Espacios. Vol. 37 (Nº 13) Año 2016. Pág. 24
Fabiola de Sampaio Rodrigues Grazinoli GARRIDO 1; Presley VASCONCELLOS Amaral 2
Recibido: 27/01/16 • Aprobado: 12/03/2016
3. Criatividade no Contexto Brasileiro
4. Crescimento Global, Sustentabilidade e os Desafios Encontrados
5. Mercado de Trabalho Sustentável
6. Estratégias Sustentáveis: Criatividade em Ação Contra a Impactos Ambientais
7. Estudo de caso: produtores de orgânicos em Paraíba do Sul
RESUMO: Desenvolvimento sustentável implica a implantação de tecnologias limpas na agricultura e nos meios de produção. Assim, o contexto é favorável à instalação da economia criativa. A proposta principal da economia criativa é gerar inovação, utilizando-se de seu principal insumo: a criatividade. Neste trabalho, discute-se a importância de economia criativa como propulsora de crescimento econômico e apresenta-se o caso do interior do Rio de Janeiro – que abandonou um sistema de cultivo tradicional, com uso de fertilizantes e práticas que agridem o ambiente, em prol da agricultura orgânica, que proporciona conservação dos recursos naturais, geração de emprego e incentivos ao empreendedorismo. |
ABSTRACT: Sustainable development implies the deployment of clean technologies in agriculture and the means of production. Thus, the context is favorable to the installation of the creative economy. The main purpose of the creative economy is to generate innovation, using its main raw material: creativity. In this paper, we discuss the importance of creative economy as a driver of economic growth and present the case in the interior of Rio de Janeiro - that abandoned a traditional farming system with fertilizer use and practices that harm the environment, in favor of organic agriculture, which provides conservation of natural resources, job creation and incentives to entrepreneurship. |
Desenvolvimento sustentável tem sido o impulso para a implantação de tecnologias limpas na agricultura e nos meios de produção de grandes centros urbanos. Atualmente, as indústrias e as organizações não apontam a responsabilidade com o meio ambiente como apenas mais uma despesa. Os problemas ambientais no cotidiano, que se agravam ainda mais com o passar do tempo, frequentemente submetem os ecossistemas a impactos negativos. Em parte, isso é resultado de uma Revolução Industrial mecânica e vaporizada. Por outro lado, novos paradigmas organizacionais e linhas de ação já se estabeleceram como garantias de coexistência entre desenvolvimento, homem e natureza. Sanches (2000) apontava a necessidade premente de novas posturas diante das questões ambientais, mediante adoção de padrões, monitoramentos e pelo estabelecimento de metas de redução de poluição. Os danos ao ambiente comprometem a qualidade de vida e impactam pela ameaça à saúde e à economia em vários níveis.
Os governos, que se dobram frente às demandas sociais, passaram a exibir um diálogo sustentável, implementando políticas que priorizem a conservação da natureza. As práticas governamentais cumprem o compromisso ambiental junto a ONGs e movimentos sociais. É neste contexto que a economia criativa ganha espaço, proporcionando incentivos a tecnologias que mantenham os níveis de poluição controlados e elaborando alternativas para que isto não seja tão custoso para o capitalista. Utiliza-se o chamado capital intelectual, isto é, as ideias construídas com a criatividade como insumo principal. Dilelio (2014) afirmou que o governo cultiva ambientes propícios às atividades empreendedoras que demandem profissionais criativos.
Um aspecto que chama atenção é o comportamento alternativo ao estabelecimento de grandes indústrias em locais que ofereçam incentivos fiscais. Países que já discutem crescimento e desenvolvimento há mais tempo já abandonaram essa prática. Muitas empresas de tecnologias duras, como GE, IBM, Google, Nestlé, Johnson & Johnson, Unilever e Wal-Mart já conceberam a intercessão entre desenvolvimento local e o estabelecimento da companhia. Privilegiam o valor compartilhado dos bens produzidos, adquirindo matéria prima local, ampliando a competitividade e gerando, em contrapartida, benefícios econômicos e sociais para o entorno da indústria (Porter e Kramer, 2011). Nesse contexto, propõe-se que as atividades de comercialização de produtos orgânicos – incluindo-se alimentos, fibras, insumos industriais - sejam consideradas empreendedoras e apreciadas como economia criativa.
A criatividade na economia percorre um caminho através da capacidade de gerar ideias que simplifiquem e maximizem a utilidade do ser humano, o que permite a concepção de novas formas para se lidar com os problemas cotidianos, ampliar o bem estar e minimizar o custo com qualidade de vida. A concepção e desenvolvimento de produtos criativos são conduzidos por indivíduos criativos (Bendassoli et al., 2009). Nesse estudo, as definições de economia criativa são revistas e os autores propõem que a reconstrução mercadológica do consumidor seja uma das características essenciais para se estabelecer o consumo no âmbito das indústrias criativas. Importa a reconstrução da imagem ou da identidade do consumidor. Santos e Vieira (2014) retratam a economia criativa como um conceito em aberto, que surgiu da transição para uma sociedade cujas trocas de informação impactaram a cadeia produtiva. Na história, a economia criativa possibilitou diversos saltos no processo evolutivo da humanidade, através do contato da mente humana com a materialização das ideias, da forma sempre mais produtiva possível.
A economia criativa surgiu na Austrália e Grã-Bretanha, no final dos anos 20, e atravessou um contexto onde a globalização mostrava seus primeiros passos firmes, a criatividade teve papel fundamental para que o capitalismo pudesse tornar-se uma das maiores diretrizes dos sistemas econômicos mundiais (Costa e Souza-Santos, 2011). O marco das questões que operacionalizaram as iniciativas públicas para reconhecimento da indústria criativa foi o documento apresentado pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Nesse documento – Economia Criativa: uma Opção de Desenvolvimento Viável – resgata-se o termo economia da experiência, inicialmente tratado no livro de B. Joseph Pine II e James H. Gilmore (Pine e Gilmore, 1999). As pessoas são inclinadas a pagarem não apenas por um serviço ou produto, mas pelo significado que a experiência ou o benefício social representa.
A proposta principal da economia criativa é gerar inovação, utilizando-se de seu principal insumo: a criatividade. Ela compreende projetos inovadores para o sistema produtivo. É influenciada por aspectos regionais e sociais e busca levar a sociedade a um desenvolvimento em que há crescimento econômico acompanhado de uma ampliação do número de empregos gerados. A melhoria da produtividade, o aumento de exportações, maior inclusão social e difusão cultural são importantes desdobramentos dessa alavanca para o crescimento. Com o uso de capital intelectual é possível se transformar a despesa com o meio ambiente através da reciclagem dos recursos. Nesse caso, leva-se em consideração a economia sustentável, associando-se a eficiência ao aumento da produtividade de forma sustentável (Moraes, 2011).
A década de 1980, a chamada década perdida na América Latina, foi uma época em que o desempenho econômico dos países subdesenvolvidos estava estacionado. Os agentes ficavam mais pobres perante um contexto inflacionário e forte pressão política, devido às dívidas externa e interna dos países. Após diversas transformações radicais e movimentos políticos, o fenômeno da globalização tinha livre acesso para enraizar-se nos processos produtivos e modos de vida da sociedade.
"O paradoxo é que embora
façamos as coisas que desejamos
em cada vez menos tempo,
falte também cada vez mais tempo
para fazer aquilo que desejamos.
Quanto mais economizamos tempo,
mais carecemos dele."
(Eduardo Giannetti, 1996)
No Brasil, vivia-se um regime democrático que sucedia um autoritário. Contudo, havia uma expansão econômica impulsionada pelo objetivo de se retirar o país de uma instabilidade marcada pela inflação. A almejada estabilidade surge com o Plano Real, cujas bases foram lançadas no governo de Itamar Franco e, posteriormente, consolidaram-se no Governo Fernando Henrique Cardoso. Entretanto, este objetivo só se concluiria após a adesão à globalização (Abrucio, 2007).
Aos poucos a criatividade industrial transformava as ideias em produtos, serviços, sistemas econômicos, e impulso para o capitalismo, o qual ficava cada vez mais dependente desta produção. Assim, a economia criativa ganhava seu espaço, assumindo proporções globais e mostrando que seria uma grande aliada para as gerações futuras na tentativa de se promover um crescimento sustentável.
A estrutura necessária para que se alimentasse este novo capitalismo regido pela globalização era a concorrência, visto que era de extrema importância que os capitalistas estivessem em constante análise e pesquisa. Assim, eram encontradas formas inovadoras de se capturar uma maior fatia de mercado, avançando à frente dos concorrentes. O mercado externo fazia-se presente no Brasil, pois ganhara um grande espaço após a criação de Blocos Econômicos e do conhecido Livre Comércio. Isso abriria o mercado interno para recebimento de mercadorias internacionais, agravando-se mais ainda a rivalidade entre produtos externos e internos.
Conforme houve avanço da industrialização dos processos produtivos, o nível de risco ao meio ambiente tomou proporções gigantescas, atingindo o ecossistema de diversas formas em diversas regiões. Casos como desmatamento, emissão de gases poluentes, contato com substâncias tóxicas, insegurança alimentar, derretimento das calotas polares, contaminação de rios e oceanos, resíduos sólidos urbanos abundantes, descarte inconsciente e consumo, agravam ainda mais os problemas climáticos mais recentes.
Atualmente, a criatividade é a propulsora do trabalho artesanal de grupos produtivos de Economia Solidária (Preto, Fialho e Figueiredo, 2012). Ela possibilita inventar, inovar e aprimorar o sistema produtivo a fim de reduzir ou eliminar as diversas formas de agressão ao planeta. Sendo assim, são investidos bilhões de dólares em Pesquisa e Desenvolvimento para que uma solução seja criada a fim de sanar esse problema global.
Em média, são gastos em Pesquisa e Desenvolvimento nos Estados Unidos mais de 1,5% do PIB do país, um equivalente a aproximadamente 312 bilhões de dólares por ano – contra 0,83% do PIB Brasileiro, cerca de R$24 bilhões, que serão utilizados em diversas áreas, e uma delas é na produção de ideais que impulsionarão a sustentabilidade no processo produtivo. Sendo assim, percebe-se que os gastos com a criatividade são, em sua totalidade, necessários para que haja um crescimento sustentável, isto é, um desenvolvimento econômico, social e ecológico (Costa e Souza-Santos, 2011).
Relativamente mais forte nos anos 2000, a criatividade brasileira toma forma no processo produtivo alinhando-se às novas influências internas e externas, principalmente tomadas pelo fluxo internacional desenvolvimentista. O Governo se apoiava em políticas que facilitavam o acesso das indústrias aos novos meios criados, chegando a apresentar um retorno de 16% do PIB em 2006, apenas com o ramo criativo, isto é, um montante de R$ 381 bilhões (Costa e Souza-Santos, 2011). Todo este processo fora impulsionado pela grande manifestação que a Economia Criativa gerava ao redor do mundo, principalmente nos 20 países líderes em produção de bens e serviços, onde China, Estados Unidos e Alemanha encontram-se no topo da lista. Em relação ao PIB brasileiro, embora não seja um valor desprezível, o país não se encontra entre os 20 líderes em economia criativa, fruto da carência em investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (Santos-Duisenberg, 2011).
Como este processo fora integralizado e globalizado, o governo brasileiro decidiu criar uma extensão para tratar melhor do tema - a Secretaria de Economia Criativa - SEC então fora fundada, e anexada ao Ministério da Cultura. Ganhando notoriedade, outras instituições como Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, a Universidade de São Paulo - USP, Sebrae, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES e Federação das Indústrias do Rio de Janeiro - FIRJAN, foram afiliando-se a esta nova configuração produtiva (Costa e Souza-Santos, 2011).
Rumo ao encontro de um desenvolvimento da economia e da sociedade moderna, o capital intelectual se tornou cada vez mais importante no Brasil transformando-se em insumo primário. A proposta de vários projetos coincidiu com a integração entre as esferas social e econômica. Nesse sentido, a economia criativa visa a favorecer a regionalidade, isto é, há uma reorientação de atividades econômicas impulsionada pelo regionalismo. Uma empresa criada em uma determinada cidade, e que faça uso do capital intelectual, necessitará de mão de obra especializada e capacitada para realizar o processo, logo, há uma expansão no mercado de trabalho regional.
Em estudos publicados pela Firjan (2008), explorou-se como a economia criativa contribuiria para o desenvolvimento do país, e a dividiu em três segmentos: núcleo, relacionadas e apoio.
No Núcleo há os processos chamados de primários atrelados à Cultura, como Artes Cênicas, Artes Visuais, Rádio, TV, Música, Dança, Expressões Culturais, Mercados de Software, Arquitetura e Design, Moda e Publicidade. O segmento Relacionados fornece os bens e serviços para os integrantes do Núcleo, a fim de prover os elementos principais para o seu funcionamento. Por fim, no Apoio há o suprimento indireto ao Núcleo e Relacionados com bens e serviços.
O contexto criativo brasileiro encontra-se em contínua expansão e move uma quantia monetária significativa diariamente, mas ainda apresenta diversas falhas e pontos em que há necessidade de aprimoramento, através de melhor apoio de políticas públicas e conscientização de iniciativa privada.
A sustentabilidade possui quatro pilares: o financeiro, social, ambiental e cultural, que devem ser interligados e trabalhados de forma conjunta para que todos possam priorizar o desenvolvimento sustentável.
O governo brasileiro possui um ligamento que une os Ministérios do Turismo; Cultura; Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Comunicações; Trabalho; Justiça; Integração Nacional; Educação; Ciência e Tecnologia e outros a uma cadeia produtiva interceptada pela Economia Criativa. Todos possuem um processo equivalente na busca pela sustentabilidade, ligados pelo uso do capital intelectual. Embora seja vinculada ao Ministério da Cultura, a Secretaria da Economia Criativa, criada em 2011, vem ganhando espaço no âmbito nacional articulando entre outros ministérios e instituições proporcionando a propagação do capital intelectual.
Um dos problemas encontrados é a falta de pesquisas no setor, que gera um enorme obstáculo no desenvolvimento pleno. Isto porque quando não há um estudo periódico e focado, os dados são impedidos de serem gerados para serem usados na formação de políticas públicas e também na gestão das instituições privadas. Dessa maneira, atrasando de forma significativa todo o processo sustentável e como não há pesquisa, a viabilidade de recursos é escassa, freando ainda mais a economia criativa.
Embora os gastos com P&D sejam notáveis no Brasil, não são suficientes para a capacitação de agentes que possam ingressar no ramo, deixando a área com sérias deficiências de mão de obra qualificada, que vem acompanhada de uma falta de incentivo à produção, distribuição e acompanhamento por parte do governo, gerando um atraso impactante no processo desenvolvimentista da economia criativa.
A Economia Criativa, mesmo sendo uma ramificação das Ciências Econômicas, arrebata diversas empresas na busca por inovação. Caracterizado por empresas de pequenos e médios portes, a indústria criativa exige uma mão de obra qualificada para que possa ser realizado o processo de crescimento, desenvolvimento e integração socioeconômica. Contudo, como Marx afirma, a inserção de tecnologia gerará um aumento de produtividade, que por sua vez implicará num aumento de bem estar social (Marx, 1867).
Entretanto, não são apenas as pequenas e médias empresas que formam esta corrente criativa, há também grandes empresas, como a Apple e Microsoft, que desenvolvem constantemente formas de melhorar e inovar seus produtos a fim de atender uma parcela de consumidores que estão em busca de materiais inovadores. Dessa forma, os produtos antigos tornam-se obsoletos, isto é, fora de moda perante um novo modelo de produto criado para um público diferenciado.
Essa logística fora abordada por Schumpeter que a chamou de destruição criativa, isto é, o surgimento de novas tecnologias implicará numa destruição das tecnologias antigas. Ao aprimorarem seus produtos, as empresas inovadoras levam outras empresas a serem destruídas neste processo. Como ocorrera no século XIX, onde adotaram na Inglaterra os primeiros teares mecânicos da indústria têxtil, destituindo o trabalho artesanal do mercado, desempregando inúmeras famílias. Portanto, a destruição criativa é uma superação do que já existe (Schumpeter, 1982).
Segundo Osho, a criatividade é um caminho inédito, que não fora trilhado por nenhum outro indivíduo. Portanto, a formação de profissionais criativos dar-se-á através da educação, preparando o aluno para que possa produzir inovações, que corresponde ao elemento chave no processo de desenvolvimento. Estudar gera uma ampliação de conhecimentos, que se estendem a uma expansão social, cultural, intelectual e universal. Dessa maneira, ao obter acesso à educação o indivíduo se encontra capacitado para abrir um novo caminho, isto é, torna-se criativo e útil para o desenvolvimento sustentável, eliminando toda carga de pensamento robótico que vem sido imposta aos indivíduos através da mecanização repetitiva dos processos industriais (Osho, 1999).
A perspectiva de se lidar com o desenvolvimento e seus desdobramentos inclui a geração de impactos ambientais. Isso remete a demandas energéticas, à geração de resíduos, à insegurança alimentar e aos conflitos sociais. Dessa forma, a sociedade e os rumos da produção em Ciência e Tecnologia inevitavelmente acabam por envidar capacidade criativa para se mitigar impactos ambientais.
Atualmente, a valorização pela produção de orgânicos, incluindo-se alimentos, fibras e manufaturados, tem garantido um nicho econômico diferenciado. Movimenta-se capital em torno dos circuitos de feiras orgânicas, dos sítios de compras coletivas, nas redes sociais. O encontro de consumidores em busca de alimentação de boa qualidade e livre de contaminantes tóxicos carrega consigo uma série de produtos artesanais, produção cultural, atividades físicas. Tudo isso aquece uma fração do mercado que não está nas mãos de grandes produtores, nem de industriais.
Geralmente, os consumidores esperam valores mais elevados para os produtos, porque há um custo implícito em não se utilizar agrotóxicos, repelentes ou fertilizantes industrializados. A produção sofre com o ataque de pragas; a rotação de culturas implica deixar uma parte da propriedade em repouso. Esses são alguns parâmetros que podem ser avaliados para se atribuir preço aos produtos.
Segundo a reportagem veiculada no Portal G1 em 14/08/2015, apresentada no Programa Globo Repórter, a comunicação direta entre produtores de orgânicos e consumidores, através dos grupos de compras coletivas em redes sociais, em 2015 alcançava 11 mil consumidores (Marchetti e Meurer, 2015). A entrada em um grupo no Rio de Janeiro, através de uma rede social, aponta 19.057 membros em janeiro de 2016. É através da compra direta e dos grupos coletivos que os preços podem ser reduzidos e que esse sistema de cultivo passa a compensar os investimentos adotados pelos produtores. Os impactos positivos sobre a saúde e a redução de danos ao ambiente são ganhos importantes.
Dilelio (2014) destacou a importância das mudanças organizacionais no âmbito das empresas e indústrias para a compreensão mais específica sobre como as tecnologias de interação são produzidas e assimiladas. Assim, ele identificou novas possibilidades de nichos e modalidades de negócios em que produtor e consumidor interagem e partilham suas habilidades e necessidades.
O Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos retrata um movimento no sentido de certificação de produtores de orgânicos. Em sua maioria, privilegiam a agricultura familiar, fortalecem a valorização de artesãos, colaboram para a diminuição do uso de agrotóxicos, entre outros ganhos. Especificamente na cidade de Paraíba do Sul, interior do Rio de Janeiro, a certificação dessas produções foi incentivada pelo Governo Federal, através do Programa Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), acompanhado por Cardoso e Garrido (2014).
A tabela 1 reflete o aumento no número de produtores certificados, o que pode significar para essas famílias um ganho de mercado e a inserção das feiras-livres na rota de clientes ávidos por produtos cujo processo de cultivo respeite os recursos naturais e vá ao encontro de uma vida mais saudável.
Tabela 1 – Acompanhamento do número de produtores orgânicos certificados e de certificadoras, segundo a base de dados do Governo Federal.
Produtores Orgânicos |
ago/13 |
fev/2014 |
jun/14 |
mai/15 |
jan/16 |
Brasil |
5.138 |
7.558 |
9.035 |
10.505 |
11.599 |
Rio de Janeiro |
147 |
247 |
293 |
474 |
524 |
Vale do Paraíba do Sul: Três Rios e Paraíba do Sul |
5 |
6 |
8 |
19 |
35 |
Considerando-se a progressiva escassez de recursos hídricos, os custos do impacto de contaminações sobre o sistema de saúde pública, se torna menos oneroso investir em mudança do sistema convencional de cultivo para o sistema orgânico. No sistema de cultivo de alimentos denominado convencional, a terra é exaurida em seus recursos, as águas subterrâneas são contaminadas e os elementos traço ganham a cadeia trófica e bioacumulam nos organismos. Certamente, lidar com salinização dos solos, erosão, contaminação hídrica é muito complexo. A vida adoece.
Por outro lado, as políticas públicas estão lentamente voltando-se para a valorização do pequeno produtor. Isso pode ser percebido ao se analisar os incrementos no número de certificados para a produção orgânica.
Ao se discutir a importância de economia criativa como propulsora de crescimento econômico, é possível superar os desafios impostos pela urgência em se priorizar o desenvolvimento sustentável. No caso da cidade de Paraíba do Sul - interior do Rio de Janeiro – o abandono de um sistema de cultivo tradicional, com uso de fertilizantes e práticas que agridem o ambiente, em prol da agricultura orgânica, que proporciona conservação dos recursos naturais, geração de emprego e incentivos ao empreendedorismo, tem sido significativo para os produtores locais.
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1. Doutora em Agronomia pela UFRRJ e Tutora do PET – Conexões/ITR/UFRRJ. Email: fabiola_srg@yahoo.com.br
2. Graduando em Ciências Econômicas pela ITR/UFRRJ e Integrante do PET – Conexões/ITR/UFRRJ . Email: vasconcellospresley@gmail.com