Espacios. Vol. 36 (Nº 23) Año 2015. Pág. E-2
João Marcos COELHO 1; Rúbia Araujo COELHO 2
Recibido: 07/08/2015 • Aprobado: 12/09/2015
3. Resultados Obtidos Com Alunos
4. Resultados Obtidos Com Professores
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo apresentar algumas considerações sobre a educação ambiental e percepções relacionadas ao ambiente escolar, na modalidade EJA, estudando os ruídos percebidos por alunos e professores como fatores prejudiciais ao processo ensino-aprendizagem. A partir do conhecer, buscamos possíveis soluções que oportunizem uma aprendizagem mais agradável e consciente. Nessa pesquisa fizemos o uso de questionários que abordaram questões sobre a poluição sonora no ambiente escolar, na Escola de Ensino Básico "José Leite de Moraes", situada no bairro Cristo Rei da cidade de Várzea Grande-MT, vislumbrando a educação ambiental não como alternativa, mas como caminho que devamos percorrer para diminuirmos os prejuízos ambientais existentes, colaborando com a sociedade na busca de soluções para todos e de um futuro com atitude e práticas mais sustentáveis. |
ABSTRACT: This work aims to present some considerations on environmental education and perceptions related to the school environment, the EJA modality, studying the noise perceived by students and teachers as factors detrimental to the learning process. From the meet, we seek possible solutions opportunity a more pleasant and conscious learning. In this research we made use of questionnaires that addressed issues of noise pollution in the school environment, in Basic Education School "Jose Leite de Moraes", located in the t Cristo Rei district of the city of Várzea Grande-MT, seeing environmental education not as an alternative but as the way we should go to diminish existing environmental damage, collaborating with the society in finding solutions to all and a future with attitude and more sustainable practices. |
A poluição é um processo de degradação de recursos, produtos e ambientes em seu aspecto mais amplo. Esses processos de degradações são notadamente consequências de ações antrópicas irresponsáveis, que não levam em conta os recursos naturais como finitos e que a natureza tem dado respostas a essa ação desenfreada. Todos os aspectos, políticos, econômicos, sociais, culturais influenciam a maneira do pensar e agir dos cidadãos de uma sociedade. Na escola como parte dessa sociedade passa também por esses problemas e conflitos, pois uma escola que deseja proporcionar à sua comunidade uma educação além de formativa, emancipadora e democrática, deve abordar temas que afetam a vida social de seus alunos e colaboradores, educadores e pais de uma maneira geral. A poluição em geral e em específico a sonora tem afetado a vida urbana, tornado-se um desafio a todos, pois interfere na vida do homem em vários ambientes laborais, inclusive na escola. Como há uma percepção que o ruído no ambiente escolar está atrapalhando o processo educacional é que esse estudo objetiva abordar questões que envolvam a poluição sonora no ambiente escolar, colaborando para uma conscientização dos prejuízos causados pela mesma ao processo educacional e a todos os envolvidos, repensando necessidades desde a estrutura física dos prédios até mudança de atitudes para a minimização dessa problemática em âmbito escolar.
Nessa perspectiva a escola deve contextualizar as diversas visões que os atores do processo educacional tem e entendem: "O acrescentamento que o homem faz ao mundo que não fez. A cultura como resultada do seu trabalho, do esforço criador e recriador. O sentido transcendental de suas relações. A dimensão humanista da cultura. A cultura como aquisição sistemática da criação humana, como uma incorporação por isso crítica e criadora, e não como justaposição informes ou prescrições doadas". (Paulo Freire, 1982: 121 págs.).
As ações com a visão do consumismo exacerbado e a falta da conscientização ambiental, da busca do ter sem uma preocupação com o tratamento dos resíduos, ou mesmo das consequências dessa cultura irresponsável de consumo, acarreta na quantidade de lixo produzido, sem uma destinação pensada com vistas a uma reciclagem ou reutilização de produtos consumidos, que também são mal armazenados e mal colocados (MILLER JR, 2008, p. 13).
Os problemas relativos à poluição sonora têm invadido as salas de aulas com o advento das tecnologias que envolvem a emissão de sons. Ares condicionados, ventiladores, celulares, tablets, que muitas vezes são utilizados sem uma percepção do quanto os mesmos produzem ruídos e desta forma podem influenciar de forma negativa o processo de aprendizagem escolar. Um professor sujeito a esses efeitos necessita de aumentar seu tom de voz, além do aluno ter que fazer um esforço maior para manter sua concentração. O processo de ensino-aprendizagem sofre prejuízos por motivos de "(reverberação, troca de fonemas devido ao mascaramento dos traços distintos da fala, etc.) (DREOSSI E MOMENSOHN-SANTOS, 2004, P.39-40).".
A escola como um todo, direção, coordenação pedagógica, professores, alunos, demais servidores, pais e sociedade organizada necessitam conhecer a problemática ambiental no recinto escolar, discutir as possíveis, soluções, sugerir e agir com vistas a combater a poluição sonora escolar, buscando meias e parcerias que amenizem tanto causas, como consequências do ruído no ambiente escolar, tornando-o propício a um fazer pedagógico mais humano e harmonioso.
A pesquisa foi desenvolvida entre os meses de maio e agosto de 2015, inicialmente os alunos do ensino médio da modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos) dos 2º anos turmas A, B e C fizeram uma pesquisa bibliográfica sobre a temática ondulatória e poluição sonora. Após aulas onde se discutiu a poluição sonora e o aprendizado em sala de aula, surgiu a proposta de um estudo com esse tema envolvendo professores e alunos do Ensino Médio, na Escola Estadual José Leite de Moraes, no município de Várzea Grande no estado de Mato Grosso, abordando principalmente alunos e professores dos ciclos de estudos do Ensino Médio.··.
O instrumento de pesquisa utilizado foram questionários para os estudantes (com 7 perguntas de múltipla escolha) e um para os professores (contendo 9 perguntas de múltiplas escolhas e 1 pergunta aberta).
Participaram desta pesquisa como respondentes dos questionários 125 alunos e 10 professores.
Os questionários respondidos pelos 125 estudantes tiveram 7 questões de múltipla escolha, possibilitando aos respondentes assinalarem as opções que mais aproximarem de sua percepção da realidade em relação à poluição sonora em sala de aula.
Na primeira pergunta objetiva (figura 1), os estudantes responderam que 95% estudam no período noturno, 2% período matutino e 3% estudam no período vespertino.
Figura 1: Períodos de estudo. Fonte: Elaboração própria.
Na segunda pergunta objetiva (figura 2), sobre a sala de aula segundo a visão dos estudantes, 12 % percebem a sala como silenciosa, 59% como normal e 29% como barulhenta, sujeita a ruídos.
Figura 2: Sonoridade da sala de aula. Fonte Elaboração própria.
Na terceira pergunta foi abordada a percepção da conversa em sala de aula (figura 3), 8% responderam que conversam sempre, quase que todo instante, 85% responderam que às vezes conversam no decorrer das aulas, enquanto que 7% assinalaram que nunca conversam durante as aulas.
Figura 3: Conversa em sala de aula. Fonte: Elaboração própria.
Na quarta pergunta (figura 4), que se refere o escutar a fala do professor (entender enquanto sentido da audição), 64% responderam que não escutam, 34% que escutam e entende a oralidade e 2% não souberam responder. Aqui temos uma pista do prejuízo da aprendizagem em decorrência do ruído nas salas de aulas.
Figura 4: Escuta da fala do professor em sala de aula. Fonte: Autores do trabalho.
Com relação à quarta pergunta, apenas 20 apontaram quais poderiam ser os motivos para não escutar adequadamente o professor em sala de aula. Desses, 15% apontaram que tem problema de audição, 40% colocaram a existência de ruídos externos e 65% disseram que há conversas paralelas dos colegas.
Na quinta pergunta sobre se o barulho (ruído) atrapalha seu rendimento escolar (Figura 5), 59% responderam sim, 29% responderam que não e 12% responderam que não sabiam dizer se prejudicava ou não.
Figura 5: Barulho e o rendimento escolar. Fonte: Autores do trabalho.
Na pergunta de nº 6 sobre as possíveis soluções para o ruído no ambiente escolar (figura 6), 11% responderam que haveria a necessidade de instalação de equipamentos, tais como caixas acústicas e microfones, 10% percebiam a necessidade da melhoria física nas salas de aulas, enquanto que 79% percebiam a participação e conscientização de todos com relação ao ruído no ambiente escolar.
Figura 6: Soluções para diminuir o barulho na sala de aula. Fonte: Elaboração própria.
Para a pergunta 7 (figura 7), sobre o uso de aparelhos eletrônicos, fones de ouvidos, smartphones em sala de aula se de alguma forma prejudicavam o processo de ensino-aprenizagem, 39% dos estudantes responderam que prejudicam o rendimento escolar, 41% responderam que ás vezes atrapalha, e 20% disseram que nunca os atrapalham.
Figura 7: Utilização de aparelhos eletrônicos em sala de aula. Fonte: Elaboração própria
Participaram um total de 10 professores que colaboraram com a pesquisa proposta, Os quais responderam um questionário especifico que compreendia um total de 9 questões de múltipla escolha e 1 questão aberta (discursiva), oportunizando aos respondentes opções que mais aproximarem de sua visão de realidade em relação à poluição sonora em sala de aula.
Para os professores a primeira pergunta (figura 8), refere-se sobre o sexo dos respondentes, que correspondem 50% do sexo masculino e 50% do sexo feminino para uma amostra total de 10 professores entrevistados.
Figura 8: Sexo. Fonte: Elaboração própria.
A segunda pergunta (figura 9) que versa sobre o tempo de serviço em sala de aula, 10% responderam que trabalham em sala de aula há menos de 2 anos, outros 10% entre 2 e 10 anos e 80% dos entrevistados responderam que trabalham a mais de 10 anos em sala de aula.
Figura 9: Tempo de serviço em sala de aula. Fonte: Elaboração própria.
Na terceira pergunta que aborda o turno predominante de docência (figura 10), 25% responderam que exercem suas funções no período matutino, outros 25% que trabalhavam no período vespertino e 50% responderam que predominantemente trabalhavam no período noturno.
Figura 10: Turno predominante de trabalho. Fonte: Elaboração própria.
Na quarta pergunta dirigida aos professores (figura 11), sobre o grau de satisfação do seu trabalho em relação aos ruídos no ambiente escolar, 30% responderam que o seu grau de satisfação é baixo, 50% médio e 50% é alto.
Figura 11: Grau de satisfação devido a ruídos em sala. Fonte: Elaboração própria.
Na quinta pergunta (figura 12), respondida pelos professores sobre o comportamento dos alunos em relação a conversas e ruídos, todos responderam que o comportamento do mesmo é ruim nesse aspecto.
Figura 12: comportamento dos alunos e ruídos. Fonte: Elaboração própria.
Na sexta pergunta respondida pelos professores, sobre o rendimento dos alunos e a interferência de ruídos (figura 13), todos os 10, ou seja, 100% responderam que os ruídos e conversas fora de contexto e tem atrapalhado o rendimento dos alunos.
Figura 13: Rendimento escolar com a interferência de ruídos. Fonte: Elaboração própria.
Na sexta pergunta (figura 14), aborda a percepção do professor do aparecimento de algum problema de audição relacionado ao seu exercício laboral/exposição ao ruído no ambiente escolar, 40% responderam que nunca apresentaram algum tipo de problema auditivo, 10% que ás vezes e 50% que apresentaram alguns indicativos de problemas de audição com frequência.
Figura 14: Ocorrência de problemas de auditivos. Fonte: Elaboração própria.
Na oitava pergunta (figura 15) respondida pelos professores, sobre problemas de fala devido a ruídos na sala de aula, 20% nunca apresentaram nenhum problema, 40% apresentaram várias vezes, enquanto que 40% têm apresentado com constância problemas na voz/fala.
Figura 15: Ocorrência de problemas na fala. Fonte: Elaboração própria.
A nona pergunta (figura 16) que aborda as possíveis soluções para os ruídos no ambiente escolar, os professores responderam que: 8% são necessários o uso de microfones, caixas de som, enquanto que 9% apontaram para a melhoria da estrutura física, já para 83% as soluções passam para a conscientização e colaboração de todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.
Figura 16: Possíveis soluções para os ruídos no ambiente escolar. Fonte: Elaboração própria.
A partir dos anos de 1960, a educação ambiental tem tomado uma importância, tendo em vista os desastres ambientais desde a Europa, como a poluição dos principais rios, além da poluição atmosférica por parte das indústrias, ocasionando perca da qualidade ambiental e de vida dos habitantes dessas localidades. Em 1972 ocorreu na Suécia a Conferencia das Nações Unidas sobre o meio Ambiente Humano, conhecida como a conferência de Estocolmo, que tratou das questões ambientais a época com a finalidade da preservação do meio ambiente. "Esta foi a primeira grande reunião organizada para concentrarem-se as questões ambientais e a primeira atitude mundial a tentar preservar o meio ambiente. Visto que a ação antrópica gera séria degradação ambiental, criando severos riscos para o bem estar e sobrevivência da humanidade (RIBEIRO 2010)." Os processos produtivos evoluíram, a mecanização, a miniaturização de computadores e equipamentos, além da otimização de processos oportunizaram um crescimento cada vez maior, porém nem a escola, nem os processos escolares parecem tem acompanhado tal crescimento, o homem enquanto ser reflexivo, produtivo, pensante e construtor de seu mundo deve se atentar para os limites de recursos naturais, de exposição a agentes nocivos à saúde, a convivência humana e sua qualidade de vida. Aqui podemos parafrasear a terceira Lei de Newton, em que Toda ação, há uma reação com mesmo módulo, mesma direção e sentido contrário, pois ações do homem muitas vezes além de degradar o meio ambiente, tem se voltado contra o mesmo, obrigando a repensar o seu agir, o seu ser enquanto integrante dessa aldeia global, finita e que necessita ser cuidada por todos para que possamos viver em harmonia com esse ambiente que também é nosso e de todos os outros seres que da natureza fazem parte.
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1. Professor Doutor Centro Universitário Várzea Grande (UNIVAG), E. E. José Leite de Moraes, E. E. Dunga Rodrigues. E-mail: jcoelhomt@hotmail.com
2. Mestranda em Economia – Agronegócios e Desenvolvimento Regional – UFMT. E-mail: rubiaaraujocoelho@gmail.com