Espacios. Vol. 34 (3) 2013. Pág. 17 |
Análise longitudinal da propriedade intelectual como ferramenta da gestão do conhecimento – Estudo em instituição de ensino superiorLongitudinal analysis of intellectual property as a tool for knowledge management - study in an institution of higher educationEliane Fernandes Pietrovski 1; João Luiz Kovaleski 2; Gerson Ishikawa 3; Vanessa Ishikawa Rasoto 4. Recibido: 12-09-2012 - Aprobado: 13-01-2013 |
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RESUMO: |
ABSTRACT: |
1. IntroduçãoGerir o conhecimento é o foco das organizações na atualidade. As estratégias organizacionais devem estar apoiadas na geração, disseminação e compartilhamento do conhecimento e, portanto, necessário se faz a adoção de mecanismos acompanhados do enfoque inovador nos processos e produtos e ainda deve proteger o conhecimento gerado na organização. No entanto, as organizações ainda enfrentam restrições em adotar práticas de gestão do conhecimento, como forma estratégica. Mais especificamente, existem dificuldades para identificar quais práticas efetivamente contribuem para gestão, para priorizar os fatores que exercem maior influência sobre o processo e para avaliar a adequação e a eficácia dos métodos para gerar resultados tangíveis e intangíveis. Atribui-se a estas dificuldades, muitas vezes, a falta de elementos que apliquem os métodos e consequentemente gerem resultados mensuráveis que reflitam na estratégia organizacional, na forma proposta por este modelo de gestão (PIETROVSKI, 2002). Segundo Loughbridge (1996) a gestão do conhecimento nas organizações pode ser traduzida como a aquisição, a troca e a utilização deste conhecimento, os quais incluem o aprendizado organizacional e os sistemas de informação, transformando o conhecimento pessoal em coletivo, de forma compartilhada e sistematizada sendo aplicado apropriadamente aos processos da organização. A gestão estratégica do conhecimento, para Wah (2000), baseia-se principalmente nas práticas que conduzem a resultados positivos na captação, armazenamento, recuperação e distribuição de ativos tangíveis, por meio da proteção do conhecimento sob a forma de propriedade intelectual, como as patentes ou direitos autorais e os ativos intangíveis por meio do know-how, da qualificação profissional, da experiência individual e corporativa. O conhecimento, enquanto ativo intangível, é reconhecido como fator relevante para a geração de riquezas e como vantagem competitiva sustentável para as organizações (STEWART, 1998). De fato, o que se observa é que as organizações têm desenvolvido regularmente ações voltadas a gerenciar o seu conhecimento interno. Aumentar sua competência técnica, sua abrangência de atuação e sua participação no desenvolvimento econômico são indícios que a organização caminha com o propósito de pautar sua gestão no conhecimento. Destaca-se que é preciso aproveitar todos os recursos disponíveis na organização para que as pessoas busquem e apliquem as melhores práticas. Esse pressuposto é valido para todas as organizações e no caso em questão para as instituições de ensino (PIETROVSKI, 2002). Neste enfoque, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, foco do presente artigo, apresenta-se como um caso empírico da gestão da propriedade intelectual, da sua implantação até os resultados da descentralização da gestão compartilhada entre os doze câmpus da instituição de ensino. Esta organização, por meio de diversos mecanismos de interação, estende sua competência nas atividades de ensino e pesquisa tecnológica à comunidade, principalmente por meio da vinculação ao setor empresarial. A interação universidade-empresa, conduzida pela área de Relações Empresariais em cada câmpus, traz benefícios para as principais partes envolvidas: o aluno, a empresa, a comunidade e a própria instituição. Ao se tratar do aluno, oferece uma série de oportunidades para complementar, consolidar e atualizar seus conhecimentos, vivenciando diretamente o ambiente profissional e a sua futura área de atuação. Quanto à empresa obtém profissionais capacitados para o desenvolvimento de suas atividades, principalmente ligadas à tecnologia, assim como, conta com um número apreciável de oportunidades de intercâmbio e projetos cooperativos com a comunidade acadêmica. Ao se tratar da comunidade, oferece a oportunidade de participação nos projetos de capacitação, formação, inclusão social, entre outras ações de extensão. Segundo esta abordagem apoiando-se na visão contemporânea da sociedade do conhecimento, procurou-se, neste trabalho, destacar os benefícios e as dificuldades das organizações em gerir o conhecimento como forma de proteção intelectual, posicionando-se no cenário da nova economia global. Neste contexto, surge a questão de pesquisa que norteou esta investigação empírica: Quais foram os fatores que influenciaram o desempenho da propriedade intelectual em uma universidade multicâmpus? Para responder tal indagação apresentar-se-á o caso da UTFPR, instituição multicâmpus, a qual, por meio de práticas organizacionais, incentiva que o conhecimento gerado seja considerado útil e de posse de todos os colaboradores, protegendo seus ativos. 2. Revisão teórica: gestão estratégica do conhecimento e a propriedade intelectualIdentificam-se, na atualidade, organizações que propiciam um ambiente de aprendizado interativo para a criação, transferência, internalização e aplicação do conhecimento. Estas organizações procuram estabelecer uma estrutura de gestão do conhecimento para criar canais para sua transferência sendo que estes conhecimentos devem ser monitorados e reforçados sistematicamente. O conceito do conhecimento aplicado ao trabalho não é um tema atual, pois as expressões base do conhecimento e engenharia do conhecimento eram utilizadas antes mesmo do termo gestão do conhecimento tornar-se popular (SAVI et. al., 2010). Neste enfoque, para adotar práticas de gestão do conhecimento, conta-se com o apoio do nível gerencial, permitindo que se crie uma equipe de pessoal despojada para explorar e destacar suas capacidades individuais, principalmente sua capacidade de inovação, afetando suas relações interpessoais nos grupos e dispostos a compartilhar o conhecimento tornando-o coletivo (PIETROVSKI, 2002). A produção e a distribuição do conhecimento e da informação ocupam o centro das atividades da organização no lugar da produção de bens materiais, ao contrário do que se verificava nas décadas passadas (DRUCKER, 1993) e Nonaka (1994) adota a definição para o conhecimento como uma “crença justificadamente verdadeira”. Nas ultimas décadas o conhecimento passou a ser fator relevante em todas as organizações e as instituições de ensino superior (IES) devem acompanhar os processos de mudanças e se adaptar às transformações sociais e organizacionais. A gestão do conhecimento apresenta-se como a tarefa de identificar, desenvolver, disseminar e atualizar os conhecimentos relevantes, por meio de processos internos e externos, das organizações. Por meio da gestão do conhecimento é que os resultados eficientes e eficazes serão alcançados, pois se leva em conta que o conhecimento é o principal ativo estratégico de posse da organização e que não está fora do seu ambiente interno (FLEURY; OLIVEIRA JUNIOR, 2001). Para Nonaka (1997), na economia onde a ‘única certeza é a incerteza’, o conhecimento é a fonte garantidora de ‘vantagem competitiva duradoura’. As organizações devem completar uma ‘espiral do conhecimento’ a qual representa uma ampliação do conhecimento, atingindo outras áreas da organização, partindo de ‘tácito a tácito’, de ‘explícito a explicito’, de ‘tácito a explicito’ e de ‘explicito a tácito’. Neste novo desenho organizacional o conhecimento é dividido em duas categorias: conhecimentos tácitos e conhecimentos explícitos. Os conhecimentos explícitos podem ser verbalizados e representam a parte objetiva estruturada, que pode ser armazenada e compartilhada em documentos (normas, direitos autorais, concessões de patentes, registros de marcas e desenhos industriais e outros). Em se tratando de conhecimento tácito definem-se os conhecimentos próprios das pessoas, as habilidades inerentes a cada um e, portanto, não podem ser transferidas para outras pessoas. O grande desafio na gestão do conhecimento é converter o conhecimento pessoas em conhecimento organizacional (NONAKA; TAKEUCHI, 1997) ou, pelo menos, encontrar mecanismos que permitam ampliar o seu compartilhamento no contexto organizacional, incluindo os seus principais grupos de relação (stakeholders). O capital intelectual representa a soma do capital humano adicionado do capital estrutural. Como capital humano apresenta-se: o conhecimento, a experiência, a inovação, habilidade nas tarefas, os valores, a cultura e a filosofia de organização. Como capital estrutural tem-se: os equipamentos, os softwares, as concessões de patentes, os registros das marcas e também se considera o relacionamento com o cliente e sua correspondente fidelidade (EDVINSSON; MALONE, 1998). Neste propósito, as IES têm o compromisso de, além de desempenhar o seu papel com foco no ensino, procurar apoiar-se na pesquisa e extensão e, assim, serem consideradas partes integrantes dos processos que contribuem para o desenvolvimento tecnológico, econômico e social. Eram vistas como produtoras do conhecimento e com o passar do tempo estão sendo impulsionadas para colaborar mais efetivamente tanto das relações empresariais quanto contribuindo com a sociedade (FLEURY; OLIVEIRA JUNIOR, 2001). A participação das universidades como agente de desenvolvimento pode ser por meio dos produtos e serviços tecnológicos que visem a transferência de tecnologia. A gestão do conhecimento alcança níveis de sucesso em sua aplicação organizacional quando se aplicam os fatores, apontados por Davenport e Prusak (1999):
Ao se referir ao conhecimento como ativo estratégico requer que as organizações busquem alianças estratégicas, por meio de parcerias com outras empresas e/ou universidades, para viabilizar a transferência de conhecimentos e suprir seus próprios gaps de conhecimento, trocando, assimilando e estabelecendo programas de gestão de conhecimentos relevantes (FLEURY; OLIVEIRA JUNIOR, 2001). Segundo a convenção World Intellectual Property Organization – WIPO (2001) a propriedade intelectual é o conjunto de direitos sobre bens imateriais, resultado do intelecto humano que geram valor econômico. Outro conceito importante identifica que a “Propriedade Intelectual é instrumento essencial na proteção do conhecimento e para a sua transformação em benefícios sociais” (INOVA, 2012). A propriedade intelectual nas organizações é considerada como um ativo importante, traduzida pelo aumento da competitividade, ao agregar valor à sua capacidade inovativa e também por outros fatores que se destacam como um agente: gerador de riquezas; impulsionador de criação de novos produtos e processos; colaborador no aumento da produtividade; favorecedor do comércio internacional e outros fatores intrínsecos ou extrínsecos organizacionais (JUNGMANN; BONETT, 2010). Considerando que o conhecimento avança velozmente provocando o desenvolvimento tecnológico crescente destaca-se a importância da propriedade intelectual para as organizações e para os indivíduos empreendedores, inventores, criadores. Desta forma, têm garantido que o seu trabalho seja disponibilizado globalmente sem a preocupação da falta de identificação nas suas criações e inovações. Outro aspecto relevante é a garantia de retorno financeiro por ocasião da transferência ou comercialização de sua criação. Considerando as diversas formas de proteção de bens imateriais disponíveis, apoiados no âmbito legal cujas leis regulam especificamente cada assunto, têm-se as seguintes categorias de Propriedade Intelectual (JUNGMANN; BONETT, 2010):
Ao se tratar de propriedade industrial, referente a atividade empresarial, as patentes e os registros estão vinculados à manutenção do segredo industrial e repressão à concorrência desleal (INPI, 2012). 3. Procedimentos metodológicosPara responder a questão problema levantada na busca de identificar quais os fatores eu influenciaram o desempenho da propriedade intelectual numa instituição de ensino superior multicâmpus, foi realizada a investigação empírica do caso da UTFPR, pautada pelos princípios da gestão do conhecimento e na proteção e transferência de seus ativos por meio dos mecanismos da propriedade intelectual. O método aplicado foi a pesquisa explanatória, utilizando o estudo de caso, numa visão longitudinal no período de 2002 a 2011, por meio de documentos (relatórios de gestão, relatórios e apresentações da Agência de Inovação), com aplicação de entrevistas semi-estruturadas aplicados aos gestores os quais atuam diretamente com o conhecimento produzido na UTFPR. Segundo Yin (2001) o estudo de caso permite que o pesquisador faça um levantamento dos eventos causais ao longo do tempo, sendo que a sequencia básica entre causa e efeito não pode ser invertida temporariamente e que o objetivo consiste em comparar essa ordem cronológica dos fatos com o que se previu em uma teoria explanatória. Portanto, a análise longitudinal abordando e apresentando a experiência da gestão da propriedade intelectual na UTFPR permitiu identificar as evidências obtidas, tendo como base teórica as proposições de Davenport e Prusak (1999) as quais apontaram as diretrizes por meio da consolidação dos resultados na coleta e análise dos dados obtidos. 4. A gestão da propriedade intelectual na UTFPRA UTFPR traz em seu histórico e trajetória uma herança na educação profissional, como: Escola de Aprendizes e Artífices (1909); Liceu de Ofício (anos 30); Escola Técnica (anos 40); Escola Técnica Federal (anos 50); Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná - Cefet-PR (anos 80) e transformada em Universidade Tecnológica Federal (2005). Com ampla abrangência geográfica no estado do Paraná – Brasil atua em doze câmpus distribuídos nas cidades de Apucarana, Campo Mourão, Cornélio Procópio, Curitiba, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Guarapuava, Londrina, Medianeira, Pato Branco, Ponta Grossa e Toledo. Atualmente, a UTFPR oferece cursos superiores de tecnologia, bacharelados e licenciaturas e também atende à necessidade de pessoas que desejam qualificação profissional de nível médio, por meio da oferta de cursos técnicos em diversas áreas do mercado. Por meio do incentivo à pesquisa estabelece uma política institucional para estimular a produção acadêmica e promover a criação de núcleos de competência para pesquisa e desenvolvimento. A consolidação do ensino incentiva o crescimento da pós-graduação, com a oferta de cursos de especialização, mestrados e doutorados, além de grupos de pesquisa. Na área de extensão atua fortemente com o segmento empresarial e comunitário, por meio do desenvolvimento de pesquisa aplicada, da cultura empreendedora, entre outras atividades. Como estratégia de gestão organizacional, visando proporcionar a educação de excelência e articulando o tripé ensino, pesquisa e extensão promovendo o desenvolvimento social e tecnológico sustentável da comunidade, amparados pela proteção intelectual no âmbito da UTFPR, em 2007 foi implantada a Agência de Inovação – AGINT, vinculada a Pró-Reitoria de Relações Empresariais e Comunitárias. Fazendo parte do processo de implantação, como mais um mecanismo institucional, foram criados os Núcleos de Inovação Tecnológica - NIT, atuando nos doze câmpus da UTFPR, vinculados às Diretorias de Relações Empresariais e Comunitárias. A atuação descentralizada dos NIT tem como propósito identificar oportunidades no ambiente universitário e incentivar o empreendedorismo e inovação, como nicho de mercado, por meio da pesquisa amparada pela proteção intelectual. O NIT compreende os mecanismos: Departamento de Apoios e Projetos Tecnológicos; por meio das Divisões: Projetos Tecnológicos; Apoios e Consultorias; Propriedade Intelectual e Empreendedorismo e Inovação, a qual compreende: o Programa de Empreendedorismo e Inovação - PROEM com o Hotel Tecnológico, a Incubadora de Inovações e a Empresa Júnior, conforme pode ser visualizado na Figura 01. Figura 01 – Estrutura dos Núcleos de Inovação nos Câmpus da UTFPR Fonte: AGINT, 2012. O PROEM oferece aos pesquisadores, alunos e empreendedores, por meio de uma equipe, consultoria e orientação na área de propriedade intelectual visando a proteção do que é gerado nos laboratórios, nos projetos incubados nos Hotéis Tecnológicos, nas empresas incubadas na Incubadora de Inovações e nas Empresas Juniores da UTFPR a gestão do portfólio de patentes da universidade e mecanismos para a comercialização e a transferência das tecnologias produzidas. Na tarefa de disseminar a cultura de patenteamento (ou seja, de proteção do capital intelectual), a AGINT estabelece mecanismos de divulgação das potencialidades de licenciamento, desenvolve projetos estratégicos, incentiva a criação de redes de competências internas e externas, regulamenta os aspectos legais relacionados com a propriedade intelectual, responsabiliza-se pela a gestão dos direitos de propriedade industrial da instituição e monitora os projetos de base tecnológica, avaliando se os projetos e/ou os produtos estão atualizados em relação às novas tecnologias. Neste aspecto, o planejamento, análise e automatização trazem como resultado maior confiabilidade, padronização e produtividade. Os resultados em propriedade intelectual podem ser observados na Figura 02, destacando o número de ativos protegidos de acordo com o tipo de proteção por ano. Além dos pedidos de proteção e registros já requeridos junto ao INPI também são registradas as orientações, a alunos, professores, e pesquisadores externos, disseminando assim a cultura da propriedade intelectual. Figura 02 – Resultados por tipos de Proteção Intelectual na UTFPR. Fonte: Relatório da Agência de Inovação, 2011. Como se apresenta na tabela 01, a UTFPR possui no período de 2008 a 2011 cerca de 12 pedidos de patentes que estão sendo avaliados junto ao INPI para concessão de patente. Em 2011, houve uma redução no número de patentes solicitadas (3 em 2011 contra 12 em 2010) e foram cadastrados 15 potenciais solicitações, com firme intenção de proteção do conhecimento (em relação 2010 quando foram registradas 28 intenções). Aponta-se como justificativa a redução do número em 2011 devido ao processo de geração e maturação do conhecimento, cujo tempo é significativo, excedendo muitas vezes a expectativa sinalizada pelos pesquisadores. Tabela 01 – Resultados de Proteção Intelectual na UTFPR
Fonte: Relatório AGINT - UTFPR, 2011. Outro aspecto para o resultado de 2011 que caem para 4 patentes depositadas foi apontado como a falta estrutura operacional e de pessoas, pois a AGINT trabalhava contando com a participação de bolsistas financiados por projetos e para suprir a falta de pessoal decidiu capacitar servidores no ano 2010-2011 visando disseminar a cultura de propriedade intelectual. Fato este que aumentou substancialmente a solicitação de palestras, participação em semanas dos cursos de graduação, semana pedagógica com professores pesquisadores para tratar de temas correlatos a propriedade intelectual da UTFPR. Ainda, nos últimos sete anos (2005-2011) a UTFPR protocolou 14 pedidos de patente dentro dos 30 pedidos de Propriedade Intelectual. No ano 2012 já foi realizado 3 depósitos de patentes de invenção sendo uma internacional por meio do Tratado de Cooperação de Patentes (PCT). Por fim, a AGINT tem um caráter de “zeladora” de potenciais desdobramentos negativos das inovações, inibindo atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico ou produção de materiais, equipamentos, insumos e/ou processos que possam ser perniciosos às instalações e ao meio ambiente; que possam representar atos ilícitos; e que possam colocar a idoneidade de instituição e dos seus grupos de relação em risco. No que se refere ao apoio jurídico conta com uma Pró-Reitoria para análise e parecer quanto aos aspectos legais relativos ao seu funcionamento, à questão de propriedade intelectual e quanto para a elaboração de contratos de transferência de tecnologia produzidas. Outra estratégia de gestão, com o objetivo de analisar o interesse institucional, na proteção de direitos relativos à propriedade intelectual foi a implantação do Comitê Avaliador para a Propriedade Intelectual (COAPI). Portanto, pelos resultados apresentados, a AGINT tem conseguido avançar na sua missão de promover a articulação de parcerias da UTFPR com empresas, órgãos governamentais e demais organizações da sociedade, com foco na inovação e empreendedorismo, criando oportunidades de transferência de tecnologia das atividades de pesquisa, ensino e extensão contribuindo com o desenvolvimento social e tecnológico amparados pela proteção intelectual. 5. Resultados e discussãoA UTFPR, instituição multicâmpus, apresentou nos resultados da pesquisa aplicada em 2002, os aspectos considerados relevantes para a análise da importância da propriedade intelectual como ferramenta da gestão estratégica do conhecimento. As dificuldades apontadas foram a respeito de fatores culturais, operacionais e estratégicos (PIETROVSKI, 2002):
Confrontando-se os resultados por meio da análise longitudinal a partir de 2002 a 2011, apresentam-se as prováveis contribuições mais significativas:
Destaca-se, também com relação à melhoria de desempenho de proteção intelectual como ferramenta de gestão do conhecimento não somente o número de propriedade intelectual gerada, como o aumento da disseminação do conhecimento organizacional por meio de palestras; eventos de disseminação da cultura de propriedade intelectual, empreendedorismo e inovação; aumento de consultorias e apoios tecnológicos por meio de Termos de Cooperação e Convênios, entre instituições e empresas, com cláusulas de propriedade intelectual sendo incluídas e analisadas. Estas ações conduzem a um cenário positivo e uma visão a longo prazo promissora para a instituição. 6. ConclusãoO problema levantado na presente pesquisa foi definido pela indagação sobre quais foram fatores que influenciaram o desempenho da propriedade intelectual em uma universidade multicâmpus, sendo que o objetivo geral do trabalho foi estruturado em torno desse tema. A análise crítica, por meio da perspectiva longitudinal, no período de 2002 a 2011, permitiu levantar os fatores impactantes e contributivos, tendo por referencia o estudo de Davenport e Prusak (1999), os quais respondem a questão proposta pelo trabalho proposto, que levam à melhoria do desempenho da gestão da propriedade intelectual, como ferramenta da gestão estratégica do conhecimento, na UTFPR:
Portanto, objetivando a criação de um ambiente que favoreça o auxílio a pesquisadores e autores nas questões da propriedade intelectual, empreendedorismo e inovação destaca-se, na UTFPR, a importância da criação dos núcleos de competências conectados com as necessidades de mercado e potencializados para prestação de serviços, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, de forma sustentável. Nesse sentido busca-se orientar os pesquisadores no desenvolvimento de ambos os processos e conduzi-los quando se trata de propriedade intelectual da UTFPR à AGINT para deliberar sobre quais processos e produtos gerados pela atividade de pesquisa do referido câmpus, isoladamente ou em parceria, serão objeto de pedido de proteção e, também, identificar oportunidades no ambiente universitário, como nicho de mercado, para incentivar a inovação por meio da pesquisa amparada pela propriedade intelectual. A pesquisa e o desenvolvimento, quando potencializados para atender as necessidades de mercado, tornam-se um valioso instrumento para a formação de parcerias e na busca de recursos, visando à sustentabilidade do projeto e ao reconhecimento pelos resultados. Para garantir os direitos do conhecimento e da tecnologia desenvolvida, devem ser providenciadas ações de prevenção desde a fase inicial do projeto, momento que em que a Agência de Inovação pode intervir como facilitadora. Diante disso a UTFPR vem contribuindo ativamente com a capacitação de alunos, professores, servidores técnico-administrativos, consultores e, principalmente, empresários nas questões relacionadas com o aumento da capacidade de inovação das empresas, principalmente as de micro, pequeno e médio porte. Os NIT descentralizados nos câmpus da UTFPR foram criados para fortalecer essa cultura, protegendo a propriedade intelectual e estimulando o desenvolvimento tecnológico e a sustentabilidade dos empreendimentos inovadores. Neste aspecto, visando maiores resultados em inovação e empreendedorismo, gestão e transferência do conhecimento, com amparo na propriedade intelectual, o estudo identificou entre outros aspectos, a necessidade de se consolidar a promoção da cultura de proteção intelectual, por meio da atuação dos NIT descentralizados em seus doze câmpus com o apoio da AGINT. As experiências da gestão da propriedade intelectual na UTFPR, uma instituição de ensino superior com doze câmpus, destacam o papel da universidade como participante do desenvolvimento regional integrado no Estado do Paraná - Brasil. ReferênciasDAVENPORT, T. H; PRUSAK, L. (1999). Conhecimento empresarial. Rio de Janeiro: Campus. DRUCKER, P. F. (1993). “Post-capitalist society”. New York: Harper Collins Publishers. EDVINSSON, L; MALONE, M. S. (1998). Capital intelectual. São Paulo: Makron Books. FLEURY, M. T. L; OLIVERIA JÚNIOR, M. M. (2001). Gestão estratégica do conhecimento: integrando aprendizagem, conhecimento e competências. São Paulo, Atlas. INOVA. (2012). Propriedade intelectual. Acesso em 06. mar.2012. Disponível em: http://www.inova.unicamp.br. INPI. (2012). Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Acesso 10. abr. 2012. Disponível em: http://www.inpi.gov.br.. JUNGMANN, D. M; BONETT, E. A. (2010). “A caminho da inovação: proteção e negócios como bens de propriedade intelectual”. Guia para o empresário. Brasileira: IEL. Acesso em 16 abr. 2012. Disponível em http://www.propintelectual.com.br. LOUGHBRIDGE, M. E. D. (1996). “Intellectual capital and knowledge management”. IFLA Journal, v. 22, n. 4. NONAKA, I. (1994). “A dynamic theory of organizational knowledge creation”.Organization Science, v. 5, n. 1. NONAKA, I. (1997). A empresa criadora do conhecimento. São Paulo: Futura. NONAKA, I; TAKEUCHI, H. (1997). Criação do conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica de inovação. Rio de janeiro: Campus. PIETROVSKI, E. F. (2012). A gestão do conhecimento e a cooperação universidade empresa. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção, área Gestão de Negócios) – UFSC, Florianópolis - SC. SAVI, A. F; GONÇALVES FILHO, E. V; SAVI, E. M. S. (2010). “Armazenamento de conhecimento explícito referente ao DFA (Design for Assembly) utilizando regras baseadas em casos”. Produção, v. 20, n. 1. São Paulo, jan/mar. STEWART, T. A. (1998). Capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus. UTFPR. (2012). Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Acesso em 10. Abr. 2012. Disponível em; http://www.utfpr.edu.br/estrutura-universitaria/pro-reitorias/prorec/agencia-de-inovacao. WAH, L. (2000). “Muito além do modismo”. HSM Management, ano 4, n. 22, p. 52-64, set/out. WIPO. (2001). Handbook on industrial property information and documentation. Acesso em: 09. mai. 2012. Disponível em: http://www.wipo.int/standards. YIN, R. K. (2001). Estudo de caso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman. |
1 UTFPR, Brasil Email: eliane@utfpr.edu.br |