Espacios. Vol. 35 (Nº 5) Año 2014. Pág. 23 |
Inovação social: perspectivas e desafiosSocial innovation: perspectives and challengesDouglas Paulesky Juliani 1-2, Jordan Paulesky Juliani 3, João Artur de Souza 1, Eliza Malucelli Harger 4 Recibido: 22/04/14 • Aprobado: 12/05/14 |
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1. IntroduçãoA ideia de inovação voltada exclusivamente para atender a competitividade do mercado tem perdido importância frente a uma proposta socialmente reconhecida que visa e gera mudança social, a inovação social (ANDRÉ; ABREU, 2006, p. 123; CAJAIBA-SANTANA, 2013). O termo tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões e nas publicações nos mais variados âmbitos e seu alcance ultrapassa os limites da academia. Não só universidades estabeleceram centros de pesquisa sobre o assunto (INSEAD, Stanford), mas também fundações e instituições privadas estão desenvolvendo ações voltadas a inovação social (Young Foundation, Centre for Social Innovation Toronto, Centre for Social Innovation Vienna). Além destas, governos estão engajados para estabelecer atividades no campo da inovação social (US Social Innovation Fund) (RUEDE; LURTZ, 2012, p. 2). A mobilização em torno do tema decorre da falta de capacidade do Estado suprir as necessidades da população e também, das políticas que direcionam o investimento público para o aumento de competitividade em detrimento do desenvolvimento social. Como consequência, a exclusão social gerada revela necessidades e problemas de caráter coletivo que motivam inovações sociais (COMEAU, 2004). Uma vez que as estruturas existentes se mostram incapazes de eliminar completamente os problemas envolvendo as desigualdades sociais, as questões da sustentabilidade, as mudanças climáticas e a epidemia mundial de doenças crônicas, crescem iniciativas paralelas direcionadas para uma economia social (MURRAY et al., 2010). Ações voluntárias, grupos de ação social, iniciativas de economia solidária, organizações não-governamentais são exemplos de movimentos sociais que procuram ocupar o espaço deixado pela retração ou inação do Estado. Ao lado dessas iniciativas, surge a inovação social como uma das formas de se buscar alternativas viáveis para ultrapassar as dificuldade enfrentadas pela sociedade (BIGNETTI, 2011, p.4). Para Mulgan (2006), existem muitas razões para crer que o ritmo das inovações sociais aumentará no Século XXI: há mais dinheiro fluindo em ONGs e na sociedade civil; as economias, tanto de países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, estão sendo dominadas pelo setor de serviços; há uma tendência que nos próximos vinte anos o maior crescimento para economias nacionais esteja na saúde e na educação em detrimento de carros, telecomunicações ou aço. Ademais, todos esses setores sociais em crescimento são campos em que organizações comerciais, voluntárias e públicas possuem papel importante, e em que os consumidores co-criam valores ao lado dos produtores. Por isso, provavelmente, as principais inovações das próximas décadas serão inovações sociais ou seguirão esse padrão, ao invés de serem desenvolvidas pelas organizações com intuito de obter vantagens competitivas. Essa conclusão levantou questionamentos sobre a necessidade de mudança e muitas iniciativas envolvendo inovação social se proliferaram pelo mundo. Um exemplo foi a participação de Estados e organizações não-governamentais, em 1992, no Rio de Janeiro, na II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em que adotaram um documento, a Agenda 21, que colocava como objetivo superar essa dinâmica econômica dirigida pela tecnologia e encontrar formas alternativas de desenvolvimento que tivessem caráter social, ecológico e sustentável (HOWALDT; SCHWARZ, 2010, p.4). Entretanto, ainda que inovação social seja uma alternativa para os problemas sociais e para a crescente preocupação com as falhas do mercado que geram desigualdades, os estudos sobre o tema “não representam parcela significativa das pesquisas acadêmicas, e o conjunto de abordagens, metodologias e práticas ainda não se constitui num corpo consolidado de conhecimentos” (BIGNETTI, 2011, p.4). Mulgan (2006), BEPA (2011) e Cajaiba-Santana (2013) concordam que o tema inovação social permanece pouco explorado apesar de inúmeros exemplos bem sucedidos poderem ser constatados. Para eles, enquanto processos de inovação voltados para o mercado (lucro) são exaustivamente estudados na academia, o campo paralelo da inovação social carece de aprofundamento. Isso, para Mulgan (2006), reflete a falta de atenção prestada à inovação social, já que o montante de gastos destinado a soluções sociais inovadoras por governos, organizações não-governamentais e fundações é pequeno. Hoje, como explicitado anteriormente, observa-se uma crescente busca por métodos alternativos de solução de problemas sociais e a inovação social ganha cada vez mais destaque dentre eles. Contudo, uma das primeiras menções ao termo inovação social, ao fim da década de 1960, trouxe um entendimento diferente do que atualmente reconhece-se como tal. Ao longo das décadas seguintes outros atores passaram a escrever sobre inovação social, porém não de forma concisa e reiterada. As características e os potenciais que o tema alcançou posteriormente passaram a ser desenvolvidos e a ganhar corpo a partir do final da década de 1990 com a criação de centros de inovação social e com o crescimento das pesquisas sobre como esta inovação poderia auxiliar na resolução de problemas sociais e na melhoria da qualidade de vida. Apesar do crescente número de publicações e da criação de inúmeros centros de inovação social mundo afora, as buscas sistemáticas realizadas nas bases de dados usadas neste estudo constatam que as pesquisas acerca da inovação social se focam em dimensões específicas desta, ou seja, das poucas pesquisas que mencionam o termo inovação social, a maioria possui uma abordagem superficial ou adentram em um campo específico da inovação social. Com base no exposto, esta pesquisa tem como objetivo desenvolver um levantamento bibliográfico sobre o tema, como forma de ampliar e sistematizar o entendimento conceitual sobre a inovação social. Pretende-se, portanto, responder a seguinte pergunta de pesquisa: Qual é o estado da arte da inovação social? Com o intuito de cumprir o objetivo de levantar o estado da arte do tema inovação social, este artigo apresenta o método utilizado na pesquisa, conceitua a termo inovação social, contrapõe seus aspectos aos da inovação em negócios, revela os atores que participam do processo de inovação social bem como as etapas deste. Ademais, apresenta ferramentas que podem ser utilizadas no desenvolvimento e evolução de inovações sociais, mostra espaços em que estas podem ser crescidas e fomentadas (centros de inovação social), dá exemplos práticos dessas inovações e, por fim, apresenta as conclusões acerca deste estudo. 2. Método de PesquisaA revisão bibliográfica exposta neste artigo é baseada na bibliometria e busca sistemática, procedimento metodológico que integra a revisão sistemática de literatura. A técnica bibliométrica faz uso de métodos quantitativos para analises estatísticas de publicações e atividades científicas (SILVA; HAYASHI, 2011) e permite elucidar as pesquisas e autores mais importantes sobre o tema investigado (MUNIZ; MAIA; VIOLA, 2011). A revisão sistemática é amplamente utilizada na medicina, psicologia e ciências sociais. Consiste em um método científico que, por meio de um conjunto de atividades como coletar, conhecer, analisar, sintetizar e avaliar auxilia na busca e análise de artigos de uma determinada disciplina, área ou questão de pesquisa (CONFORTO; AMARAL; SILVA; 2011). Tal método é um processo robusto, replicável, transparente e detalhado de pesquisa bibliográfica que possibilita reduzir o viés do pesquisador ao fazer o levantamento teórico científico do trabalho (CROSSAN, APAYDIN, 2009). O levantamento teórico acerca do construto inovação social fundamentou-se, principalmente, nas bases de dados science direct, scopus, emerald e google escholar. Buscou-se por “social innovation” e “ inovação social” conforme o quadro 1 (buscado em), sem filtro por área, ano, periódico, tópico ou tipo de publicação. Com estes parâmetros, obteve-se os seguintes resultados: 175 (scopus), 76 (science direct), 27 (Emerald) e 29 (Google). Destes, 52 não foram localizados para download. Em seguida, retiraram-se as publicações repetidas nas bases de dados e analisou-se o teor de cada documento em busca de maior aderência ao objeto do presente estudo, culminando em 85 publicações. Quadro 1 - Parâmetros e resultados da busca sistemática de literatura.
Fonte: elaboração própria (a partir dos dados da pesquisa). O gráfico 1 abaixo apresenta o número de publicações por ano, considerando o total de publicações resultantes da primeira busca (bruta), sem análise de conteúdo, em todas bases de dados, desconsiderando apenas as obras repetidas. Nota-se uma expressiva evolução do interesse científico pelo tema principalmente a partir de 2010. Isso sinaliza a importância que a inovação social tem representado recentemente. Imagem 1 - Número de publicações por ano. Além das fontes primárias descritas acima, buscou-se literatura em sites de centros de inovação social, por exemplo, o http://www.socialinnovationexchange.org/ que é uma plataforma para intercâmbio de informações e conhecimentos sobre inovações sociais, sites de governo e outros. Obviamente, após o escopo e a busca principal concluídos, ao decorrer do estudo, pesquisas complementares também serviram como base teórica para este trabalho, haja vista que se trata de um processo investigativo longo e em constante evolução. Outras análises nos resultados das buscas revelam uma considerável abrangência geográfica de pesquisas sobre o tema, sendo maior a concentração na Inglaterra, Estados Unidos e Canadá. Entretanto, conta com apenas 7 estudos brasileiros. Constata-se, portanto, pequena representatividade frente ao universo de pesquisas encontrado. Os indicadores de produção científica dos autores com números de publicação e citações mais expressivos acerca do tema podem ser visualizados no gráfico 2. Imagem 2 - Indicadores de produção dos autores sobre Inovação Social. A próxima seção inicia a discussão conceitual acerca da inovação social. 3. O que é Inovação SocialInovação social é um modo de criar novas e mais efetivas respostas aos desafios enfrentados pelo mundo hoje. É um campo em que não há limites, que pode ser desenvolvido em todos os setores, público, sem fins lucrativos e privado, e no qual as iniciativas mais efetivas ocorrem quando existe colaboração entre os diferentes setores, as partes interessadas e os beneficiários. Inovação social é uma nova ideia ou uma ideia melhorada que, simultaneamente, atende as necessidades sociais e cria novas relações sociais. É um fenômeno capaz de elevar a capacidade de agir da sociedade (MURRAY et al., 2010). Nos últimos anos, a inovação social vem conquistando espaço por ter essa capacidade e por outras razões: as ferramentas clássicas de políticas governamentais e as soluções dadas pelo mercado provaram ser insuficientes para suprir as desigualdades sociais, as questões da sustentabilidade e os problemas de mudanças climáticas. A sociedade civil por si só não possui os recursos necessários para lidar com problemas complexos em larga escala, e os custos para ultrapassar os desafios sociais se elevam. A inovação social surge como um meio alternativo e acessível de mudança que une todos em prol de melhorias sociais (ANDRÉ; ABREU, 2006; MURRAY et al., 2010; BIGNETTI, 2011). Uma barreira para a consolidação de um entendimento único sobre inovação social advém do fato do termo ter ganhado espaço nas discussões e nas publicações nos mais variados âmbitos (HENDERSON, 1993; ZIMMERMANN, 1999; DEES, 2002; ANDRÉ; ABREU, 2006; POL; VILLE, 2009). Isto é, essa difusão que alcança as mais diversas disciplinas como sociologia, administração, economia, serviço social e ciências políticas torna difícil o estabelecimento de um conceito único e claro para inovação social (RUEDE; LURTZ, 2012, p.2). Quadro 2 demonstra as diversas definições de inovação social encontradas na literatura. Quadro 2 - Definições de inovação social segundo diferentes autores.
Fonte: elaboração própria (adaptado de BIGNETTI, 2011). Inovação social significa, portanto, ideias, ações e conhecimentos novos, ou marcantemente melhorados, e duradouros que tem a finalidade de superar as necessidades sociais nas mais diversas áreas por meio da cooperação e participação de todos os envolvidos (BIGNETTI, 2011). Ao lado do objetivo de satisfazer as necessidades sociais, está o de promover a inclusão social, o de capacitar e empoderar os atores envolvidos (ANDRÉ; ABREU, 2006) e o de criar valor condizentes com os interesses dos grupos sociais em detrimento da apropriação de valor e dos interesses individuais (MIZIK; JACOBSON, 2003). Ademais, inovação social é um processo de aprendizagem coletivo com base no potencial dos indivíduos e dos grupos que permite a realização de transformações sociais, a formação de novas relações sociais e até novas estruturações sociais (BIGNETTI, 2011). No entanto, deve-se esclarecer que nem todo processo de mudança social é necessariamente uma inovação social. A inovação social tem como característica a novidade e a ação intencional orientada para atingir o resultado desejado. Inovações sociais são planejadas, coordenadas e orientadas para o objetivo específico de, por meio de novas práticas sociais, fazer mudanças sociais (HELLSTRÖM, 2004; HOWALDT; SCHWARZ, 2010). Em um nível micro, os objetivos de inovações sociais abrangem satisfazer necessidades sociais, melhorar o padrão de vida continuamente e enriquecer a capacidade de agir de grupos e indivíduos, por exemplo. Já numa perspectiva macro, inovação social trata de uma mudança geral na sociedade ao eliminar desigualdades e promover o desenvolvimento sustentável (BUCHEGGER; ORNETZEDER, 2000 apud BULUT; EREN; HALAC, 2013). Nessa última visão, a inovação social tomaria forma quando uma nova ideia estabelecesse um jeito de pensar e agir que mudasse os paradigmas existentes (CAJAIBA-SANTANA, 2013). Por fim, é importante destacar que para que uma inovação seja considerada “social” é preciso que ela melhore tanto a performance econômica quanto a social da sociedade na qual ela se desenvolve. Ou seja, que melhore a qualidade e a quantidade de vida, por exemplo, inovações que conduzam a uma melhor educação, melhor qualidade do meio ambiente e maior expectativa de vida (quantidade de vida) (POL; VILLE, 2009). No sentido de esclarecer outros aspectos caracterizadores de uma inovação social, a próxima seção trata das diferenças entre a Inovação Social e a Inovação em Negócios. 3.1 Diferenças entre Inovação em Negócios e Inovação SocialInovações em negócios e inovações sociais muitas vezes transbordam uma na outra. Na verdade, inovações dificilmente se restringem aos limites da área para que foram desenvolvidas e acabam por espalhar seus reflexos por outras dimensões. Nesse sentido, é possível que uma inovação em negócio gere uma inovação social, ou que uma inovação social gere uma inovação em negócio. Contudo, em geral, prever ou antecipar os impactos futuros dessas inovações não é possível (POL; VILLE, 2009). Em sua forma pura, uma inovação em negócio busca lucro, ou seja, a criação de uma nova ideia com a intenção de fazer dinheiro. Este tipo de inovação abrange inovações tecnológicas (novos ou melhorados produtos e processos) e inovações organizacionais (mudanças na estratégia, estrutura ou rotina da empresa). Por outro lado, uma inovação social pura implica em uma nova ideia que tem o potencial de melhor a qualidade de vida ou a quantidade de vida ou ambos. Assim, não seria movida por expectativa de maximização de lucro. Apesar de existirem casos em que inovação social e inovação de negócios se confundem, é essencial fazer a diferenciação entre elas para que suas características possam ser melhor exploradas e analisadas (POL; VILLE, 2009). As inúmeras denominações e definições de inovação social podem ser visualizadas na imagem 3. Imagem 3 - Tipos e terminologias de inovação social conforme a literatura. As inovações sociais puras são aquelas cujas concepções são voltadas exclusivamente para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos, sem interesses financeiros. As iniciativas de sustentabilidade ambiental deflagradas pelo Greenpeace e outras ONGs são exemplos desta subclassificação. As bifocais são aquelas que geram lucro, e ao mesmo tempo, inovam em prol do bem estar social, como por exemplo, o advento da internet. O arcabouço teórico levantado coloca as inovações tecnológicas na dimensão das inovações em negócio. Devido ao fato de historicamente terem desempenhado um papel crucial para as empresas, neste eixo os dispositivos móveis (PDAs - assistentes pessoais digitais) são exemplos, uma vez que inovaram as atividades de aquisição e compartilhamento de informações como na logística das empresas e, concomitantemente permitiram facilidades que podem contribuir para o bem-estar da sociedade (educação e comunicação). Por outro lado, as inovações tecnológicas, são também consideradas complementares as inovações sociais, ou seja, estimulam as inovações sociais e as inovações sociais geram inovações tecnológicas (LÉVESQUE E CREVIER, 2002). O quadro 3 amplia a distinção entre os tipos de inovação. Quadro 3 - Aspectos diferenciadores de Inovação social e Inovação em Negócios.
Fonte: do autor baseado nas pesquisas realizadas. O primeiro critério encontrado na literatura refere-se ao objetivo, enquanto inovações em negócios se baseiam na maximização do lucro, na concentração de vantagens competitivas e estão voltadas para a lógica do concorrência e do mercado (MULGAN et al., 2007; POL; VILLE, 2009; BIGNETTI, 2011; CAJAIBA-SANTANA, 2013), as inovações sociais não são orientadas prioritariamente para ganhos econômicos. Elas tem o propósito de gerar de benefícios sociais e melhorar a qualidade de vida (BIGNETTI, 2011; HOWALDT; SCHWARZ, 2010; DAWSON; DANIEL, 2010; CAJAIBA-SANTANA, 2013). O segundo critério presente na literatura tem relação com os valores. À medida que a inovação em negócios é norteada por valores empresariais e econômicos tais como redução de custos e aumento de produtividade, ou seja, apropriação de valor, a inovação social preocupa-se em criar valores como o bem-estar social e a solidariedade (ECHEVERRÍA, 2008 apud JOÃO; GALINA, 2013). O terceiro critério de diferenciação entre inovação em negócios e inovação social é o lócus da inovação, ou seja, o lugar onde ela é desenvolvida e aplicada. Segundo Chesbrough (2006), a inovação tecnológica está concentrada na empresa. Já a inovação social tem foco em ações comunitárias que geralmente começam com iniciativas pequenas e locais (GOLDSMITH, 2010). O quarto critério que se destaca na literatura é relativo ao processo de inovação. A inovação tecnológica desenvolve-se, frequentemente, por meio de estágios definidos que seguem uma sequência e são controlados por ferramentas específicas de gestão. Ademais, normalmente necessitam de recursos materiais, humanos e financeiros (OCDE, 2005). Por sua vez, o processo de inovação social não tem uma metodologia definida, apesar de ter uma lógica parecida com a do processo de inovação. Além disso, ele é uma construção social à proporção que durante o desenvolvimento do processo há a participação dos beneficiários para a geração de soluções para os problemas sociais (HOWALDT; SCHWARZ, 2010). O quinto critério faz referência à difusão do conhecimento obtido pela inovação. Enquanto a inovação tecnológica, fruto de investimentos altos em pesquisa e desenvolvimento para melhorar a competitividade de uma empresa, é impedida de todas as formas de se espalhar; as inovações sociais necessitam se expandir e se difundir para outras comunidades para serem replicadas e se tornarem soluções para problemas sociais em outros lugares também (BIGNETTI, 2011). A seção seguinte analisa os agentes que participam das inovações sociais. 3.2 Atores da Inovação SocialO processo de inovação social evolui e é conduzido por meio de uma continua interação entre desenvolvedores e beneficiários que almejam suprir necessidades, expectativas e aspirações (BIGNETTI, 2011). Este processo é concebido como interativamente influenciado por ambos, agentes (desenvolvedores e beneficiários) e estrutura social (meio em que vivem) (CAJAIBA-SANTANA, 2013). Os beneficiários são pessoas privadas do acesso à qualidade de vida. Contudo, quem são os responsáveis por iniciativas inovadoras que atendem as necessidades das comunidades? Quem são os idealizadores que desenvolvem inovações sociais? Para Mulgan et al. (2007), são três as principais lentes para entender como a mudança acontece: indivíduos, movimentos sociais e organizações. Porém, as iniciativas para inovações sociais também podem partir de governos, por meio de políticas públicas e de leis, de instituições públicas e de instituições privadas (ANDRÉ; ABREU, 2006; RUEDE; LURTZ, 2012; BULUT; EREN; HALAC, 2013). Imagem 4 - atores da inovação social Como ilustrado na imagem 4, indivíduos podem ser os agentes de mudança no setor social ao desenvolverem soluções inovadoras para os problemas da sociedade. Segundo Ashoka (2010), esses indivíduos são empreendedores sociais que ao invés de esperar as ações de governos e dos setores privados para solucionar as necessidades da sociedade, encontram o que não está funcionando e resolvem o problema persuadindo sociedades inteiras a caminhar em diferentes direções. Como exemplo, pode-se citar: Robert Owen (fundou fábricas que funcionam cooperativamente), Octavia Hill (inventou coisas como gestão de habitação, proteção do patrimônio e habitação comunitária), Michael Young (ajudou a fundar o Estado Nacional voltado para democracia) e Vera Cordeiro (fundou a Associação Saúde Criança Renascer) (MULGAN, 2006). Os movimentos sociais também são fomentadores de mudança e causadores de inovações sociais. Esses movimentos que se desencadeiam a partir de descontentamentos atuam nas mais diversas áreas, como direito das mulheres, meio ambiente, programas de capacitação, incentivo a cultura, segurança alimentar, saúde para todos, etc. São exemplos: ambientalismo, feminismo, economia solidária, etc. Além de iniciativas individuais e de movimentos sociais, inovações sociais podem surgir a partir de organizações já existentes ou criadas especialmente para atender determinadas demandas sociais. Organizações como o Greenpeace, a Anistia Internacional e o Médicos sem Fronteiras são exemplos. Todavia instituições públicas e privadas também atuam desenvolvendo inovações sociais seja por que suas funções exigem, ou em razão de uma noção de responsabilidade social. Ademais, os próprios governos inovam socialmente, como o caso do Programa Mulheres Mil, uma parceria do governo federal brasileiro e canadense que foi operacionalizado por meio de instituições de ensino público. Por fim, cabe destacar outro importante ator no desenvolvimento de inovações sociais, os centros de inovação social. Estes podem originar-se tanto de indivíduos enquanto empreendedores sociais, quanto de organizações sem fim lucrativos, de movimentos sociais, de instituições de ensino e de iniciativas governamentais. Na maioria das vezes são compostos por representantes de variadas entidades os quais colaborativamente atuam em um espaço comum por um mesmo fim. Ao redor do mundo, cada centro define seus objetivos e seu foco de ação, contudo, seu fundamento é propiciar um ambiente de pesquisa e, principalmente de ação, que catalise a criação e evolução de inovações sociais. A seção 3.5 aprofunda a discussão sobre estes centros. Todos os fomentadores de inovação social citados complementam suas atividades reciprocamente, por isso, é essencial que haja cada vez mais atores dispostos a envolver com esse modo de mudar e beneficiar a sociedade. Recorrentemente tais atores despendem esforços para suprir determinada necessidade, a fim de que esta seja atendida de forma o mais precisa possível, a literatura descreve como são desenvolvidas as inovações sociais por meio de processos, os quais são descritos na seção a seguir. 3.3 O processo de Inovação SocialAssim como descrito em seção anterior, o desenvolvimento de uma inovação ocorre por meio de um processo com estágios definidos. Para Booz Allen Hamilton (empresa de consultoria especializada em estratégia e tecnologia da informação), um denominador comum entre inovações bem sucedidas é o seu rigoroso processo de gestão da inovação, disciplinado com controles dos fatores críticos em cada fase (DU PREEZ; LOUW, 2007). A inovação social também é dinamizada por um processo, contudo este é complexo e interativo o que torna difícil distinguir seu progresso em estágios (VAN DE VEN; HARGRAVE, 2004). As dimensões do processo de inovação social é um dos aspectos teóricos menos estudados na literatura sobre inovação social (CAULIER-GRICE et al., 2012; BRACKERTZ, 2011). Entretanto, Mulgan (2006) foi um dos primeiros autores a sugerir um processo de inovação social, seguido por colaboradores (CUNHA; BENNEWORTH, 2013). Mulgan et al. (2007) delineia superficialmente fases pelas quais passam inovações sociais em uma perspectiva macro, como mostra a figura 5 abaixo. Imagem 5 - Processo de inovação social O primeiro passo para inovação é a identificação de uma necessidade que não está sendo atendida ou mal atendida e de uma ideia de como essa poderia ser suprida. Algumas vezes os problemas a serem solucionados são flagrantemente óbvios (fome, doenças), porém outras vezes é difícil reconhecê-los (violência doméstica). Para nomear e definir essas necessidades recorre-se a movimentos sociais, a ativistas, a organizações voluntárias ou mesmo à observação cuidadosa. A segunda fase do processo de inovação é testar na prática uma ideia promissora. É nessa fase que as ideias mostram suas falhas, são melhoradas e evoluem. O próximo passo ocorre quando a ideia demonstra-se apta a ser desenvolvida na prática. Na terceira fase do processo de inovação social á ideia é alimentada, ampliada, replicada, adaptada a outras realidades (espalha-se) ou ainda franqueada. A última fase é a do aprendizado e da adaptação (MULGAN et al., 2007). Outros autores como Caulier-Grice et al. (2012) e Murray et al. (2010) descrevem o processo de inovação social como compreendido em seis estágios os quais seguem a mesma linha de Mulgan (2007). São os seguinte: o primeiro estágio denomina-se prompts, inspirações e diagnóstico e envolve a identificação da necessidade que precisa ser suprida e a formulação de uma questão para identificar as causas da raiz do problema não só os sintomas; o segundo estágio, propostas e ideias, dedica-se a geração de novas ideias que dão soluções à necessidade identificada; o terceiro estágio é intitulado protótipo e piloto e é nesse momento que as ideias são testadas na prática; o quarto estágio, sustentação, é voltado para o desenvolvimento de um modelo de negócio que garanta a viabilidade financeira da solução para que ela possa ser praticada por um longo período; o quinto estágio refere-se ao escalonamento e difusão, é aqui que defini-se as estratégias para crescimento e difusão das inovações sociais; finalmente, o sexto estágio denomina-se mudança sistêmica e é o objetivo final de uma inovação social, no sentido que ela influencie movimentos sociais, modelos de negócio, leis e regulamentações, enfim a estrutura social como um todo (MURRAY; CAULIER-GRICE; MULGAN, 2010). Westley et al. (2006) também trata do processo de inovação social, porém, desvia o foco para o papel do inovador durante o processo de inovação social e, a partir desta perspectiva, descreve sete fases de tal processo. Em uma primeira fase, determinada pessoa ativa e solidária reconhece problemas, injustiças e outras situações que precisam ser resolvidas. É a conscientização de que as coisas não podem permanecer como estão que ilumina uma possibilidade de mudança (getting to maybe). Na segunda fase, o inovador social estuda aprofundadamente a situação para melhor compreende-la, para identificar a estrutura em que o problema está inserido e suas causas (stand still). Enquanto o inovador social observa, pensa, analisa e pondera sobre a situação identificada, ele também age procurando aliados que vão ajudá-lo a encontrar, reestruturar e desbloquear recursos essenciais para o desenvolvimento da inovação. Esta é a terceira fase (powerful strangers). Na etapa seguinte as iniciativas de um inovador social passam a coincidir com as de outros, os seus objetivos se tornam visíveis e ele começa a encontrar uma solução para o problema (let it find you). A quinta fase é marcada pela emergência de novas barreiras: desafios organizacionais e ameaças de interesses divergentes podem dificultar o desenvolvimento da inovação social(cold heaven). Na próxima etapa, finalmente, a inovação social consegue ser bem sucedida e expandir (hope and history rhyme). Por fim é na última fase que o inovador social percebe o caminho que percorreu, os esforços que fez e o valor deles (the door opens). Outro modelo de processo de inovação social é proposto por Neumeier (2012) e é composto por três estágios: problematização, expressão de interesses e delimitação e coordenação. O primeiro ocorre quando um ator ou um grupo deles decide mudar comportamentos e atitudes. O segundo ocorre quando outros atores reconhecem as mudanças de comportamento e atitudes dos primeiros e ficam interessados. Por fim, o terceiro estágio há uma coordenação para construir a capacidade dos atores e resolver o problema. Esses modelos do processo de inovação social descritos acima focam em diferentes perspectivas. O primeiro, no progresso da inovação social, o segundo foca na figura do inovador social e o terceiro modelo foca na construir da capacidade da sociedade para inovar (CUNHA; BENNEWORTH, 2013). Faz-se importante observar que apesar de o processo de inovação social parecer linear, ele não o é. Ademais, pode ser que uma inovação social não passe por todos os estágios e fique restrita a uma escala local, o que acontece com a maioria das inovações sociais (CUNHA; BENNEWORTH, 2013). Um quarto autor propõe uma compilação dos processos anteriores. Desta forma, apresenta um processo com sete estágios que abrange todas as etapas propostas acima. São eles: geração de ideias, criação de um espaço experimental, demonstração, decisão de expandir, coalizão de apoio, codificação e difusão. No primeiro estágio, após a identificação da necessidade, é preciso gerar uma solução para o problema. Depois da identificação das soluções, cria-se, no segundo estágio, um plano para sua implementação e se estabelece um espaço onde a solução pode ser testada controladamente. O terceiro estágio é o momento em que se testa a ideia em casos específicos para ver se ela funciona. No quarto estágio, se toma a decisão de evoluir a ideia para uma maior escala ou não. Se a escolha for expandir a ideia testada, é preciso montar uma estrutura para dirigir esta expansão. Este é o quinto estágio. No sexto estágio se estuda como aquela inovação social pode ser codificada para ser repetida em outros contextos. Por fim, no último estágio acontece a difusão daquela inovação social (CUNHA; BENNEWORTH, 2013). Os processos de inovação social apresentados acima, não são muito diferentes dos descritos em outros tipos de inovação. Contudo, observa-se que a iniciativa para uma inovação social nasce de demandas sociais (Schachter, Alcántara e Matti, 2012), ademais é necessário um maior esforço para a mobilização dos diferentes atores de inovação social em busca de formar e organizar redes de cooperação. Também pode-se destacar que os beneficiários das potenciais soluções normalmente interagem durante todas as etapas, fato que não é prática comum nas inovações em negócios, cujo processo é desenvolvido e mantido dentro da empresa. Por outro lado, os recursos para se inovar tendem a ser mais escassos nas inovações sociais, uma vez que as empresas já estão estruturadas, mesmo que minimamente, com infraestrutura, pessoas e tecnologias. Em se tratando da fase de testes, devido o engajamento dos demandantes envolvidos durante todo o processo, provavelmente é mais acessível nas inovações sociais. Por fim, na etapa de difusão, se de um lado tendem a requerer menor esforço já que os públicos estratégicos normalmente são necessitados que aclamam por melhores condições, de outro, em algumas vezes, é preciso grandes investimentos em marketing para convencer o potencial consumidor que a inovação é melhor que as do seu concorrente. Para desempenhar as atividades de cada processo ou etapa de uma inovação social há estratégias, métodos e técnicas. Algumas delas são reveladas na próxima seção. 3.4 Ferramentas para a Inovação SocialMurray, Mulgan, e Caulier-Grice (2008) alertam para a escassez de estudos sobre estas ferramentas e sugerem uma série de instrumentos provenientes de uma investigação mundial a respeito da maneira como são geradas, desenvolvidas e difundidas as inovações sociais, a partir de variados campos - negócios, organizações civis, design, políticas públicas, profissionais e empreendedores sociais. São 300 métodos que ajudam a criar as condições para inovação social; que atuam nos processos de inovação social e outros ligados a natureza sistêmica da inovação. Como evolução deste artigo, o livro The Open Book of Social Innovation correlaciona as ferramentas, métodos e estratégias aos estágios do processo de inovação social de Murray, Caulier-Grice e Mulgan (2010), conforme ilustrado na imagem 6. Imagem 6 - Estágios e respectivas estratégias, métodos e técnicas para inovações sociais. Para a fase de identificação do problema social, denominada Entradas, inspirações e Diagnóstico, alguns métodos são indicados como por exemplo, o diagnóstico por meio de cocriação, mapa de demandas, visitas as comunidades, banco de idéias, pesquisas-ação, bases de dados aberta, sistemas de feedback, pressão da população e o processo de diagnóstico. Na etapa Propostas e Ideias, diversos meios que possibilitem encontrar novas soluções devem ser explorados como a caixas de sugestão, colaboração em massa, festival de ideias, think tanks, métodos de pensamento criativo, envolvimento de crianças, workshops participativos, banco de idéias, laboratórios de design (projetos), etc. Aprovada a ideia, parte-se para concretizá-la criando Protótipos e Pilotos suportado, dentre outros, por testes, prototipação (incluindo a rápida e a lenta), prova de conceito, co-produção, testes abertos, subsídios para ideias em crescimento, incubadoras. Uma vez confeccionada, testada e aprovada a solução, é preciso Sustentar a inovação com modelos de negócios inovadores, planos e estratégias de negócio, estruturas informais, organizações privadas, parcerias, tecnologias colaborativas, sistemas de feedback de usuários, presença na web, marketing e branding, eventos abertos, formas abertas de propriedade intelectual, valorização do voluntariado, subsídios a fundo perdido, empréstimos acessíveis, crowdfunding, políticas públicas, iniciativas e programas no setor público. Para Difundir as inovações pode-se utilizar a inspiração e distribuição por meio de movimentos sociais, marcas e mercados, induções financeiras, alvos sociais, políticas públicas, endosso pelos reguladores, franquias sociais, disseminação das melhores práticas, procura online, leilão online, formas de comissionamento e outros. Por fim, com o intuito de potencializar mudanças na estrutura social, a Inovação Sistêmica ocorre por meio da formação de academias de inovação, novas infraestruturas, engajamento de cidadãos em todo o processo, novos direitos, novas leis, taxas e estruturas fiscais, contabilidade pública, movimentos sociais focados na inovação e transformação social, etc. Há ainda um conjunto de ferramentas para medir e ou avaliar as inovações sociais. Análise de custo benefício, métodos de preferência declarada, matrizes de contabilidade social, avaliação de impacto social, retorno social do investimento (SROI), medidas de satisfação de vida, balanced scorecard, pesquisa de experiência do usuário, são algumas delas (Murray; Caulier-Grice; Mulgan, 2010). Em um mundo cada vez mais conectado digitalmente e cada vez mais desenvolvido tecnologicamente é improvável que a inovação social não sofra a influência desse contexto. O fato é que isso é positivo. A evolução da tecnologia da informação cria possibilidades para melhorar nossa capacidade de atender às necessidades sociais, como educação a distância. Ademais, a internet facilitou o crescimento de redes sociais como Facebook, MySpace e Twitter as quais encorajam a cooperação social e a comunicação (BEPA, 2011). Outras formas, não necessariamente assistidas por computador, também contribuem para mobilizar pessoas, empresas e governos com o intuito gerar soluções inovadoras para superar os desafios sociais, as tecnologias sociais. Tecnologias sociais são “um conjunto de técnicas e procedimentos associados a formas de organização coletiva que representam soluções para a inclusão social e melhoria da qualidade de vida” (DOWBOR et al., 2004). São produtos, técnicas e/ou metodologias replicáveis desenvolvidos a partir da interação com a comunidade e que representam efetivas transformações sociais (Rede de tecnologia Social). As ações de tecnologia social tem características marcantes como o “envolvimento da comunidade na busca de soluções para o desenvolvimento local”, a “tomada de decisões conjuntas sobre as alternativas locais de desenvolvimento e crescimento”, a “geração de trabalho e emprego que possam garantir aos cidadãos renda e sobrevivência digna” e o “respeito aos recursos locais (humanos, materiais, financeiros, tecnológicos) e a utilização destes recursos de forma racional, renovável, sem desperdícios e/ou destruição que comprometam gerações futuras” (FARFUS et al., 2007). O campo da inovação em negócios é mais maduro e potencialmente tem mais instrumentos que podem ajudar os inovadores sociais (LETTICE e PAREKH, 2010). Não obstante, algumas das ferramentas apresentadas nesta seção são recentes criações voltadas para a inovação social, entretanto, verifica-se que muitas são conhecidas tecnologias, técnicas e métodos largamente utilizados nos variados campos da ciência. As plataformas colaborativas e as redes sociais são alguns exemplos de tecnologias, assim como os planos de negócio os quais há décadas são conteúdos ministrados em cursos administração. Conhecê-los e desempenhar o uso criativo de modo adaptativo a cada contexto, pode ser a chave para desenvolver e sustentar uma inovação social. Com o intuito de oferecer espaços que permitam o compartilhamento entre diferentes atores, por meio de recursos e métodos acessíveis para catalisar o desenvolvimento de inovações sociais, espalham-se pelo mundo os centros de inovação social, alvos de investigação a seguir. 3.5 Centros de Inovação SocialOs centros de inovação social compreendem, então, instituições de ensino e pesquisa sobre inovação social como o CRISES, Harvard e Stanford; e entidades de ação, receptoras de demandas sociais, articuladores de investimentos e outros recursos para que essas inovações sejam concretizadas. Neste último enquadram-se o ZSI, o NESTA, o TACSI, dentre tantos outros. O centro de Inovação é uma organização com a missão de catalisar a inovação social. Um espaço de trabalho compartilhado com os recursos que podem ajudar a acelerar o sucesso e amplificar o impacto daqueles que querem melhorar o mundo (CENTRE FOR SOCIAL INNOVATION, 2014). Abaixo são superficialmente descritos os três pioneiros centros de Inovação Social:
O quadro 4 apresenta uma compilação dos centros de inovação social encontrados a partir da base bibliográfica deste estudo e de pesquisas em ferramentas de busca na internet. Quadro 4 – Centros de Inovação Social.
Fonte: Elaboração própria (a partir dos dados da pesquisa). Após a fundação dos pioneiros centros CRISES (1986), ZSI (1990) e o NESTA (1998), a evolução da significância das inovações sociais refletiram na ampliação em múltiplos aspectos a partir do ano 2000, com a criação dos centros na Universidade de Stanford (2000) - EUA, Toronto - Canadá (2004), Londres - Inglaterra (2005), Holanda (2006) e Austrália (2008) (HOWALDT, SHWRATZ, 2010). Recentemente outros centros de inovação social surgem pelo mundo como o SIERC - Nova Zelândia (2010), Harvard - EUA (2011), BERTHA - África do Sul (2011), SIM - Turquia (2012), Gawad Kaling - Filipinas (2013) e o CAIS - Brasil (2014). Conforme o quadro 4, muitos desses centros possuem o foco na ação, ou seja, na criação e execução e difusão de práticas inovadoras de cunho social, algumas delas são expostas na próxima seção. 3.6 Exemplos de Inovação SocialA fim de esclarecer e demonstrar alguns aspectos teóricos da inovação social analisados até aqui, alguns exemplos são disponibilizados a seguir. Nem todas as iniciativas inovadoras ilustradas atingiram grandes dimensões e abrangem todas as dimensões estudadas, no entanto, é possível identificar a maioria dessas dimensões, além dos seus caráteres inovadores e impactantes nos casos abaixo. Ao passo que se eleva o interesse pelo tema, inúmeras práticas inovadoras e de impacto social positivo tem sido deflagradas mundo afora apesar de não constarem na literatura científica.
4. Considerações FinaisO conceito de inovação foi inicialmente introduzido no campo da ciência econômica por Joseph Schumpeter no final da década de 40. A inovação enquanto área de conhecimento desenvolveu-se no ambiente empresarial como fator estratégico, sendo um aspecto fundamental a ser observado pelas organizações para a criação de diferenciais competitivos. Observou-se a partir dos contextos e demandas sociais emergentes a possibilidade de utilizar os construtos teóricos da inovação como forma de resolver problemas sociais ou promover melhorias, daí emerge a inovação social como nova classe de inovação. Percebeu-se por meio dessa pesquisa que trata-se de uma temática em desenvolvimento. Pela sua importância no cenário vigente, em especial nos países em desenvolvimento, faz-se necessário a construção de um arcabouço teórico-metodológico consistente de modo a facilitar a compreensão dos diferentes aspectos da inovação social. O entendimento conceitual, de processos e técnicas de como a inovação social pode ser realizada, potencializará o desenvolvimento de pesquisas científicas básicas e aplicadas, de modo a consolidar a inovação social como nova área de conhecimento. A fragilidade atual da área é evidenciada, especialmente no Brasil, pela pouca abordagem dessa temática pelos pesquisadores, onde foram identificados apenas 7 estudos brasileiros. Evidenciou-se também a atualidade do tema, dado que a maioria dos artigos encontrados foram publicados a partir de 2010. O levantamento bibliográfico realizado neste estudo sugere a necessidade de uma maior produção científica. Publicações em formato de relato de experiência - a partir da realização de pesquisas aplicadas - representariam uma forma de permitir um melhor entendimento dos processos e ferramentas da inovação, e principalmente compreender quais ferramentas e como aplicá-las em cada processo de inovação social. Por fim observa-se a necessidade de desenvolvimento de políticas públicas que fomentem a inovação social estabelecendo os papeis de cada ator e de que forma cada qual pode por meio de uma rede de colaboração desenvolver projetos inovadores sociais. Referências bibliográficasANDRÉ, Isabel; ABREU, Alexandre. (2007); Dimensões e espaços da inovação social. Finisterra: Revista portuguesa de geografia, v. 41, n. 81, p. 121-141. ASHOKA. (2010); Innovators for the Public. Disponível: em www.ashoka.org. Acesso em: 03/02/2014). BEPA - Bureau of European Policy Advisers. (2011): Empowering people, driving change. Social Innovation in the European Union. European Communities. Luxembourg. BIGNETTI, Luiz Paulo. (2011); As inovações sociais: uma incursão por ideias, tendências e focos de pesquisa. Ciências Sociais Unisinos, v. 47, n. 1. BRACKERTZ, N. 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