Espacios. Vol. 37 (Nº 20) Año 2016. Pág. 14
Raynon Joel Monteiro ALVES 1; Altem Nascimento PONTES 2; Ana Lúcia Nunes GUTJAHR 3
Recibido: 13/03/16 • Aprobado: 18/04/2016
RESUMO: Este estudo foi desenvolvido em três comunidades rurais do município de Marapanim-PA, objetivando construir e analisar os cenários social, ambiental, econômico e institucional das comunidades de Guarajubal, Porto Alegre e Cipoteua, a fim de determinar a situação do desenvolvimento sustentável (DS) destas localidades. Estatisticamente, definiu-se um total de 139 unidades familiares para compor a amostra, que foi estratificada entre os povoados estudados, sendo 60 em Guarajubal, 46 em Porto Alegre e 33 em Cipoteua. Os dados foram obtidos por meio de questionários estruturados com perguntas objetivas e por observação de campo. As informações quantitativas (analisadas por estatística descritiva) e qualitativas embasaram os cenários de DS para cada comunidade estudada. Nestas, o setor social foi o que apresentou melhorias consideráveis, embora os serviços públicos prestados sejam limitados e o cenário ambiental se encontre fragilizado, em razão das ações antrópicas dos próprios moradores, associadas à ausência de gestão, assistência técnica e fiscalização por parte dos órgãos competentes, tampouco as associações locais são devidamente operantes em busca de benefícios aos comunitários. Os fatores supracitados caracterizam a fraca atuação institucional nessas comunidades. A economia em Guarajubal, Porto Alegre e Cipoteua é determinada por diferentes meios de obtenção de renda, com destaque, para os trabalhos agroextrativistas e o Programa Bolsa Família, caracterizando-as como de baixo poder aquisitivo. Dessa forma, os povoados estudados apresentam baixo grau de DS, sendo que a dimensão institucional deveria apoiar os demais escopos para promoção de ações e políticas inerentes à sanidade ambiental e qualidade de vida das populações. |
ABSTRACT: This study was conducted in three rural communities of municipality of Marapanim-PA, aiming to build and analyze the social, environmental, economic and institutional scenarios of Guarajubal communities, Porto Alegre and Cipoteua in order to determine the status of sustainable development (SD) of these locations. Statistically, it was defined a total of 139 households for the sample, which was stratified between the villages studied, being 60 in Guarajubal, 46 in Porto Alegre and 33 in Cipoteua. The data were collected through structured questionnaires with objective questions and by field observation. The quantitative informations (analyzed by descriptive statistics) and qualitative were based on the DS scenarios for each community studied. In these, the social sector has shown the considerable improvements, although rendered public services are limited and the environmental scenario is found weakened, due to human activities, which are not accompanied by management, technical assistance and supervision by the competent agencies, nor local associations are fully operatives in search of benefits to community. The above-mentioned factors characterizes the weak institutional performance in these communities. The economy in Guarajubal, Porto Alegre and Cipoteua is determined by different means of obtaining income, especially for agricultural and extractive work and the Family Grant Program, characterizing them as low income. Therefore, the studied villages have a low degree of DS, and the institutional dimension should support other scopes to promote actions and policies related to the environmental health and quality of life of populations. |
A Amazônia, apesar do notório processo de urbanização, ainda é fortemente entendida como uma região rural (Amaral et al., 2013), em razão dos inúmeros povos rurícolas que nela habitam e convivem em distintos ecossistemas. Conforme Barbosa e Marin (2010) são essas populações que constroem extensas relações com o meio ambiente para uso dos recursos naturais localmente disponíveis.
Estas interações promovem diretamente a ocupação e a fixação humana no território rural, devido principalmente às atividades culturais e de subsistência realizadas por esses grupos sociais (Pereira, Diegues, 2010). Entretanto, nas últimas décadas, as comunidades rurícolas, estão excedendo a base produtiva agroextrativista formando, gradativamente, espaços polissêmicos, caracterizados pela coexistência de atividades econômicas diversificadas, como: a agricultura, o extrativismo, o comércio, o artesanato, a prestação de serviços públicos e privados, entre outros (Siliprandi, 2002).
As comunidades rurais, particularmente as da Região Norte do Brasil, possuem necessidades fundamentais que afetam a qualidade de vida da população local e, consequentemente, o desenvolvimento desses núcleos populacionais. Este é o caso dos povoados de Guarajubal, Porto Alegre e Cipoteua (alvos deste estudo), no município de Marapanim-PA, caracterizados por mínimas condições organizacionais, políticas e socioeconômicas que, em conjunto, dificultam a promoção e/ou aprimoramento de serviços básicos e de infraestrutura, de trabalho e geração de renda, em especial, a manutenção das atividades agrícolas e extrativistas nelas desenvolvidas (Alves et al., 2015), além da ausência de precisas ações comunitárias e institucionais que promovam a sanidade e conservação ambiental dessas áreas.
No contexto de desenvolvimento sustentável (DS), a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento o define como aquele que permite suprir as demandas da geração presente sem comprometer as mesmas oportunidades no futuro (Bellen, 2002). Acredita-se que o DS possibilite o crescimento equânime das condições de bem-estar das populações humanas em consonância à preservação dos recursos naturais, garantindo, assim, a continuidade do homem no meio social e natural (Paulista et al., 2008; Mattar-Neto et al., 2009).
Diante do exposto, construir cenários em grupamentos humanos é retratar a realidade por meio de aspectos quali-quantitativos, permitindo conhecer as potencialidades e fragilidades que influenciam o DS e, por conseguinte, as condições de vida das pessoas. Para tanto, de acordo com o IBGE (2008), consideram-se as quatro dimensões para mensurar o DS: social, ambiental, econômica e institucional. A integração de diferentes aspectos torna-se necessária para compreender sistematicamente o processo de construção do desenvolvimento (Martins, Cândido, 2012). Conforme Feijão e Rivas (2011), esse tipo de avaliação pode influenciar a tomada de decisão do poder público quanto à elaboração de políticas públicas direcionadas ao desenvolvimento, de forma sustentável.
Pretendeu-se, assim, definir como as características sociais, ambientais, econômicos e institucionais de cada comunidade estudada (Guarajubal, Porto Alegre e Cipoteua) estavam relacionadas entre si e como as mesmas afetam a qualidade de vida dos moradores locais. Assim, o presente estudo teve como objetivo construir e analisar os cenários de desenvolvimento sustentável de três comunidades rurais do município de Marapanim, Pará.
O município de Marapanim (0° 43'52'' S e 47° 41'54'' W) é integrante da mesorregião do Nordeste Paraense e pertence à Microrregião do Salgado, possuindo limites ao norte com o Oceano Atlântico, a leste com os municípios de Magalhães Barata e Maracanã, ao sul com os municípios de São Francisco do Pará e Igarapé-Açu e a oeste com os municípios de Curuçá e de Terra Alta.
A área territorial de Marapanim é de 795.987 km2 e a população de 26.605 habitantes, com distância de aproximadamente 150 km da capital - Belém (IBGE, 2015). Historicamente, o município apresenta duas regiões: a da água doce, onde estão os mananciais dulcícolas e a maior parte das comunidades rurais, e a região da água salgada, devido à influência oceânica, onde estão localizadas a sede administrativa municipal e as comunidades predominantemente pesqueiras.
Os povoados rurícolas marapanienses apresentam alta sociobiodiversidade, caracterizada pela relação do homem rural com as atividades agrícolas e extrativistas, principalmente, a agricultura, o extrativismo de crustáceos e moluscos, a mariscagem e a pesca artesanal para a aquisição de alimentos e de recursos financeiros, além de outras formas de uso e apropriação dos recursos naturais.
Para o presente estudo foram selecionadas as comunidades de Guarajubal (S 00º 43. 948' W 047º 42. 779'), Porto Alegre (S 00º 39.510' W 047º 39.864') - região da água salgada – e Cipoteua (S 00º 54.278' W 047º 43.749') - região da água doce. Respectivamente, essas comunidades estão localizadas a 3 km, 8 km e 50 km da sede de Marapanim e apresentam como principais atividades agroextrativistas, a extração e o beneficiamento manual de caranguejo-uçá (Ucides cordatus L. 1763), a pesca artesanal e a agricultura familiar.
Inicialmente, delimitou-se o número de famílias que reside em cada uma das três comunidades, conforme informações dos líderes comunitários, 93 unidades familiares em Guarajubal, 70 em Porto Alegre e 51 em Cipoteua, totalizando 214 famílias.
Para o cálculo do tamanho da amostra, no, utilizou-se a Equação (1), onde correspondeu ao erro amostral tolerável (Barbetta, 2008). Para isto, adotou-se a margem de erro de 5% para se obter o unidades familiares. A correção do n foi obtida pela Equação (2), onde N correspondeu ao universo amostral das três comunidades estudadas, o que resultou em n = 139 famílias a serem investigadas (Barbetta, 2008).
Em seguida, utilizou-se a amostragem estratificada (Barbetta, 2008) para definir estatisticamente o número de unidades familiares a serem estudadas em cada comunidade: 60 em Guarajubal, 46 em Porto Alegre e 33 em Cipoteua.
Para a construção dos cenários das comunidades de Guarajubal, Porto Alegre e Cipoteua foram aplicados questionários estruturados com questões objetivas que contemplaram as dimensões social, ambiental, econômica e institucional, com os respectivos parâmetros descritos na Figura 1, com base nos trabalhos realizados por Barreto et al. (2005), Rabelo e Lima (2007) e Alves e Bastos (2011).
Figura 1. Dimensões e parâmetros social, ambiental, econômico e institucional que embasaram os cenários
de DS das comunidades de Guarajubal, Porto Alegre e Cipoteua, em Marapanim, Pará, em 2014-2015.
Neste estudo utilizou-se também como procedimento metodológico a observação não participante, isto é, a observação e o registro livre dos fatos que ocorrem durante as atividades de campo sem que haja o envolvimento do pesquisador no cotidiano dos informantes (Albuquerque et al., 2010).
Os dados quantitativos coletados foram tratados e tabulados em planilhas do Excel 2010. Posteriormente, submetidos à estatística descritiva para a determinação de médias e frequências. Os quadros que correspondem aos cenários de DS foram construídos com base nas informações quantitativas e qualitativas obtidas em campo.
Em relação à escolaridade dos entrevistados, predominantemente, os informantes de Guarajubal (93,3%), Porto Alegre (71,8%) e Cipoteua (90,9%) não concluíram o ensino básico e a minoria (6,7%, 21,7% e 9,1%, respectivamente) são concluintes do mesmo. A educação em nível superior – incompleta ou completa – foi verificada somente em 6,5% entrevistados de Porto Alegre e correspondem aos professores de séries iniciais do referido povoado.
A ausência de transportes escolares em décadas passadas, nas três comunidades estudadas, era a principal dificuldade que limitava a escolaridade formal dos moradores, visto que os informantes remetem a esse período, de tal maneira que a média de idade dos mesmos foi de 45,8 anos em Guarajubal, 39,8 em Porto Alegre e 48,6 anos em Cipoteua. Todavia, pode-se considerar que a trajetória escolar das pessoas pode ser influenciada por inúmeros fatores que podem estar relacionados à família, à disponibilidade e qualidade da infraestrutura das instituições de ensino e de docentes (Riani, Rios-Neto, 2008).
A proporção de estudantes cursando o ensino básico em escolas regulares de Marapanim é expressiva entre as famílias estudadas de Guarajubal (23,3%), Porto Alegre (33,5%) e Cipoteua (33,3%) (Alves et al., 2015). Sugere-se que este fato pode estar relacionado ao incentivo dado aos filhos pelos pais para o ingresso e permanência destes na escola, com o intuito de os mesmos estarem aptos a adentrar no mercado formal de trabalho. Conforme Barros et al. (2001), os pais dedicam recursos financeiros à educação formal de seus filhos, sobretudo, para vê-los mais escolarizados. Sobre isso, ressalta-se a transferência de renda proveniente do Programa Bolsa Família, que contribui de forma significativa para suprir as necessidades escolares dos estudantes.
Cada comunidade - alvo deste estudo - possui uma escola do Ensino Fundamental I, com funcionamento nos turnos matutino e vespertino, em turmas regulares e multisseriadas, que atende ao alunato local e de povoados adjacentes. Além disso, para facilitar o acesso ao ensino básico complementar (Ensino Fundamental II e Médio), que ocorre na sede administrativa (Marapanim) e em outros polos do município, a prefeitura disponibiliza ônibus escolares para fazer o deslocamento dos discentes rurais.
As unidades escolares de Porto Alegre e Cipoteua foram, respectivamente, reformadas e reconstruídas recentemente e, por isso, apresentam infraestrutura melhorada. Em contrapartida, a escola de Guarajubal encontra-se em estado de descaso pelo poder público, visto que há mais de dois mandatos de prefeitos a obra de construção de um novo prédio não foi concluída e, por tal razão, os alunos e professores dessa comunidade estudam e trabalham em um espaço (antiga escola) diminuto e precário.
A universalização do Ensino Fundamental obrigatório nas periferias urbanas e nas zonas rurais do Brasil, implantada na década de 1990, promoveu políticas voltadas para o setor educacional a fim de promover melhores condições de ensino nas redes públicas (Campos, 2008). Tardiamente ocorreu a implantação das unidades escolares nos ambientes rurais brasileiros, não se consolidando com o devido suporte do poder público, o que vem contribuindo com a permanência das fragilidades educacionais e a ausência de serviços básicos para os povos do campo (Santos et al., 2014).
Tratando-se do setor habitacional, a maioria dos entrevistados de Guarajubal (70,0%), Porto Alegre (87,0%) e Cipoteua (66,7%) reside em moradias de alvenaria e nos demais casos (30,0%, 13,0% e 33,3%, respectivamente) as residências são feitas de barro ou madeira, sendo que a expansão imobiliária pelos próprios conterrâneos foi mais notória em Porto Alegre e Cipoteua, podendo ser em razão das famílias recém-formadas. Quanto à estrutura das casas de alvenaria, esta garante maior conforto e sanidade aos moradores, mas, concomitantemente, consiste em mudança na relação homem-natureza no que se refere à substituição de recursos naturais (barro, madeira, palha) por industrializados (tijolo, cimento, telha).
Em relação ao saneamento básico, mais especificamente ao esgotamento sanitário, verificou-se que predominantemente os informantes de Guarajubal (66,7%), Porto Alegre (71,7%) e Cipoteua (69,7%) possuem fossa séptica para acondicionamento dos dejetos humanos e outros (33,3%, 28,3% e 30,3%, respectivamente) fazem uso de fossa rudimentar (seca ou negra), o que corresponde a um costume primitivo e, geralmente, motivado pela baixa condição financeira da unidade familiar. Sobre isso, Teixeira et al. (2014) descrevem as fossas rudimentares como altamente nocivas ao ambiente, pois expõem o solo e os mananciais aquáticos ao contágio direto por patógenos (bactérias, vírus e protozoários), enquanto que as fossas sépticas, nesse caso, garantem maior proteção e segurança.
Quanto ao abastecimento domiciliar de água, o poço artesiano de cada comunidade estudada fornece água potável para a maioria dos entrevistados de Guarajubal (96,7%), Porto Alegre (95,7%) e Cipoteua (97,0%), o que não ocorre para a minoria (3,3%, 4,3% e 3,0%, respectivamente), pois corresponde aos indivíduos que construíram recentemente suas residências ou então são os que utilizam poço convencional. Em Cipoteua, alguns agricultores usam água da cacimba (nascente d'água) e este é o motivo fundamental para não haver a implantação de roçados às proximidades da mesma.
Nos três povoados estudados, a água é coada (em tecido), diretamente na torneira, como a principal técnica de tratamento para o consumo. Além disso, alguns informantes alegaram o uso de hipoclorito de sódio no reservatório (caixa d'água) de cada comunidade. Entretanto, deve-se destacar que o fornecimento do recurso hídrico para a ingestão humana associado à ausência de saneamento básico pode promover a contaminação e a baixa qualidade da água a ser consumida (Amorim et al., 2013), e, principalmente, essas populações rurais são mais vulneráveis às enfermidades devido a frágil assistência gratuita à saúde.
Sobre o destino dos resíduos domésticos, pode-se afirmar que tal destinação ocorre para grande parte dos entrevistados de Guarajubal (81,7%) e de Porto Alegre (82,6%) por meio do serviço público de coleta de resíduos, a qual ocorre uma vez por semana, quando uma caçamba percorre essas duas localidades, cujo depósito final é o lixão, localizado no distrito de Marudanópolis, em Marapanim; e os demais informantes (18,3% e 17,4%, respectivamente) costumam incinerar os materiais de pós-consumo em suas propriedades. Em particular, essa ação ocorre entre todos os moradores de Cipoteua, visto que esta comunidade não é contemplada pelo serviço público supracitado. O hábito de queimar os restos domésticos, presente nas três comunidades, corresponde a um costume herdado dos antepassados, o que pode ser reforçado pelo fato de que a frequência da coleta pública de resíduos não é proporcional à quantidade de materiais de pós-consumo gerada semanalmente em Guarajubal e Porto Alegre.
Ao se tratar do saneamento básico, atualmente, este é considerado um dos instrumentos mais relevantes ao combate da pobreza nos núcleos populacionais (Silva, 2010). Por meio dele, ocorre a solução de problemas comuns em pequenos grupamentos humanos, tais como: erradicação de doenças de veiculação hídrica, destino e tratamento adequado de resíduos, despejo apropriado de dejetos humanos, a fim de melhorar as condições de bem-estar das pessoas e a qualidade ambiental. Conforme Holgado-Silva et al. (2014), essa condição está associada à presença de infraestrutura sanitária que incluem as redes de esgoto, a disponibilidade de água potável, entre outros.
Quanto ao atendimento à saúde, não há postos médicos nas três comunidades estudadas, mas, predominantemente os entrevistados de Guarajubal (96,7%) e Cipoteua (90,9%) procuram assistência médica, enquanto outros (3,3% e 9,1%, respectivamente) buscam o Agente Comunitário de Saúde (ACS) para cuidados básicos e em Porto Alegre todos os entrevistados têm acesso ao atendimento médico, embora na localidade trabalhe um ACS. Neste contexto, a assistência médica pode ser proveniente do serviço particular ou público de saúde ou então das visitas mensais e esporádicas dos profissionais do Programa do Governo Federal Mais Médicos que trabalham em Marapanim.
Em relação às consultas clínicas que ocorrem no hospital municipal ou nos postos de saúde de outras comunidades, grande parte dos entrevistados criticou a árdua espera na fila para assegurar uma vaga (ficha) no atendimento e também reclamou quanto à falta de medicamentos gratuitos. Ressalta-se que as populações rurais têm acesso mais dificultado ao Sistema Único de Saúde (SUS), pois muitas delas não possuem posto médico nas adjacências, o que resulta na necessidade de deslocamento de pacientes para outros lugares, geralmente, deparando-se com uma assistência limitada e de baixa complexidade por meio de ausência de equipamentos ou insumos e/ou de profissionais específicos (Nogueira, Mainbourg, 2010). Estas informações que compõem o cenário da dimensão social das três comunidades estudadas estão descritas resumidamente no Quadro 1.
Quanto ao desmatamento e as queimadas, a maioria dos entrevistados de Porto Alegre (69,6%) afirmaram não realizar tais ações, ao contrário da minoria (30,4%). Em Guarajubal, 63,3% dos informantes mencionaram não desmatar, enquanto que 36,7% afirmaram que sim, embora, ao se tratar das queimadas, grande parte deles (61,7%) tenha alegado realizá-las, diferentemente dos demais (38,3%) que responderam negativamente. Ambas as práticas ocorrem simultaneamente para 90,9% dos entrevistados de Cipoteua, pois a agricultura é intensa nessa comunidade e para 9,1% isso não acontece efetivamente, pois se trata de aposentados e inativos na atividade.
A supressão de áreas de vegetação (primárias ou secundárias) ocorre para a implantação dos roçados de mandioca pelos agricultores locais ou para extrair recursos madeireiros para o madeiramento de casas, fabricação de cercados, de móveis, de utensílios, de carvão, de currais de pesca - no caso dos pescadores de Guarajubal e de Porto Alegre. Sobre isso, é sabido que nas comunidades amazônicas, existem espécies de plantas diretamente relacionadas à manufatura de aparatos de trabalho e domésticos e para a construção de moradias (Hanazaki, 2004). O uso dos recursos vegetais consiste em estratégias de sobrevivência humana que são determinadas de acordo com o cotidiano e o modo de vida das populações rurais brasileiras (Zuchiwschi et al., 2010).
Quadro 1. Cenário social das comunidades de Guarajubal, Porto Alegre e Cipoteua,
do município de Marapanim, Pará, entre 2014 e 2015.
Parâmetros sociais |
Descrição das três comunidades de estudo |
Educação
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* Os chefes de família e as donas de casa entrevistadas, na maioria, possuem baixo grau de instrução. * Existência de escolas municipais de ensino fundamental I: E. M. E. F. Raimunda Lourdes Coelho Braga (1994), em Guarajubal; E. M. E. F. Profª Bárbara Neves Cruz (1997), em Porto Alegre; E. M. E. F. Almerinda Alves (1972), em Cipoteua. * Melhorias de infraestrutura nas escolas ocorreram em Porto Alegre e Cipoteua, enquanto que o novo prédio escolar de Guarajubal não foi finalizado há mais de dois mandatos de prefeitos. Neste caso, a infraestrutura da escola antiga é a principal dificuldade dos docentes e discentes dessa comunidade.
* Deslocamento externo do alunato às escolas de ensino básico por meio de ônibus escolares, mantidos pela prefeitura de Marapanim. * A geração atual (crianças e adolescentes) das referidas comunidades encontra condições acessíveis à educação formal, além do incentivo dos pais e do auxílio financeiro do Programa Bolsa Família. |
Habitação
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* Predomínio de residências de alvenaria, mas existem as de madeira e barro, que podem ser das pessoas com menor poder aquisitivo ou as moradias recentemente construídas com os materiais de baixo custo de aquisição. * Expansão imobiliária em Cipoteua e Porto Alegre, resultante da união estável de casais da própria comunidade, por meio de ocupação de terras. |
Saneamento básico |
* Nos referidos povoados não há rede de esgoto. O esgotamento sanitário acontece, predominantemente, por meio da fossa séptica e fossa rudimentar para poucos moradores. * O poço artesiano comunitário em cada comunidade, abastece a maioria das residências, a partir do pagamento mensal de R$ 10,00. Há pouca ocorrência de poços particulares convencionais. Em Cipoteua, alguns moradores ainda utilizam cacimbas (nascentes) para obtenção de água para consumo. * O recolhimento público de resíduos domésticos ocorre uma vez na semana somente para as comunidades de Guarajubal e Porto Alegre, embora a destinação final não seja apropriada: lixão a céu aberto, em Marudanópolis, Marapanim. Entretanto, costuma-se incinerar os materiais de pós-consumo, principalmente em Cipoteua. |
Atendimento à saúde |
* A assistência médica é imprecisa e ocorre de duas formas: externamente - em hospitais de outros municípios ou de Marapanim; ou internamente - por meio de visitas de profissionais do Programa Mais Médicos nas comunidades estudadas, uma vez por mês e de forma não contínua. *As três comunidades não têm postos de saúde, obrigando o deslocamento dos pacientes para outros locais em busca de atendimento privado ou público, podendo ser em Marapanim ou em outros municípios, mas cada povoado tem a prestação de serviço de um Agente Comunitário de Saúde (ACS). * Os pacientes que são atendidos em Marapanim, seja no hospital municipal ou em postos de saúde em outras comunidades, reclamaram da espera na fila, com início nas primeiras horas da manhã, para adquirir vagas (fichas) para a consulta médica, além da falta de medicamentos. |
Em relação às queimadas nas propriedades, estas podem ocorrer para a limpeza de terrenos e conforme observado para a eliminação dos resíduos domésticos. Ressalta-se que a prática de "queimar os restos" é um processo cultural entre as pessoas das zonas rurais e urbanas, o que causa inúmeras consequências à saúde humana e ambiental, principalmente pela liberação de gases tóxicos, como as dioxinas, que são capazes de provocar doenças respiratórias e cutâneas, além disso, a queima não consegue eliminar a totalidade dos resíduos sólidos, permanecendo expostos sobre o solo (Silva et al., 2014; Carsten et al., 2015).
No que se refere às queimadas como procedimento inicial para o plantio de cultivos agrícolas, a comunidade de Cipoteua é a que mais sofre a ação do fogo pelo grande número de agricultores dessa localidade. Do ponto de vista histórico, a queima de biomassa vegetal é característica da agricultura desenvolvida pelos povos tropicais e neotropicais, pois garante fertilidade às culturas por meio da incorporação de nutrientes contidos nas cinzas, embora essa prática venha gerando discussões dicotômicas sobre a conservação dos recursos florestais, como os da Amazônia (Peroni, 2004). Diante da ausência de investimentos e ações institucionais para o fortalecimento e o aprimoramento da agricultura familiar em Marapanim, os produtores das três comunidades veem nesse modelo tradicional a única metodologia viável de produção agrícola.
Historicamente, no referido município a maior concentração de agricultores está na zona rural, mais precisamente, na região denominada água doce. Neste contexto, infere-se que esses pequenos trabalhadores podem atuar como forças importantes na modificação da paisagem dos lugares onde estão concentrados (Fearnside, 2006; Pereira et al., 2008) pelas ações inerentes à agricultura tradicional, resultando em impactos ambientais, como: erosão, baixa fertilidade edáfica, alterações climáticas e perda de biodiversidade.
Experiências de implantação de roças sem uso de fogo foram realizadas no Nordeste Paraense, nos municípios de Marapanim e Igarapé-Açu, a partir do ano 2000, por meio do projeto intitulado Raízes da Terra. De acordo com Ferreira et al. (2009), essa iniciativa teve por objetivo demonstrar e incutir alternativas agroecológicas para a substituição da agricultura de corte-queima junto aos agricultores locais, a fim de reduzir as ocorrências de desmatamento e queimadas, bem como contribuir para a melhoria das condições socioeconômicas dos produtores pela diversificação de produtos, em sistemas agroflorestais. No entanto, as três comunidades alvo deste estudo não foram contempladas pelas ações desse projeto.
Tratando-se das áreas com ambientes naturais, predominantemente os entrevistados de Guarajubal (90,0%), Porto Alegre (84,8%) e Cipoteua (72,7%), reconhecem a importância dos serviços ambientais e por isso procuram conservá-las, o que não ocorre para a minoria dos informantes (10,0%, 15,2% e 27,3%, respectivamente). Além disso, há moradores que não aterram os manguezais, conservam os igarapés e as áreas adjacentes aos mesmos, fazem racionamento de água, alguns extrativistas respeitam o período de defeso de espécies pesqueiras e as escolas promovem mutirões de limpeza nos territórios dos povoados. Essas atitudes parecem ser resquícios de atividades já realizadas nas comunidades ou de informações repassadas nas instituições de ensino e meios de comunicação.
Na Amazônia, o extrativismo nas três modalidades (vegetal, animal e mineral) é favorecido pela ampla riqueza de recursos naturais disponíveis, como: frutos, gomas, minérios, ictiofauna, animais silvestres (Silva, Begossi, 2004), os quais são abundantes na região, mas fáceis de serem exauridos, dependendo das condições de uso. Conforme Ribeiro et al. (2005), existem ocasiões em que essas populações conseguem conservar os recursos da natureza, visto que deles dependem para sobreviver.
Para todos os trabalhadores agroextrativistas que fizeram parte da amostra deste estudo (63,3% em Guarajubal, 47,8% em Porto Alegre e 90,9% em Cipoteua), o uso do meio ambiente consiste no desenvolvimento das atividades de produção de alimentos (extrativismo e/ou agricultura) que podem gerar renda. Nessas três comunidades, uma parcela dos comunitários percebe nos eventos populares (festas, regatas, esportes), promovidos em áreas naturais, formas de entretenimento, divulgação da cultura e arrecadação financeira. Em geral, os moradores entrevistados percebem a importância ambiental quanto à moradia, lazer e apreciação natural e serviços ecológicos. Conforme Nogueira e Mainbourg (2010), o homem rural amazônico cria instrumentos e condições que permitam a adaptação humana e convivência com a natureza, podendo contribuir, em determinadas situações, com a permanência das pessoas no campo.
As informações sobre o cenário da dimensão ambiental das três comunidades estudadas estão descritas resumidamente no Quadro 2.
Quadro 2. Cenário ambiental das comunidades de Guarajubal, Porto Alegre e Cipoteua,
do município de Marapanim, Pará, entre 2014 e 2015.
Parâmetros ambientais |
Descrição das três comunidades de estudo |
Desmatamento/ queimada |
* As práticas de desmatamento e queimadas ocorrem quase que proporcionalmente entre si nas comunidades, principalmente ao se tratar dos agricultores tradicionais de mandioca, sobretudo, em Cipoteua, que é uma comunidade agrícola. * O extrativismo vegetal ocorre para fins produtivos conforme as necessidades pessoais. * As queimadas ocorrem para a limpeza do terreno ou como a primeira etapa para a implantação dos roçados, e/ou incinerar os resíduos sólidos produzidos pelos comunitários, prática predominante em Cipoteua. |
Conservação de áreas naturais |
* A maioria dos moradores das três comunidades estudadas tem a preocupação em conservar os ambientes naturais, os quais estão localizados na propriedade particular ou na mata nativa, em reconhecimento a importância dos recursos e serviços naturais para a população e para evitar problemas ambientais. |
Uso do meio ambiente |
* Existe a consciência dos moradores locais quanto à importância socioeconômica e ambiental do meio natural das comunidades como espaço de (con)vivência, lazer, trabalho e contemplação. * A relação dos comunitários com o meio ambiente decorre da adaptabilidade humana aos ecossistemas amazônicos, como ocorre entre os trabalhadores agroextrativistas das comunidades estudadas e de toda a população em relação ao uso dos recursos naturais. * Existe o consumo e comercialização de alimentos produzidos nas próprias comunidades, tais como: produtos agrícolas (principalmente mandioca e em menor escala, feijão, arroz, milho, entre outros) e beneficiados (em destaque, a farinha de mandioca), e o pescado, além de crustáceos, como: caranguejos e camarões. |
As fontes principais de renda mais frequentes entre as unidades familiares estudadas de Guarajubal e Porto Alegre foram a aposentadoria, os trabalhos remunerados (públicos ou privados) e os agroextrativistas (agricultura, extrativismo e/ou beneficiamento de caranguejo e pesca), enquanto que em Cipoteua foi a agricultura (Tabela 1). Com menores frequências entre os informantes, os serviços autônomos (comércio de gêneros domésticos e venda de pescado e crustáceos), os auxílios financeiros (do Programa Bolsa Família, pensão alimentícia dos filhos e ajuda de familiares) – os quais são os desempregados - e as atividades informais (bicos) ocorreram somente nas duas primeiras comunidades. O orçamento familiar também pode ser complementado por um ou mais meios financeiros, principalmente pelo Programa Bolsa Família (Tabela 1).
No contexto nacional, políticas sociais são adotadas pelo Governo Federal para promover melhores condições e qualidade de vida aos cidadãos (Rios et al., 2011), que é o caso do Programa Bolsa Família, criado em 2003 e institucionalizado pela Lei 10.836 (Brasil, 2004). Particularmente, as famílias rurais mais assistidas por tal política estão concentradas na região norte e nordeste do país (Medina, Novaes, 2014).
Para as populações amazônicas destaca-se a importância dos programas governamentais federais e estaduais e da aposentadoria para o orçamento doméstico (Guedes et al., 2009). Este fato encontra-se presente nas três comunidades estudadas, visto que as finanças obtidas com o programa supracitado contribuem para suprir algumas necessidades básicas da unidade familiar e manter os filhos nas escolas, enquanto que a aposentadoria garante certa estabilidade econômica e para alguns trabalhadores representa a suspensão das atividades agroextrativistas (Alves et al., 2015).
Ressalta-se que essas fontes econômicas podem acontecer simultaneamente ou não numa mesma unidade familiar. Conforme Schneider (2007), a pluriatividade e as rendas não agrícolas no meio rurícola são alternativas para a melhoria da geração de emprego e de rentabilidade, redução da vulnerabilidade social, produtiva e do êxodo da juventude, contribuindo, assim, para o processo de desenvolvimento rural.
Como resultado deste estudo, verificou-se que a renda mensal familiar das unidades familiares estudadas predominantemente variou de < 1 ≤ 2 salários mínimos em Guarajubal e em Porto Alegre, sendo que o maior rendimento é obtido pelos aposentados e trabalhadores remunerados, e de < 1 ≤ 4 salários em Cipoteua (Tabela 1). Nessa comunidade, a maior parte dos entrevistados obtém ao mês uma quantia abaixo de um salário mínimo, pois são agricultores que comercializam os produtos agrícolas, principalmente, a farinha de mandioca, enquanto que o maior rendimento pertence aos aposentados que ainda são agricultores e comerciantes e também o funcionário público que é agricultor.
Quanto às atividades econômicas de base agroextrativista, destacaram-se as fontes primárias e secundárias de renda: a agricultura, a pesca e o extrativismo de caranguejo, em Guarajubal e Porto Alegre, e somente a agricultura em Cipoteua. Esses trabalhos são desenvolvidos em consonância à adaptabilidade humana no meio onde os grupos humanos estão situados, como, por exemplo, a pescaria e a extração de crustáceos acontecem somente nos ecossistemas estuarinos e de manguezais em duas das comunidades estudadas (Guarajubal e Porto Alegre). Sobre isso, é sabido que as populações humanas brasileiras tiveram que se adaptar aos diferentes ecossistemas que ocuparam e desenvolver formas de explorar os recursos naturais para prover sua sobrevivência, de acordo com os conhecimentos que acumularam durante as gerações (Pinto et al., 2006; Zuchiwschi et al., 2010).
Particularizando os trabalhadores agroextrativistas que comercializam seus produtos, a maioria deles (81,3% em Guarajubal, 76,9% em Porto Alegre e 76,7% em Cipoteua) obtém ao mês o valor inferior a um salário mínimo, enquanto que os demais auferem finanças compreendidas entre um e dois salários (18,7%, 23,1% e 23,3%, respectivamente). Sabe-se que a agricultura, a pesca, o extrativismo e/ou o beneficiamento manual de caranguejo podem ocorrer simultaneamente numa mesma unidade familiar. O principal produto agrícola vendido é a farinha de mandioca, o pescado é comercializado diretamente ao consumidor ou repassado ao intermediário (marreteiro) e o caranguejo é vendido in natura ou quando beneficiado manualmente. Contudo, independente da atividade agrícola ou extrativista o lucro obtido pode corresponder, sobretudo, à força de trabalho familiar.
Tabela 1. Panorama financeiro das 139 famílias estudadas das comunidades de Guarajubal,
Porto Alegre e Cipoteua, Marapanim, Pará, em 2014-2015.
Fontes primárias de renda das três comunidades |
Guarajubal |
Porto Alegre |
Cipoteua |
||||||
% |
Fontes secundárias de renda |
∑Renda |
% |
Fontes secundárias de renda |
∑Renda |
% |
Fontes secundárias de renda |
∑Renda |
|
Aposentadoria
|
38,3 |
Bolsa Família, extração e/ou beneficiamento de caranguejo, atividades informais |
1 ≤ 2 |
19,6 |
Bolsa Família, atividades informais, comércio |
1 ≤ 2 |
33,3 |
Bolsa Família, agricultura, atividades informais, comércio |
1 ≤ 4 |
Atividades agrícolas e/ou extrativistas |
33,4 |
Bolsa Família, pesca, extração e beneficiamento de caranguejo, atividades informais, comércio |
< 1 ≤ 2 |
19,6 |
Bolsa Família, pesca, agricultura, captura de caranguejo, atividades informais, comércio |
< 1 ≤ 2 |
63,6 |
Bolsa Família, atividades informais, comércio |
< 1 ≤ 2 |
Serviços públicos ou privados |
15,0 |
Bolsa Família, extração e beneficiamento e de caranguejo, comércio |
1 ≤ 2 |
28,3 |
Bolsa Família, atividades informais, comércio |
1 ≤ 2 |
3,1 |
Agricultura |
1 ≤ 3 |
Serviços autônomos |
5,0 |
Bolsa Família, pesca, atividades informais |
<1 ≤ 2 |
8,7 |
Bolsa Família, agricultura, pesca |
<1 ≤ 2 |
- |
Não ocorre |
- |
Auxílios financeiros |
8,3 |
Ajuda de familiares |
≤ 1 |
8,7 |
Ajuda de familiares, agricultura, atividades informais |
< 1 |
- |
Não ocorre |
- |
Benefícios sociais |
- |
Não ocorre |
- |
10,9 |
Bolsa Família, atividades informais |
1 ≤ 2 |
- |
Não ocorre |
- |
Atividades informais |
- |
Não ocorre |
- |
4,3 |
Bolsa Família |
<1 |
- |
Não ocorre |
- |
Fonte: Dados da pesquisa.
As práticas agrícolas e extrativistas presentes nas três comunidades são comuns entre os povos rurícolas da Amazônia, afinal, são opções viáveis de produzir e/ou extrair alimentos da natureza e possivelmente comercializá-los, com intuito de adquirir renda para a aquisição de produtos e bens de consumo que não produzem. Para executar essas atividades as famílias rurais não necessitam de qualificação educacional, entretanto, a ausência de assistência técnica e profissional compromete o processo produtivo e interfere na sustentabilidade socioambiental.
Sobre os serviços remunerados (gari, porteiro, professor, agente comunitário de saúde), há de se considerar, com base nesse estudo, que quanto mais próximo do perímetro urbano mais os trabalhos públicos e privados tendem a se diversificar, enquanto gradativamente o agroextrativismo vai perdendo sua importância para as comunidades rurais, como vem ocorrendo em Guarajubal e Porto Alegre. Os programas de assistencialismo do Governo, como o Programa Bolsa Família, também podem contribuir com a erosão de etnoconhecimento e o abandono cultural por parte da juventude rural. Este fato pode estar associado à comunidade de Porto Alegre, cujos jovens não almejam trabalhar na pesca.
Um exemplo da influência negativa do Programa Bolsa Família foi estudado por Silva et al. (2014) quanto à dinâmica de produção da farinha de mandioca no Estado do Pará. O estudo constatou que as famílias beneficiadas por tal programa são induzidas à acomodação em razão de uma quantia de dinheiro fixa ao mês e, também, a falta de interesse pelo trabalho agrícola pelos membros familiares mais jovens, visto que em determinadas regiões do Estado a agricultura é exercida exclusivamente pelo chefe da família.
As informações sobre o cenário da dimensão econômica das três comunidades estudadas estão descritas resumidamente no Quadro 3.
Quadro 3. Cenário econômico das comunidades de Guarajubal, Porto Alegre e Cipoteua,
do município de Marapanim, Pará, entre 2014 e 2015.
Parâmetros econômicos |
Descrição das três comunidades de estudo |
Trabalho e geração de renda |
* Predomínio de moradores com renda proveniente de uma atividade (assalariada ou agroextrativista) ou por meio da aposentadoria. * A aposentadoria garante uma renda fixa à unidade familiar e melhores condições financeiras. * O Programa Bolsa Família é o meio secundário de aquisição de renda mais frequente entre as famílias estudadas, contribuindo para suprir algumas necessidades básicas das famílias e manutenção dos filhos nas escolas. * Poucos entrevistados são desempregados, mantendo-se apenas por meio da renda obtida com o Programa Bolsa Família, ajuda de familiares ou de trabalhos esporádicos e temporários (bicos). * Há maior diversidade de fontes de renda em Guarajubal e Porto Alegre, podendo ser decorrente da proximidade destas com os centros urbanos (cidade de Marapanim e distrito de Marudanópolis). * As atividades agroextrativistas podem ocorrer paralelamente para as famílias rurais das comunidades estudadas, sendo elas o extrativismo e/ou o beneficiamento de caranguejo, a pesca artesanal e a agricultura, cuja comercialização dos produtos garante rendimento primário ou secundário. * A agricultura é a principal base econômica de Cipoteua. |
Comercialização da produção agroextrativista |
* Os trabalhadores agroextrativistas que comercializam seus produtos auferem lucro variável, predominantemente, de até um salário. * Os agricultores comercializam principalmente a farinha de mandioca em saca (60 kg). * Os extrativistas de caranguejo podem vender o crustáceo in natura (a cento ou individualmente), repassar aos intermediários ou às marisqueiras para o beneficiamento manual do animal, cujo produto (massa de caranguejo) também é comercializado. * Os pescadores vendem o pescado ao consumidor ou o repassam aos intermediários, dependendo da quantidade pescada. * A abrangência do mercado consumidor desses produtos excede os limites das comunidades. |
Renda familiar mensal |
* A renda das famílias nas referidas comunidades varia, predominantemente entre os entrevistados, de um a dois salários mínimos, dependendo das atividades desenvolvidas. * A comunidade de Cipoteua foi a que apresentou menor poder aquisitivo dos moradores, pois a agricultura não proporciona maiores lucros com a comercialização dos produtos agrícolas. * O rendimento mais considerável mensal foi em Porto Alegre e Guarajubal pela maior ocorrência de trabalhos e outros meios de aquisições de renda. |
Quanto às ações do poder público, estas não satisfazem a maioria dos entrevistados de Guarajubal (73,3%), Porto Alegre (73,9%) e Cipoteua (84,8%), enquanto que os demais (26,7%, 26,1% e 15,2%, respectivamente) estão satisfeitos com os tênues serviços prestados nos locais, como: as visitas dos médicos, a coleta pública de resíduos sólidos nas duas primeiras comunidades e, em Cipoteua, a construção de uma nova escola (obra concluída e inaugurada em 2015), e ações assistencialistas, como: o apoio financeiro às festas populares nesses três povoados. Porém, em períodos de eleição, muitos projetos são divulgados pelos candidatos a essas populações, mas poucos são concretizados, outros, ficam na falácia.
Tratando-se da participação social nas organizações comunitárias, grande parte dos informantes (80,0% em Guarajubal e 78,8% em Cipoteua) não participa das mesmas, ao contrário da minoria (20,0% e 21,2%, respectivamente). Nesse aspecto, a maioria (69,6%) dos entrevistados de Porto Alegre participa de uma ou das duas associações existentes nesta localidade e 30,4% não são participantes. Embora haja a organização dos moradores e a considerável participação dos membros, nota-se a diminuta atuação das associações, pois geralmente os associados apenas participam das reuniões que podem ocorrer uma vez por mês. A condição mais grave é a da comunidade de Cipoteua, cujo órgão social está parcialmente inativo, pois se encontra em inadimplência na Receita Federal.
Em particular, as associações são criadas entre indivíduos com interesses semelhantes e que se unem para adquirir maior poder de barganha na resolução de conflitos e dificuldades, sendo a confiança entre os integrantes a base do desenvolvimento das comunidades (Tonini, Macke, 2007). No entanto, os moradores das três comunidades estudadas apresentam, predominantemente, dificuldade em manter relações interpessoais, além de desconfianças entre os associados e a falta de comprometimento coletivo (Alves et al., 2015). Frisa-se ainda que alguns comunitários buscam se associar ao Sindicato dos Agricultores e Agricultoras Rurais de Marapanim ou à Colônia dos Pescadores Z-6, principalmente para garantir o direito à aposentadoria e benefícios sociais.
A deficiência das associações nessas três localidades contribui significativamente para o descaso do poder público e, consequentemente, para a ausência de políticas públicas às populações locais. Isso ajuda a dificultar a promoção de serviços fundamentais e com qualidade (educação, assistência à saúde, moradia digna, empregabilidade, entre outros), assim como a melhoria das condições de trabalho aos trabalhadores agrícolas e extrativistas. Neste sentido, mencionam-se o acesso facilitado às linhas de crédito e financiamento e assistência técnica aos agroextrativistas, o pagamento do seguro defeso aos extratores de caranguejo e pescadores, a implantação da cooperativa das marisqueiras de Guarajubal, por exemplo.
Ressalta-se que essas e outras expectativas se intensificaram com a recente criação da Reserva Extrativista Marinha (RESEX-MAR) Mestre Lucindo, do município de Marapanim, na região da Água Salgada. Esta Unidade de Conservação (UC), com cerca de 26.465 ha de área e 314.549 m de perímetro, tem por objetivos: conservar os ecossistemas de manguezais, restingas, dunas, várzeas, campos alagados, rios, estuários e ilhas; garantir a sustentabilidade do uso dos recursos naturais e proteger a cultura e o modo de vida das comunidades tradicionais extrativistas da região (Brasil, 2014).
A implantação de RESEX-MAR, na porção litorânea do Pará, particularmente em áreas de manguezais, consiste em ações políticas adotadas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) (Glaser, Oliveira, 2004; Sales et al., 2009). Estas UCs podem se configurar como instrumentos eficazes à erradicação de problemas antigos que comprometem a geração de renda e qualidade de vida dos moradores locais (Lobato et al., 2014). No caso de Marapanim, muitos comunitários almejam com a criação dessa Reserva Extrativista o advento de benefícios, como: melhoria da habitação, da infraestrutura e fomentos para o extrativismo (MMA, 2014).
Os extrativistas e marisqueiras de caranguejo de Guarajubal anseiam a criação de uma cooperativa, como forma de agregar valor ao produto por meio do beneficiamento do crustáceo, melhoria das condições de trabalho e geração de renda, entre outros benefícios. Conforme Machado (2007), a catação de caranguejo é uma atividade antiga nessa comunidade, cujo produto era destinado apenas ao autoconsumo, porém, atingiu fins comerciais, há aproximadamente 17 anos, por iniciativa de um morador com a instalação de uma fábrica de processamento manual e embalagem da carne do caranguejo, a qual não existe mais nos dias atuais.
Outra dificuldade para os agricultores e extrativistas locais é a ausência da atuação dos Órgãos de Assistência Técnica e Extensão Rural, no caso a EMATER-PA, escritório de Marapanim. Somente em Cipoteua, 6,1% dos produtores expressaram que tal instituição auxilia na prática da agricultura quando solicitado e, no passado, proporcionou um curso de horticultura nessa comunidade. Esse tipo de assistência poderia contribuir com o aumento e diversificação da produção agrícola para o autoconsumo dos agricultores e também para comercialização da mesma, a fim de atender um mercado consumidor mais amplo, além de incutir alternativas de implantação dos roçados, que extinga o método tradicional de corte-queima, principalmente em Cipoteua, onde a agricultura é mais intensa.
A EMATER deveria apoiar e orientar sobre as diversas atividades rentáveis quanto ao aproveitamento dos potenciais dos espaços rurais além da agricultura, como: turismo rural, prestação de serviços locais, produção artesanal com uso de matérias-primas nativas e apoio às iniciativas de Economia Solidária, que visam distribuir a renda a partir do cooperativismo e solidariedade (Siliprandi, 2002). Tratando-se da questão turística, as festas, a oferta de produtos naturais (caranguejo, subprodutos agrícolas, peixes) e o meio ambiente atraem não somente os comunitários, mas também pessoas de outros municípios para as comunidades estudadas. De acordo com o MMA (2014), o turismo é um das principais atividades econômicas do município de Marapanim, mas não apresenta planejamento ou geração de benefícios aos moradores locais.
As informações sobre o cenário da dimensão institucional das três comunidades estudadas estão descritas resumidamente no Quadro 4.
Quadro 4. Cenário institucional das comunidades de Guarajubal, Porto Alegre e Cipoteua,
do município de Marapanim, Pará, entre 2014 e 2015.
Parâmetros institucionais |
Descrição das três comunidades de estudo |
Atuação do poder público |
* A atuação é mínima diante das necessidades das famílias rurais, independente da distância das comunidades em relação à sede de Marapanim. * A maioria dos moradores está insatisfeita com a participação dos governantes em razão dos escassos serviços realizados nas comunidades e as falácias durante o período das eleições que não são concretizadas. |
Participação social e atuação da associação comunitária |
* Existência de organizações sociais nas comunidades: - Associação Comunitária dos Moradores de Guarajubal; - Associação dos Moradores e a Associação dos Agricultores de Porto Alegre. - Associação Comunitária dos Agricultores de Cipoteua 22 de julho (inadimplência na Receita Federal). * Uma parcela dos moradores participa da associação em sua respectiva comunidade, principalmente em Porto Alegre, mas é notável que na maioria dos casos a participação se resume em reuniões mensais. * Em geral, os associados de uma mesma organização comunitária são pouco prestativos e desconfiados com a liderança da associação e com os demais membros. * A associação dos moradores locais no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Marapanim e na Colônia dos Pescadores Z-6 ocorre para fins de aposentadoria, no futuro, e de benefícios sociais ofertados pelo Governo. |
Atuação de órgãos de assistência técnica e extensão rural |
* Existe um órgão de assistência técnica e extensão rural em Marapanim, a EMATER-PA. * A atuação desse órgão é mínima nas referidas comunidades, podendo ocorrer quando solicitado, mas predominantemente os agricultores e extrativistas não têm ajuda técnica para produzir. |
Os cenários analisados das comunidades de Guarajubal, Porto Alegre e Cipoteua são relativamente semelhantes entre si, apresentando atualmente alguns serviços básicos aos cidadãos rurais, mas que não atendem com eficiência e qualidade a demanda social desses grupamentos humanos. Concomitantemente, estão vulneráveis aos impactos ambientais que decorrem das próprias ações antrópicas locais, intensificadas pela precariedade de infraestrutura, baixa aquisição de renda, ausência de gestão ambiental, de auxílio técnico e de fiscalização, principalmente em relação ao manejo dos recursos naturais explorados pelos trabalhadores agrícolas e extrativistas.
Contudo, essas comunidades consistem em espaços culturais, produtivos, de belezas cênicas e de estratégias socioeconômicas, atributos que permitem aos comunitários nelas viverem, sobreviverem e socializarem, o que pode evitar o êxodo rural, em grandes proporções. Embora influenciadas por aspectos citadinos e modernos, o tradicionalismo, caracterizado por conhecimentos e atividades transmitidas oralmente entre as gerações, ainda é preservado nas três localidades, mas não em sua totalidade, visto que é constante o fluxo de experiências, bens e serviços entre o meio rural e o urbano. Porém, infere-se que a base primitiva econômica das comunidades rurais seja a agricultura e o extrativismo.
Numa visão qualitativa, as comunidades de Guarajubal, Porto Alegre e Cipoteua possuem baixo grau de desenvolvimento e, sobretudo, quando se associa à sustentabilidade, considerando as dimensões social, econômica, ambiental e institucional. Acredita-se que as fragilidades e deficiências do sistema sociedade-natureza, que se generaliza à região amazônica, são possivelmente provenientes da diminuta mobilização e atuação das instituições locais (órgãos públicos, associações, ONGs). Isso porque o setor político-organizacional deveria ser a base e articulação para a criação e promoção de ações e políticas sociais e ambientais voltadas às especificidades e culturas do território rural, que, por fim, contribuísse para a sanidade ecológica, qualidade de vida das populações e sustentação das atividades agrícolas e extrativistas que historicamente fornecem alimentos e originam renda para os povos rurícolas e também urbanos.
Os fenômenos que permeiam as comunidades rurais de Marapanim são complexos e interligados entre si, o que necessita de estudos interdisciplinares para gerar subsídios precisos para a elaboração de políticas e planos de manejo adequados às realidades apresentadas neste estudo. Espera-se que muitos problemas que afligem as populações estudadas sejam minimizados ou solucionados em razão dos benefícios provenientes da recente criação da Unidade de Conservação (Resex-Marinha Mestre Lucindo, em Marapanim), resultando no nível de desenvolvimento sustentável almejado – ou próximo do ideal - ao município como um todo.
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1. Biológo, Mestre em Ciências Ambientais, Universidade do Estado do Pará, Pará, Brasil, e-mail: raynon_alves@yahoo.com.br
2. Físico, Doutor em Ciências Físicas, Universidade do Estado do Pará, Pará, Brasil, e-mail: altempontes@hotmail.com
3. Bióloga, Doutora em Ciências Biológicas, Universidade do Estado do Pará, Pará, Brasil, e-mail: melcam@uol.com.br