Espacios. Vol. 37 (Nº 25) Año 2016. Pág. 3
Heitor Marcos KIRSCH 1; Alessandra MATTE 2; Juan Camilo de los Rios CARDONA 3; Márcio Zamboni NESKE 4
Recibido: 19/04/16 • Aprobado: 11/05/2016
2. Agricultura e desenvolvimento: As faces de uma relação ambígua
3. Qualificando as respostas de enfrentamento e adaptação
4. Em busca de respostas sustentáveis para agricultura
RESUMO: Este ensaio examina as evidências que apontam que as práticas agrícolas tradicionalmente utilizadas para a produção de alimentos são socialmente e ambientalmente insustentáveis. Paradoxalmente, ao mesmo tempo lhe é atribuída uma responsabilidade central sobre as atuais mudanças na paisagem natural, com consequências nos ciclos climáticos, a agricultura é também uma das atividades mais afetadas por essas transformações, que demandará novas formas de produção que, ao mesmo tempo, garantam a segurança alimentar da população e o manejo adequado dos serviços ecossistêmicos. São analisados os resultados de estudos de casos referenciados na literatura internacional sobre práticas que consorciam cultivos como forma de explorar as sinergias socioeconômicas e ambientais. |
ABSTRACT: This essay examines the evidence suggesting that agricultural practices traditionally used for food production are socially and environmentally unsustainable. Paradoxically, at the same time it is given a central responsibility for the current changes in the natural landscape, with consequences for climate cycles, agriculture is also one of the activities most affected by these changes, which will require new forms of production that at the same time, ensure food security of the population and the adequate management of ecosystem services. We analyze the results of case studies referenced in the international literature on practices consort crops as a way to explore the socio-economic and environmental synergies. |
A pressão da atividade humana sobre os ciclos biogeoquímicos do planeta são processos que, de alguma forma, sempre integraram sua própria história na sua interação com o ambiente. Todavia, os impactos diretos provocados por essa ação, até meados do século XVIII, não excediam os limites locais e transitórios da própria variabilidade natural dos ecossistemas, fato que difere sensivelmente no período contemporâneo. Esses agora assumem características peculiares e distintivas que se deslocam em direção a uma escala ampliada e induzem transformações nos ciclos climáticos globais, cujos efeitos são apontados por alguns estudiosos como próximos de limites considerados irreversíveis e prejudiciais, ou mesmo, catastróficas para o bem-estar humano (Biermann et al., 2012; Gunderson & Folke, 2011; Steffen et al., 2007). Nesse contexto, a agricultura assume uma posição central, ainda que se reconheça que a intensificação dessa atividade produziu efeitos que colaboraram com a melhoria do bem-estar de parte significativa da população em várias partes do mundo.
Por se valer de níveis elevados de insumos químicos sintéticos e de técnicas de mecanização, a agricultura moderna aumentou quantitativamente a oferta de produtos cultivados ou criados por unidade de área e tempo. Ela também foi a responsável pela duplicação da produção de alimentos no mundo do início dos anos de 1960 até meados da década de 1990 com um aumento de apenas 18% da terra arável globalmente (Tilman, 1999).
Ao mesmo tempo, a produção de grãos, principalmente de cereais, como trigo, arroz e milho, aumentou em uma taxa superior à da população humana, fato que contribuiu decisivamente para a diminuição do número de pessoas subnutridas, mesmo num período em que a população humana dobrou (FORESIGHT, 2011). Diante de um cenário onde o aumento da população mundial que deve chegar a um patamar próximo a 9 bilhões pessoas até 2050, segundo a Organização das Nações Unidas - ONU (2011), associado às demais mudanças socioeconômicas e políticas que resultarão em um incremento adicional na demanda mundial de alimentos de cerca de 50% até 2030 e em quase 70% em 2050, reforçam a ideia de que cada vez mais as formas de produção agrícola merecem uma atenção especial no que tange aos temas relacionados com a segurança alimentar e ao crescimento econômico local (FAO, 2006; Godfray et al., 2010).
Contudo, tais realizações são vistas com ceticismo e desconfiança na medida em que as possibilidades de sustentabilidade do padrão agrícola moderno são questionadas por vários pesquisadores que denunciam o impacto ambiental da chamada "revolução verde" (Dirmeyer et al., 2010; Lawrence & Chase, 2010). Esse parece ser justamente o cerne de um profundo dilema do paradigma predominante de desenvolvimento econômico e social, visto que permanece em grande parte alheio ao risco dos desastres naturais em razão das mudanças no ambiente induzidas pela ação do homem. Estudos apontam que em vários países em desenvolvimento haverá uma redução importante nos rendimentos dos cultivos, além de um decrescimento significativo na disponibilidade de água e um aumento no número de pessoas expostas a doenças como o paludismo e a cólera, assim como um aumento no risco de enchentes, produto de chuvas torrenciais e do aumento no nível do mar (IPCC, 2001).
O que se deve sublinhar é que esses locais abrigam a maior proporção de população vulnerável, virtualmente dependente da atividade agrícola. Estima-se que essa seja a principal fonte de subsistência para três em cada quatro indivíduos em situação de pobreza no mundo e que até a metade desse século, 7,5 bilhões de pessoas estarão localizadas em países em desenvolvimento (Wheeler & Kay, 2010). Portanto, não é sem razão que a ONU chegou a considerar que "as alterações climáticas são a questão central de desenvolvimento humano para nossa geração" e uma atenção especial precisa ser dispensada aos países chamados periféricos, tanto pelos formuladores de políticas públicas, quanto pelas reflexões que ocorrem no campo acadêmico (ONU, 2008).
Essa situação é, em boa medida, resultado da ambiguidade que se estabeleceu por conta do modelo de desenvolvimento aplicado na agricultura, como se demonstra na seção que segue essa introdutória. Em termos ambientais, as restrições impostas pela degradação da terra e pela disponibilidade de água, baseado na intensificação de monocultivos, o tornou cada vez mais insustentável do ponto de vista ambiental e social (Castro & Singer, 2012; Hazell & Wood, 2008). Em virtude da forma desordenada e desenfreada que o modelo hegemônico agrícola de produção de alimentos segue operando, o artigo discute, na terceira seção, os perigos que estão colocados para a manutenção dos ecossistemas naturais e da própria vida humana, chamando a atenção para a necessidade de uma mudança transformacional do modo predominante de produção na agricultura.
Nesse sentido, a partir do exame de uma série de estudos referenciados pela literatura internacional, as atividades que integram a lavoura, a pecuária e a silvicultura, nos chamados sistemas agroflorestais, são apontados como alternativas que podem apresentar respostas promissoras a esses condicionantes, tanto econômicos, quanto ambientais, como vamos abordar na quarta seção desse trabalho. Nessa ainda, argumentamos que esses sistemas integrados podem oferecer resultados ambientais e socioeconômicos encorajadores que ajudam as populações em situação de vulnerabilidade, sobretudo, àquelas cujas principais atividades se concentram na agricultura, a se adaptarem ou enfrentarem às consequências adversas das mudanças ambientais e econômicas que as afetam.
Na última seção desse ensaio é enfatizada a posição de que é preciso uma mudança ontológica no aporte teórico e analítico dos principais conceitos e noções aplicados às respostas que buscam superar as limitações dos problemas modernos, de maneira especial, os ligados às formas de produção de alimentos. Em um cenário atual de mudanças no ambiente, com dimensões complexas, as discussões que serão apresentadas indicam que as práticas de manejo agroflorestal oferecem condições de possibilidades mais eficientes para o uso mais racional dos recursos naturais, assim como para a produção de alimentos.
A narrativa e as práticas do desenvolvimento ao longo dos últimos 50 anos estão marcadamente associadas à ideia de modernização agrícola. Nesse sentido, o crescimento da atividade, em especial no que tange à produtividade e à eficiência da organização econômica do setor agroindustrial, é visto, geralmente, como um pré-requisito para o seu incremento. Sua perspectiva modernizante tem concebido o desenvolvimento como uma trajetória unidimensional e progressiva em direção às formas tecnológicas e institucionais mais complexas, seguindo padrões das chamadas sociedades "modernas". Esse processo é ativado e mantido mediante uma crescente inserção nos mercados e também devido a uma série de intervenções que envolvem a transferência de tecnologia, de conhecimento, de recursos e de formas de organização do mundo mais "desenvolvido", para os menos "desenvolvidos" (Long, 2007).
Conforme Long (1982), a modernização está associada a um processo de diferenciação estrutural, ou seja, a modernização denota "uma transformação total" de uma sociedade tradicional para uma "adiantada" ou "moderna". Portanto, desenvolvimento e crescimento econômico vêm compondo na história agrícola recente uma relação cristalizada em que a estrutura produtiva das economias é significativamente dependente de modelos tecnificados e de um aumento crescente da exploração de recursos naturais (Altieri & Toledo, 2011; Hayami & Ruttan, 1988). Nesse contexto, a agricultura desenvolvida a partir de padrões modernizantes assume as funções de suprir as necessidades alimentares nacionais, gerar postos de trabalho e ainda receitas cambiais dos produtos destinados à exportação (Mutangadura, 2007). A lógica que perpassa esse arranjo é que através da criação e do aumento do poder aquisitivo rural e do crescimento da exploração de eventuais atividades econômicas não-agrícolas, há uma redução da pobreza (Stifel, 2010).
Ao analisar o Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 65 países em desenvolvimento ao longo de período de 1960 a 1985, Timmer (2002) procura demonstrar esse movimento. Mesmo havendo uma defasagem entre o crescimento no PIB agrícola e os valores e crescimento do PIB não-agrícola, o crescimento da produtividade surtiu efeitos positivos indiretos, como preços mais baixos dos alimentos, que possibilitou a melhoria na ingestão nutricional, e como uma das consequências, elevou a produtividade dos trabalhadores. De maneira semelhante, Self e Brabowski (2007) estabeleceram por meio de uma análise comparativa dos dados empíricos de 89 países, distribuídos geograficamente em várias partes do mundo, sobretudo, em locais como África, América Latina, Ásia, Europa e no Oriente Médio, uma relação positiva entre as diferentes medidas de produtividade agrícola e o crescimento médio do PIB real per capita durante 1960-1995.
Esse tipo de associação, no entanto, tem sido questionado. Com base em informações do crescimento do setor agrícola e da renda rural no período de 1960 a 2001, em 85 países em desenvolvimento, Gardner (2005) afirma que não é possível atribuir à agricultura como sendo a causa determinante do crescimento no PIB per capita nacional. Nem mesmo sua relação com a redução da pobreza rural. Para esse estudioso, basear políticas públicas no oferecimento de variedades melhoradas de cultivos agrícolas, parece apresentar resultados ilusórios na redução da pobreza em longo prazo. Os esforços no desenvolvimento de pesquisa, de educação e de infraestrutura rural, com uma regularidade, apresentaram-se como investimentos significativamente mais rentáveis para alcançar esse objetivo (Gardner, 2005).
Outra faceta pela qual o modo predominante de agricultura tem sido questionado está vinculada às externalidades ambientais que produz. Para maximizar o rendimento dos principais cultivos, as práticas agrícolas atuais envolvem uma cuidadosa seleção das variedades de plantas agrícolas para combinarem com as condições locais de cultivo. Fatores limitantes, especialmente a água, o nitrogênio e o fosfato mineral são fornecidos em excesso e as pragas são controladas com o uso de pesticidas químicos (Tilman, 1999). Nos Estados Unidos, por exemplo, 545 milhões de quilogramas de agrotóxicos são aplicados anualmente com essa finalidade.
Uma das razões do uso intensivo desse tipo de produto é certamente a sua baixa eficiência, visto que menos de um por cento aplicados sobre as lavouras atingem os organismos aos quais se destinam (Pimentel & Burgess, 2012). Essa ineficiência foi responsável por um significativo aumento na comercialização de agrotóxicos no mundo, chegando a crescer em uma taxa de 96,7% entre 2000 e 2012. No Brasil esse aumento foi da ordem de 189,6%, o que o tornou líder mundial no uso desses insumos químicos desde 2008 (ANVISA, 2010). Na participação total do uso dessas substâncias no país, os cultivos que mais demandam o seu emprego são a soja (44,1%), o algodão (10,6%), a cana-de-açúcar (9,6%) e o milho (9,3%). O aspecto preocupante nesse caso é que dados do governo dos Estados Unidos indicam que 18% dos pesticidas e 90% dos fungicidas são cancerígenos e podem afetar seriamente os sistemas neurológico, respiratório e reprodutivo (Pimentel, 2009).
No Brasil, particularmente para as condições agrícolas do cerrado, alguns estudos também têm denunciado os impactos ambientais e os riscos sobre a saúde humana decorrentes do uso de agrotóxicos nas lavouras agrícolas. Os resultados apresentados por Moreira et al. (2012) apontam para um processo acentuado de contaminação e degradação da qualidade dos recursos hídricos, o que propicia um risco crescente de maior contaminação ambiental e humana pelo uso de agroquímicos na produção de grãos e algodão no estado do Mato Grosso. Nessa localidade, o estudo realizado por Palma (2011), indicou a presença de resíduos de defensivos agrícolas em amostras de leite materno humano, sendo que em 85% das amostras foram detectados mais de um tipo de agrotóxico consumidos pelos recém-nascidos. Além de provocar danos à saúde infantil, sua contaminação multiresidual parece também estar relacionada com abortos e/ou com os casos de malformações congênitas (Oliveira et al., 2014). Adicionalmente ainda, estima-se que um número próximo de 3 milhões de casos diretos de envenenamento humano no mundo ocorrem anualmente por pesticidas, em sua grande maioria associados a tentativas de suicídios por ingestão desses produtos químicos utilizados na agricultura (Gunnell & Edleston, 2003; Konradsen, 2007).
Somando-se a essas questões, para alguns estudiosos é preocupante o fato de ecossistemas naturais em regiões inteiras do mundo passaram a ser dominados por monocultivos agrícolas ou de reflorestamento (Tilman, 1999). O principal motivo do alerta apoia-se na constatação da substituição das condições naturais dos ecossistemas, que continham um número indeterminado de espécies de plantas e de insetos vertebrados, fato que simplifica os espaços rurais através de novos agroecossistemas. Essa homogeneização das paisagens, como diversos casos que podem ser testemunhados em todos os biomas brasileiros, acaba por ocasionar um desequilíbrio na biodiversidade, o que diminui a variedade dos agentes polinizadores, como as abelhas, e, por consequência, reduz, em muitos casos, a produtividade e rentabilidade agrícola (Bennett et al., 2001).
Em outras palavras, enquanto o modelo econômico predominante se mantiver ancorado no atual conjunto de preceitos que orientam as tomadas de decisões, não considerando reparar os danos ambientais ocasionados, "esse reducionismo imperante estará ajudando mais a encobrir que a analisar e resolver os problemas ambientais e sociais que acarreta o comportamento da civilização industrial" (Naredo, 2001, p. 1). Este atributo faz com que seja incapaz de reconhecer que os ecossistemas possuem fronteiras limítrofes em sua capacidade de suportar pressão. Por outro lado, essa característica deu suporte às novas áreas da economia, como a ecológica, que partem do suposto que os ecossistemas têm um limite máximo e que, portanto, há necessidade de ecologizar a economia ordinária (Leff, 2004; Martinez-Aliier, 1995).
A agricultura é também uma das principais responsáveis pelas emissões antrópicas de gases de efeito estufa, atualmente com um patamar entre 10 a 12% (Foley et al., 2011; Smith et al., 2007). Alguns estudos também sugerem que ela já é responsável por 25% do gás carbônico lançado na atmosfera, majoritariamente, associado aos processos de desmatamento, 50% de metano e 75% de óxido nitroso (Tubiello et al., 2007). No Brasil, segundo Avzaradel (2011), no ano de 2005, a agricultura e as ações relacionadas ao uso da terra foram, juntas, responsáveis pela produção de cerca de 87,3% da produção de metano e estima-se que 53,9% desse, resultou da fermentação entérica do gado de corte suíno e bovino brasileiros. Essa atividade igualmente responde pela maior parcela na liberação de óxido nitroso, resultado dos dejetos de animais. No Brasil somou nesse período aproximadamente 85% das emissões totais , enquanto que alcançou 69% na Colômbia (Avzaradel, 2011; Cardona, 2008).
Enquanto isso, em regiões mais industrializadas como os Estados Unidos e a União Europeia, na década de 2000 a agricultura e as mudanças no uso do solo só participavam com 6% e 10%, respectivamente, desse total. Outras atividades, como o consumo de energia fóssil e processos industriais, são responsáveis por uma taxa superior aos 90% dos gases de efeito estufa lançados na atmosfera em ambas regiões (Cardona, 2008).
Ironicamente, a agricultura ao mesmo tempo em que é uma das atividades que contribui decisivamente para a mudança climática global, será uma das mais profundamente impactadas pelas transformações que deverão ocorrer nos ciclos naturais. Alguns estudiosos alertam que esse fenômeno será mais evidente e provocará maiores impactos negativos nos países em desenvolvimento, isto é, nas localidades onde há maior dependência da exploração dos recursos naturais (Eakin & Lemos, 2006). Os choques não serão sentidos somente no que tange à produção e à disponibilidade de alimentos, como também, a estabilidade do abastecimento, o acesso e a utilização desses serão afetados (Parry et al., 2004; Schmidhuber & Tubiello, 2007). Outros pesquisadores destacam que essa característica incorrerá em situações de impacto significativo sobre a segurança alimentar, particularmente, em países em desenvolvimento nas regiões tropicais, que concentram boa parte da população pobre do mundo, como já mencionado (Ericksen et al., 2009; Parry et al., 2007).
Além dos aspectos relacionados à mobilidade humana em razão das mudanças no clima e no ambiente, como a necessidade de migrações, quer sejam temporárias, sazonais ou definitivas que alguns estudiosos como Black et al. (2011) e Meze-Hausken (2000) têm enfatizado que é bastante presumível que em poucas décadas deverá haver deslocamentos de vários cultivos de localidades que atualmente são climaticamente favoráveis, para outras em que não se observa sua ocorrência. Isso significa que, provavelmente, ocorrerá uma acentuada modificação do atual zoneamento agrícola no Brasil e em várias outras partes do globo, podendo, inclusive, impor uma mudança na dieta alimentar em alguns locais (EMBRAPA & UNICAMP, 2008; Marengo, 2007).
Desse modo, como menciona Tilman (1999, p. 5998), "mais do mesmo não funcionará". Em termos de agricultura é preciso buscar alternativas que reduzam os efeitos ou mesmo evitem as externalidades negativas entre a produção de alimentos e a oferta de serviços ecossistêmicos. Assim, será possível garantir a satisfação das necessidades humanas imediatas e/ou futuras, com menor degradação das condições ambientais e ajudar na promoção de um círculo que seja efetivamente virtuoso entre desenvolvimento e agricultura.
Compreender as dinâmicas das conexões que se estabelecem entre os padrões de subsistência e as situações de enfrentamento e/ou adaptação das famílias em comunidades rurais é essencial nos esforços para reduzir a incidência da sua vulnerabilidade, diante de um cenário que sinaliza para profundas transformações no ambiente. A razão reside no fato de que sua interpretação afeta o tipo de adaptação que é promovida. Em outras palavras, consiste na decisão sobre o como e o que as políticas públicas irão privilegiar, sobretudo, em localidades com elevada dependência dos recursos naturais (Burton et al., 2002).
No que se refere as respostas mobilizadas ante a mudança nos regimes naturais, nas avaliações tradicionais, em que há uma preocupação com a caracterização da geografia da exposição, é bastante comum uma associação causal entre a localização física, e os supostos perigos que dela decorrem, e a vulnerabilidade. Essa forma de abordagem tem sido utilizada de maneira bastante recorrente na tentativa de inferir a responsabilidade aos fatores naturais como elementos determinantes na avaliação de contextos de insustentabilidade, principalmente em países em desenvolvimento. Porém, Adger et al. (2009) chamam a atenção para o fato de que, apesar dessas formas apresentarem uma inegável funcionalidade analítica e instrumental, elas ignoram e obscurecem as formas e maneiras como as sociedades se organizam. Confundem ou invertem as causas, com os efeitos.
Para O'Brien et al. (2007) é preciso mais cautela e se considerar adequadamente os diferentes enquadramentos epistemológicas dessa temática. Esse aspecto não se resume apenas as interpretações distintas do problema, mas também pelas formas muitas vezes antagônicas de como a questão é diagnosticada e tratada pelos decisores políticos. A primeira distinção importante nessa direção é compreender de modo mais preciso o que está subjacente às noções com que se opera. Isso porque, definições gerais mascaram aspectos, muitas vezes centrais, do que deve ser avaliado enquanto característica da vulnerabilidade. Seu significado e utilidade também fazem correspondência em distintas interpretações da noção de adaptação que é promovida, como identificam Burton et al. (2002).
Para uma abordagem mainstream, cujo entendimento faz menção a um "ponto final", a adaptação é direcionada para as políticas de mitigação e assume características que frequentemente se limitam a mudanças tecnológicas setoriais. Em outras palavras, a adaptação cumpre a função de suavizar os atuais impactos brutos da mudança dos ciclos naturais ou os apontados em cenários futuros pelos estudos de modelagem científica. Há, de maneira implícita, uma certeza na habilidade e competência tecnológica em atenuar os efeitos em relação a tais transformações. Nessa ótica, podem ser entendidas como sendo respostas adaptativas estimuladas, cujo objetivo é superar aos elementos naturais estressores (Hayami & Ruttan, 1988). Nesse caso, os fatores e as condições sociais e econômicas restringe-se a servir de parâmetro instrumental para o planejamento, que assume características de intervenções gerenciais e tecnocráticas.
Divergente dessa, uma abordagem em que a vulnerabilidade de um indivíduo, grupo ou agregado familiar é contextual, a adaptabilidade não é dependente de previsões ou respostas comportamentais. Ela é condicionada pela sua capacidade de lidar com uma situação que coloque em risco sua subsistência (Ellis, 2000). A capacidade adaptativa ou de enfrentamento é muitas vezes resultado de uma ação vinculada à experiência prática. Possui como requisito um processo que envolve a aprendizagem individual e/ou coletiva. Thomas et al. (2007) demonstram que o reconhecimento e identificação das experimentações nos parâmetros climáticos pelos moradores rurais são extremamente importantes na tomada de decisões dos meios de vida, tornando-os fatores primordiais na decisão e concepção de uma estratégia de adaptação.
Para Osbahr et al. (2010), um processo de adaptação bem conduzido deve se apoiar em um conjunto de dimensões que incidem na habilidade de uso dos mecanismos informais institucionalmente estabelecidos e redes sociais para lidar com os choques de uma mudança no ambiente. Além disso, é igualmente importante, ressaltam esses estudiosos, a capacidade que esses indivíduos ou agregados familiares possuem de se organizarem através das instituições formais, fomente sua agência individual. É esse aspecto que reflete, de maneira mais implícita, a existência de mecanismos voltados à criação de novidades ou de aprendizagem social.
Uma das questões que vem merecendo a atenção nos estudos sobre as mudanças ambientais é a avaliação da qualidade das respostas que possam prevenir que efeitos opostos aos inicialmente esperados, ou mesmo não planejados, sejam produzidos. Ou seja, processos de má-adaptações ou desadaptações (Eriksen et al., 2011). Isso significa que há muitas estratégias de adaptação, sobretudo na agricultura, inúmeras vezes realizadas de modo autônomo, com soluções incrementais, que podem se tornar insustentáveis frente a um horizonte temporal mais ampliado (Adger et al., 2012).
Um dos exemplos desse tipo de resposta, ainda que não seja diretamente relacionado a atividade agrícola, e que atende a esta característica de má-adaptação está relacionado às ondas de calor que causaram a morte de 14.802 pessoas num período de 20 dias, na França, em 2003. Devido a esse fenômeno, o governo francês recomendou que todos os locais onde residam pessoas idosas tenham ao menos um ambiente refrigerado, inclusive com a alocação de recursos públicos para tal finalidade (Michelon et al., 2005). A questão é que algumas respostas que podem solucionar os problemas pontualmente, como no caso da instalação dos climatizadores de ar, altamente demandantes de energia, criam um feedback que aumenta as emissões de gases de efeito estufa, que asseverarão em um tempo futuro, sua causa inicial, quer dizer, não solucionam o problema. A dificuldade é que grande parte da produção de energia ainda provém de materiais de origem fóssil, visto que as fontes renováveis modernas correspondem hoje a uma quantia extremamente reduzida da matriz energética mundial, sendo, 0,1% solar, 0,1% geotérmica e 0,2% eólica. As hidrelétricas entram na conta com 2,3%, mas, da mesma forma que a bioenergia (mesmo com a perspectiva do etanol celulósico) há claros limites para sua expansão global (Abramovay, 2012).
Em razão desse tipo de característica é cada vez mais fundamental que se identifique técnicas agrícolas mais eficientes nos processos da conversão em energia e que essas sejam menos impactantes sobre o meio natural. Os sistemas agroflorestais, nos quais há uma mistura de árvores ou outras plantas lenhosas perenes com cultivos de lavouras, pastagens e/ou animais, são apontados como exemplos de eficiência nesse aspecto (Albrecht & Kandji, 2003). Eles têm sido praticados através dos tempos para melhorar a eficiência energética e a rentabilidade econômica, além de evitar problemas como degradação dos solos, poluição das águas, entre outros. Em outras palavras, fazer com que a agricultura seja mais eficiente no uso da energia e, consequentemente, mais sustentável.
Em experimento realizado ao longo de três anos em uma fazenda leiteira na Noruega, Steinshamn et al. (2004) demostraram a importância de sistemas que integram o manejo do fluxo interno de nutrientes de uma unidade produtiva para melhorar a fertilidade natural do solo e reduzir a utilização de pesticidas. Com esse tipo de manejo, foi possível aumentar tanto a quantidade, quanto a qualidade da produção total. O incremento e a manutenção da matéria orgânica disponíveis em áreas de cultivo como as analisadas na Noruega, também criam um movimento de retorno positivo para melhorar a capacidade de retenção de água, na disponibilidade de nutrientes presentes no solo (Drinkwater et al., 1998; Tilman, 1998).
Alguns estudos têm demonstrado que os sistemas agroflorestais também podem estocar quantidades consideráveis de carbono em forma de biomassa vegetal, em produtos de longa duração, como a madeira e mesmo no solo, o que se constitui como uma alternativa promissora à mitigação do efeito estufa associado às mudanças climáticas (Verchot et al., 2007). Além disso, como sugerem Garrity et al. (2010), como há um aumento na produção de forragens, combustíveis, fibras dos produtos oriundos das árvores consorciadas, isso acarreta uma elevação no nível de armazenamento de carbono, tanto acima quanto abaixo do solo, que possibilita como efeito indireto uma conservação mais eficaz desse e da biodiversidade. As observações realizadas no estudo de Palm et al. (2002) na Província de Loretto, na Amazônia peruana parecem reiterar esta conclusão. Eles demonstraram que os sistemas agroflorestais, combinando café e pupunha com cobertura de leguminosas, apresentaram emissões de óxido nitroso e metano semelhantes a de uma floresta secundária próxima, de 23 anos, utilizada na avaliação.
No mesmo sentido, Garrity et al. (2010) reportaram que a integração de espécies de árvores em sistemas de cultivos alimentares anuais é particularmente importante em localidades dependentes da produção para autoconsumo. As árvores consorciadas sustentam uma cobertura verde sobre a terra ao longo do ano que mantém e reforça o fornecimento de nutrientes através da fixação de nitrogênio e a ciclagem desses. Em razão disso, há um processo de geração de quantidades maiores de matéria orgânica, o que melhora sua estrutura e a infiltração de água. Essa maneira de organização dos plantios agrícolas é assinalada como uma das formas mais apropriadas para a recuperação de solos degradados, pois leva a um aumento direto da produção agrícola de alimentos, da segurança alimentar e da renda de centenas de milhares de famílias de pequenos agricultores, como ocorreu em Zâmbia, Malawi, Níger e Burkina Faso, no continente africano (Garrity et al., 2010).
Além disso, do ponto de vista de uso de energia dos agroecossistemas, os sistemas produtivos agroflorestais naturais praticados em áreas de pecuária tradicional são geradores de externalidades positivas que propiciam um conjunto de serviços ambientais (Ambrósio et al., 2005). Utilizando-se da abordagem eMergética, [5] Specht et al. (2012) demonstram que, nas condições analisadas no pantanal brasileiro, a produção de gado é uma atividade altamente sustentável, pois de toda a energia utilizada no sistema produtivo, 89,11% são provenientes de recursos naturais renováveis. Resultados próximos a esses foram encontrados por Neske et al. (2012) em estudo realizado com pecuaristas familiares de corte na porção meridional do estado do Rio Grande do Sul, onde foi verificado um índice eMergético de renovabilidade de 82%. Isso indica que o funcionamento e a reprodução socioeconômica desses sistemas produtivos são mais dependentes das relações estabelecidas com a natureza do que com os mercados de insumos e serviços.
A opção por cultivos baseados em sistemas agroflorestais podem ser especialmente benéficos para a biodiversidade em localidades em que os monocultivos são mais frequentes (Cowie et al.,2007). Isso ocorre porque fortalecem, tanto a resiliência ecológica do ambiente, quanto a social e econômica das famílias que a praticam, como demonstraram Quinion et al. (2010) em um estudo realizado junto aos agricultores que utilizavam os sistemas agroflorestais por um período superior a cinco anos em duas localidades no Malawi, na África. De modo semelhante, segundo Neske et al. (2012), a pecuária de corte tradicional realizada em sistemas agroflorestais naturais gera um conjunto de serviços ambientais que indiretamente beneficia a sociedade em geral, ainda que não remunere os pecuaristas por esses. Entre os serviços ambientais prestados, os autores citam a manutenção das paisagens naturais e a preservação da biodiversidade local, dos solos e dos recursos hídricos.
Portanto, práticas que forneçam alimentos e fibras, ao manterem os habitats de espécies ameaçadas e a biodiversidade local, associadas à prestação de serviços ecossistêmicos, tais como a polinização, o controle de pragas e o fornecimento de água potável, seriam estratégias bastante adequadas para uma agricultura promotora de sustentabilidade em longo prazo (Ricketts et al., 2004; Smith et al., 2008). Para que se possa de fato contribuir na construção de sinergias ente a agricultura e a sustentabilidade é preciso prestar atenção igualmente nos seus condicionantes institucionais, para que formas alternativas que hoje se apresentam como sustentáveis, não acabem gerando novas restrições aos objetivos do desenvolvimento em um futuro próximo. Processos participativos de desenvolvimento dessas novas tecnologias podem ser extremamente profícuos no sentido de identificar soluções de sucesso que sejam mais facilmente adotados para responderem a essas necessidades da produção agrícola (Garrity, 2004).
As evidências apresentadas ao longo do artigo denunciam que o modelo hegemônico de agricultura continua sendo responsável por promover rupturas na relação sociedade e natureza e redunda em impactos multidimensionais, alguns irreversíveis e outros tantos ainda incomensuráveis. Assim, em meio à crise socioambiental dos tempos modernos, perguntas fortes que questionam os essencialismos têm sido formuladas, mas as respostas apresentadas têm se mostrado frágeis, pois não conseguem apresentar conteúdos satisfatórios que intencionem superar as claras limitações aos problemas modernos.
Cabe então um questionamento: é realmente possível solucionar esses tipos de condicionantes do modelo agrícola hegemônico com soluções modernas? Evidentemente que não, pois muitas das práticas e dos comportamentos atuais que têm procurado reparar os "erros do passado" usando a vestimenta do discurso da sustentabilidade, continuam fazendo o mais do mesmo. Essencialmente são práticas agrícolas que permanecem ancoradas em preceitos modernizantes com efeitos socioambientais devastadores.
É cada vez mais evidente que o atual modelo de desenvolvimento agrícola e o conteúdo heurístico das principais formas de respostas são inadequados e ineficientes para enfrentar as mudanças climáticas e solucionar o problema da pobreza e a insegurança alimentar no mundo. Os efeitos negativos acumulativos das transformações impostas ao ambiente cada vez mais têm nos obrigado a questionar e reconfigurar as principais noções de produção de alimentos que, de algum modo, estão vinculadas as formas hegemônicas de desenvolvimento. O foco unidirecional do desenvolvimento ancorado nas noções de crescimento econômico e consumo, associado a um tratamento do meio ambiente como uma base de recursos infinitos a serem explorados tem levado a exacerbação da vulnerabilidade socioambiental de diversas regiões do mundo, principalmente as consideradas periféricas.
Por outro lado, a necessidade em se buscar atingir a segurança alimentar e mitigar os riscos à saúde de muitas práticas agrícolas modernas, em um cenário de acentuadas transformações ambientais e sociais faz com que sejamos forçados a considerar estratégias alternativas, que incluam práticas na agricultura que mitiguem esses efeitos negativos à sociedade e ao ambiente. Nessa direção, as lições aprendidas com os sistemas agroflorestais, que demandam menos insumos de origem fóssil, ou outros não-renováveis, em sua produção podem representar uma iniciativa bastante promissora, ainda que se deva relativizar e reconhecer a sua capacidade limitada em termos de transferabilidade a contextos distintos. Uma das características importantes reside justamente em que esses sistemas agroflorestais estão melhor adaptados ao ambiente local e, portanto, menos vulneráveis às mudanças climáticas.
Se tomarmos como ponto de referência que a capacidade de produzir respostas dos agricultores para se adaptar ou enfrentar não se baseia em continuar a fazer o que eles estão fazendo, mas sim, na sua habilidade e condição em se adaptar continuamente às mudanças nas condições biofísicas e econômicas, então o potencial desses sistemas de produção, sobretudo, em áreas tidas como vulneráveis, pode ser bastante interessante. De modo semelhante, eles podem oferecer um potencial significativo para desenvolver sinergias entre os esforços para mitigar os efeitos ambientais indesejados das alterações climáticas e os de ajudar as populações vulneráveis a se adaptarem ou enfrentarem as consequências negativas dessa transformação.
Torna-se cada vez mais necessário discutir e levar a sério o conteúdo e as práticas do desenvolvimento, o que requer o reconhecimento da diversidade de agriculturas, dentre muitas, por situações contingenciais, permanecem à margem ou operam fora dos padrões de desenvolvimento proclamados pela modernização agrícola. Conforme se procurou demonstrar ao longo desse trabalho, existe um conjunto de práticas de manejo dos agroecossistemas que apontam para modelos sustentáveis da produção de alimentos. Portanto, em um contexto atual de crise socioambiental vivenciada pela sociedade contemporânea, existe a necessidade imperativa de revisão do comportamento produtivo hegemônico, com vistas a romper com ideários universalistas e constituir um paradigma produtivo ecológico assentado em outra racionalidade, que tenha como princípio o uso eficiente dos recursos naturais e dos serviços ecossistêmicos.
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1. Sociólogo, mestre e doutor em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Docente na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). E-mail: heitor.kirsch@gmail.com
2. Zootecnista, mestre e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: alessandramatte@yahoo.com.br
3. Engenheiro Florestal pela Universidad Nacional de Colombia. Mestre e doutor em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federa do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: camidelosrios@yahoo.com
4. Biólogo, mestre e doutor em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Docente na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul - UERGS, Campus de Santana do Livramento. E-mail: marcio.neske@yahoo.com.br
5. Segundo Odum (1996), emergia é toda energia incorporada (embodied energy) para a produção de um determinado produto ou serviço.