Espacios. Vol. 35 (Nº 12) Año 2014. Pág. 18
Rafael Trentin BERNIERI 1, Cintia Vieira DOS SANTOS 2; Eliana Andréa SEVERO 3; Julio Cesar Ferro de GUIMARAES 4.
Recibido: 11/08/14 • Aprobado: 15/10/14
4 Dispositivo para Coleta e Filtragem da Água da Chuva
5 Análise e Discussão dos Resultados
RESUMO: A natureza beneficia a humanidade com suas belezas e com seus recursos naturais, que são constantemente extraídos, industrializados e comercializados. No decorrer dos séculos, o ser humano passou a consumir os recursos demasiadamente, sem preocupar-se com o futuro. Diante dessa premissa, os impactos ambientais tornaram-se cada vez mais visíveis. A água desempenha um papel importante na economia mundial, é um bem de extrema necessidade à humanidade e um recurso que está extremamente se reduzindo. Esses fatos são a comprovação de que o planeta está mudando, e que a utilização de seus recursos naturais deve ser mais bem analisada, para que, num futuro próximo, esses mesmos recursos ainda possam estar disponíveis ás gerações futuras. Com base nesses dados, o entendimento dos pontos críticos prepara-nos para enfrentar situações atípicas com um foco socioambiental, econômico e mercadológico. Neste contexto, o objetivo do estudo consiste em apresentar um dispositivo para captação e filtragem da água da chuva, bem como verificar o seu reuso em residências. Para tanto, apresenta-se o desenvolvimento do dispositivo, bem como a sua utilização, através da percepção de 80 respondentes no sul do Brasil. Os resultados destacam que o dispositivo de filtragem da água da chuva, frente a outros dispositivos, mostra-se eficiente e eficaz, pois seu baixo custo de implantação e o relevante ganho econômico e ambiental faz com que o retorno do investimento aconteça em curto prazo. |
ABSTRACT: The nature benefits humanity with its beauty and its natural resources, which are constantly extracted, processed and marketed. Over the centuries, humans started consuming resources too, without worrying about the future. Given this premise, the environmental impacts have become increasingly visible. Water plays an important role in the global economy, is a dire need of good to humanity and a feature that is extremely reducing. These facts are proof that the planet is changing, and that the use of natural resources should be further analyzed, so that, in the near future, these resources may still be available for future generations. Based on these data, the understanding of the critical prepares us to face atypical situations with a focus on environmental, economic and market. In this context, the objective of the study is to provide a device for capturing and filtering rain water as well as check their reuse in homes. Therefore, it shows the development of the device and its use, through the perception of 80 respondents in southern Brazil. The results highlight that the filtering device of rain, compared to other devices, proves efficient and effective because of its low cost of implementation and the relevant economic gain and environmental causes the return on investment to happen in the short term. |
A sustentabilidade ambiental relaciona-se à capacidade de suporte, resiliência e resistência dos ecossistemas em face das agressões antrópicas. Os organismos vivos necessitam de água para a sua sobrevivência, pois ela é um bem de fundamental importância para a sustentabilidade dos ciclos no planeta. A água desempenha um papel importante na economia mundial, uma vez que a mesma serve de solvente para uma grande variedade de substâncias químicas e para resíduos sólidos, ou seja, é um bem de extrema necessidade à humanidade e um recurso que está extremamente reduzido.
Embora o planeta Terra seja considerado aquático, possuindo ¾ de sua superfície cobertos por água, no entanto, a água doce e limpa está cada vez mais escassa. É praticamente consenso na comunidade científica que o problema da depleção das fontes de água para consumo humano está chegando a uma condição preocupante (Ghisi; Montibeller; Schmidt, 2006; Rupp; Munarim; Ghisi, 2011; Lima et al., 2011).
Apesar de todos os esforços para armazenar e diminuir o seu consumo, a qualidade da água se deteriora cada vez mais rápido (Freitas; Brilhante; Almeida, 2001). De acordo com Hawken, Lovins e Lovins (2007) menos de 3% da água do planeta é doce. Para Tundisi (2003) apenas 15% da água doce disponível no planeta está em estado líquido. Portanto, a água doce de boa qualidade é um recurso disponível, porém, reduzido.
Tundisi (2003) acrescenta que a Terra é o único planeta no sistema solar que possui água em três estados da matéria (sólido, líquido e gasoso). O autor justifica ainda a importância desses estados, demonstrando através do ciclo hidrológico, que as mudanças de estado físico da água afetam diretamente os processos biogeoquímicos nos ecossistemas aquáticos e terrestres.
Para um projeto que tem a sustentabilidade como objetivo, Manzini e Vezzoli (2008), elencam quatro requisitos gerais para seguir esta proposta:
a) fundamentalmente, ter a base em recursos renováveis, garantido assim a renovação;
b) aperfeiçoar o emprego dos recursos que não são renováveis compreendidos como o ar, a água e o território;
c) não acumular lixo que o ecossistema não tenha a capacidade de retornar as substâncias originais, assim como as suas concentrações originais.
d) agir de modo que cada indivíduo, e cada comunidade das sociedades "ricas", permaneçam nos limites de seu espaço ambiental e, que cada indivíduo e comunidade das sociedades "pobres" possam efetivamente gozar do espaço ambiental ao qual potencialmente têm direito.
Neste cenário, percebe-se que o consumo das sociedades industrializadas contemporâneas está distante de atingir esses requisitos. O uso insensato de recursos renováveis, bem como não renováveis, além do número crescente de emissões de substâncias sintéticas no ambiente, o acúmulo de lixo, por exemplo, deixa claro o descaso das pessoas, bem como das indústrias com o ambiente em que vivemos. Faz-se necessário mencionar também que o consumo mundial demasiado de matéria-prima, energia e água, vem aumentando, provocando a escassez dos recursos disponíveis (Manzzini; Vezzoli, 2008).
A produção industrial aliada a um vertiginoso crescimento econômico, nas últimas décadas, ocasionou impactos negativos aos recursos naturais do planeta, refletindo na qualidade de vida e na saúde ambiental da sociedade (Severo et al., 2008). No âmbito industrial, ressalta que a utilização de novas tecnologias ambientais são elementos fundamentais na gestão global de uma empresa, pois com a utilização de seus preceitos e recursos, é possível antever muitos problemas, antecipando soluções (Potts, 2010; Severo et al., 2012; Guimarães; Severo; Dorion, 2014).
Coerentemente, uma alternativa viável para reduzir a escassez de água em muitas regiões é realizar a captação de água pluvial para sua utilização nas edificações (Helmreich; Horn, 2009; Eroksuz; Rahman, 2010). Visualizando projetos sustentáveis como benefícios econômicos e para um melhor reaproveitamento da água da chuva, desenvolveu-se o dispositivo para filtragem da água da chuva, que foi definido a partir de análises quantitativas do uso desse recurso natural. Para tanto, este dispositivo permite a reutilização da água da chuva em escala a reduzir consideravelmente o uso de água potável nas residências e nas indústrias.
Tendo em vista tal contexto, o estudo tem como objetivo apresentar um dispositivo para captação e filtragem da água da chuva, bem como verificar o seu reuso em residências. Além desta introdução, o artigo está organizado nas seguintes seções: referencial teórico, abordando os temas inerentes aos recursos hídricos no Brasil, à legislação Brasileira sobre os recursos hídricos, à utilização da água em residências e à utilização das águas pluviais; metodologia da pesquisa; apresentação do dispositivo para coleta e filtragem da água da chuva; resultados e discussões e as considerações finais.
No Brasil, estima-se que estejam 12% de toda a água doce do mundo, sendo assim, em termos quantitativos, o país é um dos mais ricos no mundo, neste recurso natural (ANA, 2012). Observa-se na Figura 1 a distribuição de água pelo ciclo hidrológico nas regiões do país, através dos percentuais de área (A), população (P) e vazão média(Q).
Apesar da comprovada escassez de água, a maioria dos países, continua esgotando os recursos não renováveis, insistindo em procurar mais água, não buscando alternativas para melhorar a utilização e aumentar a captação mediante as tecnologias já existentes.
Figura 1 – Distribuição de água no Brasil
Fonte: ANA (2002).
No Brasil, a Constituição Federal, através da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, publicada no Diário Oficial da União traz a política que rege os recursos hídricos dentro do país. Assim, institui-se a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria-se o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamentado através do inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Cujos fundamentos segundo o Conselho Nacional dos Recursos Hídricos (CNRH, 2011) são:
a) a água é um bem de domínio Público: O Estado concede o direito de uso da água e não de sua propriedade;
b) a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
c) em situação de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é consumo humano e a saciar a sede de animais;
d) a gestão dos recursos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;
e) a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
f) a gestão de recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e da comunidade.
De acordo com a legislação Brasileira, as águas da chuva são encaradas como esgoto, pois geralmente caem dos telhados e vão para as bocas de lobo, sendo escoadas junto com o saneamento das cidades, ou são arrastadas mecanicamente para córregos que acabam por sua vez suprindo a captação para tratamento de água potável.
Dentro do Brasil, temos como exemplo São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, que possuem leis e incentivos estaduais, para a captação e utilização da água da chuva, com a finalidade de contenção e destinação dessas águas, evitando principalmente as enchentes e alagamentos.
Neste sentido, os projetos que possibilitem o melhor aproveitamento da água da chuva, que é um recurso natural cada vez mais escasso, abrangem a economia, a manutenção e a melhoria da qualidade de vida dos seres que habitam o planeta.
Ao abordar o tema água, a literatura científica aponta a utilização da mesma em residências, principalmente em centros urbanos, onde foco de destinação da água são o consumo humano e atividades que envolvem os ocupantes das residências. Ações que visem a máxima otimização do consumo e mínima geração de efluentes são cada vez mais necessárias.
Segundo Hawken, Lovins e Lovins (2007), os gastos de água com jardinagem correspondem a algo em torno de 2 a 4/5 da demanda de fornecimento. Por sua vez, avanços, relativamente modestos, são capazes de reduzir em até 50% o consumo de água ao ar livre. Já nas edificações, os atures destacam que as residências comerciais gastam 12% da água dos EUA, incluindo-se o consumo externo. A moradia típica de uma família norte americana utiliza cerca de 265 litros por pessoa diariamente. Com um mínimo de aprimoramento esse número poderia ser reduzido em cerca de 52%. No Gráfico 1 observa-se uma melhor visualização do consumo de água doméstico.
Ainda para Hawken, Lovins e Lovins (2007), nas descargas de sanitários o consumo médio é de 26% do gasto em água de uma residência, já a lavagem de roupas e louças é responsável por 23% do consumo residencial. O chuveiro é responsável por 18% do consumo, no entanto, atualmente, são comercializado mais de 30 tipos diferentes de chuveiros, o que traz a variação de consumo. Já as pias, por sua vez, consomem 15% e as atividades como lavagem de calçadas, limpezas externas e a água utilizada na jardinagem consomem um total de 18% da água utilizada nas residências dos Estados Unidos.
Gráfico 1 – Consumo doméstico de água
Fonte: Adaptado de Hawken, Lovins e Lovins (2007).
Segundo a pesquisa realizada por Barreto (2006), com amostras coletadas na zona oeste da cidade de São Paulo, o consumo médio de água nas residências do Brasil (Gráfico 2) fica distribuído em diferentes percentuais.
Gráfico 2 – Participação dos pontos de utilização no consumo diário médio
Fonte: Barreto (2006).
Verifica-se que o foco de consumo de água nas residências pesquisadas está no chuveiro, com 14% seguido da torneira da pia com 12%; por sua vez a máquina de lavar utiliza 11%; o tanquinho 9%; a torneira de tanque com máquina de lavar 8%; a caixa acoplada 6%; a torneira do tanque 5%; e a torneira de lavatório 4%. Outros usos com 31% completam o restante (Barreto, 2006). É importante ressaltar que não se podem associar diretamente os consumos apresentados, por tratar-se de um gráfico contendo o consumo médio de todas as residências, as quais representam a média do consumo individual de cada residência através de seus moradores durante a realização de tarefas cotidianas.
Uma medida de grande importância que não foi abordada na pesquisa de Barreto (2006), trata-se dos vazamentos. Dados coletados por Hawken, Lovins e Lovins (2007) apontam que nos EUA, 1/10 do consumo doméstico normal devem-se aos vazamentos das válvulas de descargas, das torneiras e de encanamentos defasados, o desperdício chega a 3.980 litros por mês. Em um comparativo entre as pesquisas, a realizada nos EUA e a da zona oeste de São Paulo, é possível visualizar que o gasto na região de SP, é menor. Entretanto, não impede que políticas de melhor aproveitamento e economia sejam implantadas dentro do Brasil.
Chuva é um fenômeno meteorológico que consiste na precipitação de gotas de água no estado liquido sobre a superfície da terra. A reutilização deste recurso vem ganhando força, tornando-se, portanto, importante ressaltar os métodos e procedimentos, para reutilização desse recurso (Rupp; Munarim; Ghisi, 2011).
O excessivo bombeamento de água subterrânea além de esgotar o recurso tende a levar a contaminação química de poços. Além disso, a utilização de recursos hídricos pode aliviar igualmente uma estação de tratamento de esgoto sobrecarregada, sem custos de aperfeiçoamento ou expansão, permitindo-lhe, geralmente, funcionar melhor devido aos fluxos reduzidos. Neste contexto, também é possível melhorar o funcionamento dos sistemas sépticos individuais (Hawken; Lovins; Lovins, 2007).
Além dos motivos citados, o aumento da população também faz com que a busca por novas formas de reaproveitamento de água sejam colocadas em prática. Eles demonstram que a utilização da água da chuva já é aplicada há muito tempo, com diferentes tecnologias, podendo ser menos ou mais complexas (Appan, 1999; Eroksuz; Rahman, 2010; Khastagir; Jayasuriya, 2010). O quadro 1 apresenta as vantagens e desvantagens da coleta da água da chuva.
Observa-se que as vantagens são bem mais significativas que as desvantagens na utilização e implantação deste sistema. Todavia é importante ressaltar o fato de não utilizar a água da chuva como único recurso para o consumo e utilização em uma residência, e sim como alternativa para economia no fornecimento da água que é fornecida pela rede pública.
Vantagens |
Desvantagens |
Redução do consumo de água da rede pública e por sua vez o custo de fornecimento da mesma. |
Qualidade da água é vulnerável: A qualidade da água da chuva pode ser afetada pela poluição do ar, excrementos de animais e de pássaros, insetos, ou materiais orgânicos. |
Evitar a utilização de água potável em descargas de vasos sanitários, irrigação de jardins, lavagem de pisos, entre outros, onde esta não é necessária. |
Abastecimento sensível à seca: a ocorrência de estações secas prolongadas e de secas pode causar problemas ao abastecimento de água. |
Os investimentos de tempo, atenção e dinheiro são mínimos para adotar a captação de água pluvial na grande maioria dos telhados, e o retorno do investimento é sempre positivo. |
Limitação do abastecimento: abastecimento limitado pela quantidade de precipitação e o tamanho da área de captação e do reservatório de armazenagem. |
Faz sentido ecológica e financeiramente reaproveitar um recurso natural, disponível em abundância no nosso telhado. |
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Diminui a incidência de enchentes, represando parte da água que teria de ser drenada para galerias e rios. |
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Encoraja a utilização racional da água e uma postura ativa perante os problemas ambientais. |
Quadro 1 – Vantagens e desvantagens da coleta da água da chuva
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
O estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa e descritiva, onde Gil (2007) destaca como objetivo primordial a descrição das características de determinadas populações ou fenômenos. Uma de suas características está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.
A base deste estudo é cunho qualitativo e justifica-se por estar identificando o perfil de determinados grupos sociais, baseando-se em suas características e através de técnicas estatísticas predizer se as pessoas terão determinada opinião ou se agirão de determinada forma. Esta pesquisa é apropriada para medir opiniões, atitudes e preferências, bem como verificar e analisar os dados obtidos. De acordo com Roesch (2007), o estudo qualitativo é o método ideal para a avaliação formativa, se tratando de melhorar a efetividade de um programa ou plano, no caso, para o presente estudo, a utilização de um dispositivo para filtragem da água da chuva utilizando um mix das tecnologias disponíveis no mercado, juntamente com um novo dispositivo de fluxo.
Para a coleta de dados utilizou-se um questionário embasado no referencial teórico. O questionário é composto por questões fechadas, e por uma escala Likert intervalar. A escala Likert apresenta sete pontos, sendo em seus extremos (1) pouco interesse e (7) muito interesse. Vale ressaltar que o questionário foi validado por 2 experts na área temática antes de ser aplicado. Os respondentes foram selecionados através de um Banco de Dados, utilizando-se os critérios de: i) idade média: de 17 a 45 anos; ii) grau de escolaridade: ensino médio, completo ou incompleto; e, iii) residência na Serra Gaúcha – Rio Grande do Sul, Brasil. O questionário foi enviado por e-mail através de um link no Formulário Google Docs. Neste contexto, foi enviado um total de 150 questionários, entretanto obteve-se um retorno de 80 questionários respondidos. A pesquisa ocorreu nos meses de outubro a novembro de 2012.
Para a análise e interpretação dos dados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo conforme Bardin (2004), pois consiste na análise de elementos que permitem a apreciação das comunicações e fornecem informações suplementares.
Com a aplicação do questionário foi possível analisar o quanto as pessoas estão interessadas no assunto economia de água, e se houvessem mudanças nos seus gastos o quanto isso poderia significar na mudança de decisão a respeito.
Com o intuito de criar um sistema modulado, o mesmo pode ser utilizado em reservatórios de água, os quais podem ser tanto cisternas quanto caixas d'água. Pelo fato de a maioria dos reservatórios de água possuírem forma circular, foi optado por apresentar um produto que atendesse essa forma, onde possa ser dividida por setores que desempenharam o processo previsto. O dispositivo para coleta e filtragem da água da chuva trata-se de um dispositivo que realiza a filtragem da água da chuva, juntamente com um suporte para colocar a bomba de água, reduzindo resíduos e também auxiliando na instalação do freio d' água e o sifão de escoamento.
Contudo, para o funcionamento de qualquer sistema de reuso de água da chuva, deve-se passar pelos quatro processos conforme observa-se no Quadro 2, os quais já existem tecnologias disponíveis no mercado.
Após a análise sincrônica dos produtos similares disponíveis no mercado, observa-se que os mesmos trabalham com sistemas individuais para cada função, dificultando a montagem do sistema, pois necessita-se que sejam seguidas certas normas de nivelamento e componentes específicos para que ocorra o funcionamento adequado. Por esses motivos, surge a ideia de criar um sistema de filtragem que junte algumas funções em um só produto, reduzindo os índices de erro na hora de instalação, reduzindo os componentes, e como consequência reduzindo o custo, processos e materiais para a concretização do mesmo.
Optou-se por criar um filtro simples, de fácil fabricação e manutenção, funcionando de forma diagonal ao fluxo da água, assim pode-se ter maior eficiência na coleta, pois trabalha contra o efeito gravitacional sobre o fluxo de água. A partir desse propósito, foi tomado como diferencial, um módulo que pudesse ser instalado em cima do reservatório de água, e que os componentes propostos como auxílio pudessem partir da instalação no interior desse módulo.
Por esse motivo, o produto contém diferentes componentes, para poder se adaptar ao processo, fazendo com que uma peça se encaixe a outra para poder formular o produto, a vantagem da modulação é que ajuda a reforçar o produto, desde que seja elaborada de forma correta, além de poder reaproveitar as partes para novas combinações e estruturações de futuros projetos.
Soluções de reuso de água |
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Captação: Age no começo do processo de reutilização, é onde a água será recolhida e transferida para os demais processos de filtragem. |
Calhas: Usado para recolher a água da chuva que escoa do telhado. |
Rufo: Funciona como uma vedação entre a estrutura e o telhado, assim evita a infiltração da água. |
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Filtragem: Utilizado para separar a água da chuva de impurezas como folhas, galhos, insetos e musgo com a mínima perda de água e baixa manutenção. |
Pré-filtro: Tem a função de recolher o sedimento vindo da calha, facilitando o processo da filtragem. |
Filtro: Tem a função principal no reuso da água, executando a filtragem dos sólidos, fazendo com que a água fique mais limpa para a reutilização, a água da filtragem vai direto para o armazenamento. |
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Freio d'água: Utilizado para reduzir a velocidade da água que chega ao reservatório de água, evitando o turbilhonamento, dificultando a ressuspensão de sólidos depositados no fundo do reservatório de água e o arraste de materiais flutuantes. |
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Filtro flutuante: Tem a função de evitar a retirada da água superficial, evitando alguns sólidos que possam imergir dentro do reservatório de água. O filtro flutuante é a ultima etapa do processo de filtragem, dando inicio ao processo de distribuição. |
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Purificadores: Dispositivos que purificam a água eliminando as impurezas da mesma. |
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Armazenagem: Local apropriado onde será armazenada toda a água da captação que passa pelo processo de filtragem |
Cisterna: É onde ocorre o armazenamento de toda a água filtrada, as cisternas podem ser externas ou enterradas, dependendo o uso e espaço. |
Caixa d'água: Outro modelo de armazenamento assim como a cisterna, porém é externa. |
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Distribuição: Função de ejetar a água sobressalente do reservatório de água através da conexão dos produtos. |
Sifão de escoamento: Tem a função de retirar a água excedente do reservatório de água, removendo os sólidos da superfície do reservatório, e evitando entrada de insetos e roedores, assim, a água é lançada na rede pluvial. |
Motor de bombeamento de água: Tem como função enviar a água do reservatório até a caixa de água privada para seu uso. |
Quadro 2 – Soluções para o reuso da água
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
O dispositivo trata-se de um módulo que realiza a filtragem da água da chuva, onde unifica diversas operações (filtragem, armazenamento e distribuição) em um só produto (Figuras 2 e 3), evitando cuidados técnicos como manter o nivelamento dos componentes ou o ângulo necessário para o funcionamento. É um produto de fácil produção e manutenção o qual pode ser instalado sem maiores experiências técnicas, é apenas necessário garantir que a água chegue com fluxo e o sistema se encarregará de fazer o restante.
Como uma breve descrição do funcionamento do dispositivo, pode-se ilustrar que a água entra pela esquerda, bate no filtro e faz a separação dos sólidos, assim a água pura é armazenada no reservatório de água, enquanto a sujeira sai por outro caminho, juntamente com algum fluxo de água, essa mesma sujeira sai pelo sistema de escoamento quando o reservatório de água chega ao seu limite de operação, rejeitando toda a água a mais necessária e empurrando essa sujeira para o exterior.
Antes de entrar no reservatório a água bate no freio de água, que tem a função de amortecer o impacto da água gerando menos turbilhonamento no reservatório (evitando que a sujeira acumulada no fundo suba), tem-se uma mangueira com um filtro superficial ligada a uma boia, a qual capta a água do topo do reservatório, que trata-se da água mais limpa, devido a decantação. O motor que puxa essa água o envia para uma caixa de água separada dentro da residência, esta água deve ser utilizada para os usos não potáveis, tais como descargas de sanitários, banhos, irrigação de jardins, lavagens externas como calçadas, vidros e os próprios telhados, lavagem de carros, combate a incêndios, dentre outras utilizações que dispensem a água potável. O diferencial desse dispositivo é que quando acabar a água do reservatório entrará a água da caixa comum para alimentação, evitando falta de água. Esse sistema de fluxo possui dois componentes redondos confeccionados em matéria-prima adequada que impedem o tráfico por gravidade, evitando a utilização de energia e tornando-se um produto de baixo custo.
Vale ressaltar, que mensurou-se os custos com as compras de matéria-prima e mão de obra para a produção do dispositivo, assim para a aquisição e implantação do mesmo, estima-se que o valor abarque R$ 1.900,00.
Figura 2 – Vistas renderizadas do produto
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
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Figura 3 – Montagem do produto
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
Ao analisar os dados da pesquisa em relação a identificação da amostra, observou-se que a faixa etária predominante foi a que possuía de 17 a 25 anos com 84% dos respondentes, seguida da faixa etária de 26 a 45 anos de idade com 15%. Em relação á escolaridade, a grande maioria dos respondentes possuía o ensino superior incompleto, representando 65% da amostra seguida daqueles que possuíam o ensino superior completo que representou 26%. Ainda observando as características da amostra, foi verificado que 60% dos respondentes dispõem de espaço para instalação de caixa d'água ou cisterna no local onde residem.
Em relação a preocupação com o consumo de água em sua residência, a grande maioria dos respondentes preocupa-se com essa atividade representando 91% da amostra. Já quanto ao interesse em possuir um sistema de captação na residência, verifica-se que os respondentes demostraram interesse em possuir um sistema de captação de água, enfatizando a sua preocupação com o consumo de água (Gráfico 3).
Também visando o reuso de água, os respondentes foram questionados se comprariam um sistema para o reuso a fim de utilizá-lo em suas residências. Para tanto, 49% dos respondentes informaram que sim, comprariam um sistema para o reuso da água, ao passo que 51% dos respondentes informaram que talvez viessem a comprar esse tipo de sistema. Ainda visando o reuso da água, os respondentes foram questionados sobre quais fatores estavam atrelados na decisão de compra do sistema. Neste sentido, observou-se que para os três itens: i) custo; ii) funcionalidade; e, iii) usabilidade, tem-se um total de 62% dos respondentes. Entretanto, apenas 17% dos respondentes informaram que a sustentabilidade ambiental seria o principal ítem a ser avaliado na decisão de compra.
E por fim, levando-se em consideração que se o custo adicional para aplicar o sistema fosse recompensado em três anos pela economia no consumo de água, foi verificado que 73% dos respondentes estariam dispostos a pagar um pouco mais para incrementar o sistema atual, e 28% talvez iriam se dispor a realizar um investimento mias expressivo.
Através da aplicação do questionário, nota-se que os entrevistados possuem como pressuposto de que um sistema de reuso necessita-se de altos investimentos e modificações em suas atuais residências.
Gráfico 3 – Grau de interesse em possuir um sistema de captação de água
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
Um dado curioso na pesquisa, é que quando foi perguntado se comprariam um sistema para reuso da água, 49% optou por "sim", e 51% optou por "talvez"; Já quando foi abordado a questão de custo, e o tempo que seria recompensado o investimento pela economia, esse dado mudou consideravelmente, passando o "sim" para 71% e "talvez" para 29%. Esses dados demonstram que boa parte dos entrevistados se preocupa com os custos do sistema, mas se de alguma forma fosse recompensado esse custo, optariam por utilizá-lo.
A escassez de água é agravada em virtude do aumento da densidade demográfica, a larga produção industrial, e a falta de recursos naturais. Nesse panorama, tem-se procurado conscientizar a população desses problemas, muito se discute sobre o reuso da água. No entanto, o reuso da água não é um conceito novo, vem sendo estudado por diversos pesquisadores.
Com base nas teorias abordadas, reforça-se mais uma vez o quão válido é encontrar alternativas para a economia da água. O projeto de melhoria de uma cisterna ou caixa d'água através de um módulo de filtragem é uma, dentre as tantas possibilidades, para se atingir este objetivo. Porém, ressalta-se que a disseminação do conhecimento e a conscientização sobre os problemas hídricos e possíveis alternativas para solucionar os mesmos, só será possível com a participação efetiva da sociedade.
Verificou-se a clara percepção da amostra analisada em relação ao reuso da água, bem como o interesse dos mesmos em adquirir o dispositivo para coleta e filtragem da água da chuva, em contrapartida evidenciou-se a questão do custo, da funcionalidade, da usabilidade e da sustentabilidade ambiental, como principais fatores para a concretização da aquisição do produto apresentado.
Ressalta-se que este dispositivo também pode ser utilizado nas indústrias, emergindo como uma inovação ambiental, que prima para a redução de custos, o aumento da eficiência ecológica e a melhoria da imagem pública da organização, o que corrobora com as assertivas de Helmreich e Horn (2009), Severo et al. (2012) e Guimarães, Severo e Dorion (2014), pois trata-se de uma tecnologia limpa, que prima para a sustentabilidade ambiental e a performance organizacional.
Observa-se que o estudo acerca de requisitos de preservação ambiental emerge para comprovar o quanto a teoria e a prática devem andar juntas para a melhoria de materiais e processos. A prática sem a teoria não está completa, bem como a teoria sem a comprovação prática perde muito de seu valor.
Esta pesquisa apresenta limitações de generalização, pois explora e descreve a realidade da referida amostra, especificamente da Serra Gaúcha, porém esta pesquisa pode estimular a realização de estudos futuros em outras amostras de diferentes regiões, comparando métodos de implantação, bem como os benefícios e dificuldades de sistemas para reuso da água da chuva.
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1. Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) – Brasil – rafabernieri@hotmail.com
2. Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) – Brasil – cintiafaveri@yahoo.com.br
3. Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ) – Brasil –Email: elianasevero2@hotmail.com
4. Universidade Potiguar – Brasil –juliocfguimaraes@yahoo.com.br