Espacios. Vol. 36 (Nº 15) Año 2015. Pág. 17
Taisson Marcos Martinez dos Anjos TRINDADE 1; Diego Augusto de Jesus PACHECO 2
Recibido: 17/04/15 • Aprobado: 18/05/2015
RESUMO: Este artigo discute pontos relevantes sobre as precariedades do transporte e armazenamento da soja, as quais o Rio Grande do Sul vem enfrentando, através de um levantamento de dados realizado com produtores da região da fronteira do RS. Investigaram-se os fatores que afetam a produção do grão. Foram conduzidos três estudos de caso e analisados os seguintes tópicos: falta de investimentos que interfere diretamente na carência de equipamentos compatíveis com as necessidades dos produtores rurais, a busca de melhorias no setor de transporte para que o escoamento seja efetuado com precisão e a escassez de armazéns, silos e estoques também são abordadas ao longo da construção do projeto. Os resultados permitiram apontar um conjunto de estratégias que deveriam ser conduzidas pelos agentes estaduais e nacionais responsáveis para melhorar o desempenho da cadeia da soja brasileira. Assim, foram identificados os principais obstáculos que a soja percorre a cada safra, desde o início da plantação até o alcance do consumidor. |
ABSTRACT: This article discusses relevant points about the precariousness of the transport and storage of soybeans, of which the Rio Grande do Sul are facing, through a survey conducted with data producers in the boundary of RS investigated the factors affecting the production of the region grain, were selected and analyzed the following topics: lack of investments that directly interferes with the lack of consistent with the needs of farmers equipment, the search for improvements in the transport sector so that the flow is made with precision and the shortage of warehouses , silos and stockpiles are also addressed throughout the construction project. The results allowed pointing out a set of strategies that should be conducted by state and national officials responsible for improving the performance of the Brazilian soybean chain, the goal is to identify the main obstacles that soy runs each season from the beginning of the planting until the consumer reach. |
A produção da soja aumenta a cada ano junto à sua popularidade. O grão ganhou status e isso faz com que ele agregue pontos na economia mundial. O enfoque dessa pesquisa é apresentar todos os desafios que os agricultores encaram desde o início do plantio até sua colheita. Para Bahia, Botelho e Rios (2008, p.15), "no contexto agrícola de produção, surge o agronegócio nacional e mundial, na figura dos produtores, que começam a necessitar de alternativas para o remanejamento do aumento da produção".
A soja representa a nível mundial o papel de principal oleaginosa produzida e consumida. Tal fato se justifica pela importância do produto tanto para o consumo animal, através do farelo da soja, quanto para o consumo humano, através do óleo. A produção da soja passou a ter grande relevância para o agronegócio pelo aumento das áreas cultivadas e, principalmente, pelo incremento da produtividade com a utilização de novas tecnologias. A soja é um produto que move grande parte da economia brasileira. E de uma maneira clara apresentaram-se soluções e melhorias para esse setor.
Para compreender tudo que será apresentado nesse artigo, cabe salientar a importância da soja e por que ela é um alimento indispensável. A soja pertence à família da leguminosa, assim como o feijão, a lentilha e a ervilha. É empregada na alimentação, sobretudo na indústria de óleos comestíveis. Originária da China e do Japão é um grão rico em proteínas. O óleo de soja é o mais utilizado pela população mundial no preparo de alimentos. Também são incluídos nos derivados da soja bebidas, óleos, farinha, sabão, cosméticos, resinas, tintas, solvente e biodiesel.
Diversos obstáculos são enfrentados para que a distribuição seja realizada. Inúmeros fatores interferem negativamente para que esse processo não seja concluído com êxito. As estradas que se encontram em estado de calamidade contribuem como um dos determinantes principais para o escoamento dos grãos. Mesmo os produtores que possuem uma frota numerosa de veículos ou até os que não disponibilizam de muitos, enfrentam os mesmos desgastes para realizar o transporte da soja, chegando ao ponto de muitas vezes as colheitas serem realizadas e os grãos ficarem dias bloqueados nas rodovias até chegarem aos portos, silos para o armazenamento ou seu destino final.
É possível ver com clareza que todos os modais disponibilizados para transportar a soja têm algum tipo de deficiência. Brevemente os mesmo se ligam a todos os processos que não estão dentro de um esquadro de atributos que deveriam ser fundamentais para a distribuição e comercialização do grão em questão. Contudo, o modal rodoviário ainda é o mais utilizado pela sua facilidade de obter os veículos, pelo custo de movimentação e pela fácil acessibilidade até as plantações, tornando o processo mais confortável.
Não menos importante o fator de armazenamento adequado tem acarretado danos nas entressafras, diminuindo possibilidades de numerosas vendas ao longo prazo, pois os silos de armazenamento não suportam a quantidade e não mantêm a qualidade. Na visão de Ballou (2007, p.168), "a armazenagem pode ser encarada como um custo direto adicional do canal de suprimento ou de distribuição. Esta despesa pode ser justificada pelas econômicas indiretas de custos obtidas".
Estes são alguns tópicos importantes que a falta de infraestrutura dificulta no dia a dia dos agricultores em geral e a precariedade no trabalho agrícola caminha junto com a vida dessas pessoas, causando contra tempos e impossibilitando que a comercialização da soja seja efetuada com sucesso.
Apesar de ser um produto produzido em grande quantidade, encontra-se um gargalo em seu escoamento. Partiu-se desses assuntos em evidência para que possamos intervir evidenciar causas, reivindicar atitudes e atingir resultados. No intuito de buscar base para a sustentação da pesquisa, acompanhou-se no período de Março de 2013 a Março de 2014 todos os processos relacionados à lavoura de soja de dois produtores do interior do Rio Grande do Sul, onde o ciclo de semeação até a colheita foi detalhadamente analisado.
O projeto está estruturado do seguinte modo: a seção dois apresenta todo o contexto utilizado para identificar os caminhos que a produção percorre até chegar ao seu destino final. Também desse tópico extraíram-se as principais necessidades de melhoria no transporte e armazenamento da mesma. A seção três apresenta os métodos utilizados para a condução da pesquisa. Na quarta seção foram realizados os estudos de caso para identificar e analisar as principais dificuldades da produção de soja. E na quinta seção foram apresentados os resultados obtidos através deste estudo realizado.
O Brasil é um dos maiores produtores de soja no mundo, uma oleaginosa que tem uma participação significativa na economia brasileira. Na visão de Siqueira et al. (2005, p. 13), "o crescimento da população principalmente nos centros urbanos, gera uma necessidade crescente por alimentos, que são supridos por produtos básicos provenientes da agricultura". Por ter esse referencial, e uma quantitativa produção, existem muitos contratempos que impedem que esse produto seja transportado com efetividade.
Para Bahia, Botelho e Rios (2008), o Brasil é uma grande referência na produção mundial de soja, porém o mesmo perde competitividade devido ao grande custo logístico, considerando os estágios de manuseio, transporte e armazenagem dos produtos. Essa falta de adequação no transporte do produto só aumenta as dificuldades para o armazenamento e escoamento das colheitas.
Conforme Lazzaroto (2009), a soja movimenta grande montante de recursos e divisas no complexo agroindustrial, mas, por ser um produto de baixo valor agregado, torna-se necessário aperfeiçoar a produção, estocagem e transporte. Assim, considerando que o crescimento da cultura está migrando para o interior do país, a necessidade de melhoria da estrutura logística torna-se proeminente.
Os motivos são corriqueiros, e quase todos os produtos que dependem de transportes sofrem com esses problemas que só aumentam o preço final no prato do consumidor. Conforme Bahia, Botelho e Rios (2008), como consequência, ocorrem as demoras na colheita e há uma maior necessidade de transporte de produtos nas regiões onde existe escassez de espaço para guarda da safra, pois tem que ser destinada de imediato para exportação ocasionando a formação de filas nos armazéns portuários, com elevação de custos, impostos e encargos.
Estradas esburacadas, burocracias em portos, escassez de depósitos adequados para armazenamento, essas são algumas das adversidades que o produtor de soja tem que enfrentar. Segundo Pontes, Carmo e Porto (2009, p. 157), "a infra-estrutura logística no Brasil encontra-se pouco desenvolvida, as empresas estão começando agora a integrar as suas atividades logísticas". Esse panorama é fruto da política econômica adotada pelo governo brasileiro ao longo de décadas.
A precariedade de investimento para pequenos e médios agricultores, ou até mesmo aqueles que estão iniciando suas lavouras, faz com que seus modais sejam de baixa qualidade, afetando na agilidade da entrega do grão. Para Detro e Junior (2010, p. 2), "a soja é um produto de grande importância para a economia do Brasil. A demanda mundial deste grão aumenta ano a ano e a produção brasileira tem acompanhado este crescimento". A competitividade da soja depende da manutenção de baixos custos logísticos, pois seu preço é estabelecido globalmente.
Entretanto, a infraestrutura dos armazéns dos meios de transportes e os elevados custos dos fretes estão entre as principais dificuldades de elevação da competitividade dos produtos agrícolas do país. Na visão Giovene e Christ (2010, p.146), "o transporte sempre teve impacto na economia através dos tempos, mas somente após a revolução industrial essa importância adquiriu dimensões consideráveis".
O aumento da produção motivado pelas novas tecnologias ampliou os mercados de consumidores. A partir disso, também é válido ressaltar que o número de acidentes, tombamentos, colisões é um agravante lógico no translado da soja. De acordo com Júnior e Scarpel (2012, p. 1), "o transporte de produtos pelo modal rodoviário representa um risco grande para os usuários da rodovia e para a população lindeira". Segundo os autores Sousa, Bueno e Bianco:
[...] O transporte ferroviário que é o modal mais apropriado para essa carga, não tem estrutura suficiente para suprir a demanda que o agricultor necessita. Dessa forma o produtor de soja acaba tendo prejuízos, uma vez que sua carga precisa usar a intermodalidade, ou seja, passar de um meio de transporte para outro. Nesse tempo ele também corre risco de roubos da carga, além de seu percurso se tornar mais demorado devido aos congestionamentos. (SOUSA; BUENO; BIANCO, 2013, p.7)
Há também o fator fluvial, já que não existem portos brasileiros em todos os pontos necessários, e o custo da exportação eleva-se por este motivo. Mesmo com essas deficiências, as exportações de soja vêm aumentando consideravelmente.
O quadro a seguir apresenta os números das exportações de soja do Brasil nos últimos anos.
Figura 1 – A exportação brasileira de soja.
Fonte: rural centro (2013)
Esse crescimento deu-se não apenas ao aumento da área cultivada, mas, também, ao incremento de novas tecnologias que auxiliam os produtores nas colheitas e diminuem as perdas dos grãos. A produção e o aumento da capacidade competitiva da soja brasileira sempre estiveram associados aos avanços científicos e a disponibilização de tecnologias ao setor produtivo. Analisando de uma forma geral, a exportação da soja ainda é baixa comparando com a sua importância e com o potencial que o Brasil mostra de ser um grande produtor.
Atualmente os modais utilizados para o transporte da soja são ferroviário, hidroviário, aéreo e o rodoviário, sendo que o principal para o deslocamento da produção aos portos do Brasil ainda é o rodoviário. Segundo Giovene e Christ (2010), o transporte é realizado por meio de cinco modais: ferroviário, rodoviário, hidroviário, aéreo, duto viário, e cada um com sua característica.
De acordo com Lopes e Yoshizaki (2011), os veículos necessários para a realização do transporte podem ser representados por caminhões, barcos, navios, trens, aviões, que são, respectivamente, utilizados nas seguintes vias: rodovias, rios, oceanos, trilhos e espaço aéreo.
As rodovias do país transformaram-se em um caos. A falta de estrutura não permite que o escoamento seja efetuado com qualidade. Portanto, para Kurmann E Vieira (2012, p. 20), "o transporte rodoviário é o único modal capaz de alcançar a qualquer distância nacional que abrange em torno de 5.500 municípios".
Caminhões com cargas elevadas e carretos com capacidade acima da concedida são alguns dos pontos relevantes. Isso se resume em controle de gastos e moderação de custos excessivos com combustível. Lazzarotto (2009, p. 2) sustenta que "a capacidade de expansão do agronegócio depende diretamente da infra-estrutura necessária para o escoamento da produção. Embora sejam feitos alguns investimentos nessa área, ainda não é o suficiente".
As ferrovias são obsoletas e ineficientes. Algumas rodovias em estado precário esburacadas ou sem pavimentação, além de poucas alternativas hidroviárias, escassez de armazéns e portos sobrecarregados que acabam tornando o escoamento da safra um verdadeiro desastre, prejudicando a competitividade do agronegócio no país. O sistema ferroviário seria a melhor forma e uma alternativa a mais de transportar a soja para os portos. Segundo Souza, Bueno e Bianco:
[...] No Brasil, este modal de transporte nunca alcançou a representatividade obtida em outros países de grande extensão territorial. A sua participação na produção de transporte no país, medida pela tonelada quilômetro útil, variou, nas décadas de 80 e 90, entre aproximadamente 20% e 23%. (SOUSA, BUENO e BIANCO, 2013, p.4)
Já para Pontes, Carmo e Porto (2009, p.168), "o Brasil é um país de dimensões continentais, no qual o transporte ferroviário representa uma enorme oportunidade para redução de custos". Entretanto, este modo de transporte tem sido negligenciado em função dos altos investimentos necessários para ampliar sua capacidade de operação. Na visão de Seleme et al. (2012), os investimentos realizados no país privilegiam a construção de rodovias e não ferrovias.
Através desse modal, os custos seriam reduzidos, o tráfego facilitado, o transporte seria realizado com mais agilidade e eficácia. No entendimento de Pinto e Alves (2012, p. 5), "custos baixos podem permitir preços baixos, auxiliando na competitividade dos produtos e serviços quando ofertados ao mercado". Dessa forma, a busca constante de redução de custos pode auxiliar positivamente na lucratividade de uma empresa.
O modal hidroviário é precário, mas ainda é necessário para as exportações e importações. O investimento é escasso comparado com a importância do transporte. Segundo Campeão et al. (2009, p.3), "o transporte hidroviário apresenta-se como tendo um menor custo, pois a capacidade de transporte é maior que a dos outros e o consumo de combustível é menor". Não é considerado um meio acessível, além de ser um transporte fluvial, que depende de variantes, como clima, maré, ventos e outros fatores que impedem ou auxiliam em seu deslocamento.
É importante ressaltar que é indispensável para os transportes de grandes cargas e longas distâncias. Para Lazzarotto (2009), um dos principais motivos da falha no transporte é o esquecimento por parte dos governos em investir nos modais de transporte, principalmente ferrovias e hidrovias e na precária situação de nossas rodovias, principal via de escoamento das safras de produtos agrícolas.
Brevemente é possível perceber que, dentre todas as opções de transporte disponíveis, cada um com suas particularidades e importância dentro do contexto geral, o modal rodoviário seria a alternativa mais explorada, devido a sua acessibilidade, baixo custo e disponibilidades gerais.
Sendo assim, as outras formas utilizadas são descartadas por inúmeros motivos, mas o principal é a falta de investimento nos setores, acumulando os problemas, desgastando os produtores e atingindo diretamente a cadeia agrícola brasileira.
Logicamente que para obter uma safra com qualidade deve-se partir do princípio. Além dos processos iniciais como preparação da terra, semeação, plantação e colheita, para que esse processo se finda, o armazenamento adequado é indispensável para a preservação do grão. De acordo com Pontes, Carmo e Porto (2009, p.163), "o armazenamento é uma atividade essencial para redução das perdas agrícolas e para a conservação dos grãos de soja". Com isso, faz-se necessário que o restante do processo seja efetuado com muito cuidado, dentro dos padrões de higienização e o mais importante é que o local de armazenamento esteja preparado para receber grandes quantidades. Segundo Faroni et al.
[...] Apesar de toda a tecnologia disponível à agricultura brasileira, as perdas qualitativas e quantitativas, originadas durante o processo de pós-colheita dos grãos, ainda não são bem controladas, e, durante o armazenamento, a massa de grãos é constantemente submetida a fatores externos. (FARONI et al., 2009, p. 2)
Fatores que são indispensáveis para que o produto final não sofra reflexos negativos no mercado, para que haja aceitação total dos distribuidores e satisfação dos consumidores. Isso só acontece quando há desde início da safra uma transparência em todos os processos.
O problema da concentração da colheita da soja é reforçado pela deficiência de armazenagem em muitas regiões. No Brasil só os grandes produtores dispõem de estrutura de armazenagem nas fazendas, enquanto os pequenos e médios defrontam-se com duas opções: realizam a venda após a colheita ou utilizam armazéns de terceiros, arcando, em ambos os casos, com as despesas de limpeza e secagem. Essa falta de armazéns obriga os agricultores a escoarem sua produção imediatamente após a colheita. Conforme Pontes, Carmo e Porto (2009, p.168), "na produção de soja é indispensável um setor de armazenamento que suporte uma demanda de grande porte, pois a produção aumenta consideravelmente a cada ano".
Cunha et al. (2009) afirmam que, mesmo com as informações disponíveis, ainda há dúvidas, sendo necessárias mais informações quanto à eficiência de colhedoras devolvendo diferentes sistemas de trilha e períodos de armazenamento, visando obter sementes de melhor qualidade. O armazenamento deste grão sofre com a grande demanda, e por falta de depósitos, silos e outros tipos de locais para a estocagem da soja. Contudo, sabemos que seria inviável aumentar a produção se não for possível a amplificação dos mesmos e a aplicação de renda para a melhoria desses armazéns.
Dentro dos contratempos que a soja encontra no caminho, a estocagem também é visada como um problema. Nota-se que a escassez de locais para a estocagem é um fator determinante para a qualidade, custo e distribuição da mesma. A quantidade de armazéns e silos é insuficiente para a demanda das safras, impedindo que o processo da colheita seja finalizado. Ainda não são disponibilizados para os agricultores de forma rápida e simples os silos de armazenamento que seriam a forma mais adequada para a guarda dos grãos. Dessa forma, a integridade e qualidade da soja seriam preservadas.
Após a colheita realizada e finalizada, a maioria dos agricultores opta pela secagem do grão. Dessa forma, o armazenamento é mais eficaz e duradouro. Mediante as dificuldades de estocagem essa é uma das formas mais garantidas de manter o grão em perfeitas condições de consumo. Segundo Trindade e Pacheco (2013, p. 3), "a perda de grãos gerados pelas pistas inadequadas, péssima sinalização para condutores, a falta de benefícios concretos aos motoristas, como: conforto, descanso e alimentação influenciam diretamente na logística do produto".
Com os avanços da tecnologia, o trabalho ficou mais fácil e dinâmico. Assim, as perdas são pequenas e a disponibilidade de ter uma safra com as particularidades positivas são relevantes. Portanto, o armazenamento da leguminosa é importante. Para que isso aconteça tem que haver uma adequação nos estoques de soja disponíveis. Fessel et al. (2010, p. 208) apontam que "o controle de qualidade de sementes deve ser cada vez mais eficiente, em razão da competitividade e exigência do mercado".
Avaliações rápidas que permitam obtenção de informações sobre o potencial fisiológico de sementes são importantes para tomadas de decisões nas diferentes etapas do processo de produção, armazenamento e comercialização. Dessa maneira, o controle de qualidade envolve, dentre outras atividades, a avaliação da germinação e do vigor de semente. Questões essas que devem ser avaliadas, reformuladas e redefinidas, pois a conservação do produto é um fator que aumenta a probabilidade do aumento da produção. Conforme D'Arce (2011), "os investimentos realizados na implantação de silos adequados, com sistema de aeração e o emprego correto de defensivos, produzem efeitos substanciais e rápidos na ampliação do suprimento de grãos".
Venda e rentabilidade são as atividades agricultoras que resultam positivamente no aumento da economia mundial. Dado este motivo, o investimento tem que ser paralelo. D'Arce (2011) salienta que "uma unidade armazenadora, técnica e convenientemente localizada, constitui uma das soluções para tornar o sistema produtivo mais econômico". Os silos verticais são uma opção de armazenagem, mas o custo elevado não possibilita que esse tipo de armazenamento seja comum nas lavouras. Lopes e Yoshizaki (2011) discutem sobre projetos de silos verticais que envolvam armazenagem de produtos sólidos e sejam seguros e confiáveis. É importante que se conheça o maior número de variáveis possíveis, tais como: propriedades de fluxo, geometria do silo e tipo de fluxo desejado. Podemos afirmar que uma opção para o armazenamento da soja pode ser os silos verticais, pois o mesmo mantém a durabilidade e qualidade dos grãos.
Para obter esses resultados positivos, é conveniente a utilização de todos os meios para facilitar o processo, por exemplo, a disponibilização de silos para a armazenagem da safra. Atitudes que devido a sua importância devem sair dos orçamentos e planejamentos e ser refletida no cotidiano dos agricultores, para que o trabalho seja facilitado e dinâmico, aumentando as safras e mantendo a durabilidade dos grãos, mas para que isso aconteça essas prioridades tem que ser vistas com mais seriedade pelas autoridades envolvidas.
O Quadro dois resume os principais aspectos referentes ao transporte e armazenagem, extraídos da literatura, para posteriormente serem analisados no estudo de caso em duas fazendas localizadas no Rio Grande do Sul.
Tema |
Aspecto |
Autor |
Desafios e oportunidades para a soja |
Aspecto |
Autor |
Desafios e oportunidades para a soja |
Quanto aos modais de transporte. |
Situação atual dos modais de transportes. |
Lopes e Yoshizaki (2011, p.4) |
Quais Os Modais Necessários Para O Transporte? O Porquê Há Falta De Investimentos Nas Rodovias Do Brasil? |
Vantagens Nos Tipos De Transportes. |
Siquera et al.(2005, p. 13) |
Crescimento Da População Principalmente Nos Centros Urbanos Gera Uma Necessidade Crescente Por Alimentos? |
Infraestrutura |
Seleme et al. (201, p.2) |
Por que o modal rodoviário é o mais explorado no Brasil? Por que a construção de rodovias se torna mais barato que a de ferrovias? |
Planejamento De Rodovias. |
Bahia, Botelho e Rios (2008) |
O Brasil Perde Competitividade Devido Ao Alto Custo Logístico? |
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Custo |
Pinto e Aleves (2012, p.5) |
Com Baixos Custos As Empresas Têm Preços Mais Acessíveis? Pro Que Os Modais Refletem Nos Preços?
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Transporte Rodoviário Com Baixo Custo. |
Carmo e Porto (2009, p. 157) |
Infra-Estrutura Logística No Brasil Encontra-Se Pouco Desenvolvida? |
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Organização do territorio nacional. |
Faroni et. al (2009, p.2) |
Por Que Não Há Controle Dos Armazéns No Brasil? Qual O Melhor Armazém Para Armazenar O Produto? |
Produção Brasileira De Grãos. |
Detro e Junior (2010, p. 2) |
. A Demanda Mundial Deste Grão Aumenta Ano A Ano E A Produção Brasileira Tem Acompanhado Este Crescimento? |
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Quanto ao armazenamento de grãos. |
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Aumento da demanda |
Lazzaroto (2009, p.14) |
Por Ser Um Produto Em Constante Evolução Necessita De Uma Boa Estocagem? Como Melhorar A Estrutura Dos Armazéns? |
Planejamento. |
Souza,Bueno e Bianco (2013, P.7). |
O transporte ferroviário que é o modal mais apropriado para essa carga? |
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Figura 2 – Principais aspectos referentes ao transporte e armazenamento de soja
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os métodos utilizados para realização da pesquisa são de categoria exploratória e descritiva de natureza qualitativa. Foram adotados os seguintes procedimentos metodológicos: primeiro foi realizado um estudo bibliográfico com o intuito de compreender a cadeia produtiva da soja, procurou identificar as maiores necessidades que o ciclo do grão vem passando a cada ano, então se buscou em artigos, teses e livros algumas evidências para que possa ser solucionado esse gargalo que tem afetado diretamente a soja.
O método qualitativo foi utilizado pelo objetivo de identificar as necessidades que a soja vem enfrentando com o transporte e armazenamento. Segundo D´Rosa (2007, p.43), "A pesquisa aqui trabalhada é sob ótica social. Sendo assim, será apresentada quanto a sua natureza, quanto a forma de abordagem do problema, sob ponto de vista de seus objetivos". Contudo, para Ruiz (2011, p.55), "O grande objetivo da experimentação, ou seja, sua razão de ser, é descobrir qual ou quais das variáveis independentes são causadoras de determinado evento". Visando obter dados construtivos, com clareza e transparência, Siqueira (2005 apud D´ROSA ,2007, p.44) defende que "o conhecimento científico atinge as coisas de um fato e sua formação. Expressa-se pela capacidade de analise, desdobramento, explicação". Para apontar as necessidades dos agricultores que estão diretamente ligados a esse ponto e que os mesmos sejam atendidos de maneira rápida e eficaz, e que esse ponto seja o centro das preocupações e não fique em segundo plano pelas autoridades ligadas ao conteúdo em destaque, iniciou-se uma busca nas principais adversidades que o grão percorre desde o tratamento da terra, semeação, cuidados em geral com a plantação, colheita, armazenamento e distribuição.
Após o levantamento de dados, foram entrevistados dois produtores de soja conforme questionário semiestruturado apresentado nos apêndices 1, 2, 3, para que possam esclarecer como se realiza o transporte e o armazenamento dos grãos em suas propriedades. Também se obteve um breve relato de um caminhoneiro que trabalha realizando o escoamento da soja. Foram levantados através das entrevistas, dados importantes para construção da pesquisa. A análise dos resultados da entrevista foi conduzida através da técnica de análise de conteúdo.
Segundo Bardin (2009), é imprescindível saber a razão por que se analisa uma pesquisa, para daí sim saber como analisar a melhor forma e obter os resultados esperados.
O Estudo de caso 1 foi realizado na Fazenda Alvorada, localizada na cidade de Dom Pedrito no interior do estado do Rio Grande do Sul. Sua lavoura tem aproximadamente 600 hectares de área cultivada. O proprietário produz soja há 14 anos. Possui duas propriedades rurais, uma na cidade de Dom Pedrito e outra localizada na cidade de Corumbá no estado de Mato Grosso do Sul.
O Estudo de caso 2 foi realizado na Fazenda Nogueira, localizada na cidade de Bagé no interior no interior do estado do Rio Grande do Sul. Sua lavoura tem aproximadamente 400 hectares de área cultivada. O proprietário produz soja há quatro anos. O mesmo é responsável pela colheita e também pelo transporte e armazenamento dos grãos.
O Estudo de caso 3 foi realizado com um caminhoneiro autônomo de 59 anos que tem 30 anos de profissão e sempre trabalhou no ramo de transportes. Iniciou sua rotina como motorista de Taxi na Cidade de Bagé. Foi funcionário de uma potencial empresa de transporte coletivo e atualmente faz o escoamento de soja para a fazenda Nogueira.
O organograma a seguir apresenta os tópicos utilizados na realização da pesquisa.
Figura 2: Aspectos utilizados na formação da pesquisa.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Procurou-se relatar, após os levantamentos realizados, e concretizar o estudo com um acompanhamento físico juntamente com os agricultores, para conscientizar de forma prática e precisa tudo o que foi disposto neste artigo.
A fim de evidenciar as informações em destaque, é possível verificar que o eixo utilizado desde o princípio até a finalização do trabalho constitui-se em um elo rigoroso, para que todos os assuntos em tese estudados estejam de fácil entendimento e visualização.
Esta seção apresenta o estudo de caso conduzido na cidade de Dom Pedrito/RS na Fazenda Alvorada. Lá o cultivo do grão passa por um processo que desde a procedência da semente garante que a colheita seja feita com eficácia. Dentro das condições necessárias para o plantio do grão, denomina-se que, partindo da secagem da semente, ela já estará pronta para a cultivação. O solo deve estar apropriado para o recebimento da semente. Se o mesmo apresentar características como aquecimento e seco, pode apresentar riscos à lavoura; além de dificultar a germinação também prejudica a formação de nódulos.
O nivelamento do solo, que é realizado com grade niveladora, elimina variações da sua superfície proporcionando maior eficiência de operação das semeadeiras. As condições normais para a plantação devem seguir esse padrão: lugar para as sementes germinarem rapidamente, controle de ervas daninha, não pode haver restos do cultivo anterior e meio ambiente adequado para a alimentação de nutrientes e umidade.
A área de cultivo atual é de 600 Hectares de plantação, e para o próximo ano a ideia é aumentar uma extensão de mais 200 Hectares para que sua rentabilidade aumente a cada final de colheita. O sistema de irrigação é bastante simples, além de aproveitar a chuva com o meio mais econômico e dinâmico.
Dom Pedrito é uma cidade que sofre com secas, dependo do período. Também está disponível o sistema de irrigação mecânico que auxilia e facilita nessas fases de seca. Como a soja depende de água, no ciclo inteiro faz-se indispensável ter uma fonte de irrigação adicional. O manejo da irrigação é extremamente importante para o rendimento e a qualidade da soja. Segundo o proprietário, não existe um sistema de irrigação ideal, basta atender às necessidades da lavoura.
Após todos os processos de plantio e cultivação, a soja está pronta para a colheita, que é um procedimento agrícola onde o produtor planeja todas as fases. Para que isso a aconteça, tem que atingir o estágio R8 (nome que se dá para identificar que a soja esteja pronta para ser colhida). E o início da colheita nesta fase evita perdas na qualidade do produto. A regulagem e operação da colhedora são essências para uma operação adequada.
O trabalho harmônico entre o molinete, a barra de corte, a velocidade da operação, e as ajustagens do sistema de trilha e de limpeza são fundamentais para a colheita eficiente. Porém, as seguintes perdas podem ocorrer: perdas antes da colheita causadas por deficiência ou pelas vagens caídas ao solo antes da colheita; perdas causadas pela plataforma de corte que incluem as perdas por debulha, as por altura de inserção e as por acamamento das plantas que ocorrem na frente da plataforma de corte; perdas por trilha, separação e limpeza em forma de grãos que tenham passado através da colhedora durante a operação. Após a colheita do grão, elas são diretamente escoadas nos caminhões para o deslocamento e finalização dos processos, que estão ligados até o fim do ciclo e abastecimento do mercado.
Como o transporte é feito em grandes quantidades, a única forma de escoar a soja é por intermédio dos caminhões, que no caso da propriedade analisada são próprios e também locados, no final da safra, para fazer o deslocamento da soja. Como a fazenda é afastada da cidade, a estrada de chão batido dificulta o processo de deslocamento, que em dias de sol e calor a poeira transforma-se em uma nuvem, dificultando a visibilidade dos condutores, e em dias de chuva torna-se um atoleiro que engole os pneus dos caminhões. Pode acontecer imprevisto como pneus furados, falta de combustível e acidentes.
É viável salientar que as viagens feitas à noite são quase impossíveis de serem realizadas, pois a iluminação e sinalização são escassas na região. É importante abordar que, além de todos esses tópicos levantados, também acontecem tráfego de animais, como cavalos, vacas e bois que, dependendo do horário, são levados de um local a outro, passado por essas estradas e impedindo e atrapalhando o desempenho dos motoristas.
O escoamento da soja da fazenda Alvorada é realizado com critérios bastante característicos no meio rural. A soja, após ser colhida, ela é descarregada diretamente nas caçambas dos caminhões. Onde os mesmos percorrem as estradas que dão acesso aos distribuidores. E com frequência ocorrem atrasos nas entregas. Quando o assunto é escoar a soja para fora do Rio Grande do Sul, aumenta a preocupação, pois as vias do Brasil sofrem com o mesmo problema e as dimensões dos prejuízos são muito maiores, pois, quanto maior o percurso, maior são as perdas.
Dependendo em certas localidades os veículos não chegam, tamanha a falta de acessibilidade. Isso aumenta todos os custos e às vezes o retorno é empatado. O transporte rodoviário é o mais utilizado pelo dono da fazenda, que ainda tem planos para o crescimento do seu plantel, mas argumenta que, para aumentar sua plantação, existem variantes que não cabem a ele as mudanças, e que o mesmo depende de muitas outras coisas além de sua lavoura, como: melhoria nas estradas brasileiras, atenção às vias rurais que são importantes para o acesso da soja nas grandes cidades, investimentos concretos nos transportes disponíveis e aplicação em iluminação e sinalização nas estradas rurais. Assim, facilitaria e não haveria tantos prejuízos, resultando em bons preços. O custo logístico também seria reavaliado e as condições e agilidade do produto estariam subindo no conceito dos consumidores e distribuidores.
As questões que envolvem o armazenamento são aparentemente as mais complexas. O produtor alega sempre disponibilizar para venda uma parte de sua safra antecipada. Um dos principais motivos que leva ele a tomar essa decisão é a falta de local para armazenar toda a produção. Deste modo, a saca fica mais acessível para os compradores, facilitando a compra e diminuindo o lucro dos produtores. Isso acarreta em uma das possibilidades que o mesmo não sofre com superlotação em seus armazéns.
Devido a isso, suas condições de estocagem são mais flexíveis. Normalmente a falta de espaço físico para o armazenamento da soja seja uma das preocupações que o agricultor tem que planejar desde o início da lavoura, e essa é uma forma que o dono da fazenda visa para poder produzir e ter o tamanho do espaço adequado para armazenar o grão.
Ele conta com o sistema de armazenamento mais apropriado que são os Silos Verticais, localizados na cidade de Dom Pedrito, cuja capacidade de armazenagem é reduzida; porém, o benefício que ele proporciona para a conservação da soja faz com que o investimento traga vantagens para o seu negócio. A intenção é de aumentar a extensão de sua plantação. Mas, para que não ocorram problemas futuro, dentro do seu planejamento tem que disponibilizar mais silos e também aumentar suas vendas antecipadas.
Esta seção apresenta o estudo de caso conduzido na cidade de Bagé/RS, na Fazenda Nogueira. Sua lavoura foi iniciada através de um processo padrão, escolha dos grãos, semeação, plantação, cultivo e por fim colheita. Trabalha com produtos confiáveis para controle de pragas e o crescimento de ervas daninha no terreno. Antes de iniciar o plantio é realizado o reconhecimento do campo, para garantir a qualidade da terra que é um fator importante e eliminar pedras rochosas e restos das outras plantações.
Há quatro anos o proprietário dedica-se à lavoura de soja, que hoje possui 400 hectares de área cultivada e produz aproximadamente 30 mil sacas. Utiliza para o cultivo a semeação natural através de sementes secas do próprio grão. Isso garante ao produtor uma colheita sem perdas excessivas, devido ao seu alto índice de precisão para crescimento da plantação.
Opta pelo sistema de irrigação natural. Mas, como as secas são predominantes na região, também disponibiliza da irrigação motora. Outro fator relevante é que suas plantações são em torno da sua barragem. Isso facilita o plantio e o cultivo, pois o solo está sempre úmido - característica que a soja exige.
Dentre todas as apostas do agricultor, ele afirma que a soja, devido a sua popularidade e mercado é uma grande aliada para a ampliação dos seus negócios, por ser um alimento saudável, de fácil aceitação e com muitos outros benefícios e utilidades e pode ser vendida para diversas indústrias de segmentos variáveis.
Desde que iniciou sua lavoura de soja e teve ligeiramente o aumento de fluxo de caminhões, pessoas e funcionários, ele sentiu o reflexo das péssimas estruturas que são visivelmente percebidas e como isso está prejudicando gradativamente o seu produto final, quando repassado aos fornecedores. Ele enfatiza o fato de ser um médio agricultor no ramo e por esse motivo não tem retorno das autoridades referente a esses assuntos, como, por exemplo, a falta de investimento nas estradas e a dificuldade para adquirir silos para o armazenamento.
É relatado ao longo da entrevista que sua maior necessidade é o transporte, devido à falta de estrutura da via que liga a fazenda com a Cidade de Bagé. São exatos 50 km de chão batido, sem iluminação e sinalização, da qual é a única alternativa para o escoamento do grão. Essa estrada é um fator de risco para sua safra, pois os tombamentos são freqüentes. As perdas que ocorrem ao longo do percurso devido às crateras, na qual as caçambas trepidam por todo o caminho, os atolamentos em dias de chuva são comuns, atrasando as entregas e consequentemente diminuindo a qualidade do grão.
Ele possui uma frota de caminhões próprios para o escoamento e, dependo da safra anual, ele contrata serviços terceirizados para finalizar o transporte. Não é uma prática que ele confia, pois não pode garantir uma qualidade total por ser um serviço terceirizado, ao contrário do que acontece com seus veículos e funcionários devido a sua cobrança e atenção com os mesmos. Afirma também que, apesar das facilitações do mercado para adquirir veículos novos para o aumento da frota, o contrato anual a cada término de colheita ainda é mais viável.
O agricultor nesse tópico esclarece todas as questões que abrangem o seu armazenamento. Disponibiliza de armazéns locais dentro de sua estância; porém, são estoques temporários para o armazenamento imediato. Devido à falta de estrutura para a conservação do grão, a venda das sacas é realizada antes da colheita.
Aponta à dificuldade de adquirir Silos Verticais. Seu alto custo impossibilita essa compra. A instalação e manutenção desse meio também são complicadas, diminuindo a expectativa do agricultor. O aluguel de estoques é uma válvula de escape quando sua demanda é maior que o esperado. Mas o custo do produto aumenta devido aos gastos dispostos e às preocupações, também por não ter um controle das movimentações feitas com o grão.
Mas, apesar de todos os contratempos, está aumentando seus horizontes para ampliar sua lavoura de soja. Mas, para isso, terá que ajustar todas as questões de transportes e aumentar seus estoques, e enfoca que, se o agricultor for reconhecido de forma coerente, o Rio Grande do Sul tem um potencial enorme para ser um estado rico e destaque na produção de soja mundial.
O mesmo relata que, quando começou a trabalhar com transporte rodoviário, há anos, o impacto não foi considerado, por que o tráfego nas rodovias era inferior ao dos dias de hoje. Por esse mesmo motivo as estradas não eram desgastadas aos extremos e conseguia atender a todas as suas metas satisfatoriamente.
Conta que, devido à demanda, tem meses que passa de 15 a 20 dias sem retornar para casa, tempo que às vezes dobra devido a acidentes, estradas sem estrutura alguma para o tráfego, falta de sinalização e a falta de amparo para esse tipo de trabalhador, que normalmente viaja sozinho sem ter como revezar a direção, tornando o processo cansativo, estressante e lento.
Quando o assunto é exportação, ou seja, fazer o escoamento nos Portos Brasileiros, aquilo que era complicado fica mais difícil. Enfatiza que, por causa da burocracia e da falta de organização, passa dentro do caminhão uma semana, bloqueado nos portos tendo que fazer suas refeições, descanso e higiene tudo no local até chegar sua vez de liberar a carga e seguir viagem. Relata a insatisfação com que o seu trabalho é visto, e todas essas deficiências que dificultam o andamento do transporte e afirma que o mundo precisa desse tipo de trabalhador para que tudo no mercado possa ser movimentado.
A característica principal da produção da soja é defina em conflitos. Seu curso completo é prejudicado pela ausência de investimento e estreitamento de opções para o escoamento e armazenamento dos grãos. Na visão de Lazzarotto (2009), um dos principais motivos da falha no transporte é o esquecimento por parte dos governos em investir nos modais de transporte. Foi constatado que o melhor modal de transporte para o escoamento dos grãos é o rodoviário devido ao fácil acesso às lavouras. Para Kurmann e Vieira (2012), o transporte rodoviário é o único modal capaz de alcançar a qualquer distância nacional. Através da análise nas propriedades rurais ficou comprovado que o transporte por caminhões é a melhor opção para remanejar os grãos.
No entendimento de Campeão et al. (2009), o transporte hidroviário apresenta-se como tendo um menor custo, pois a capacidade de transporte é maior. Apesar desse modal representar uma importância relevante para as exportações das safras, a burocracia para a utilização desse meio ainda é presente.
De acordo com D'Arce (2011), os investimentos realizados na implantação de silos adequados produzem efeitos substanciais e rápidos na ampliação do suprimento de grãos. Visto que os silos verticais são uma alternativa de estocagem, além de ser um método mais adequado, é também o mais indicado para prolongar o tempo de conservação dos grãos.
Para Pontes, Carmo e Porto (2009), há uma atividade essencial. Para que haja redução nas perdas agrícolas é a conservação dos grãos da soja em um ambiente adequado. Visando que, para obter esse tipo de armazenamento, o acesso tem que ser facilitado, seu custo elevado dificulta que os produtores possuam esse tipo de reserva.
Segundo Faroni et al. (2009), apesar das tecnologias dispensadas para o setor agrícola brasileiro, as perdas qualitativas e quantitativas, que se originam ao longo do processo, ainda não são controladas. E, durante a armazenagem, os grãos sofrem com os fatores externos. Desse modo, foi evidenciado que, para o produtor rural, nada é facilitado. É notório que as condições de trabalho e investimento para os mesmos são precárias, comparando com as suas necessidades.
Após o plantio ser efetuado, a soja é colhida através das "colheitadeiras" e diretamente descarregado nos caminhões de transportes. Seguidamente, ela é escoada aos grandes silos. Antes de chegar ao destino final, atravessa pelas estradas esburacadas, mal sinalizadas e em péssimas condições de locomoção. Mesmo com todas essas dificuldades, ainda é possível encontrar a soja e todos os seus derivados com acessibilidade no mercado.
As rodovias brasileiras sofrem com erosões, estradas de chão batido, vias estreitas, pontos onde inundações são frequentes, caminhões inadequados para esse tipo de transporte, ou seja, com capacidade inferior a demanda, condutores sem condições de trabalho, tornando improdutivo todo o esforço que se tem desde a primeira semente plantada.
É possível destacar nesse mesmo encadeamento a falta de estabelecimentos para a estocagem do grão. O desfalque de armazenamento também é um fator relevante que bloqueia esse segmento. Existem outros modelos de armazenamento que também são importantes e com custo dentro dos padrões. Os mais comuns e explorados são os estoques ou depósitos amplos, onde a soja fica armazenada em tonéis, sacas ou em containeres apropriados para este fim. Estes não são tão funcionais como os silos e perdem nas questões tecnológicas que ele proporciona, mas têm a mesma finalidade; porém, esses depósitos garantem uma proporção menor para a armazenagem.
Estes critérios deveriam ser analisados com atenção redobrada, pois são eles que necessitam nesse momento de aplicações generosas para que essa realidade possa tomar outro rumo.
A falta de planejamento e organização também são fatores que pesam negativamente na economia brasileira, impedindo que o Brasil torne-se referência mundial no ramo. Se essas mudanças forem realizadas, refletirão em melhores preços, qualidade e disponibilidade do produto, ou seja, a soja não sofreria com os reflexos desses problemas.
O mapeamento realizado em todos os modais logísticos e seus respectivos setores apresenta de forma clara que são insuficientes tanto em qualidade quanto nas questões tecnológicas. Ampliando o ponto de vista, é possível visualizar que os transportes sofrem diretamente com a falta de investimento, justificando assim o reflexo nos custos do produto final.
Após realizar um estudo aprofundado, podem-se identificar os principais obstáculos que a produção de soja sofre a cada safra anual e a longa peregrinação percorrida desde a plantação até o alcance do consumidor. Apresentaram-se todos os modais logísticos cada um com sua respectiva importância, sua particularidade, precariedades. Apontou-se que o transporte rodoviário ainda é o mais indispensável e o de menor custo para os agricultores em geral. Também é válido salientar que este modal é o mais indicado para locais de difícil acesso.
Pontos importantes foram levantados nas questões de armazenagem da soja. Analisaram-se os tipos de estocagem para cada tipo de produtor rural, possibilidades de aquisição de silos verticais dos quais foram constatados ser a melhor opção para o estoque dos grãos devido às suas tecnologias e benefícios para a soja e como isso ainda é inacessível para os agricultores pela falta de incentivo financeiro.
Através de uma análise aplicada na fazenda Alvorada e Nogueira, foi possível comprovar que os modais de transporte disponíveis no Brasil atualmente estão em situação precária. A falta de opção para inúmeros casos de escoamento afunila de uma forma que o único escape acaba sendo através dos caminhões, portos, ferrovias e o transporte aéreo, ainda esquecidos e não explorados, tornando assim o processo de escoamento mais demorado e menos rentável. As questões que envolvem a estocagem também foram discutidas e estão no alvo dessa falta de investimento. Isso mostra como é difícil iniciar e finalizar os processos relacionados à produção.
Foi realizada uma discussão com um condutor de caminhão experiente no ramo. Dessa forma, foram constatadas todas as consequências que a falta de infraestrutura defasada atinge no seu trabalho, dificultando todo o processo de ciclo do grão. É possível visualizar que os condutores diretos desse segmento sofrem com todos os problemas causados pela falta de investimento em todos os setores dispostos no artigo, nos modais de transporte e também no armazenamento, pois inúmeras vezes há um retrabalho de coleta por falta de locais para a guarda dos grãos. E outro fator conclusivo são as dificuldades que os mesmo enfrentam nos portos brasileiros pelos burocráticos processos que são existentes para realizar as exportações.
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Perguntas Realizadas: estudo de caso 1
Perguntas Realizadas: estudo de caso 2
Perguntas Realizadas: estudo de caso 3