Espacios. Vol. 36 (Nº 05) Año 2015. Pág. 6
Anelise Schonardie ISOPPO 1; Silvia Regina de ALMEIDA 2; Diego Augusto de Jesus PACHECO 3
Recibido: 22/10/14 • Aprobado: 05/02/2015
5. Análise e discussão dos resultados
RESUMO: |
ABSTRACT: |
A gestão de estoques é uma atividade que envolve custos elevados de armazenagem e manutenção dos mesmos e geralmente tais custos são passados indiretamente para os clientes. Para obter preços de produtos finais competitivos no mercado, muitas empresas realizam ações visando à redução de estoques, para que se tenha o menor custo possível. Conforme Alves et al. (2008) a decisão de aumentar ou reduzir estoques é um dilema que sempre implicará atendimento e disponibilidade do produto dentro do prazo de entrega.
Estoque é todo o acumulo de materiais, que se encontra no inicio do processo, no meio ou como produto final, conforme Oliveira, Silva e Silva (2010). A gestão de estoque é um assunto estudado em outros casos, e por isso foi possível estabelecer comparações entre os resultados da presente pesquisa com demais estudo da literatura. Neste estudo são apresentadas e aplicadas algumas ferramentas aplicadas a gestão de estoques com o objetivo de reduzir o estoque na empresa e aplicaremos algumas que identificamos de maior relevância para o caso estudado.
O modelo mais adequado de gestão de estoque pode ser revelado de acordo com característica de cada item. Muitas vezes sendo considerados através da demanda, podendo haver uma grande diferença para itens de alto e baixo consumo (WANKE, 2012). Existem algumas ferramentas que são utilizadas na gestão de estoque como o Just in Time (JIT), a classificação ABC e o Kanban. O JIT tem como o objetivo estoque zero, ou mínimo (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2011). De acordo com Sgarbi Jr. (2011) a filosofia enxuta tem o estoque como um dos principais desperdícios.
A empresa em análise nesse artigo possui um grande mix de famílias de produtos e por isso, foram escolhidos os itens de maior contribuição em vendas, para avaliarmos os níveis de estoques necessários para atender à demanda sem gerar o armazenamento de excessos e obsoletos. A quantidade elevada de estoque pode acarretar a uma perda de capital, mas também a falta deste pode impactar em perdas de pedido (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2011).
Assim sendo, o objetivo principal deste artigo é reduzir os estoques da empresa, sugerindo aplicações de ferramentas, para que com essa redução os custos finais do produto fabricado possam ser competitivos no mercado, considerando que atualmente seus custos estão com elevados valores. As próximas seções deste artigo estão divididas em revisão teórica sobre gestão de estoques e principais ferramentas; a seção de metodologia que faz o detalhamento de como se pretende alcançar o objetivo desta pesquisa; a seção quatro que detalha como foi feito o estudo na empresa e as informações necessárias; por fim é apresentado a na seção cinco a análise e discussão dos resultados e as conclusões na seção seis.
Segundo Oliveira, Silva e Silva (2010) os tipos de estoques podem ser separados como: matéria-prima, material em processo e material acabado. Para Rosa, Mayerle e Gonçalves (2010) processos produtivos pouco confiáveis, bem como aqueles mal gerenciados, acabam por gerar mais estoques, seja num mecanismo de precaução a eventos inesperados, seja como resultado da ineficiência administrativa dos recursos materiais existentes em todo o ambiente produtivo. Estoques, portanto, são de grande importância, tanto para a logística quanto para a produção. Kunigami e Osório (2009) afirmam que quando ocorre um estoque em excesso pode haver vários fatores críticos como desperdício e capital parado, podendo este ser destinado a outros projetos.
De acordo com Amann (2009), uma alternativa para o pronto atendimento do cliente seria o aumento dos estoques de produto acabado, porém os custos de estoques são um grande empecilho para a competitividade da empresa. Dessa forma, as empresas são desafiadas a aumentar a velocidade e a flexibilidade no atendimento ao cliente e simultaneamente reduzir os custos de fabricação e os investimentos em estoques. Conforme Sgarbi Jr. (2011) uma gestão eficiente dos estoques na cadeia de suprimentos pode aprimorar o atendimento ao cliente, reduzir os prazos e os custos, atender a demanda de mercado e obter eficiência na aplicação dos recursos financeiros da empresa. Uma forma de obter estes benefícios é encontrar e eliminar os desperdícios e as variáveis que influenciam no tamanho de estoques e gerenciá-las para manter os estoques em níveis satisfatórios para empresa e mercado. O mesmo autor ainda afirma que a economia que é feita ao se comprar grandes lotes, às vezes podem ser perdidas ao manter um estoque grande obtendo custos de manutenção destes (SGARBI Jr., 2011).
Com a necessidade de controlar os estoques precisamente, a fim de planejar vendas e produção com a velocidade exigida pelo mercado, muitas empresas têm buscado mecanismos para controlar os estoques, como sistemas informatizados, com o objetivo de obter resultados precisos e confiáveis segundo Romio, Weise e Rabenschlag (2012). Almeida (2012) afirma que o custo para controlar o estoque representa um fator importante para decisão de qual método seguir como ferramenta de gestão de estoque.
Segundo Silva, Benedito e Favoni (2012) a utilização da Curva ABC é extremamente vantajosa, porque pode reduzir as imobilizações em estoques sem prejudicar a segurança, pois ela controla mais rigidamente os itens de classe A e, mais superficialmente os itens de classe C. Saab Jr. e Corrêa (2008) afirmam que a ferramenta VMI (Vendor Managed Inventory) atribui ao próprio fornecedor a atividade de controlar e abastecer quando e quanto o seu cliente imediato necessitar.
De acordo com Lage Jr. e Godinho Filho (2008) Kanban é um subsistema do sistema Toyota de produção (STP) usado para controlar os estoques que controla a produção dos produtos necessários, na quantidade e no momento necessário. Este sistema é conhecido por empregar cartões para informar a necessidade de entregar e/ou produzir certa quantidade. Assis (2010) concluiu que o Sistema Kanban diminui os desperdícios, o excesso de itens, a quantidade de obsoletos e, como consequência, reduz os custos envolvidos. Outra ferramenta é o lote econômico que enfatiza a formulação de modelos ou políticas para a determinação do ponto de pedido (instante) em que devem ser efetuados os pedidos e da quantidade do mesmo (lote) sob determinadas propriedades e restrições da demanda, da oferta e dos custos do sistema considerado afirmam Santoro e Freire (2009).
Para Guerra (2009), quando uma empresa decide manter um Estoque de Segurança, na prática o que ela está decidindo é obter do fornecedor (no caso de itens comprados) uma quantidade além daquela necessária para atender à demanda planejada e que será usada no caso de ocorrer alguma eventualidade (caso o consumo seja maior do que o planejado, por exemplo). De acordo com Hamad e Gualda (2010) dentre os custos de uma rede logística, o fator inventário, ou seja, a relação de bens disponíveis em estoque é um dos mais importantes por afetar diretamente os dois indicadores principais do desempenho de uma cadeia de suprimentos: o nível de serviço ao cliente na sua perspectiva de disponibilidade do produto e o giro de estoque da cadeia. Enquanto o primeiro mede o bom gerenciamento da rede logística em relação ao seu principal foco externo, os consumidores, o segundo indicador representa o quão bem está sendo administrado um dos ativos internos mais importantes das companhias, já que o estoque tem se tornado o mais representativo em termos de capital empregado e responsável pelos maiores desperdícios.
Esta pesquisa pode ser classificada como bibliográfica, pois conforme Aquino (2010) e Gil (2010) é elaborada com base em material já publicado. A consulta de referencial para esta pesquisa foi em artigos publicados em revistas e anais de eventos. Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica acerca das ferramentas de estoques, aqui identificado como referencial teórico, onde se buscou a fundamentação na literatura para o desenvolvimento e propósito do artigo.
Posteriormente, foi conduzido o estudo de caso como estratégia de pesquisa de campo. Yin (2010) define o estudo de caso como sendo uma investigação empírica que investiga um acontecimento contemporâneo dentro do seu contexto de vida real. O presente trabalho é uma pesquisa aplicada e exploratória, tendo em vista o interesse de natureza prática e por ser a primeira abordagem do tema no objeto de pesquisa (GIL, 2008). Para Cooper e Schindler (2001), a pesquisa aplicada em função de seu objetivo pragmático contribui para o desenvolvimento das organizações.
Visando uma melhor gestão de estoques para a empresa analisada, foram consultados os dados históricos de relatórios de venda e em seguida foi feita a classificação ABC, segundo a qual os itens são classificados de acordo com sua demanda, seu custo de aquisição e, consequentemente, sua representatividade financeira para o negócio. Um item A, por exemplo, pertence aos 20% que respondem por 80% do total de vendas da empresa (SILVER; PETERSON; PYKE, 1998). Na sequência desse estudo apresentaremos a curva ABC dos itens da empresa, onde será visto os itens de maior importância que seriam os itens A, e os de menos importância os itens B e C.
As informações utilizadas neste estudo foram coletadas de uma empresa de equipamentos de limpeza (denomina desde então Empresa X por sigilo). A aplicação deste estudo está sendo analisada como parte de um projeto para futuras alterações na gestão do estoque da empresa. A empresa pertence a um grupo multinacional que atua no Brasil desde 2000 e instalou-se no Rio Grande do Sul desde 2005, quando adquiriu uma empresa local que possuía experiência de atuação no território nacional. A empresa X é direcionada para a injeção de plástico e apresenta um sistema de produção para estoque.
Os produtos são produzidos segundo uma demanda estimada e depois armazenados em estoques intermediários. Os estoques da empresa são divididos em: (i) RAW: estoques de matérias-primas; (ii) WIP: estoques de material em processo; (iii) Finished Goods (FG): estoques de produtos acabados. Os itens RAW e WIP são armazenados totalmente dentro da planta e os produtos FG possuem estoque interno e em um centro de distribuição localizado em São Paulo, visando um atendimento mais eficiente aos seus clientes.
A presente empresa vem enfrentando uma queda constante no seu giro de inventário e consequentemente tem um valor significativo de estoque parado, impactando diretamente no resultado financeiro da organização. Atualmente a empresa possui um estoque em torno de R$ 29 milhões, sendo 77% do seu inventário de FG, 17% de RAW e 6% de WIP, representando a menor parte do inventário. A empresa possui faturamento anual por volta de R$ 125 milhões. Logo, o estoque de FG representa 18% do seu faturamento. Poderíamos classificar como médio esse problema uma vez o giro de estoques é de aproximadamente 6 vezes no ano, mas no último ano (2013), verificou-se que a empresa vem tendo uma queda em seu giro de inventário. Essa queda é significativa e cresce gradativamente a cada mês, sendo necessário um tratamento gerencial para minimizar o problema, conforme Tabela 1.
Tabela 1: Demonstrativo do giro de estoque no ano de 2013.
A empresa possui 681 itens em estoque, sendo 143 itens da curva A representados por 80% do estoque, 98 itens da curva B com uma fatia de 10% e os outros 10% restantes, 436 itens são itens C. Do total de 681 itens, 235 não possuem previsão de vendas. A seguir na tabela 2, são apresentados os 50 itens mais relevantes que representam 59,3% do estoque da organização. Com a informação da tabela 2, elabora-se a classificação ABC, para a identificação dos percentuais mais impactantes.
Tabela 2: Itens de maior custo de estoque
Material |
Demanda |
Total |
Giro |
% |
ABC |
111731 |
sim |
R$ 1.059.477,70 |
4,1 |
8,0% |
A |
1805985 |
sim |
R$ 826.800,70 |
5,2 |
14,2% |
A |
1838396 |
sim |
R$ 749.343,25 |
2,7 |
19,9% |
A |
1838397 |
sim |
R$ 701.868,60 |
2,8 |
25,2% |
A |
FG618900BLA |
sim |
R$ 697.842,85 |
1,6 |
30,5% |
A |
1838398 |
sim |
R$ 687.518,40 |
3,1 |
35,7% |
A |
1838395 |
sim |
R$ 627.311,95 |
3,4 |
40,4% |
A |
1835528 |
sim |
R$ 567.999,90 |
5,3 |
44,7% |
A |
FG9W2100GRAY |
sim |
R$ 450.242,10 |
0,1 |
48,1% |
A |
14857 |
sim |
R$ 444.332,10 |
13,1 |
51,4% |
A |
111732 |
sim |
R$ 383.265,90 |
6,6 |
54,3% |
A |
FG131500BLA |
não |
R$ 383.118,45 |
0,0 |
57,2% |
A |
111680 |
sim |
R$ 376.811,75 |
0,0 |
60,1% |
A |
111748 |
sim |
R$ 314.562,45 |
9,5 |
62,4% |
A |
111700 |
sim |
R$ 264.773,00 |
0,1 |
64,4% |
A |
FG614400RED |
sim |
R$ 230.254,70 |
0,3 |
66,2% |
A |
FG9W2200GRAY |
sim |
R$ 227.565,45 |
3,0 |
67,9% |
A |
FG614500BEIG |
sim |
R$ 222.253,55 |
0,8 |
69,6% |
A |
111686 |
sim |
R$ 190.079,40 |
5,0 |
71,0% |
A |
111706 |
sim |
R$ 179.596,45 |
9,3 |
72,4% |
A |
FG619000BLA |
sim |
R$ 175.477,00 |
7,9 |
73,7% |
A |
FG781408PLAT |
sim |
R$ 171.662,50 |
10,9 |
75,0% |
A |
FG614300RED |
sim |
R$ 167.134,95 |
0,2 |
76,2% |
A |
112649 |
sim |
R$ 158.349,55 |
6,0 |
77,4% |
A |
111752 |
sim |
R$ 157.502,90 |
7,7 |
78,6% |
A |
FG618300YEL |
não |
R$ 156.662,95 |
0,0 |
79,8% |
A |
FG134P00CLR |
sim |
R$ 149.075,15 |
0,1 |
80,9% |
B |
FG614400YEL |
sim |
R$ 134.956,75 |
0,1 |
82,0% |
B |
111754 |
não |
R$ 133.103,50 |
0,0 |
83,0% |
B |
FG461900BLA |
sim |
R$ 129.223,10 |
0,0 |
83,9% |
B |
FGQ41000BL00 |
sim |
R$ 128.056,30 |
5,2 |
84,9% |
B |
111678 |
sim |
R$ 127.575,20 |
6,2 |
85,9% |
B |
112645 |
sim |
R$ 120.223,10 |
7,5 |
86,8% |
B |
FG9T8500BLA |
não |
R$ 119.418,80 |
0,0 |
87,7% |
B |
FG614400WHT |
sim |
R$ 119.338,25 |
19,1 |
88,6% |
B |
FG614300BEIG |
sim |
R$ 118.781,80 |
0,8 |
89,5% |
B |
FG218P00BLA |
não |
R$ 113.561,25 |
0,0 |
90,3% |
C |
FG263200BLUE |
sim |
R$ 111.140,35 |
0,5 |
91,2% |
C |
FG9W2273BLUE |
sim |
R$ 104.319,65 |
0,7 |
92,0% |
C |
1829417 |
sim |
R$ 101.327,50 |
0,1 |
92,7% |
C |
FG9T4500BLA |
não |
R$ 101.152,90 |
0,0 |
93,5% |
C |
1829416 |
sim |
R$ 100.105,90 |
0,1 |
94,2% |
C |
FG342488BLA |
sim |
R$ 97.442,35 |
1,6 |
95,0% |
C |
111654 |
sim |
R$ 97.441,90 |
30,2 |
95,7% |
C |
111838 |
sim |
R$ 96.453,20 |
0,4 |
96,4% |
C |
112336 |
sim |
R$ 96.183,05 |
4,2 |
97,2% |
C |
1820579 |
sim |
R$ 95.382,15 |
1,0 |
97,9% |
C |
FG118P00CLR |
sim |
R$ 93.463,00 |
0,5 |
98,6% |
C |
FG614300YEL |
sim |
R$ 93.008,90 |
0,1 |
99,3% |
C |
1829413 |
sim |
R$ 92.572,00 |
0,1 |
100,0% |
C |
Observa-se que os vinte e seis primeiros representam 79,8% do estoque, itens classificados como A. Os dez itens subsequentes representam 9,7% do valor e classificados como B e os quatorze itens restantes representam 10,5% classificados como C. Com base na presente análise é necessário adotar estratégias gerenciais para minimizar o problema.
Durante a análise dos indicadores de estoques foi possível observar que há uma falha na gestão atualmente adotada. Na construção da curva ABC ficou ainda mais evidente esse fato. Isso porque 14% dos itens A (representados pelo maior valor de inventário) não possuem demanda projetada. Esse número é construído com itens que saíram de linha, sem nenhum acompanhamento dos estoques e simplesmente deixaram de fazer parte do atual portfólio dos produtos. Da lista dos itens mais relevantes em estoque (tabela 2) podemos listar alguns exemplos de itens com valor representativo no inventário, sem previsão de vendas, são eles: FG618300YEL, 111754, FG9T8500BLA, FG218P00BLA, FG9T4500BLA e FG131500BLA.
Uma das hipóteses identificadas para tal problema está ligada a falta de comunicação entre as áreas de desenvolvimento de produtos e planejamento e controle da produção aliada à falta de uma política clara de estoque. A empresa adota uma quantidade excessiva estoque de segurança para cobrir possíveis variações de previsão de venda e assim não perder as vendas. Em contrapartida, existem itens que tem uma variação pequena e para estes é utilizada a mesma política de estoque de segurança. Esse foi um dos principais resultados proporcionados nessa pesquisa.
Realizando uma análise mais detalhada dos itens sem previsão de vendas que compõe o estoque atual da organização, pode-se observar que representam 11,7% do total do estoque de FG, R$ 2,6 milhões, sendo desse total 64,9% itens A, R$ 1,7 milhões. Estes números levam a refletir sobre melhorar a forma de conduzir a comunicação entre as áreas de desenvolvimento de produto, planejamento e controle de produção, compras e manufatura. Uma das possíveis estratégias é adotar reuniões semanais para alinhar as expectativas e construir juntos, um plano de redução das compras para os itens FG importados e a redução da produção para itens manufaturados. Também se faz necessário estender essa redução para seus componentes, pois uma eventual perda das venda de um item que tende a ser tornar obsoleto não possui muito custo significativo para a empresa, quanto comparado com o nível de estoque elevado de um item fora de portfólio.
Também é indicado que a área de marketing juntamente com vendas estabeleça ações para forças o escoamento desses produtos atualmente em estoque, como em uma promoção, ou negociação, mesmo com valor diferenciado, abaixo da tabela de preços. Outro aspecto necessário é construir uma política de estoque para diferentes comportamentos de variações de previsão de vendas. Por exemplo, fazer uma classificação ABC dos itens de maior demanda valorizada, identificando os principais itens a serem primeiramente trabalhados.
Sugere-se ainda fazer um levantamento histórico desses itens avaliando a acuracidade das previsões de vendas, medindo assim seu desvio e com base nesta informação, construir a seguinte análise: para os itens com menor valor agregado, baixa demanda e maior variação, deve-se manter um estoque de segurança mais elevado e os itens com maior valor agregado, maior demanda e menor variação x previsão de vendas, definir um menor estoque de segurança. Essas ações poderiam contribuir significativamente para a melhoria do giro no estoque.
Verificou-se ainda a oportunidade de aplicar outras ferramentas de gestão de estoques. Outra ferramenta que é indicada para redução de estoque e com isso minimizar os custos é o Kanban para os produtos finais, ou o Lote Econômico de Compra conjugado com as previsões de demandas, podendo desta forma manter um controle com acuracidade e menores custos. Através do Kanban é possível controlar as quantidades a serem produzidas, limitando apenas a quantidade de lote ideal, evitando dessa forma estoques desnecessários. A partir das discussões evidenciadas neste estudo, identificamos que a utilização das ferramentas de gestão de estoques, se bem empregadas, podem efetivamente contribuir para a redução de custos.
Este estudo visou reduzir o nível de inventário de uma empresa de equipamentos de limpeza aplicando ferramentas da gestão de estoques. A partir deste estudo foi possível concluir que a gestão de estoque é dependente das estratégias da empresa. Após a revisão da literatura e da opção pela abordagem usada, foram coletados os dados históricos de consumo dos itens. Em seguida, foi realizada classificação ABC, análise e síntese dos dados a partir de indicadores logísticos, como o giro de estoques e estoque em processo da empresa.
Ficou evidenciado que a gestão de estoques está relacionada diretamente com as estratégias competitivas da empresa e é um fator que contribui de forma decisiva para a redução de custos. Por isso, o administrador que está preparado para ser um gestor precisa ter o conhecimento das ferramentas logísticas a serem aplicadas para ter um controle e acuracidade de seu estoque. O estudo feito nesta pesquisa evidenciou que a ferramenta ABC aliada à previsão de demanda e indicadores como o giro de estoques, identifica quais os itens que necessitam ter um acompanhamento mais eficiente.
Com continuidade da presente pesquisa no âmbito da empresa, é sugerido avaliar a possibilidade e possíveis vantagens e desvantagens de incluir outras ferramentas de estoque disponíveis, como a ferramenta Kanban e a definição de lotes econômicos de produção e compra. Outra oportunidade é realizar o estudo para os itens da empresa classificados como matérias primas e componentes e embalagens. Verificou-se que a gestão de estoques em empresas cuja quantidade de itens fabricados é ampla, é um tema amplo e ao mesmo tempo complexo, envolvendo diversas análises a serem feitas.
Esta pesquisa foi realizada com o apoio do CNPq/Brasil.
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1 .Departamento de Administração de Empresas, Faculdade Cesuca, Brasil. Email: anelise_isoppo@hotmail.com
2 .Departamento de Administração de Empresas, Faculdade Cesuca, Brasil. Email: si0579.batista@hotmail.com
3. Profesor. Departamento de Administração de Empresas, Faculdade Cesuca, Brasil. Departamento de Engenharia de Produção e Transport. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Brasil. Email: profdajp@gmail.com