vantagem competitiva.

No entanto, o conhecimento sozinho não é suficiente. A empresa necessita dispor de ferramentas para explorar apropriadamente este conhecimento embutido nas atividades organizacionais. Isso significa que, desenvolvendo a capacidade absortiva por intermédio de seus elementos primários, cada capacidade absortiva dos empregados torna-se por sua vez essencial para a competitividade organizacional (Daghfous, 2004).

Portanto, percebe-se que existem alguns fatores que desencadeiam os processos de utilização e transformação do conhecimento, para que sejam utilizados pelas organizações, através da capacidade absortiva. Além disso, esta transformação do conhecimento utilizará tanto conhecimentos já existentes quanto novos conhecimentos para serem aplicados à organização e transformarem seus resultados. Com isso, as empresas podem obter vantagens competitivas frente aos seus concorrentes.

Aliando este arcabouço teórico ao setor de bebidas artesanais, mais notadamente as cervejas, esta pesquisa objetiva identificar quais são os conhecimentos prévios e novos que são aplicados na produção artesanal de cerveja que contribuem para o alcance de diferencial competitivo.

3. Procedimentos metodológicos

Visando alcançar o objetivo proposto, a pesquisa tem caráter exploratório. Este tipo de pesquisa objetiva proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses (Diehl e Tatim, 2004). Geralmente, envolve etapas como revisão teórica, conhecimento do campo de estudo, levantamento de dados junto aos atores dos processos a serem pesquisados. Estas atividades auxiliam na obtenção de informações através do contexto e pessoas que possuem experiência e prática com o problema pesquisado.

A coleta de dados adotada foi a qualitativa, que tem por objetivo mensurar variáveis através de conceitos, valorações pessoais, por meio de observações e entrevistas semiestruturadas. Neste tipo de coleta é fundamental a interação entre pesquisador e pesquisado (Yin, 2009). A abordagem qualitativa pode descrever a complexidade de determinado problema e a interação de certas variáveis. Além disso, esta abordagem possibilita compreender e classificar os processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança e viabilizar o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos (Miles, Huberman e Saldaña, 2014).

Quanto ao procedimento técnico adotado foi o estudo de caso. Diehl e Tatim (2004) caracterizam-no como estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de pesquisa, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. Esta tarefa torna-se mais complexa ou inviabilizada mediante outros possíveis procedimentos de pesquisa. Além disso, o estudo de caso permite vantagens como novas descobertas e flexibilidade nos procedimentos fazendo com que o delineamento fique mais adequado em várias situações.

3.1. Caracterização do Setor

Para atingir os objetivos propostos, esta pesquisa escolheu como setor econômico, dentre as áreas do agronegócio, especificamente empresas relacionadas à produção de cervejas artesanais.  No Brasil a cerveja demorou a apontar, tendo sido primeiramente trazida pela Companhia das Índias Orientais, no século XVII, junto com os holandeses (Morado, 2009). Com a saída dos mesmos do país, a cerveja só retornou em 1808, com a chegada da Família Real Portuguesa. A partir da década seguinte, imigrantes europeus começaram a utilizar-se de mão de obra para produzir cerveja, em pequena escala, destinada aos comércios locais. A primeira linha comercial de produção cervejeira no Brasil, que se tem registro, coube ao alemão Georg Heinrich Ritter, em 1846. Esta pequena fábrica instalou-se na cidade de Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul (Beltramelli, 2014). Em 1888, surgiram as duas grandes cervejarias que moldariam a história do Brasil: a Companhia Cervejaria Brahma e a Companhia Antarctica Paulista. O início do século XX foi marcado pelo surgimento de micro cervejarias e o início do processo de industrialização da bebida.

“A cultura cervejeira no Brasil passa por uma transformação impulsionada pelo renascimento da cerveja em todo mundo. Em 1999 a partir da fusão entre a Cia Cervejaria Brahma e a Cia Antarctica Paulista, surge a AmBev (Companhia de Bebidas das Américas) que posteriormente tornou-se InBev devido a fusão com a gigante Belga Interbrew, o que tornou-se um dos fatos mais marcantes da história da cerveja brasileira e mundial nas últimas décadas sendo, a partir de 2004 a maior produtora do mundo”. (Morado, 2009, p.56)

Em 2008, a InBev adquiriu a maior cervejaria dos Estados Unidos, a Anheuser-Bush, e passou a atender pelo nome de AB-InBev, tornando-se uma das empresas mais expressivas em seu mercado. Na contramão do consumo de cerveja em massa surgiu, no início do século XXI, o renascimento das cervejas especiais. Estas se caracterizaram como aquelas que ofertam diferenciais na composição ou apresentação. Este processo se deu por meio das micro cervejarias, importadores de cervejas e cervejeiros caseiros, em todo o país. Este grupo foi transformando o cenário de ofertas de produtos, despertando a curiosidade dos formadores de opinião e do público em geral (Morado, 2009). Sendo assim, a disputa pelo mercado brasileiro se faz em duas frentes: a do tradicional produto de massa e a das cervejas especiais.

No entanto, ao se abordar o processo produtivo da cerveja, depara-se com sua principal matéria prima, a cevada. Mesmo que, às vezes, possam ser acrescentados à fabricação da cerveja outros cereais, tais como milho, trigo e aveia, a cevada continua sendo o cereal mais utilizado neste tipo de bebida. A cevada tem algumas características que a tornam mais adequada para a produção de cerveja do que outros cereais: possui alto teor de amido; contém outras proteínas que proporcionam o equilíbrio nos efeitos em relação à espuma, ao corpo e à estabilidade coloidal; possui teor de lipídios relativamente baixos; quando maltada, possui um teor elevado de enzimas; menor custo; além de melhor adequação para maltar, quando comparada a outros cereais (Morado, 2009). Estima-se que 50% da produção da cevada que é transformada em malte no Brasil é produzida em território nacional. Cultivada em escala comercial para uso na fabricação do malte, a cevada é principal matéria prima da indústria cervejeira. O Brasil, mais especificamente algumas regiões do sul do país, são bastante propícias à produção de cevada. Isto se deve à presença de fatores climáticos propícios a esta cultura agrícola. Especificamente no estado do Rio Grande do Sul, destacam-se as seguintes localidades: região central do estado, microrregião de Cruz Alta e Santiago, além da microrregião de Erechim e Passo Fundo (EMBRAPA, 2012). Diante de tais características, esta última região foi a escolhida para a realização desta pesquisa.

A cerveja pode apresentar considerável gama de sabores aromas, intensidades de amargor, refrescância e teor alcoólico. Estas variáveis contribuem para aumentar a possibilidade de combinações e novas criações, por parte dos mestres cervejeiros. Isto torna a bebida flexível e capaz de agradar diversos paladares. Mesmo com a presença dos produtos de marca, as cervejas especiais conseguiram alcançar o consumidor tradicional, sendo vendidas, também, em grandes redes varejistas. Sua diferenciação se dá por aspectos visuais, tais como rótulos, embalagens e preços, além das propriedades organolépticas já destacadas.

3.2. Caracterização das Micro Cervejarias

Tradicionalmente, a direção da formulação das cervejas é confiada ao mestre cervejeiro. Este prima pelos padrões técnicos e busca produzir a bebida de acordo com as melhores práticas, desenvolvidas ao longo dos anos. Com os avanços tecnológicos, as fábricas possuem total controle sobre a produção e a qualidade de seus produtos. Além disso, possuem outras vantagens, como a estabilização do produto, redução de custos, inovação de estilos e atendimento estratégico do mercado. Atentas aos desejos dos consumidores, grandes cervejarias são capazes de inovar, desenvolver e fornecer produtos, de alta qualidade e conformidade, em qualquer parte do mundo (Morado, 2009). No entanto, a cervejarias menores são mais focadas nos mercados regionais e locais, com a vantagem de oferecer diversificação e experimentação, por possuírem mais afinidades com os gostos e costumes locais, que acabam influenciando na elaboração das bebidas. Elas percebem nichos e oportunidades que não são aproveitadas pelas grandes cervejarias, além de menores dificuldades quanto à logística de distribuição, em âmbito local.

Segundo Morado (2009), o capitalismo, porém, é mais jovem que a cultura cervejeira. Isto demonstra que, independentemente das regras e conceitos de oferta e demanda, grupos de apreciadores de cerveja deram a origem a um movimento, que se tornou fenômeno, ao se reunirem para fabricar a própria bebida. Com o tempo, o hábito de fabricar cerveja na própria casa – homebrewing – ou em instalações alugadas – brew on premise – espalhou-se pelo mundo. O termo micro cervejaria surgiu recentemente para designar os empreendimentos que visam produzir cerveja com diferencial, de abrangência local, geralmente atendendo a argumentos de tradição e/ou qualidade diferenciada.  Segundo Beltramelli (2014), o diferencial das cervejas artesanais se dá com a interpretação de estilos históricos e características únicas locais, desenvolvendo novos estilos de cervejas. Estes produtos são elaborados com ingredientes tradicionais (como a cevada maltada) e ingredientes “não tradicionais”, que são acrescentados para realçar seu caráter distintivo. No entanto, os cervejeiros artesanais adotam abordagens individuais e personalizadas para conectar-se com seus clientes.

O mercado das cervejas artesanais, no Brasil, já representa de 2% a 3% do consumo de cervejas, segundo a CervBrasil (Associação Brasileira da Indústria da Cerveja, 2014). De acordo com o Sebrae (2016), as cervejas especiais representavam 8% do mercado nacional da bebida em 2012 e encerraram 2014 com uma participação de 11%, com 300 microcervejarias no Brasil, e a projeção é de que essa cota suba para 20% em 2020. A primeira micro cervejaria do Brasil foi a Dado Bier, fundada em 1995 no estado do Rio Grande do Sul, sendo uma referência na fabricação de cervejas especiais. Tal pioneirismo levou o estado a possuir considerável concentração de micro cervejarias.

3.3. Coleta de dados

Diante dos objetivos elencados para esta pesquisa, bem como a metodologia qualitativa de estudo de casos, abordando micro cervejarias, optou-se pela escolha de duas empresas que possuíssem tal perfil, para que sejam objeto de pesquisa deste trabalho. Em ambos os casos, a coleta de dados se deu com os mestres cervejeiros e sócios, por serem os detentores dos conhecimentos envolvidos nos processos de fabricação das bebidas e conhecedores do negócio em si, respectivamente. Uma das empresas selecionadas foi a Santa Madre Cervejaria, micro cervejaria, do Rio Grande do Sul, que atua no mercado há dois anos e conta com 13 colaboradores incluindo os dois sócios. Por ser uma empresa recente no mercado, foi escolhida para verificar quais os conhecimentos prévios e quais os novos que a mesma pode adquirir junto ao mercado e ao seu público consumidor. Também participou da pesquisa o mestre cervejeiro da empresa Bier Site Microcervejaria (Microcervejaria De Carli), que, desde 1999 atua na atividade de produção de cerveja, bem como casa de eventos. Atualmente, dispõe de cinco colaboradores atuando diretamente na produção de cerveja, além de cinco sócios, que não participam da produção.

Para coleta de dados foi utilizado um questionário para entrevista semiestruturada de profundidade, com 80 perguntas. Os tópicos abordados referem-se a aquisição, assimilação, transformação e exploração do conhecimento e da capacidade absortiva da empresa. As entrevistas foram respondidas pelo sócio e mestre cervejeiro na empresa Santa Madre e pelo mestre cervejeiro na Bier Site. Os dados obtidos nas entrevistas passaram por uma análise de conteúdo. Esta abordagem, na concepção de Bardin (1997), apresenta-se como um conjunto de técnicas de análise das comunicações. Com esta análise visa-se obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens.

4. Apresentação das empresas

Neste capítulo são apresentadas informações sobre as empresas pesquisadas, tais como a identificação dos empreendimentos, suas implantações e características específicas sobre a condução de cada empresa. Estas características servem como contextualização das empresas no sentido de se verificar quais eram seus conhecimentos já existentes, as necessidades de cada instituição e que tipo de conhecimentos novos podem ser buscados para alavancar os resultados.

4.1. Identificação e Inserção dos Empreendimentos

Situada na microrregião de Passo Fundo, no estado do Rio Grande do Sul, a empresa Santa Madre Cervejaria instalou-se e deu início às suas atividades no ramo de produção artesanal de cerveja em novembro de 2012. Já a Bier Site Microcervejaria localiza-se no município de Carazinho, também no Rio Grande do Sul, e iniciou sua produção de cerveja no ano de 1999, juntamente com uma casa noturna para eventos. Em ambos os casos, desde o início de suas atividades, o público consumidor é predominantemente da cidade onde estão instaladas as fábricas e de cidades vizinhas. Neste último caso, o produto é comercializado através de revendas ou distribuidores autorizados. O público consumidor é bem variado, no que tange a renda, faixa etária e ocupação profissional. De acordo com a empresa Santa Madre, nos meses de outubro a janeiro existe uma demanda acentuada devido ao clima e às festividades. Em sintonia com esta fala, o mestre cervejeiro da Bier Site comentou que: “O mês de dezembro, com final de ano, natal, eventos corporativos, que são sempre nessa época, aumentam muito o consumo”.

Quanto à disponibilidade, as duas empresas possuem estradas de acesso, boa sinalização, telefone e internet, itens que proporcionam facilidades que vão desde a distribuição do produto até a parte comercial. Particularmente, a Bier Site está situada no trevo da cidade, próximo a um entroncamento rodoviário, ou seja, com localização estratégica para fins de acesso e escoamento de mercadorias. Na produção, parte central responsável pela da diferenciação dos produtos, tem-se uma série de cuidados para que todo o processo seja conduzido dentro das melhores práticas de produção. Isto inicia-se pelas condições de saneamento, por ser a água o principal produto que pode ajudar ou prejudicar a fabricação da bebida. Atualmente, a Santa Madre tem como fonte de abastecimento a água fornecida pelo sistema público através da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Porém, visando garantir a avaliação da qualidade da água, esta é submetida a análise sistematicamente pela Universidade de Passo Fundo – RS. Por sua vez, a Bier Site tem como principal fonte de abastecimento de água um poço artesiano, cuja análise (de água e efluentes) é realizada periodicamente, a fim de manter o controle da qualidade e realização dos ajustes prévios, caso sejam necessários. A capacidade produtiva das duas empresas é a mesma: 60 mil litros/mês. Destaca-se que os resíduos da produção, como o bagaço, por exemplo, são vendidos para empresas que atuam no ramo de fabricação de ração animal. Isto demonstra não só a preocupação com o devido descarte ambientalmente correto dos resíduos, como também favorece certo aporte financeiro com este produto secundário.

4.2. Implantação do Empreendimento de Produção de Cerveja Artesanal

A implantação do empreendimento de produção artesanal de cerveja na Santa Madre deu-se pela motivação do mestre cervejeiro. Dentre os fatores pode-se citar seu vasto conhecimento no ramo, perspectiva de crescimento do mercado, alta rentabilidade do negócio, além de sua vontade de ter o próprio negócio. Outro ponto levado em consideração na implantação da Santa Madre foi o planejamento para instalação da fábrica. O empreendedor realizou estudos prévios, elaborou projetos, além de obter apoio técnico da empresa contratada para a instalação da estrutura. No entanto, para instalar a fábrica o empreendedor encontrou algumas dificuldades, relativas ao local para instalação, além das licenças municipais e ambientais, entre outras questões. Destaca-se ainda a dificuldade para encontrar mão de obra qualificada para atuar no setor.

Com relação à empresa Bier Site, sua influência se deu pela Dado Bier, outra micro cervejaria situada na cidade de Porto Alegre. Não só esta empresa serviu como influência, mas também o fato de um dos sócios ter verificado demanda de mercado para este produto em outra região do mesmo estado. O mestre cervejeiro da Bier Site não acompanhou o processo de implantação da atividade. Portanto, não soube explicar as dificuldades encontradas no início. Porém, ressaltou que houve acompanhamento técnico de uma empresa de consultoria, que atua com a empresa até os dias atuais, o que sinaliza para segurança e confiança no trabalho realizado.

4.3. Dados da Ocupação da Mão de Obra

A mão-de-obra atuante na atividade de produção da Cervejaria Santa Madre é controlada pelo mestre cervejeiro. Este possui capacitação específica para a produção artesanal de cerveja. Além dele, existem mais duas pessoas, com ensino médio completo e com disponibilidade para auxiliar na fábrica em horários diferenciados. Na Bier Site há cinco pessoas atuando na área operacional da micro cervejaria. Dois deles, também com ensino médio completo são responsáveis diretamente pela produção da bebida. Para ambas as empresas a qualidade da mão-de-obra é considerada fundamental para a execução das atividades, uma vez que o trabalho é artesanal.

O treinamento dos funcionários envolvidos na produção em ambas as fábricas é realizado pelo mestre cervejeiro. Este já possui conhecimento prévio sobre o produto e repassa para os demais funcionários através de conversas informais durante as atividades diárias da empresa. De acordo com o mestre cervejeiro da Bier Site “a mão de obra neste ramo é fundamental, especialmente por se tratar de uma cervejaria artesanal e os equipamentos exigirem investimentos bem altos. Então o trabalho é mais manual, desde a parte de enchimento de barris e limpeza”. Além disso, ele ainda ressalta que “hoje, a questão de mão de obra qualificada é o maior problema que a gente enfrenta”. Por não ter um processo padrão para seleção de pessoas, ela é feita por meio de uma conversa informal com os sócios da empresa na Santa Madre. Já na Bier Site existe um processo por indicação, porém, igualmente informal.

Quando indagado sobre as áreas prioritárias para treinar e capacitar à mão-de-obra, o respondente da Santa Madre citou a higiene. Esta possui ligação direta com a área de produção, que é fundamental na empresa. Em seguida, aparecem as áreas de atendimento ao público, gestão administrativa, financeira e logística. Em congruência com este pensamento, o mestre cervejeiro da Bier Site também comentou que a higiene é o fator fundamental, por se tratar do ramo alimentício. Além disso, ressaltou a necessidade de se acompanhar a qualidade na produção da bebida. Destacou que cada vez há mais marcas de cerveja no mercado. Portanto, também é crescente a necessidade de se destacar junto ao cliente, que está mais exigente e a empresa precisa se diferenciar frente aos concorrentes. Por fim, constata-se que existe a dificuldade de mão-de-obra qualificada, que busca por profissionais que tenham disponibilidade de aprender novos assuntos, aplicar conhecimentos e perseverança para estar sempre em busca de algo novo. Estas foram as características necessárias para a mão de obra para atuar na área de micro cervejaria, conforme os entrevistados.

4.4. Gestão e Administração Financeira

Com relação à gestão e à administração financeira da Santa Madre, toda a decisão relacionada à produção de cerveja dá-se pelo sócio, que também é o mestre cervejeiro. As demais decisões são tomadas juntamente com o outro sócio. Quando questionado sobre a origem dos recursos financeiros, o sócio da Santa Madre não entrou em detalhes. Ele somente relatou que gestão administrativa e financeira é importante para a saúde financeira da empresa e sua competitividade. Já na Bier Site, os proprietários e diretores tomam as decisões em conjunto. Eles comentaram que a preocupação com o controle financeiro, atualmente, está ligada com o fato de a matéria prima ser importada. Ou seja, os insumos são cotados em dólar, o que traz a necessidade de maior controle a ajuste de preços e custos, devido à variação cambial.

4.5. Divulgação

Uma das ferramentas bastante utilizadas no setor cervejeiro é a divulgação. A estratégia adotada pela empresa Santa Madre foi através de anúncios em rádios locais da região, sites, veículos emblemados. Isto tem gerado grande procura do produto em bares, pubs e restaurantes. Com isso, estes estabelecimentos procuram a marca para se tornarem revendas autorizadas. Já a empresa Bier Site possui casa noturna com eventos, shows e pub, o que já faz um direcionamento das vendas. Além disso, também aposta em divulgação feita por rádio, internet e redes sociais.

4.6. Impactos da Atividade de Produção de Cerveja Artesanal

Na cervejaria Santa Madre, a produção artesanal de cerveja possui alto grau de participação na economia familiar. Segundo o sócio que é mestre cervejeiro, é através de sua satisfação em produzir cerveja, do apoio da família e de sua equipe de trabalho que ele espera continuar fabricando a cerveja do tipo Pilsen. Com isso, espera consolidar o produto no mercado, alcançando uma identidade e aumentando as vendas. Outro ponto destacado é o desenvolvimento de uma cerveja escura para a marca, procurando oferecer mais opções para seus clientes.

Já com relação à Bier Site, o entrevistado acredita que, com relação à participação dos resultados do negócio para a economia familiar dos proprietários, o grau de impacto da atividade é mediano. Isso se deve ao fato de que eles também possuem o empreendimento de casa de eventos. Ele comenta que a cerveja artesanal tem tido grande mercado, estimulando projetos de investimento para abranger maior público, além de ampliar a produção. Conforme os dois respondentes, cada cerveja artesanal é única. Com isso, é a qualidade dos produtos que os diferencia dos demais empreendimentos de sua área de atuação. Isto se deve ao fato de que cada mestre cervejeiro possui sua própria “receita” para produzir cerveja, tornando-as especiais.

5. A capacidade absortiva na produção industrial de cervejas artesanais

A capacidade absortiva é definida por Zahra e George (2002) como um conjunto de rotinas organizacionais e processos pelos quais as empresas adquirem, assimilam, transformam e exploram o conhecimento para produzir uma capacidade dinâmica organizacional. Diante deste conceito, serão apresentados como a capacidade absortiva das empresas as auxiliou na utilização dos conhecimentos prévios para aquisição, assimilação, transformação e exploração de conhecimentos novos, gerando vantagens competitivas.

5.1. O Conhecimento Prévio

O conhecimento prévio é o conhecimento adquirido anteriormente quando diante de uma determinada situação. Segundo Cohen e Levinthal (1990), o conhecimento prévio representa a habilidade para reconhecer o valor dos novos conhecimentos, sua assimilação e sua aplicação em fins comerciais. Com relação ao conhecimento prévio para a produção artesanal de cerveja, o sócio, que também é mestre cervejeiro, da empresa Santa Madre Cervejaria revelou:

“A cervejaria iniciou suas atividades a partir do conhecimento prévio que eu adquiri durante o tempo em que trabalhei na fábrica da empresa Brahma, a qual tinha instalações na cidade de Passo Fundo e posteriormente, em uma micro cervejaria da região. Tenho experiência no ramo de cervejas artesanais há 30 anos e, por isso, resolvi montar o meu próprio negócio”.

No que tange a base do conhecimento prévio, o sócio da Santa Madre relatou que tal conhecimento foi adquirido através de cursos, treinamentos, troca de ideias com pessoas do ramo e com a prática na área de produção de cerveja. Por fim, destaca-se o conhecimento prévio como um fator preponderante para o início das atividades da empresa, sem o qual não se teria dado início ao empreendimento.

Com relação à Bier Site, o mestre cervejeiro não acompanhou o início das atividades. Isto se deve ao fato de que sua chegada à empresa se deu para substituir o mestre cervejeiro inicial. No entanto, ele relata que no início da empresa houve uma situação favorável que contribuiu para os avanços do empreendimento:

“No começo do projeto, houve uma coincidência que quando o proprietário teve a ideia de abrir uma cervejaria, o senhor que foi o primeiro mestre cervejeiro havia saído há pouco tempo de uma cervejaria que havia fechado em Passo Fundo, aproveitando a capacidade e o conhecimento dele”.

5.2. Conhecimento Novo

Davenport (2003) conceitua o conhecimento como uma mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual e insights experimentados, a qual proporciona devida estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Com base neste conceito, o sócio da Santa Madre (mestre cervejeiro) relata que: 

“Existe a demanda por novos conhecimentos para a produção de cerveja e, para suprir essa demanda se busca o conhecimento através de cursos e treinamentos junto à empresa Agrária Maltaria, internet, revistas e conversas informais com pessoas do setor.(...) O conhecimento é de extrema importância para o negócio já que, o consumo tem sido mais consciente, no entanto com melhor qualidade. A procura pela cerveja artesanal tem crescido significativamente no mercado”.

Conforme identificado na entrevista, o conhecimento novo foi adquirido através de cursos, treinamentos, internet, troca de experiências, além da prática que alimenta a geração por novos conhecimentos. Esta informação é corroborada pelo mestre cervejeiro da Bier Site. Ele também cita a empresa Agrária Maltaria como fonte de conhecimento. De acordo com ele:

“A Agrária é um fornecedor que traz novidade, por ser uma maltaria de grande porte, que fornece também para AMBEV. Além disso, a WE consultoria, cujo proprietário também já foi cervejeiro da Brahma, o que facilita por ‘ser do ramo’, é uma parceria porque ele dá consultoria e vende insumos. E também, com a facilidade das pesquisas na internet, troca de ideias com outros cervejeiros, contato com clientes e até os chamados ‘paneleiros’, que são aquelas pessoas que fazem cerveja em casa e compartilham ideias. Desde o início a receita mudou muito, no início era mais tradicional alemã, mais amarga; e ficou mais leve e mais suave, pelas exigências dos consumidores locais”.

Este quadro vai ao encontro do conceito apresentado por Daghfous (2004). Segundo o autor, a capacidade absortiva é o que tem possibilitado a empresa adquirir e utilizar eficientemente o conhecimento externo e interno. Estes conhecimentos transformam e afetam a habilidade da empresa para inovar e se adaptar as mudanças ambientais, perseguindo como resultado a vantagem competitiva.

5.3. Condições do Ambiente

Nesta condição se destacam três dimensões, que são representadas pelos consumidores, fornecedores e concorrentes. Estas dimensões afetam diretamente o negócio da empresa e também sua capacidade absortiva. Partindo do entendimento que as condições do ambiente influenciam a capacidade absortiva, o sócio (mestre cervejeiro) da Santa Madre relata: “Um dos agentes motivadores pela busca de conhecimento novo é o público consumidor, o qual deve ser ouvido para que se possa aprender e compreender o que o este público realmente está procurando em termos de cerveja artesanal”.

Outros influenciadores pela busca do conhecimento são os fornecedores e concorrentes. Os fornecedores influenciam a busca através da divulgação e amostras do que há de melhor e de novo no ramo de matéria prima. Já com relação aos concorrentes, para se manter à frente do mercado, além de boa relação entre as empresas, é necessário sempre verificar as tendências do mercado, a melhor matéria prima, conhecer o público consumidor, além de outros fatores. O respondente da Bier Site comenta sobre outros empreendimentos semelhantes na região:

“É interessante, porque bem ou mal é uma motivação a mais. Cada vez tu vai procurar melhorar mais teu produto para não perder teu mercado. Eu acho que é uma concorrência saudável. Se tu é a única opção no mercado, tu acaba te acomodando. Mas, com a concorrência, tu vai procurar fazer a mais”.

Por fim, percebe-se que a relação com o público consumidor, fornecedores e concorrentes favorece a identificação, assimilação e aplicação dos novos conhecimentos. Isto os torna competitivos no mercado de produção artesanal de cerveja.

6. Fatores que influenciam a capacidade absortiva

Os fatores internos aparecem como um dos influenciadores da capacidade absortiva. Daghfous (2004) cita alguns destes fatores, dentre eles tem-se: conhecimento prévio, capacidade absortiva individual, nível de qualificação técnica dos empregados, estrutura e cultura organizacional, além do tamanho da empresa. Neste contexto, é apresentado nesta seção a importância de cada um deles para a capacidade absortiva organizacional.

6.1. Conhecimento Prévio

Conforme mencionado, o conhecimento prévio ocupou lugar de destaque no início das empresas. Sem tal conhecimento as empresas não teriam iniciado suas atividades. Como exemplo, pode-se citar o caso da empresa Santa Madre, a base do conhecimento prévio deu-se através da experiência do sócio (mestre cervejeiro). Esta experiência anterior possibilitou que ele adquirisse conhecimento das melhores matérias primas (grão da cevada, lúpulo) e de todo o processo de produção (moagem, fervura, resfriamento, maturação, envase). Contudo, o conhecimento prévio do sócio, adquirido por meio da aprendizagem pela ação, experimentação e adaptação, é um dos fatores preponderantes para aumento da habilidade da empresa para explorar novos conhecimentos (Anotu, 1998).

6.2. Capacidade Absortiva Individual e Nível de Qualificação Técnica dos Empregados

No entendimento de Cohen e Levinthal (1990) a capacidade absortiva individual é dependente, em grande parte, da capacidade absortiva coletiva de uma empresa. Tendo em vista este aspecto, na entrevista realizada na empresa Santa Madre, o sócio relatou que: “Há preocupação em desenvolver o conhecimento dos empregados e a socialização dos mesmos ocorre através de conversas informais, troca de ideias”. Informal também é a comunicação interna na Bier Site, facilitada pelo fato de todos os setores estarem em uma unidade só. Com isso, os colaboradores procuram novas informações e as repassam entre si no diálogo cotidiano.

O nível de qualificação técnica dos empregados em uma área em particular é considerado importante ao se analisar as facilidades dos envolvidos absorverem novos conhecimentos. Isto também influencia na capacidade absortiva relacionada à assimilação do conhecimento (Daghfous, 2004). No que tange à qualificação dos empregados, o sócio da Santa Madre revelou:

“Há dificuldade de encontrar empregados com qualificação técnica para a produção de cerveja. O nível de formação escolar dos empregados é ensino médio completo, assim como o do mestre cervejeiro, o que mostra que não é necessário ensino superior para se produzir cerveja. Entretanto, é preciso ter o conhecimento prévio e especifico para tal atividade”.

Percebeu-se que a empresa tem dificuldade de contratação de pessoas qualificadas para a produção artesanal de cerveja. Conforme Cohen e Levinthal (1990), isto pode dificultar o aumento da oportunidade de absorver novos conhecimentos, que podem ser relacionados com o conhecimento existe na empresa, facilitando sua assimilação. Por fim, o conjunto de conhecimento de cada integrante pode ser potencializado ao se permitir a integração entre os diferentes tipos de conhecimentos existentes na empresa (Daghfous, 2004), neste caso, a produção artesanal de cerveja.

6.3. Estrutura e Cultura Organizacional        

A estrutura organizacional também influencia a capacidade absortiva (Daghfous, 2004). Conforme mencionado pelo sócio da Santa Madre, a estrutura da empresa não afeta a comunicação e nem os conhecimentos socializados. Isto se deve ao fato de ser uma empresa pequena, está distribuída em setores e apresentar a prática de troca de experiências no dia a dia. Essa troca de experiências também é vista na Bier Site, onde há reuniões que permitem o compartilhamento, comunicação e assimilação do conhecimento individual para o nível organizacional. Além disso, verificou-se boa aceitação entre os membros das equipes quando as mudanças devem ocorrer na empresa.

A cultura organizacional, para Daghfous (2004), refere-se à distribuição de poder e às formas como este poder é utilizado, tendo importantes implicações para a capacidade absortiva. Ao se analisar a cultura organizacional da cervejaria Santa Madre, observou-se que existe centralização do poder. Isto leva também à falta de autonomia dos funcionários para tomar decisões, no que diz respeito à parte de produção artesanal de cerveja. Ou seja, o sócio da Santa Madre cuida de todas as atividades operacionais de produção da bebida, indo desde às compras de insumos e matéria prima, até o processo de fabricação em si. Já os outros processos de gestão como comercial, logística e financeira fica a cargo do outro sócio. Aos funcionários restringe-se a execução das atividades. Já na empresa Bier Site, também se constatou centralização de poder. Os colaboradores auxiliam na tomada de decisões, porém sempre consultam a direção, os proprietários. Neste caso, verifica-se certa flexibilidade nestes processos, frente à primeira empresa. Igualmente como ocorrido na verificação da Santa Madre, na Bier Site também é o mestre cervejeiro quem cuida da produção e toma decisões relacionadas a este processo.

6.4. Tamanho da empresa

Um dos fatores que afeta positivamente a capacidade de busca pelo conhecimento é o tamanho da empresa. Esta realidade também foi constada na empresa Santa Madre no que diz respeito a área de produção artesanal de cerveja. Segundo o sócio da Santa Madre: “uma empresa que tem somente dois anos de funcionamento todo conhecimento, troca de ideias, experiências é uma ferramenta valiosa para o negócio continuar a crescer e se manter no mercado de forma competitiva”.

O respondente da Bier Site também comentou que o tamanho do negócio atualmente afeta positivamente na capacidade dos envolvidos em absorverem novos conhecimentos e inovarem. Segundo ele, quanto mais cresce a empresa, mais espaço há para testes, ou seja, mais condições de inovar. Pelo fato das empresas serem pequenas, a busca pelo conhecimento refere-se também à diferenciação, inovação e analise dos concorrentes. Tais atividades são consideradas fundamentais para os mestres cervejeiros, uma vez que os auxilia a manterem-se atualizados quanto ao mercado consumidor.

Quanto ao conhecimento dos seus empregados, este é transferido pelos mestres cervejeiros, através de conversas informais e de demonstrações práticas do processo produtivo da cerveja. Isto faz como que seus colaboradores fiquem motivados e tenham interesse em buscar novos conhecimentos através de outros meios de comunicação. Por fim, os dois mestres cervejeiros respondentes comentaram que as empresas que fabricarem uma cerveja boa e de excelente qualidade irão se manter no mercado, que está em ascensão.    

6.5. Mecanismos de Assimilação do Conhecimento Externo

A aplicação do conhecimento está relacionada diretamente à habilidade das empresas para aplicar, comercialmente, novos conhecimentos externos a fim de alcançar objetivos organizacionais (Zahra e George, 2002). O mestre cervejeiro é especialista na produção artesanal de cerveja. Portanto, ele está sempre observando as tendências do mercado. Sendo assim, para o próximo ano a empresa Santa Madre pretende lançar uma cerveja do tipo escura. Esta iniciativa irá aumentar o portfólio de produtos, com expectativa de aumento das vendas, tornando-a mais competitiva no mercado. Por sua vez, a Bier Site, que já modificou a bebida para se adequar melhor ao gosto do consumidor, pretende ampliar sua produção e participação no mercado. Além disso, a empresa está com planos de produzir uma cerveja mais encorpada, que seria mais adequada para consumo no inverno.

Segundo Zahra e George (2002), a assimilação do conhecimento refere-se à habilidade das empresas para absorver o conhecimento externo. Ela também pode ser representada pelas rotinas e processos que permitem entendimento, análise e interpretação da informação de fontes externas. Os mecanismos para assimilação do conhecimento externo também podem ser utilizados na produção artesanal de cerveja. Na percepção do sócio da Santa Madre, os colaboradores possuem facilidade de assimilar os novos conhecimentos, principalmente pela característica de ser uma empresa pequena, que facilita o compartilhamento do conhecimento em conversas informais.

No que diz respeito à sustentabilidade econômica do negócio, o sócio da Santa Madre, por exemplo, relatou que todos os resíduos gerados no processo produtivo são vendidos a empresas locais. Eles são utilizados para a fabricação de ração animal e a água é reutilizada da forma mais racional possível. Isto demonstra a preocupação que a empresa possui com o meio ambiente. Portanto, a predisposição de aplicar o conhecimento novo é uma busca constante para a empresa se manter, crescer e se destacar no mercado de produção artesanal de cerveja.

6.6. Resultados da Capacidade Absortiva

A prática da capacidade absortiva é o que leva as empresas a alcançarem novas oportunidades de negócios, diversidade e disseminação da informação, com intuito de obter vantagem competitiva (Daghfous, 2004). A partir da entrevista realizada na Santa Madre, percebeu-se este conceito na prática. Pois, a empresa busca novas oportunidades de negócios na região como, por exemplo, novas parcerias que propiciam o aumento de estabelecimentos revendedores da cerveja. Essa mesma realidade é verificada na Bier Site, com destaque para o pub e da casa de eventos da própria empresa, que é revendedor direto das bebidas da empresa.

Já a diversidade, para a Santa Madre, fica a cargo da nova cerveja, que está para ser lançada. Esta cerveja escura ainda passará por testes para verificações sobre a viabilidade da produção. A disseminação da informação e o conhecimento aplicado têm como principal objetivo a satisfação e atendimento das expectativas de seus consumidores finais, os quais são a razão da empresa existir. No entanto, estudos empíricos apresentam relacionamentos significativos entre a capacidade absortiva e produtos inovadores, sendo o objetivo final a criação de uma vantagem competitiva para a empresa (Zahra e George, 2002). Por fim, feita as análises das respostas do questionário, a Figura 2 resume os resultados encontrados.

Figura 2: Sistematização dos resultados empíricos da capacidade absortiva nas microcervejarias.
Fonte: Elaborado pelos autores (2015).

Nesse aspecto, verificou-se que a capacidade absortiva é o que possibilita uma empresa usar de forma sistêmica os conhecimentos advindos, tanto do meio interno, como do externo. Notadamente, o desenvolvimento e a manutenção da capacidade absortiva são críticos para a sobrevivência e o sucesso de uma empresa no longo prazo, uma vez que ela pode reforçar, complementar ou reorientar a base de conhecimento da empresa (Lane, Koka e Pathak, 2006).

7. Considerações finais

Ao se reportar a um setor que tem se destacado no âmbito global, o agronegócio depende hoje da inovação constante e de empresas voltadas para a aprendizagem, as quais têm sido cada vez mais buscadas neste setor. Nesse aspecto, o estudo teve como objetivo identificar os fatores que levam empreendedores a se dedicarem a produção artesanal de cerveja, quais os tipos de conhecimentos prévios e novos foram identificados, assimilados, transformados e explorados nesse setor.

Através da identificação dos conhecimentos prévios e novos que são aplicados na produção artesanal de cerveja, observou-se que os respondentes, que são sócios e mestres cervejeiros das cervejarias pesquisadas, são os possuidores do conhecimento prévio, ou seja, eles detêm todo o processo de produção de cerveja artesanal devido a experiências prévias no setor.

Já os conhecimentos novos, esses são adquiridos através de cursos, treinamentos, troca de ideias com consumidores, com outros cervejeiros, pesquisas na internet, entre outras fontes. Estas oportunidades de novos conhecimentos são utilizadas pelos mestres cervejeiros na busca por novidades para melhorar e adequar a receita das cervejas, de acordo com a demanda do mercado.

Por se tratar de empresas de pequeno porte, porém setorizadas, os fatores internos são os que mais influenciam a capacidade absortiva. Isto se deve ao fato de que a capacidade de assimilação do conhecimento ocorre de forma simples, através do compartilhamento de informações e experiências tanto em uma empresa como na outra.

Destaca-se que os fatores externos também são de grande relevância para este processo. É através das observações das tendências e dos conhecimentos obtidos no mercado que a empresa procura novas oportunidades de negócio, inovação, vantagem competitiva e satisfação do seu público consumidor.

Por fim, a análise dos dados converge com os pressupostos identificados na literatura, observando que o conhecimento prévio é uma condição necessária, mas não suficiente, para uma empresa ter capacidade absortiva. Isto se deve ao fato de que o mercado exige que as empresas possuam foco nas tendências do mercado, na inovação, na diversificação e nas fontes de conhecimentos externos. Isto contribui para os reconhecimentos dos valores dos novos conhecimentos que compõem a organização buscando o êxito das mesmas.

Esta pesquisa apresentou algumas limitações. Dentre elas, destaca-se na etapa de coleta de dados. Devido ao porte das empresas e pouco tempo de mercado, houve deficiência diante das respostas referentes à capacidade absortiva. Outra limitação se deu com a impossibilidade de se conseguir as informações e percepções desde o início de suas atividades, como foi o caso da empresa Bier Site, devido à troca de mestre cervejeiro ocorrida na empresa.

Algumas ponderações podem ser feitas no âmbito de novos estudos, tanto na área de produção artesanal de cerveja, quanto no enfoque de conhecimento estratégico, levando em consideração a capacidade dos membros da empresa em adquirir e aplicar os conhecimentos novos em negócios inovadores e geradores de renda. Sugere-se que o estudo seja replicado em outras realidades, e até mesmo em cervejarias artesanais de outras regiões, para obter novas percepções que possam contrapor ou corroborar com as informações encontradas nesta pesquisa.

Referências

ANOTU, N. D. A conceptual framework for modeling the conflict btween product creation and knowledge development amongst production workers. Journal of Systemic Knowledge Management, v.1, n.1, 1998.

ACERV Brasil – Associação Brasileira da Indústria da Cerveja. Anuário 2014. Disponível em: < http://cervbrasil.org.br/arquivos/anuariofinal2014.pdf >. Acesso em: mar. 2016.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Rio de Janeiro, Edições 70, 1977.

BELTRAMELLI, M. Cervejas, Brejas e Birras: um guia completo para desmistificar a bebida mais popular do mundo. São Paulo: Leya, 2014.

BUKOWITZ, W. R.; WILLIAMS, R. L. Manual de Gestão do Conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2002.

CAO, M.; ZHANG, Q. Supply chain collaboration: Impact on collaborative advantage and firm performance. Journal of Operations Management, v.29, n.3, p.63–180, 2011.

CARVALHO, F. C. A. Gestão do Conhecimento. São Paulo: Pearson, 2012.

COHEN, W.; LEVINTHAL, D. Innovation and learning: The two faces of R&D. Economic Journal, v.99, n.397, p.569–596, 1989.

COHEN, W. M.; LEVINTHAL, D. A. Absorptive capacity: a new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, n.34, v.1, p.128-151, 1990.

DAGHFOUS, A.  Absorptive capacity and the implementation of knowledge-intensive best practices. Advanced Management Journal, n.69, v.2, p.21-27, 2004.

DAVENPORT, T. H. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam seu capital intelectual. Rio de Janeiro. 2003.

DIEHL, A. A.; TATIM, D. C. Pesquisa em ciências sociais aplicadas: métodos e técnicas. São Paulo: Prentice Hall, 2004.

EMBRAPA. Aspectos econômicos e conjunturais da cultura da cevada. 2012. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do139.pdf >. Acesso em: out. 2014.

FAOSTAT. Food and Agriculture Oranization of the United Nations. Disponível em <http://faostat.fao.org/>. Acesso em: maio 2015.

LANE, P. J.; KOKA, B. R.; PATHAK, S. The reification of absorptive capacity: a critical review and rejuvenation of the construct. Academy of Management Review, v.31, n.4, p.833-863, 2006.

MAGALHÃES, G. Introdução à metodologia cientifica: caminhos da ciência e tecnologia. São Paulo: Ática, 2005.

MILES, M. B.; HUBERMAN, A. M.; SALDAÑA, J. Qualitative data analysis: a methods sourcebook. Thousand Oaks: SAGE Publications, 2014.

MORADO, R. Larousse da Cerveja. São Paulo: Larousse do Brasil, 2009.

NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de Conhecimento na empresa: como as empresas janonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 2008.

OECD/Food and Agriculture Organization of the United Nations. (2015). OECD-FAO: Agricultural outlook 2015 (1st ed.). Paris: OECD Publishing.

PADILHA, A. C. M. A estratégia de diversificação de sustento rural e a dinâmica da capacidade absortiva no contexto do turismo rural: proposição de estrutura de análise.  Porto Alegre. 2009. Tese (Agronegócios) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

SEBRAE - Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas. Microcervejarias ganham espaço no mercado nacional. Disponível em:

<http://www.sebraemercados.com.br/microcervejarias-ganham-espaco-no-mercado-nacional/ >. Acesso em: mar. 2016.

SWINK, M.; NARASIMHAN, R.; KIM, S. W. Manufacturing Practices and Strategy Integration: Effects on Cost Efficiency, Flexibility, and Market-Based Performance. Decision Sciences, v.36, n.3, p.427-457, 2005.

YIN, R. K. Case study research: Design and methods. Thousand Oaks - California - USA: SAGE Publications, 2009.

ZAHRA, S. A.; GEORGE, G. Absortive capacity: a review, reconceptualization, and extension. Academy of Management Review, v.27, n.2, p.84-203, 2002.


1. Doutora em Agronegócios (UFRGS), Professora do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Passo Fundo (UPF). E-mail: anapadilha@upf.br
2. Bacharel em Administração e Especialista em Finanças Empresariais pela Universidade de Passo Fundo (UPF), Bancária no Banco Itaú Unibanco S.A. E-mail: brunacervo@hotmail.com
3. Doutoranda em Administração (UFRGS), Mestre em Administração (UFSM), Professora do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócios (UPF). E-mail: jbirkanazevedo@gmail.com

4. Doutorando em Administração, Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV), Analista da Embrapa Agroindústria Tropical. E-mail: genesio.vasconcelos@embrapa.br

5. Doutora em Agronegócios (UFRGS), Professora do Programa de Pós-Graduação em Agronegócios (UFSM – Campus Palmeira das Missões). E-mail: palomattos@hotmail.com


Revista Espacios. ISSN 0798 1015
Vol. 37 (Nº 35) Año 2016

[Índice]
[En caso de encontrar algún error en este website favor enviar email a webmaster]