Espacios. Vol. 37 (Nº 15) Año 2016. Pág. E-1
Vinícius Rodrigues TAVARES 1, Gilmar de Carvalho CRUZ 2; Khaled Omar Mohamad El TASSA 3
Recibido: 14/02/16 • Aprobado: 01/04/2016
3. Apresentação dos dados e discussão
RESUMO: O presente trabalho teve por objetivo implementar e analisar estratégias para otimizar a participação de pessoas com deficiência em aulas de educação física à luz da tensão inclusão/exclusão na perspectiva de alunos do ensino médio de um colégio estadual do Paraná. Realizou-se pesquisa-ação com a participação de vinte e sete alunos de uma turma de terceiro ano do ensino médio, dos quais três alunos com deficiência física. As intervenções foram registradas em diário de campo e filmagem. Utilizou-se questionário sobre inclusão/exclusão e participação de alunos nas aulas de educação física. As informações construídas por ocasião da pesquisa realizada indicam que a prática pedagógica do professor de educação física é fundamental para a consecução de educação inclusiva, caracterizada pelo envolvimento de todos os alunos na realização das tarefas propostas. O planejamento da intervenção assentado em uma proposta pedagógica consistente com foco na mudança no ambiente de aprendizagem e com adaptações necessárias à efetivação do processo ensino-aprendizagem é, para tanto, imprescindível. |
ABSTRACT: This study aimed to analyze and implement strategies to optimize the participation of people with disabilities in physical education classes in the light of the tension inclusion / exclusion from the perspective of high school students at a state college of Paraná. He conducted action research with the participation of twenty-seven students of a third year high school class, of which three students with physical disabilities. Interventions were recorded in a field diary and shooting. It used questionnaire about inclusion / exclusion and participation of students in physical education classes. The information built during the survey indicate that the teaching practice of physical education teacher is essential for achieving inclusive education, characterized by the involvement of all students in all tasks. The planning of the intervention seated in a pedagogical proposal consistent with a focus on change in the learning environment and adaptations necessary to the effectiveness of the teaching-learning process is, therefore, essential. |
A inclusão escolar é um desafio crescente e representa uma busca constante pela dignidade e democratização. Dentro desse cenário os professores não podem fechar os olhos para a questão que abrange a inclusão escolar, partindo do princípio de conviver e respeitar as diferenças, e não tentar simplesmente ignorá-las e/ou anulá-las. Deste modo:
A Educação Física (EF) como disciplina curricular não pode ficar indiferente ou neutra face a este movimento de Educação Inclusiva. Fazendo parte integrante do currículo oferecido pela escola, esta disciplina pode-se constituir como um adjuvante ou um obstáculo adicional a que a escola seja (ou se torne) mais inclusiva (RODRIGUES, 2003, p. 76).
A inclusão não significa colocar os alunos com deficiências na sociedade, nas escolas, mas sim dar suporte, condições para que eles se desenvolvam e aprendam como os demais alunos. Segundo Mantoan (2003), a inclusão não está só ligada às políticas e à organização da educação especial e regular, mas também à ideia de que todos os alunos, sem exceções, devem frequentar as salas de aulas do ensino regular. Desta forma, a inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, não só se limitando aos alunos com algum tipo de deficiência, por exemplo, mas sim a todos que apresentam alguma dificuldade de aprender.
Gomes et al. (2010), comentam que os professores de educação física terão que se especializar em lidar com as diferenças existentes em suas aulas. A inclusão do diferente, do estranho, da minoria (sejam elas religiosas, raciais, étnicas, de gênero ou pessoas com deficiência, etc.) não será suficiente para chegar num padrão desejado de educação inclusiva, pois, toda a tentativa de inclusão poderá ocasionar nova exclusão. Por isso, Não basta que a escola assuma o discurso da diferença, mas precisa colocar a própria diferença em discussão. Pois novas formas de inclusão podem, estar acompanhadas de práticas pedagógicas de exclusão. (GOMES et al. 2010. p. 13).
Para Mantoan (2003) a inclusão parte do princípio de ensinar a turma toda e para conseguir. Assume-se, portanto, que os alunos sempre sabem alguma coisa, e que todo educador pode aprender. Além do mais, é de grade importância que o professor eleve as expectativas em relação à capacidade dos alunos e não desista nunca de buscar meios que possam ajudá-los a vencer os desafios escolares. O sucesso desta aprendizagem de todos está em explorar talentos e reconhecer as dificuldades e limitações de cada aluno, mas sem diferenciar o ensino para cada um deles.
A Educação Física aparentemente é um componente curricular com grande potencial para proporcionar a inclusão escolar. Ela pode em muito colaborar com a efetivação de uma educação inclusiva e, por conseguinte, com a consecução do projeto pedagógico da escola. Na Educação Física o professor tem liberdade para organizar os conteúdos que vão ser aprendidos e vivenciados pelos alunos. Isso permite que os alunos tenham uma ampla participação nas aulas, mesmo aqueles que têm muitas dificuldades (RODRIGUES, 2003).
Do Mesmo modo que a Educação Física pode ser um adjuvante para a inclusão ela pode se tornar resistente a ela, pela sua cultura desportiva e competitiva, excluindo pessoas que não se encaixam nos padrões de desempenho numa determinada competição durante as aulas,
Muitas das proposições de atividades feitas em Educação Física, realizadas na base da cultura competitiva, podem ser observadas nas escolas. A prática desportiva, quando usada sem os princípios da inclusão, é uma atividade que não favorece a cooperação, que não valoriza a diversidade e que pode gerar sentimentos de satisfação e de frustração. Essa cultura competitiva constitui uma fonte de exclusão e pode se consistir numa barreira à educação inclusiva (AGUIAR ; DUARTE, 2005 p.225).
Carvalho (2005b), em seu estudo explica que duas pessoas com as características iguais e com a mesma deficiência e dependendo da situação onde vivem, vão encontrar dificuldades diferentes maiores ou menores barreiras para suas necessidades de ir e vir, de aprender. Então, porque colocá-las numa turma à parte alegando que elas irão aprender e se desenvolver de formas iguais por apresentarem a mesma deficiência.
Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo implementar e analisar estratégias para otimizar a participação de pessoas com deficiência em aulas de educação física. Objetivou-se também discutir a tensão inclusão/exclusão, a partir da perspectiva de alunos do ensino médio de um colégio estadual do Paraná.
Utilizou-se da pesquisa-ação baseada na observação e ação de situações reais, para a solução ou esclarecimento do problema de inclusão de deficientes físicos nas aulas de educação física. Isto é, A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa participante engajada, em oposição à pesquisa tradicional, que é considerada como "independente", "não-reativa" e "objetiva". Como o próprio nome já diz, a pesquisa-ação procura unir a pesquisa à ação ou prática (ENGEL, 2000, p. 182).
A pesquisa envolveu 27 alunos sendo 3 com deficiência física do 3o ano do ensino médio de um colégio estadual da cidade de Irati Paraná. Foram feitas duas observações da turma e escola e 11 intervenções, uma por semana. Conforme Quadro 1, segue caracterização da deficiência física apresentada pelos alunos:sujeitos.
Quadro 1 - Caracterização da deficiência física
Sujeitos |
Deficiência física |
Caracterização da deficiência |
Aluno 1 |
Monoparesia |
Perda parcial das funções motoras de um só membro superior uma das mãos. |
Aluno 2 |
Paraparesia |
Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores. |
Aluno 3 |
Tetraparesia |
Perda parcial dos movimentos dos membros inferiores e superiores, mãos e nos pés, tem dedos curtos e grudados. |
Fonte: Os autores
Os dados foram coletados através da observação da turma durante duas aulas com um roteiro de observação, com questões pré-estabelecidas para entender o que realmente está acontecendo nas aulas de educação física com relação à participação de alunos com deficiência física. Para resolver os problemas observados nas aulas, foi elaborado e implementado um plano de ação com 11 intervenções. No qual foi trabalhado com os esportes Goalball, Handebol e jogos e brincadeiras visando a participação e o ensino de todos os alunos, com ou sem deficiência, buscando o aprimoramento do modo de transmitir o conteúdo da disciplina educação física. Na sequência implementou-se, junto aos alunos participantes da pesquisa, questionário a respeito da tensão inclusão/exclusão e sobre suas participações em aulas de educação física.
Foram tomados os cuidados éticos pertinentes ao estudo, sendo todas as informações sobre objetivos, procedimentos e questões legais do estudo foram apresentados aos pais e responsáveis legais dos participantes, e, aqueles que optaram por participar da pesquisa, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
As intervenções foram feitas baseadas na educação inclusiva, aulas onde todos tiveram as mesmas oportunidades de vivenciar e aprender. Partindo da ideia de que todos aprendem de maneiras diferentes e de que cada pessoa tem seu tempo e precisa de fatores diferentes para assimilar certos conteúdos, fica evidente, assim como em outras áreas da educação, que as atividades e aulas de educação física devem ser adaptadas. De acordo com Pedrinelli e Verenguer (2008) educação física adaptada tem como objetivo:
[...] o estudo e a intervenção profissional do universo das pessoas que apresentam diferentes e peculiares condições para a prática das atividades físicas. Seu foco é o desenvolvimento da cultura corporal e do movimento. Atividades como ginástica dança jogos e esporte, conteúdos de qualquer programa de atividade física, devem ser consideradas tendo em vista o potencial de desenvolver pessoas (e não a deficiência em si ) (2008, p, 4).
Segundo Cruz (2010, p.33), "[...] importa a cada professor perceber de que forma a sua aula está organizada e quais as estratégias eficazes para a criação dum ensino eficaz". Com apoio neste conceito as atividades para as aulas foram adaptadas de acordo com a demanda e a necessidade dos alunos para melhor condição de aprendizagem e de prática das atividades, pois o desafio do professor consiste em lidar com o abundante potencial presente nas pessoas nos mais diferentes contextos. Para alcançar o objetivo proposto de educação inclusiva foram utilizadas estratégias diferentes e conceitos sobre inclusão, superação e motivação, apresentados de forma expositiva por meios de vários recursos como audiovisuais e de forma prática.
O desafio de fazer todos os alunos, com e sem deficiência, participarem realmente da aula parecia difícil, pois já havíamos constatado nas observações que a maioria não participava. Por isso, enxergar em pessoas que apresentam alguma deficiência, suas capacidades, possibilidades e potencial, ao invés de suas limitações e desvantagens contribui para melhorar a qualidade de vida e assegurar seus direitos humanos e sociais (PEDRINELLI; VERENGUER, 2008).
Durante uma das aulas tivemos duas grandes surpresas, a primeira foi que a turma toda participou de forma efetiva, até os alunos com deficiência tiveram participação igual ou até superior em relação aos demais colegas. A segunda surpresa foi que no pré-desportivo cabeçobol o aluno 2 foi o destaque pela sua experiência e inteligência tática no futebol, bom posicionamento e aproveitando ao máximo suas capacidades e habilidades marcando os dois gols de sua equipe, dando a vitória a ela e não só por isso, pelo fato de demostrar que sua deficiência não o impede de participar, de ser competitivo e superar seus limites. Aprendemos muito nesta aula até mais do que ensinamos, pois concluímos que a presença de uma deficiência ou dificuldade não é o principal fator de exclusão, mais sim as barreiras que as pessoas criam em ver somente a deficiência e não as capacidades, habilidades e potencial das pessoas.
O grande desafio do professor é que quando a turma está num nível de habilidade homogêneo e algum aluno desiquilibra, tanto devido à maior habilidade ou a falta dela, a inclusão fica comprometida ou não acontece. Foi o que aconteceu, a presença de um aluno com mais habilidade e velocidade que os demais e de ser um pouco "fominha" não passava a bola para os colegas, isso causou desmotivação nos demais alunos durante o pré-desportivo flagbol, então tivemos que mudar as regras, para que todos participassem de uma forma mais efetiva do jogo. Por isso:
A igualdade de direitos na educação deve significar um trabalho de comunidade inclusivo, onde se tenha em conta os vários tipos de diversidade: género, classe, cultura e as variações na capacidade funcional. O processo educacional tem que ultrapassar a perspectiva sobre a vida e a linguagem da cultura dominante, para também incluir a perspectiva acerca da vida e as formas de expressão das culturas não dominantes. Neste contexto, preconiza-se que todos os alunos se sintam bem com o ambiente de ensino-aprendizagem e, concomitantemente, de experienciar que a sua origem, a sua língua e a sua identidade próprias são também aceites e respeitadas (CRUZ, 2010 p.28).
Após percebemos a presença deste aluno com mais habilidade e velocidade que os demais, tivemos que preparar as aulas pensando em otimizar a participação dos alunos com deficiência e para que todos fossem desafiados durante as atividades, que não ficasse muito fácil para o aluno com mais habilidade e que também não ficasse muito difícil para os menos habilidosos, para que todos vivenciassem e aprendessem de forma igual o conteúdo proposto.
Cruz e Lemishka (2010) concluem que além de incluir alunos com deficiência em aulas de Educação Física, temos que aprimorar e organizar o ambiente de aprendizagem para que eles realmente aprendam. Por isso foi fundamental a utilização de vídeos motivacionais e demonstrativos, adaptações dos ambientes de aprendizagem e dos materiais utilizados para ela, com o uso de materiais alternativos, tais como bexigas, jornais, folhas, tecidos e vários outros em nossas aulas, tudo para contribuir para uma melhor aprendizagem dos alunos e participação de todos.
As maiores dificuldades que enfrentamos foram em ensinar a todos dando oportunidades iguais sem subestimar os alunos com deficiências, adaptar atividades pensando nos seguintes fatores:
- O aluno 1 tem paralisia parcial em um dos braços não podendo fazer atividades que envolvam os dois braços e é muito tímido se não for incentivado não participa da aula.
- O aluno 2 que tem paralisia parcial nas duas pernas não consegue se locomover em velocidade e quando cai demora mais que os demais alunos para se levantar, mas mesmo com estas limitações e um excelente aluno muito extrovertido e participativo.
- O aluno 3 que tem os dedos das mãos e dos pés grudados e curtos tem muita dificuldade em atividades que envolvam coordenação motora fina.
- O aluno 4 não passa a bola para os demais colegas, não entende a importância do trabalho de equipe e é individualista devido a sua maior habilidade e velocidade em relação aos demais alunos.
Então pensar em atividades que todos aprendam, se desafiem, que haja competição sem desigualdade e tenha trabalho de equipe não foi uma tarefa fácil, mas a utilização de atividades, jogos e espertes de estratégia onde cada aluno pode usufruir de todos os seus recursos, habilidades e capacidades de forma peculiar e contribuindo pra sua equipe de uma maneira diferente de acordo com aquilo que sabe fazer. Esta estratégia foi fundamental para otimizar a participar e o aprendizado dos alunos, não só dos que apresentam alguma deficiência, mas da Tuma toda.
Apresentação dos dados e discussão do questionário sobre a tensão inclusão/exclusão e participação de alunos em aulas de educação física a partir da perspectiva de 27 alunos do ensino médio de um colégio estadual do Paraná.
Gráfico 1: Nível de dificuldade dos alunos em participar das atividades de educação física
Fonte: Os autores
A grande maioria dos alunos não tiveram dificuldade alegando que as atividades eram bem explicadas e não muito difíceis. Um fato interessante é que dois dos três alunos com deficiência, não relataram ter sentido dificuldade alguma em participar das atividades durante as aulas. De acordo com a resposta do aluno 2:
"Tenho dificuldades físicas mais durante o período das aulas não tive dificuldade alguma".
Já o aluno 3 respondeu:
"Todas as atividades eram fáceis e não exigiam um esforço acima dos meus limites".
O aluno 1 foi o único dos alunos com deficiência que relatou ter sentido dificuldades durantes as atividades sua resposta foi:
"Por causa da deficiência no braço".
Teve mais dois alunos que relatam que tiveram alguma dificuldade em participar das aulas suas respostas foram:
"Tenho dificuldade em atividades que tenho que correr, porque tenho dores no joelho".
"Pois tem esporte que sou um pouco bitolada".
Estas respostas demostram que não é porque uma pessoa tem uma determinada deficiência que ela vai sentir dificuldade em praticar atividades nas aulas de educação física e que mesmo sem nenhuma deficiência algumas pessoas sentem dificuldades.
Gorgatti (2005) exalta a importância da educação inclusiva de forma integrada, pois alunos com deficiência em ambientes segregados, não teriam as mesmas experiências pessoais como, por exemplo, descobrir que na educação física e na própria sociedade, existem diversas possibilidades de pessoas com deficiência conviver e aprender com colegas sem deficiência.
Gráfico 2: Participação dos alunos durantes as aulas
Fonte: Os autores
Rodrigues (2003), explica que a educação física permite uma ampla e satisfatória participação dos estudantes, mesmo com as grandes diversidades dos alunos, cada um com dificuldades e facilidades. Devido a nossa proposta de aulas inclusivas, visando à participação de todos trazendo atividades onde todos os alunos possam praticar independente da sua condição física ou sua habilidade, conseguimos atingir um número grande de alunos que participaram das aulas. As respostas destes alunos que relataram participar de todas as aulas foram devido a elas serem divertidas e diferentes.
Resposta de um dos alunos:
"Porque são aulas variadas, não é tudo repetitivo, da mais vontade de fazer algo diferente".
Os alunos cuja resposta foi participar da maioria das aulas, justificaram a resposta por motivo de faltarem em algumas das aulas que aplicamos e alguns com motivos de doenças, dores musculares e ou dores em alguma parte do corpo.
Apenas um aluno relatou ter participado da metade das aulas e um relatou quase não participar. Os mesmos alunos foram incentivados a fazer parte das aulas, mas revelaram não ter participado de quase nenhuma e não acompanhar os demais alunos até a quadra onde geralmente aconteciam as aulas. Os dois alunos ou fugiam das aulas ou iam embora na hora do recreio.
Resposta do aluno que participou da metade das aulas:
"Porque de algumas atividades eu gostei".
O aluno que relatou quase não ter participado respondeu o seguinte:
"Sou tímido, e não gosto de me expor, e algumas atividades físicas eu não gosto e foi uma escolha minha. Participei de duas aulas práticas e duas teóricas".
Em relação aos alunos com deficiência física os três relataram participar efetivamente de todas as aulas.
Gráfico 3: Para você é possível que todos os alunos participem das aulas de educação física efetivamente?
Fonte: Os autores
Devido a grande diversidade dos alunos segundo Gomes e colaboradores (2010), o bom professor será aquele que interpreta e traduz as diferenças que se depara em suas aulas, assim possibilitando todos participarem dela. "O desafio que se lança às perspectivas progressistas da área passa, então, pelo reconhecimento de todas as diferenças sem, com isso, prescindir da reflexão sobre os distintos modos de se colocar no mundo" (2010, p.11).
A maior parte dos estudantes acha que é possível a participação de todos os alunos nas aulas de educação física alegando que se houver colaboração por parte de todos, professor e alunos todos podem participar. Respostas mais interessante dos alunos que acham que sim:
"Sim pois basta querem e respeitar o limite de cada um".
"Todos! Pois fazem o melhor que podem para deixar a aula e o ambiente melhor para atividades físicas. Mesmo que o aluno passa alguma dificuldade, é favorável a ele".
Resposta do aluno 3 que tem deficiência
"Sim, desde que os alunos com deficiência (limitação) possam se adaptar as atividades, ou, vice-versa".
Resposta dos alunos que responderam talvez:
"Talvez, pois cada um tem seu limite, o limite de uns vai além do limite de outros".
"As vezes, porque alguns tem dificuldade em algumas atividades".
Dentre os alunos que apresentavam deficiência, apenas o aluno 2 não respondeu que todos podem participar:
"Depende do caso um cadeirante por exemplo tem mais dificuldades em participar".
Foram somente dois alunos que responderam que não era possível todos participarem, segundo suas respostas:
"Não porque tem pessoas que tem muitas dificuldades (limitações físicas)".
"Não, porque nem todos tem a mesma vontade".
Esperávamos mais respostas relacionadas as dificuldades, limitações e deficiências dos alunos, devido a presença de três alunos com deficiência na turma e somente um deles o numero 1 que participava das aulas antes de nossas intervenções.
Gráfico 04: As atividades propostas pelo professor facilitaram ou não a inclusão de todos os alunos?
Fonte: Os autores
Cruz (2010), exalta a importância de repensar a educação no sentido da inclusão e que todos os alunos sintam-se bem no ambiente de ensino-aprendizagem e que suas experiências, dificuldades, facilidades e identidades sejam respeitadas.
Destaco neste trabalho a importância em adaptar as atividades e as aulas, não somente para a inclusão de pessoas com deficiência, mas também para uma melhor aprendizagem de todos, pois as adaptações que fizemos nas aulas e durante elas foram uma sequência pedagógica visando ensinar a todos. E já sabendo de que as pessoas aprendem de formas diferentes o fato de facilitar, diversificar e aumentar as formas de ensinar, irá abranger um número maior de alunos tornando o processo de ensino aprendizagem mais eficaz. Algumas das respostas dos alunos em relação as atividades facilitarem a inclusão ou não dos alunos:
"Sim, pois o professor tenta facilitar as atividades para que todos os alunos sejam inclusos".
"Facilitaram sim, porque faz com que todos interagissem juntos participando das atividades em conjunto".
"Sim, porque todos os alunos fizeram as aulas".
"Sim, pois ele fez atividades diferentes, tentando abranger a todos".
"Sim, porque fez com que todos participaram e assim se interagissem".
Segundo Cruz (2010) o professor de educação física deve prever os fatos e comportamentos inadequados em sua aula antes que eles aconteçam, deve dar atenção a dois acontecimentos simultâneos sem deixar a parte principal da aula de lado, apresentas proposta com clarezas, "[...] variar as estratégias propostas; fazer com que os alunos se auto responsabilizem, e ainda promover estratégias para crianças com necessidades educacionais especiais" (p. 34).
Apesar de todos os alunos responderem que as atividades facilitaram a inclusão de todos, nenhum aluno percebeu ou relatou que as atividades facilitaram a inclusão devido a serem adaptadas e pensadas para que as dificuldades e limitações de todos os alunos fossem superadas ou não interferissem na realização das tarefas durante as aulas, visando a participação e aprendizado de todos.
A presença de um aluno com deficiência em uma turma deve ser tratada como mais uma diferença no meio de tantas, pois até pessoas ditas "normais" têm níveis de habilidade, força, velocidade e aprendizado diferentes. E como este estudo demonstrou que durante uma aula de educação física, um aluno com deficiência motora pode se destacar, enquanto alguns sem deficiência podem apresentar dificuldade na realização de determinadas tarefas devido à manifestação de diferentes níveis de habilidade e experiências motoras anteriores.
Podemos observar que apesar de nossas aulas falarem e demonstrarem que todos, sem exceções, podem participar das aulas de educação física, alguns alunos ainda acham que uma pessoa com uma deficiência que comprometa sua locomoção irá sentir muita dificuldade e até sua participação será comprometida. Realmente esta pessoa poderá sentir alguma dificuldade, mas existem outras maneiras de participar da aula, a não ser somente de forma prática, em algumas atividades poderá ajudar como técnico ou criando estratégias, e poderá participar até em muitas atividades adaptadas de uma maneira que não fique muito difícil pra ele e nem muito fácil para alguns alunos habilidosos.
A presença de uma deficiência não é o principal critério para a exclusão, mas sim as barreiras e expectativas sobre essa deficiência. Muitas vezes as pessoas julgam o deficiente incapaz de realizar certas atividades sem mesmo ter dado a ele a oportunidade de tentar. E na educação física isso é muito frequente, pois as pessoas são tão pessimistas sobre a participação de alunos com deficiência nas aulas que até fazem a própria pessoa com deficiência se desanimar e não querer participar.
Concluímos que o professor é fundamental para este processo de educação inclusiva e como pudemos observar que uma metodologia de ensino inclusiva, tendo como estratégia a organização de ambientes de aprendizagem, com adaptações das aulas, atividades e esportes, não somente para que alunos com deficiência participem, mas também como um processo pedagógico para o ensino de todos os alunos e variando o método de transmitir estes conhecimentos através de vídeos, demonstração prática, alunos executando e pensando sobre o que era proposto nas aulas. A diversificação no modo de transmissão do ensino aumenta a possibilidade de se alcançar resultados mais efetivos no que diz respeito à aprendizagem dos alunos.
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1. Graduado em Educação Física pela Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO. Professor da Secretaria Estadual de Educação do Paraná.
2. Professor do Curso de Educação Física da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, do Programa de Pós Graduação em Educação e Desenvolvimento Comunitário da UNICENTRO e do Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Doutor em Educação Física – UNICAMP. gilmailcruz@gmail.com
3. Professor do Curso de Educação Física da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO e dos Programas de Pós Graduação em Educação e Desenvolvimento Comunitário da UNICENTRO. Doutor em Educação Física – UFPR. khaleunicentro@hotmail.com