Espacios. Vol. 37 (Nº 04) Año 2016. Pág. 20

A influência das práticas sustentáveis nos gastos de uma usina de tratamento industrial de madeira: um estudo de caso

The influence of sustainable practices in the spending of a plant for the industrial processing of wood: a case study

Cristine Brandt da SILVA 1; Antonio Carlos de FRANCISCO 2; João Luiz KOVALESKI 3

Recibido: 26/10/15 • Aprobado: 23/10/2015


Contenido

1. Introdução

2. Referencial Teórico

3. Metodologia

4. Resultados e Discussão

5. Conclusão

Referências


RESUMO:

O artigo tem por objetivo classificar os gastos com as práticas sustentáveis de uma usina de tratamento industrial de madeira. Para cumprir o objetivo do trabalho, foi realizada uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa e o método de procedimento foi o estudo de caso. Os instrumentos de pesquisa foram aplicação de questionários, entrevistas e análise de documentos. Observou-se que as práticas sustentáveis adotadas pela empresa estudada permeiam as dimensões ambiental, social e econômica. Conclui-se que a correta classificação dos gastos para uma empresa fazem a diferença para representar a sustentabilidade da mesma.
Palavras chave: Sustentabilidade, práticas sustentáveis, gestão de custos.

ABSTRACT:

The article aims to classify the expenditures to sustainable practices of an industrial treatment plant of wood. To fulfill the objective of the work , a qualitative approach to exploratory research and the method of procedure was the case study was carried out . The research instruments were questionnaires, interviews and document analysis. It was observed that the sustainable practices adopted by the company studied permeate the environmental, social and economic dimensions. It is concluded that the correct classification of costs for a business make a difference to represent its sustainability.
Key-words: Sustainability, sustainable practices, cost management.

1. Introdução

Com o modelo atual de desenvolvimento econômico, nunca houve tanto crescimento, riqueza e fartura ao lado de tanta miséria, degradação ambiental e poluição, e é nesse cenário que se encaixa o desenvolvimento sustentável, como uma maneira de equilibrar as atividades essenciais à qualidade de vida e dar continuidade a elas. O conceito do tripé da sustentabilidade (Triple-Bottom Line) tornou-se muito conhecido entre as empresas, o que faz dele uma ferramenta conceitual. Para que as organizações possam contribuir para a sustentabilidade, precisam modificar seus processos produtivos, quando for necessário, aderindo a diversas práticas sustentáveis que permeiem as três dimensões.

Sendo o objetivo da maioria das organizações, o gerar lucro, tais organizações, utilizam-se de ferramentas disponíveis para estar à frente dos concorrentes, obtendo maiores margens e fatias de mercado. Conhecer os custos com as práticas suastentáveis é fundamental para que as empresas se preocupem como uma nova abordagem de fazer negócios que promove inclusão social, reduz e otimiza o uso de recursos naturais e o impacto sobre o meio ambiente, sem desprezar a rentabilidade economico-financeira.

Assim, o objetivo deste trabalho é classificar os gastos com as práticas sustentáveis de uma usina de tratamento industrial de madeira, destacar a importância do desenvolvimento sustentável para o sucesso de uma organização, e discutir a gestão dos custos como uma eficiente ferramenta para ajudar na tomada de decisões.

2. Referencial Teórico

A fundamentação teórica discutiu temas centrais como: conceitos e definições de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, Triple Bottom Line, contabilidade de custos, bem como, enfatiza a importância de aderir  à práticas sustentáveis nas empresas e conhecer os gastos com as mesmas, classificando-os corretamente. Os elementos teóricos que alicerçam tais conceitos serão em seguida detalhados.

2.1 Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável

O alerta aos seres humanos para a necessidade de repensar o modelo de desenvolvimento, a qualidade de vida e sobrevivência, vem desde a década de 70, com a percepção crítica de muitos especialistas, mas particularmente Maurice Strong e Ignacy Sachs (SEIFFERT, 2011). Com o amadurecimento dessa percepção, em 1987, o presidente da Comissão Mundial sobre o meio Ambiente e Desenvolvimento, G. Harlem Brundtland apresentou o conceito de desenvolvimento sustentável como "aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades" (NEVES, 2011). 

O desenvolvimento será sustentável se o crescimento econômico trouxer a justiça e a oportunidade para todos, sem privilégio de algumas espécies, sem destruir os recursos naturais finitos e sem ultrapassar a capacidade de carga do sistema, atendendo indefinidamente todos os propósitos e intenções, fornecendo ótima satisfação a todos os membros da sociedade (BELLEN, 2006). Seiffert (2011, p. 22) cita a importância de diferenciar os conceitos de crescimento econômico e desenvolvimento:

1. crescimento: relaciona-se à expansão da escala das dimensões físicas do sistema econômico, ou expansão da escala de produção;

2. desenvolvimento: significa um estágio econômico, social e político de determinada comunidade, o qual é caracterizado por altos índices de rendimento dos fatores de produção, ou seja, pelos recursos naturais, o capital e o trabalho;

3. sustentável: possui dois significados, o primeiro é estático, que significa "impedir que caia, suportar, apoiar, conservar, manter e proteger", e o segundo é dinâmico e positivo e significa "favorecer, auxiliar, estimular, incitar e instigar".

A mesma autora deixa claro que nas últimas décadas, o homem tem vivenciado um processo de crescimento econômico, pensando somente no lucro a qualquer custo, sendo assim, o crescimento econômico não implica propriamente em desenvolvimento, que tem como essência a sustentabilidade. O conceito de desenvolvimento sustentável "dá margem a interpretações que de modo geral baseiam-se num desequilíbrio entre os três eixos fundamentais do conceito de sustentabilidade, que são: o crescimento econômico, a preservação ambiental e a equidade social" (SEIFFERT, 2011).  

Essa abordagem que engloba as dimensões econômica, ambiental e social é conhecida como Triple Bottom Line ou Tripé da Sustentabilidade. O conceito no inglês é conhecido por 3P (People, Planet e Profit); e no português, seria PPL (Pessoas, Planeta e Lucro). Para o sucesso de uma organização, a idéia de que a sustentabilidade econômica como condição isolada não é suficiente para a sustentabilidade global de uma empresa, por isso, os aspectos econômico, social e ambiental devem ser integrados, como demonstrado na Figura 1 (YAGASAKI E MARTINS, 2012).

Figura1. Abordagem Triple Bottom Line (adaptado de Yagasaki e Martins, 2012)

Analisando-os separadamente, tem-se: Econômico, cujo propósito é a criação de empreendimentos viáveis, atraentes para os investidores; Ambiental, cujo objetivo é analisar a interação de processos com o meio ambiente sem lhe causar danos permanentes; e Social, que se preocupa com o estabelecimento de ações justas para trabalhadores, parceiros e sociedade (OLIVEIRA et al, 2012). O desenvolvimento sustentável, só pode ser alcançado se houver o equilíbrio entre os três aspectos (SEIFFERT, 2011).

A sustentabilidade econômica defende Seiffert (2011, p. 30) "somente será alcançada por uma alocação e gestão mais eficientes de recursos e por um fluxo regular do investimento público e privado". Neves (2011, p. 17) concorda e acrescenta a "compatibilidade entre padrões de produção e consumo, equilíbrio de balanço de pagamento e acesso à ciência e tecnologia". O desenvolvimento sustentável a partir da visão do aspecto econômico está aberta a considerar capitais de diferentes tipos,  que inclui, capital monetário ou econômico, ambiental e/ou natural, capital humano e capital social, sendo que, para os economistas o problema da sustentabilidade se refere à manutenção do capital em todas as suas formas (BELLEN, 2006).

A sustentabilidade social é o processo de desenvolvimento sustentado por uma civilização com maior igualdade na distribuição de renda e usufruto de recursos naturais, reduzindo as diferenças entre pobres e ricos, seja de uma geração específica, ou entre gerações. A igualdade deve ser considerada tanto a nível nacional, quanto internacional, pois na falta de uma delas, o país que não for geograficamente autônomo no consumo de recursos naturais, passa à buscar em outros países, estabelecendo nestes, uma dinâmica de degradação ambiental (SEIFFERT, 2011). Na perspectiva social a ênfase é dada à presença do ser humano na ecosfera. Acesso a serviços básicos, água limpa e tratada, ar puro, serviços médicos, proteção, segurança e educação pode estar ou não relacionado com os rendimentos ou a riqueza da sociedade. A preocupação maior é com o bem-estar humano, a condição humana e os meios utilizados para aumentar a qualidade de vida dessa condição (BELLEN, 2006).

A sustentabilidade ambiental tem como principal preocupação os impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente, e aborda a necessidade do uso dos recursos para propósitos válidos, o uso de recursos naturais deve minimizar danos aos sistemas de sustentação da vida: limitação do consumo de combustíveis fósseis e de outros recursos facilmente esgotáveis, redução dos resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem de materiais e energia, conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras para uma adequada proteção ambiental (SEIFFERT, 2011; FARIA, 2011).

Assim, Seiffert (2011, p. 35) resume "que o principal objetivo do desenvolvimento sustentável é satisfazer às necessidades e às aspirações humanas".

2.2 Sustentabilidade nas Empresas

Sustentabilidade é comumente definida como uma ação em que a elaboração de um produto ou desenvolvimento de um processo não compromete a existência de suas fontes, garantindo a reprodução de seus meios (NEVES, 2011). Essa definição deixa claro um dos princípios básicos de sustentabilidade, a visão de longo prazo, uma vez que os interesses e a sobrevivência das futuras gerações dependem de ações e iniciativas presentes. Esse entendimento relaciona-se com o modo como o gestor conduz os negócios, suas crenças e valores. Em resumo, defende-se a ideia de que uma empresa deve desenvolver-se, isto é, inovar e crescer em tamanho e expressão econômica; considerando, contudo, sempre todo o ciclo de vida de seus produtos e a sustentabilidade ambiental (SLOMSKI et al, 2011).

O Conceito Triple Bottom Line reflete sobre a necessidade de as empresas ponderarem em suas decisões estratégicas mantendo: a sustentabilidade econômica ao gerenciar empresas lucrativas e geradoras de valor; a sustentabilidade social ao estimular a educação, cultura, lazer e justiça social à comunidade; e a sustentabilidade ecológica ao manter ecossistemas vivos, com diversidade (VELLANI; RIBEIRO, 2009).

Tabela 1 - Abordagem Triple Bottom Line

A inclusão da sustentabilidade no meio empresarial vai estar condicionada a vários aspectos, como as crenças do próprio dirigente da empresa, a mobilização da sociedade, a influência do mercado nacional e internacional e a atuação do setor público. A empresa continua visando o lucro, seu objetivo primordial, só que passa a considerar o impacto de suas atividades no meio ambiente procurando amenizá-las de maneira eficiente, desempenhando ao mesmo tempo ações de cunho social, seja em benefício de seus funcionários ou da comunidade, ou seja, é aquela empresa que procura considerar em suas ações as dimensões econômica, social e ambiental (BARROS et al., 2010).

Na atual realidade econômica, a utilização de práticas sustentáveis nas empresas poderá representar um diferencial competitivo no tratamento das causas dos seus principais problemas. E conhecer os custos com as práticas sustentáveis é fundamental para assegurar a continuidade da empresa, em função das penalidades impostas pelo mercado e pelos órgãos fiscalizadores, os quais estão impondo sérias restrições para as empresas que ainda não adequaram seus processos operacionais ao que é ambientalmente, socialmente e economicamente saudável.

2.3 Contabilidade de Custos

Até a Revolução Industrial, quase só existia a Contabilidade Financeira (ou Geral), e as empresas viviam basicamente do comércio. Para o levantamento do balanço em seu final, precisava do levantamento dos estoques, que facilmente se obtinha o conhecimento e a verificação do valor de compra dos bens. Com o advento das indústrias, foi preciso a adaptação dos valores pagos pelos fatores de produção utilizados, para então poder atribuir valores aos estoques. A Contabilidade de Custos nasceu da Contabilidade Financeira com a necessidade de avaliar os estoques industriais. Com relação à Contabilidade Gerencial, devido ao crescimento das empresas, e aumento da distância entre administradores e ativos e pessoas administradas, a Contabilidade de Custos, passou a ser encarada com uma eficiente forma de ajudar na missão de gerenciar. Hoje a tecnologia de Informação possibilita soluções bastante satisfatórias, processando simultaneamente as três contabilidades e conciliando as diferenças (MARTINS, 2008).  Hansen e Mowen (2010) ressaltam que um correto sistema de apuração de custos é fundamental tanto para fins de publicação das demonstrações contábeis (contabilidade financeira), quanto no processo de tomada de decisões pela empresa (contabilidade gerencial).     A contabilidade de custos tem como objetivo principal, identificar, coletar, mensurar, classificar e relatar informações que são úteis aos gestores, exigindo destes uma compreensão profunda da estrutura dos custos da empresa. Conhecer os custos é fundamental para as empresas que se preocupem em tarefas, como melhoria contínua, a administração da qualidade total, a gestão ambiental, o realce da produtividade e a gestão estratégica (HANSEN; MOWEN, 2010).

Para a compreensão profunda do processo de gestão dos custos, é necessário o entendimento dos conceitos fundamentais relacionados ao tema. Wernke (2008) destaca o termo gastos para definir todas as transações financeiras da empresa, englobando os demais itens.


Fonte: Adaptado de Wernke (2008)
Figura 2 - Definições básicas

Os gastos que beneficiam a empresa em períodos futuros são enquadrados como investimentos, já os fatos ocorridos em situações excepcionais que fogem à normalidade das operações da empresa enquadram-se como perdas. Os custos são os gastos efetuados na produção, ou prestação de serviço, já as despesas são os gastos não relacionados com a produção. E os desperdícios englobam os custos e as despesas utilizados de forma não eficiente (WERNKE, 2008).

Para Silva e Lins (2013) os custos não somente são os recursos consumidos no processo de produção, mas antes de tudo, um investimento em recursos que está em processamento, que se espera produzir benefícios atuais ou futuros.

3. Metodologia

Quanto à classificação desta pesquisa, em relação à natureza ela se configura como sendo aplicada. No que se refere aos seus objetivos esta pesquisa é exploratória de abordagem qualitativa, pois o objetivo foi classificar os gastos com as práticas sustentáveis adotadas pela empresa, e o método de procedimento foi o estudo de caso. Os instrumentos de pesquisa foram a aplicação de questionários, entrevistas e análise de documentos (Demonstrações Contábeis e outras informações divulgadas no site da empresa).

A empresa em estudo é uma usina de tratamento industrial de madeira, localizada no município de Ponta Grossa, PR, que oferece produtos (dormentes) para ferrovias e mineração, eletrificação e telefonia, contrução civil e uso rural. Oferece também, tratamento de preservação de madeira para terceiros, através de um sistema de autoclave com processo de vácuo e pressão Bethel, e com duas estufas de secagem de madeira.

 

4. Resultados e Discussão

Com o levantamento dos dados, observou-se que a empresa estudada apresenta várias práticas sustentáveis, e que as práticas adotadas permeiam as dimensões ambiental, social e econômica. Confrontando os dados levantados com as Demonstrações Contábeis, foi possível realizar a classificação dos gastos.

A seguir são apresentadas as classificações dos gastos com as práticas na dimensão ambiental, sendo presentes na organização a adoção de tecnologias limpas, a biodiversidade e o atendimento à legislação ambiental .

  1. Controle/reciclagem dos resíduos sólidos: os dormentes de madeira chegam até a empresa presos em um material chamado "fita pet". Depois de cortada, a fita não tem mais utilidade para a empresa, sendo então vendida para uma empresa especializada na reciclagem deste material. O controle com a destinação correta do resíduo é classificado como custo e não há nenhum gasto para a empresa com a eliminação desse material, a prática acaba resultando em outras receitas.
  2. Adoção do sistema de logística reversa: esta prática visa evitar que determinados produtos sejam descartados no meio ambiente. A empresa possui autoclaves de sistema fechado, tendo bombas instaladas com a finalidade de coletar e devolver a autoclave, qualquer resíduos de preservantes químicos como o CCA - Arseniato de Cobre e Cromatado, e o CCB - Borato de Cobre Cromatado, que são utilizados no processo de tratamento da madeira. Os gastos com a instalação de bombas nas autoclaves foram considerados custos, pois estão ligados diretamente com a produção. Essa prática elimina possíveis vazamentos de produtos químicos evitando despesas com multas ambientais.
  3. Uso de matérias-primas renováveis e exigências de conformidades ambientais para os fornecedores: a empresa adquire somente madeira de eucalipto proveniente de plantios comerciais renováveis, com idade mínima de 25 anos. A empresa realiza vistorias nos produtos antes de qualquer negociação garantindo assim a qualidade dos mesmos. A prática de adquirir somente produtos renováveis mantém contratos com grandes empresas, garantindo a sua sobrevivência. Os gastos com as matérias-primas são classificados como custos que estão ligados diretamente com a produção, podendo considerá-los também, como investimentos, pois a qualidade da matéria-prima produzirá beneficios atuais e futuros.
    Na dimensão social a empresa demonstra comprometimento com a Responsabilidade Social, com os funcionários e com Ações Sociais.
  4. Promoção da responsabilidade social e parcerias: a empresa procura comprometer-se com o exercício da responsabilidade social e com o respeito ao ser humano, mantendo relações sólidas de parceria e confiança com seus colaboradores, clientes e fornecedores na prática da justiça social. Para adoção destas práticas não foi levantado nenhum gasto, mas a influência da mesma em todos os envolvidos reflete positivamente nos resultados da empresa.
  5. Atendimento dos direitos humanos e das práticas trabalhistas: a organização respeita as 44 horas de trabalho por semana e as folga a cada período; as horas extras não excedem a 12 horas de trabalho por semana, atendendo à legislação trabalhista e a comunicação com às partes interessadas. Os gastos com os colaboradores da produção, são classificados como custos, já os gastos com os colaboradores da administração e vendas são classificados como despesas.
  6. Saúde ocupacional, segurança e educação: a empresa passui ações de saúde ocupacional e segurança no trabalho, visando melhorar o ambiente de trabalho e principalmente reduzir os acidentes de trabalho. A empresa oferece bolsas integrais de estudos, investindo na carreira profissional dos colaboradores e incentivando os estudos e a capacitação profissional. Os gastos com saúde ocupacional e segurança no trabalho para os colaboradores da produção são classificados com custo, e essa prática tenta evitar grandes despesas com acidentes de trabalho e desfalques na produção. A empresa classifica os gastos com os estudos e a capacitação profissional como despesas, mas com o desenvolvimento profissional fazendo parte da cultura da empresa, a sua produtividade tende a aumentar, bem como a motivação e a criatividade dos seus funcionários.
  7.  Ações sociais para o desenvolvimento da comunidade e doações: a empresa colabora com a associação de moradores, oferecendo doações em datas festivas, e, em uma ocasião, realizou a doação de bancos feitos com dormentes para pontos de onibus no bairro.  As doações são classificadas como despesas. A partir do momento que a empresa passa a se preocupar com ações sociais externas da empresa, contribui para a melhoria da qualidade de vida da sociedade, consequentemente, pode funcionar como uma publicidade para empresa, sendo um aspecto de extrema relevância que pode seduzir empresários e o público em geral.
    Os gastos com as práticas em relação a dimensão econômica são apresentados e classificados a seguir e compõem as categorias de Resultados, Estratégias e Governo.
  8. Crescimento dos resultados econômicos financeiros: a empresa demonstrou crescimento dos resultados econômicos e financeiros, possuindo um relacionamento estreito com seus investidores e clientes.
  9. Pagamento de salários justos: a política salarial da empresa estabelece o piso da categoria e obedece ao conveniado entre o sindicato e os empregados, proporcionando uma margem de rendimento extra. Os salários dos colaboradores da produção são classificados como custos, e os demais salários dos colaboradores da administração e vendas são classificados como despesas.
  10. Estratégias organizacionais para o mercado: a empresa realizou um investimento em uma empresa austríaca, passando a produzir dormentes de concreto em fábricas móveis, que serão instaladas nas ferrovias, de acordo com as necessidades dos clientes. Os gastos foram classificados como investimentos, gerando a oportunidade de ampliar a participação no mercado.
  11. Pagamento de tributos e impostos ao governo: a empresa mantém pontualmente o pagamento de tributos e impostos aos governos. Esses gastos são classificados como despesas. A pontualidade dos pagamentos e a atitude de não sonegar, objetiva solidificar o seu relacionamento com os seus investidores, clientes, colaboradores, fornecedores e a comunidade. Assim, oferece a todos os interessados maior transparência e confiabilidade nos atos praticados.

5. Conclusão

A partir do estudo de caso realizado foi possivel alcançar o objetivo do trabalho de classificar os gastos com as práticas sustentáveis adotadas pela empresa pesquisada. A contabilidade de custos tendo como função identificar, coletar, mensurar, classificar e relatar todos os gastos da empresa, torna-se uma eficiente ferramenta para ajudar na tomada de decisões. A correta classificação dos gastos para uma empresa que exerce a atividade com madeira e que os cuidados ambientais devem ser encarados como uma questão de sobrevivência, fazem a diferença para representar  a sustentabilidade da empresa.

Foi constatado que a empresa classifica a maioria dos gastos com as práticas sustentáveis como custos, pelo fato de que a maior parte das práticas adotadas giram em torno das matérias-primas, dos resíduos e todo o setor da produção. Os gastos classificados como investimento, tiveram grandes influências sustentáveis, com a produção de um novo produto, que levará a importantes vantagens ambientais e sociais ao longo de todo o seu ciclo de vida.

Em princípio, não se conseguiu mensurar todos ganhos com a implantação ou adequação da sustentabilidade na organização, isso acaba dificultando a conscientização dos gestores, que esses gastos na maioria das vezes não são despesas, e que, com uma devida análise, os benefícios futuros compensarão os gastos de agora.

Como sugestão para futuros estudos, no âmbito da mensuração dos gastos com práticas sustentáveis, sugere-se que seja realizada uma pesquisa quantitativa, buscando apresentar o quanto de fato a empresa pode gastar ou gerar ganhos futuros com o desenvolvimento sustentável.

Referências

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BELLEN, H. M. (2006); Indicadores de Sustentabilidade: uma análise comparativa. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV.

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MARTINS, E. (2008);  Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo: Atlas.

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SEIFFERT, M. E. B. (2011); Gestão ambiental: instrumentos, esferas de ação e educação ambiental. 2. ed. São Paulo: Atlas.

SILVA, R. N. S; LINS, L. S. (2013); Gestão de custos: contabilidade, controle e análise. 2. ed. São Paulo: Atlas.

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WERNKE, R. (2008); Gestão de custos: uma abordagem prática. 2. ed. – 2. reimpr. São Paulo: Atlas.

YAGASAKI, C. A. ; MARTINS, R. A. (2012); "Sustentabilidade como uma estratégia empresarial". In: XXXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP), 2012, Bento Gonçalves. Anais do XXXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP).


1. Mestranda em Engenharia de Produção pela Universidade Tecnológica Federal do Parará (UTFPR). Email: cristinecbs@hotmail.com 
2. Professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produçãoda Universidade Tecnológica Federal do Parará (UTFPR). Email: acfrancisco@utfpr.edu.br
3. Professor titular da Universidade Tecnológica Federal do Parará (UTFPR). Email: kovaleski@utfpr.edu.br


Vol. 37 (Nº 04) Año 2016

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