Espacios. Vol. 35 (Nº 5) Año 2014. Pág. 18 |
Projeto de investimento para automação no Brasil: uma análise com a utilização da metodologia multi-índices e da simulação de Monte CarloDesign automation for investment in Brazil: a review with the use of multi-index methodology and Monte Carlo simulationCristiane Rosa Diniz OGATA 1, Sibele Cristiane Keppen de OLIVEIRA 2, Tuiane Michelly CAMARGO 3, Dircelia Poli Pupi LEMES 4, Anderson CATAPAN 5 y Paulo Fernando MARTINS 6 Recibido: 06/03/14 • Aprobado: 12/04/14 |
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1. IntroduçãoDentre as diversas áreas da economia brasileira destaca-se o ramo da construção civil devido à sua abrangência perante a sociedade. Esta área é responsável em proporcionar o desenvolvimento social e a qualidade de vida, a elevação na produção e o aumento na economia. Segundo a Agência Estado (2012), o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), “o setor da construção civil deve apresentar um crescimento de 3,5% a 4% em 2013, no mesmo patamar do PIB previsto para o país no ano que vem”. Este crescimento eleva a demanda pelos mais variados produtos e serviços utilizados nas indústrias, passando a ser vendidos em maior escala e fazendo com que as empresas deste ramo aumentem a produção. Em função da demanda neste setor, existe a necessidade de agilidade em etapas no processo de produção, fazendo com que as empresas se aperfeiçoem conforme exigências do mercado. Sendo assim, a automação atuará como um investimento imediato em tecnologia e seu retorno financeiro será analisado. Desta forma vê-se necessário um estudo de projeto de investimento coerente e adequado à sua realidade. Projetos correspondem aos investimentos propostos, analisados e decididos em decorrência das estratégias da organização. A ausência desse elemento inviabiliza a avaliação da adequação financeira global das estratégias decididas pelos gestores, tanto no que se refere aos resultados (lucro ou prejuízo), como à própria capacidade de financiamento e risco desejados (Frezatti, 2009). Frente ao exposto, a questão de pesquisa deste trabalho é: Existe viabilidade econômico-financeira no projeto de investimento que contempla a automação industrial de uma olaria? Devido à expansão desta atividade econômica - construção civil - os setores relacionados tendem a buscar novas alternativas, adequando-se à nova realidade apresentada. A implantação da automação garante a padronização, a qualidade do produto e agilidade na produtividade. A empresa que investe em tecnologia encontra-se em destaque em relação aos seus concorrentes. Esta pesquisa possui, além desta introdução, mais quatro partes. A segunda contempla o referencial teórico da pesquisa. A terceira aborda os aspectos metodológicos, enquanto a quarta apresenta os resultados obtidos. Por último, a quinta seção mostra as conclusões do trabalho. 2. Referencial TeóricoNesta seção, será apresentado o embasamento teórico deste estudo, abordando os seguintes assuntos: aspectos relativos ao planejamento, tipos de orçamento, fluxo de caixa, e análise de investimentos. 2.1. PlanejamentoMaximiano (2011) explica que para qualquer empreendimento possa se estruturar do início ao fim é necessário um planejamento dos resultados. A visualização sistêmica do projeto facilita seu entendimento e promove alcançar os objetivos e as metas traçados. A finalidade de processo de planejamento é estudar as possibilidades previsíveis e imprevisíveis buscando diminuir riscos e enfrentar as incertezas dos acontecimentos futuros. Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010) afiram que o planejamento pode ser definido como: processo de estabelecer objetivos ou metas, determinando a melhor maneira de atingi-las. Segundo Hoji (2012), o planejamento consiste em estabelecer, com antecedência, ações a serem projetadas dentro da realidade apresentada estudando, para isto, os recursos a serem utilizados e atribuindo-lhes as devidas responsabilidades com intuito de alcançar os objetivos projetados. Tais objetivos só poderão ser alcançados traçando sistemas de planejamento devidamente estruturados. Os princípios de planejamento podem ser classificados, segundo o autor, em dois grupos: gerais e específicos. Ainda, conforme Oliveira (1995) os princípios gerais de planejamento são: (i) Principio da contribuição aos objetivos: deve se viabilizar a realização dos objetivos máximos da empresa pela hierarquização dos objetivos estabelecidos, considerando se a interligação entre eles; (ii) Principio da precedência: corresponde a uma função administrativa que vem antes das outras (organização, direção e controle); (iii) Principio da maior penetração e abrangência: o planejamento pode provocar uma série de modificações e características e atividades da empresa; e, (iv) Principio da maior eficiência, eficácia e efetividade: o planejamento deve maximizar os resultados e minimizar as deficiências. Oliveira (1995) aborda princípios específicos de planejamento, os quais: (i) Planejamento participativo: o papel do responsável pelo planejamento é o facilitar o processo de sua elaboração pelas próprias áreas envolvidas nesse processo; (ii) Planejamento coordenado: deve ser levado em consideração que a maioria dos aspectos envolvidos no planejamento é interdependente; (iii) Planejamento integrado: geralmente, os objetivos são escolhidos pelos escalões superiores e os meios para atingi-los são fornecidos pelos escalões médios e inferiores da organização; e, (iv) Planejamento permanente: os planos devem ser revisados permanentemente. Tendo por base os princípios citados acima, para Fischmann e Almeida (1995), planejamento estratégico é uma técnica administrativa que, através da análise do ambiente de uma organização, cria consciência de suas oportunidades e ameaças e dos seus pontos fortes e fracos para cumprimento de sua missão e, através dessa consciência, estabelece o propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar os riscos. Dentro deste contexto, Ansolff (1991) considera que o planejamento estratégico deveria oferecer respostas a duas necessidades, a saber: (i) Necessidade de preparar a empresa para o futuro que não seria uma simples projeção do passado; e, (ii) Necessidade de preparar a empresa de maneira abrangente e sistemática. Segundo Lemes Júnior, Rigo, Cherobim (2010), para que esse planejamento seja viabilizado é necessário que o gestor tenha o conhecimento do planejamento econômico-financeiro, ou seja, o conhecimento do investimento inicial e do financiamento futuro. Tais configurações são interdependentes e apresentam melhores resultados em conjunto fornecendo, então, credibilidade aos resultados. Sendo assim, para Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010), o planejamento econômico-financeiro, ao contribuir para definir objetivos e fixar padrões de avaliação de resultados, é a ferramenta adequada para os estudos de viabilidade do planejamento da empresa. Através do planejamento econômico-financeiro são avaliados os resultados relativos aos objetivos, decisões e alternativas contidas no planejamento da empresa, indicando a possibilidade de sua implantação, ou não, do ponto de vista financeiro. Corroborando com o assunto, Hoji (2012), explica que o planejamento financeiro consiste em adequar o volume de recursos exigidos para executar as atividades operacionais e de investimentos da empresa, avaliando as possíveis fontes de recursos. Deste modo, o sucesso do planejamento estratégico depende do controle e da avaliação que ocorre a partir da existência da ferramenta da contabilidade gerencial, no caso, referindo-se ao orçamento e ao controle orçamentário (Frezatti, 2009). 2.2. OrçamentoSegundo Figueiredo e Caggiano (2004), orçamento é um instrumento direcional que constitui-se de planos específicos em termos de datas e de unidades monetárias, visando orientar a administração para atingir os fins específicos em mente, ou seja, os objetivos empresariais. Maximiano (2011) explica que, para realizar as atividades, é preciso utilizar recursos que consomem dinheiro. Sendo assim, depois de planejar as orçamentárias é preciso definir os custos necessários dos recursos para sua realização. Estas envolvem três etapas interdependentes: planejamento de recursos, estimativas de custos e elaboração do orçamento. Planejamento de recursos consiste na relação dos recursos físicos, (mão de obra, material permanente, material de consumo e serviço de terceiro), necessários para realização do projeto. Estimativa de custos consiste em aproximar a valorização dos custos projetados, (custo unitário, duração das atividades e custos indiretos), para a concretização do projeto. Elaboração do orçamento é uma estimativa futura dos custos projetados em relação os custos reais. (Maximiano, 2011). De acordo com Valter (1980), se a meta a ser atingida (aumento de produção e volume das vendas) exigir o reaparelhamento industrial, mediante aquisições de equipamentos e novas instalações e construções (prédios industriais, depósitos e outras benfeitorias), será elaborado o orçamento de investimento ou de capital. 2.2.1. Orçamento de Capital O orçamento de capital é um programa de aplicação de capital de longo prazo vinculado ao plano estratégico e trata de investimentos permanentes. (Hoji, 2012). De acordo com Gitman (2001), orçamento de capital é o processo de avaliação e seleção de investimentos a longo prazo, que é consistente com a meta da empresa de maximização da riqueza dos proprietários. Segundo Júnior, Rigo e Cherobim (2010), tais orçamentos de capital, os quais serão implantados no período de planejamento, fornecerão as informações necessárias para a determinação dos resultados adicionados, tanto em termo de custo quanto em termos de entradas e saídas de caixa, para projeção do fluxo de caixa. 2.3. Fluxo de CaixaDenomina-se por fluxo de caixa o instrumento de programação financeira que corresponde às estimativas de entradas e saídas de caixa em certo período de tempo projetado, como também, o conjunto de ingressos e desembolsos de valores ao longo de um período projetado (Zdanowicz, 2000). Deste modo, para o mesmo autor, o objetivo básico do fluxo, dentre outros, está em: “i) facilitar a análise e o cálculo na seleção das linhas de crédito a serem obtidas junto às instituições financeiras; ii) programar os ingressos e os desembolsos de caixa, de forma criteriosa, permitindo determinar o período em que deverá ocorrer carência de recursos e o montante, havendo tempo suficiente para as medidas necessárias; iii) providenciar os recursos para atender aos projetos de implantação, expansão, modernização ou relocalização industrial e/ou comercial; iv) fixar o nível e caixa em termo de capital de giro; v) auxiliar na análise dos valores a receber e estoques, para que se possa julgar a conveniência em aplicar nesses itens ou não; vi) estudar um programa saudável de empréstimos ou financiamentos; vii) analisar a viabilidade de serem comprometidos os recursos pela empresa; viii) participar e integrar todas as atividades da empresa, facilitando assim os controles financeiros”. (Zdanowicz, 2000, p. 41). Segundo, Júnior, Rigo e Cherobim (2010), toda alternativa de investimento deve ser analisada, em sua viabilidade econômico-financeira através de um fluxo de caixa descontado, considerando-se os futuros ingressos e desembolsos de recursos. Nestes termos, o fluxo de caixa projetado será útil como instrumento de análise e tomada de decisão entre as alternativas de investimento. 2.4. Análise de InvestimentosA análise de investimentos tem por objetivo buscar identificar a melhor alternativa de retorno para um determinado investimento a ser realizado pela empresa (Carmona, 2009). Sendo assim, os investimentos necessitam ser avaliados adequadamente de acordo com suas oportunidades. Para Camargo (2007), dentre várias oportunidades de investimentos em que a empresa depara-se, ela precisa ter critérios adequados que auxiliem na análise e decisão na escolha entre as alternativas mais vantajosas de investimentos. Para tal análise, torna-se necessário entender e estudar métodos que auxiliarão na tomada de decisão para o projeto. Segundo Júnior, Rigo e Cherobim (2010) existem vários métodos para avaliação de projetos de investimentos de capital. Dentre eles, serão apresentados os seguintes: Payback, Payback descontado, VPL e TIR. Para Souza e Clemente (2008), além destes métodos, são atribuídos os indicadores: IBC e ROIA. Para calcular os fluxos de caixa descontados, que são utilizados para calcular os indicadores supracitados, utiliza-se a Taxa Mínima de Atratividade (TMA), que corresponde à taxa de desvalorização imposta a qualquer ganho futuro pelo fato de não estar disponível no momento (Camargo, 2007). Ainda, segundo Camargo (2007), a TMA se define como o ganho mínimo que a empresa tem com uma segunda melhor alternativa de aplicação do capital, quando utilizado recursos próprios para financiar um investimento. Para Souza e Clemente (2008), TMA é a melhor taxa, com baixo grau de risco, disponível para aplicação do capital em análise. Ou seja, é a melhor alternativa de investimento com baixo grau de risco disponível para aplicação. A base para sua estimativa é a taxa de juros do mercado, no qual, as que mais a impactam são: Taxa Básica Financeira (TBF); a Taxa Referencial (TR); a Taxa de Juro de longo Prazo (TJLP) e Taxa do Sistema de Liquidação e Custódia (SELIC). Entretanto, existe uma dificuldade em estabelecer um valor exato à TMA para o uso da descapitalização do fluxo projetado, devido às oscilações e às variedades de taxas, estas, já citadas. O Payback é o período de tempo necessário para que o fluxo de caixa operacional do projeto recupere o valor a ser investido no projeto (Junior, Rigo & Cherobim, 2010). Para Souza, Clemente, (2008) o Payback possui como parâmetro, identificar o tempo de retorno do capital investido do melhor projeto analisado. Ou seja, avalia o número de períodos necessários para que o fluxo existente supere o capital investido. Sendo assim, o risco do projeto aumenta á medida que o Payback se aproxima do final do horizonte de planejamento. (Souza & Clemente, 2008). Já o Payback Descontado é o período de tempo necessário para recuperar o investimento inicial, considerando os fluxos de caixa descontados (Junior, Rigo & Cherobim, 2010). De acordo com os mesmos, tal método foi desenvolvido com o intuito de corrigir uma das principais falhas do Payback, que é não considerar o valor do dinheiro no tempo. Apesar de ser visto como um critério para classificar propostas de investimento, é primeiramente, um critério para aceitar ou rejeitar projetos. Suas vantagens estão na facilidade de entendimento, em favorecer a liquidez; considerar o valor do dinheiro no tempo e as incertezas de fluxos de caixa mais distantes. O Valor Presente Líquido (VPL) é a soma dos valores presentes de cada um dos fluxos de caixa - tanto positivos como negativos - que ocorrem ao longo da vida do projeto (Damodaran, 2004). Para Carmona (2009), tal técnica é responsável em fornecer uma resposta positiva ou negativa através dos fluxos de caixa futuros, demonstrando se estes superarão ou não, o custo do investimento. Caso o fluxo de caixa futuro seja superior ao investimento realizado, o projeto em análise será aceito, caso contrário, não. Ou seja, o VPL nada mais é do que a concentração de todos os valores esperados de um fluxo de caixa na data zero. Para tal, usa-se como taxa de desconto a Taxa Mínima de Atratividade (TMA) da empresa (Souza & Clemente, 2008). De acordo com Carmona (2009), há critérios para decisão de investimento no projeto: i) se VPL > 0= aceitar o projeto; ii) se VPL < 0 = rejeitar o projeto. A Taxa Interna de Retorno (TIR) é a taxa de desconto que igual ao valor presente dos fluxos de caixa futuros ao investimento inicial, assim é uma taxa que torna o VPL igual à zero (Carmona, 2009). Para Júnior, Rigo e Cherobim (2010), Taxa Interna de Retorno é a taxa que iguala as entradas do fluxo de caixa em relação ao valor a ser investido no projeto. Para calculá-la, é necessário, tornar o valor presente das entradas igual ao valor presente das saídas. Para Clemente e Souza (2008), o risco do projeto aumenta conforme a TMA se aproxima da TIR, assim quanto maior a distância entre elas, mais atrativo se torna o projeto. De acordo com Clemente e Souza (2008), a TIR e o VPL podem ser expressos pela Fórmula 1: Quando o VPL é igual a zero, têm-se a TIR do projeto. Ainda, Carmona (2009) demonstra alguns critérios de decisão para a TIR: i) TIR > custo capital, o projeto deve ser aceito; ii) TIR < custo capital, o projeto deve ser rejeitado e iii) TIR = custo de oportunidade, indiferente entre aceitar ou não o projeto. Segundo Souza e Clemente (2008) o Índice Benefício/Custo (IBC) é considerado uma medida de quanto se espera ganhar por unidade de capital investido. A hipótese estudada no cálculo do IBC é que os resultados encontrados ao longo da vida útil do projeto sejam reinvestidos à taxa de mínima atratividade. Para os mesmos, o conceito Índice Benefício/Custo pode ser expresso pela fórmula 2, a seguir: Retorno Adicional Sobre o Investimento (ROIA), segundo Souza e Clemente (2008), representa a melhor estimativa de rentabilidade para um projeto de investimento. Demonstra através de percentual, a riqueza gerada pelo projeto. O ROIA resulta da taxa equivalente ao IBC para cada período do projeto. A fórmula 3, a seguir, é uma adaptação dos autores citados, Souza e Clemente (2008). 3. Aspectos MetodológicosQuanto ao objetivo geral ou tipo de pesquisa aplicada ao estudo de caso, esta pesquisa pode ser classificada como uma pesquisa exploratória, a qual é aquela que tem como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Seu planejamento tende a ser bastante flexível, pois interessa considerar os mais variados aspectos relativos ao fenômeno estudado (Seltiz et al., 1967). Para o desenvolvimento desta pesquisa utilizou-se uma metodologia tanto qualitativa, quanto quantitativa. Qualitativamente, serão utilizadas técnicas de observação e entrevista e quantitativamente, informações numéricas. Quanto à entrevista, ela será do tipo semiestruturada que, de acordo com Lakatos e Marconi, (2004, p. 279) é realizada “quando o entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequada.” A entrevista transcorreu através de perguntas abertas, referentes à situação do empreendimento, aplicada ao dono da empresa. Tal entrevista foi gravada, transcrita para que em seguida, seja realizada a análise de conteúdo. Bardin (2006) ressalta e define a necessidade da análise de conteúdo como um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter, através de procedimentos sistemáticos e objetivos, a descrição do conteúdo das mensagens. O Quadro 1 ilustra o roteiro para este entrevista. Quadro 1 – Roteiro da Entrevista Semiestruturada
Fonte: os autores, 2013. Entendida a estrutura da empresa e os custos que serão evitados com a implantação da automação no processo industrial da empresa foco desta pesquisa, serão orçados, depois, os investimentos inicias para a automação e elaborado o fluxo de caixa projetado. Então, finalizando a pesquisa, serão calculados os indicadores de viabilidade, metodologia multi-índices e a simulação de Monte Carlo (que será rodada com o auxílio do software Crystal Ball), que contempla variabilidade de variáveis de entrada. A manutenção e a energia, conforme entrevista realizada, será variável em 20% para mais ou para menos. 4. Descrição e Análise dos Resultados ObtidosA descrição e análise dos resultados obtidos divide-se em duas partes: qualitativa (análises das entrevistas realizadas) e quantitativas (análises de viabilidade financeira). 4.1 Análise QualitativaAs análises qualitativas deste trabalho têm o objetivo de entender as vantagens, desafios, custos e despesas da implantação do processo de automação na empresa estudada. Primeiramente, sobre possíveis obtenções de vantagem competitiva com a adoção deste processo, o gestor afirma: “Se automatizarmos mesmo, eu terei menos ou quase nenhum problema na linha de produção porque sei que o trabalho vai acontecer. A automação não influencia no tempo de produção diretamente. Ela vai deixar o processo mais linear, sem ocorrer interrupções. O contrário ocorre quando há falta de funcionários, atrasando o processo de produção e tendo que ser feito um remanejamento em outros setores” (Gestor da empresa). Percebe-se que este processo pode ajudar a empresa na obtenção de vantagem competitiva no mercado, pois, com a automação, existe mais linearidade na produção dos tijolos, menos falhas, menos perdas. Ainda na entrevista, o gestor afirma: “Quanto a economia, posso substituir 6 funcionários, caso optemos pelo automação. Isso vai refletir direto na folha de pagamento, diminuindo os gastos mensais” (Gestor da empresa) Este é um importante achado da pesquisa. Optando pela automação, a empresa vai necessitar de menos funcionário em sua operação (6 funcionários, segundo o gestor). Assim, esses serão os gastos decrementais (economia de gastos com a adoção da automação). 4.2 Análise QuantitativaPara a realização da análise de viabilidade financeira, primeiramente necessita-se calcular a Taxa Mínima de Atratividade do projeto em questão. A Tabela 1 mostra os cálculos da TMA: Tabela 1 – Cálculo da TMA
Fonte: Adaptado de Itaú, Bradesco e CEF. Na Tabela 1, foram evidenciados três diferentes índices de taxa de rentabilidade encontrada em instituições bancárias no ano de 2012. Para a média da rentabilidade após o Imposto de Renda (IR), foi calculada a taxa de rentabilidade multiplicada pela alíquota do IR, e a soma de cada índice dividido pelo total dos bancos avaliados. Junto a este resultado, adicionou-se um prêmio de risco de 1,79% resultando a TMA em 8,00%. Após o cálculo da TMA, mensuram-se os investimentos inicias que, para Souza e Clemente (2009) é todo o aporte de capital necessário para colocar o projeto em funcionamento. O investimento inicial necessário para o desenvolvimento do projeto está demonstrado na tabela 2, o qual foi orçado com base em informações dos fabricantes de máquinas de automação deste segmento. Tabela 2 – Investimentos Iniciais
Fonte: os autores, 2013. Para aplicação de tal recurso torna-se necessário um levantamento junto aos agentes de crédito em busca das melhores taxas de financiamento. Dentro do mercado financeiro existem diferentes linhas de crédito especificas para cada ramo. Uma delas é a modalidade do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Finame PSI, programa de crédito destinado a empresários que pretendem investir em máquinas e equipamentos. De acordo com as normas estipuladas pelo programa, a taxa de juros aplicada ao financiamento é de 0,25% ao mês ou 3% ao ano, referente a 2013 e o fornecedor do equipamento deve ser credenciado. Esta modalidade foi informada por um agente financeiro (Banco Itaú). Tabela 3 – Simulação de Financiamento Tabela Price
Fonte: os autores, 2013. Depois disto, foram calculados as economias de gastos com os 6 funcionários que não serão necessários na produção, caso a automatização seja adotada. A Tabela 4 ilustra esta memória de cálculo. Tabela 4 – Despesas por colaborador – Entradas do Fluxo de Caixa
Fonte: os autores, 2013. A empresa estudada é optante pelo Simples Nacional, portanto não incide, sobre sua folha de pagamento, INSS patronal. Todos os valores descritos acima foram calculados com base no exame das planilhas de Recursos Humanos da empresa foco do trabalho. A Tabela 5 ilustra, no contexto da projeção do fluxo de caixa, os gastos mensais com a automação. Tabela 5 – Gastos Mensais – Mês 1 Ano 2
Fonte: os autores, 2013. Importante salientar que estes gastos são relativos ao mês 1 do segundo ano do projeto. No primeiro ano não eistem gastos com manutenção, visto que a empresa fornecedora do equipamento concede garantia total sobre a instalação e sobre as máquinas vendidas. Assim, o fluxo de caixa projetado é evidenciado na Tabela 6. Tabela 6 – Projeção de Fluxo de Caixa
Fonte: os autores, 2013. Na tabela 6, foi demonstrado para o ano 1 o valor de entrada de R$ 161.856,00 que se refere à soma de todos os meses de tal ano. Já para as saídas, os valores apresentados foram o custo de energia para o funcionamento da máquina no valor de R$ 2.400,00 e o total dos juros, R$ 24.862,47, gerando assim, um fluxo de caixa no valor de R$ 134.593,53. A partir do ano 2 houve algumas variações para as entradas e saídas. Para as entradas, foi acrescentado variações de reajuste salarial anual, correspondendo 7%. Já para as saídas, foi adicionado junto ao custo de energia o custo de manutenção da máquina, e um percentual também de 7% referindo-se a reajuste anual de inflação, além dos juros do financiamento. No ano 10 foi acrescentado um valor residual de 20% do valor do investimento, que refere-se ao valor de mercado que, segundo o fabricante, as máquinas tem ao final do ano 10. Com base neste fluxo de caixa, foram calculados indicadores de risco e retorno, para avaliar a viabilidade do projeto em questão. A Tabela 7 mensura estes indicadores. Tabela 7 – Indicadores de Risco e Retorno
Fonte: os autores, 2013. De acordo com os cálculos apresentados, a riqueza gerada no projeto é demonstrada com um VPL>0, (R$514.685,07). Isto quer dizer que o valor do VPL é suficiente para cobrir os riscos do projeto e atrair o investidor. Da mesma forma é demonstrada a riqueza gerada, em termos percentuais, através do ROIA. Quanto ao VPLa, representa um VPL médio para cada um dos períodos, ou seja, o excesso de caixa está em torno de R$ 76.703,25 por ano. O índice IBC é uma avaliação de quanto se espera ganhar por capital investido. Logo para este estudo, temos um IBC>1 indicando que a cada 1,00 investido há uma rentabilidade de 60%. O retorno do capital investido é representado num período de 5,27 anos, Payback, e sua correção em 6,73 anos para o Payback descontado. Através da TIR evidencia-se que há maior ganho no projeto do que na própria TMA (TIR>TMA). Os indicadores de risco TMA/TIR e Payback/N apresentam valores intermediários (entre 0 e 1), portanto são de médio risco. O indicador Risco de Gestão é associado ao grau de conhecimento e de competência dos responsáveis pela empresa, e representa uma análise subjetiva referenciada através da observação e análise das entrevistas realizadas. Para avaliá-lo, separa-se a empresa em diferentes áreas com suas respectivas características. Tabela 8 – Indicador de Risco de Gestão
Fonte: os autores, 2013. A tabela 8 representa a soma destas diferentes áreas resultando em um valor de 0,31, (1.00-0,69), demonstrando que a empresa apresenta risco baixo/médio. O indicador de Risco de Negócio é associado a fatores conjunturais e não controláveis que podem afetar o ambiente do projeto. Sendo assim, surgimento foram avaliadas diferentes análises clássicas que buscarão trabalhar com tais situações. A seguir, será apresentada esta análise através da tabela 9. Tabela 9 – Indicador de Risco de Negócio
Fonte: os autores, 2013. |
As análises utilizadas foram o PEST (Fatores Políticos, Econômicos, Sociais e Tecnológicos), a qual a soma destas variações, resultou em uma média de 0,44. Concomitantemente, foram também avaliadas as 5 forças de Porter (Novos Entrantes, Produtos Substitutos, Concorrência, Poder dos Fornecedores e dos Clientes), recebendo a soma de 0,54. E somado a estas avaliações, foi realizada a análise SWOT (Pontos Fortes, Fracos, Ameaças e Oportunidades), recebendo a soma de 0,72. Para alcançar o resultado final, somam-se as três diferentes análises, as quais geraram a variação de 0,56, evidenciando um grau de risco médio. Assim, a Tabela 10 apresenta a síntese dos indicadores de risco: Tabela 10 – Síntese dos Indicadores de Risco
Fonte: os autores, 2013. Os Indicadores financeiros apresentam uma escala de risco que variam de zero a um, (0 a 1), onde 0 indicaria o menor e 1 o maior risco com variações de Baixo, Baixo/Médio, Médio, Médio/Alto e Alto risco para a empresa. O GCR foi calculado com base em parâmetros da empresa e não do projeto. O Quadro 2 apresenta a percepção risco versus retorno. Quadro 2 – Percepção Risco versus Retorno
Fonte: os autores, 2013. Demonstra-se então, que a partir dos resultados dos indicadores de riscos evidenciados no quadro 1, a classificação médios dos riscos encontrada apresenta-se como média. Quanto ao indicador de retorno (ROIA) a classificação evidencia um retorno médio, demonstrando que, além da empresa conseguir ter uma TIR maior que a TMA, poderá acrescentar 4% a mais de riqueza no projeto. A Figura 1 mostra o Gráfico Radar do projeto. Figura 1 – Gráfico Radar do Projeto Fonte: os autores, 2013. A área do polígono interno representa, em relação a área total, o risco apresentado no projeto. Assim, visualiza-se que o projeto possui um risco médio. Após a análise do projeto com a utilização da metodologia multi-índices, passa-se para a análise por meio da simulação de monte carlo. Nesta análise, considera-se que a manutenção e a energia, conforme entrevista realizada, pode ser variável em 20% para mais ou para menos. Todos os outros parâmetros de entrada do fluxo de caixa não são variáveis. Assim, a Figura 2 mostra a simulação de monte Carlo para a variável VPL. Figura 2 – Simulação de Monte Carlo Para o VPL Fonte: os autores, 2013. Para esta análise, utilizou-se distribuição triangular com 5.000 iterações. A probabilidade do VPL ser menor que zero, conforme pode-se observar é zero. Com 95% de certeza, o VPL vai ficar entre R$ 512.852,00 e R$ 516.582,00. O VPL médio é R$ 514.692,00 enquanto o VPL mediano é R$ 514.693,00. O VPL mínimo é R$ 511.550,00 e máximo R$ 517.956,00. O coeficiente de variabilidade do VPL é 0,19%. A Figura 3 apresenta os dados relativos à TIR. Figura 3 – Simulação de Monte Carlo Para a TIR Fonte: os autores, 2013. A probabilidade da TIR ser superior à TMA é de 100%. Com 99% de certeza, a TIR ficará entre 17,6% e 17,7%. Tanto a TIR média quanto a mediana serão de 17,7%. O coeficiente de variabilidade desta variável é 0,095%. Assim, percebe-se que este projeto é, do pronto de vista financeiro, viável. 5. ConclusõesA decisão deste investimento só se faz aceitável quando ocorrer a comprovação adicional desta riqueza, através do estudo das características técnicas propostas, além da avaliação de diferentes indicadores financeiros. Serão estes os responsáveis em confirmar a viabilidade financeira do projeto. A proposta sugerida sobre avaliar a viabilidade da automação na empresa demonstrou-se, pelas características técnicas do tema, viável, uma vez que sua implantação pode gerar estabilidade na continuidade do processo e padronização do setor onde atua, deixando os produtos lineares (no mesmo padrão) e livres de defeito ou erros humanos. Permite a produção em série, sem interrupções e remanejamento de colaboradores, agilizando, também, o desenvolvimento contínuo, a otimização do processo e a diminuição dos custos. Em relação à rentabilidade do projeto, a viabilidade financeira apresentou-se como atrativa, devido à geração de riqueza ser suficiente ao período projetado, cobrindo os riscos e atraindo o investidor. Além de gerar confiabilidade diante das taxas TIR e TMA, devido à grande distância entre elas evidenciou-se, também, um ganho monetário (VPLa), por período projetado no estudo, o VPL positivo representa a recuperação do investimento inicial do projeto (R$ 863.000,00). Pela análise Multi-índice, os índices de risco e retorno demonstraram uma classificação média (0,4 a 0,6), evidenciando que o risco existente no projeto é compatível ao retorno (ROIA) que o novo projeto sofrerá. Além do mais, sua rentabilidade excedeu sua TMA. Na simulação de Monte Carlo, a probabilidade do VPL ser maior que zero é 100% e a TIR maior que a TMA, também 100%. Desta forma, conclui-se a justificativa da implantação da automação levando em conta características técnicas positivas como padronização, qualidade dos produtos, linearização do setor quanto dos indicadores financeiros como, por exemplo: geração de riquezas, retorno esperado e rentabilidade do novo projeto. Esta pesquisa limitou-se a analisar a empresa foco do estudo de caso, portanto não deve-se generalizar os resultados aqui obtidos. Como sugestão para trabalhos futuros, sugere aplicar os métodos aqui ilustrados em outras empresas do mesmo e de outros setores. ReferênciasAnsolff, I. H. (1991). A nova estratégia empresarial. São Paulo: Atlas. Banco Caixa. Fundos de Investimento. Disponível em: <http://www11.caixa.gov.br>. Acesso em: 08 maio 2013. Banco HSBC. Rentabilidade e Cotações. Disponível em: <http://www.hsbc.com.br>. Acesso em: 23 abr. 2013. Banco Itaú. Empresas investimentos. Disponível em: <http://www.itau.com.br0>. Acesso em: 23 abr. 2013. Bardin, L. (2006). 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