Espacios. Vol. 34 (1) 2013. Pág. 10 |
Identificação das inovações nos hospitais que integram o Sistema de Saúde de Caxias do Sul – RSIdentification of innovations in hospitals that are part of the Health System of Caxias do Sul - RSSimone Weiand; Cristine Hermann Nodari 1; Pelayo Munhoz Olea; Eric Dorion; Paula Patricia Ganzer; Eliana Severo 2 Recibido: 20-04-2012 - Aprobado: 01-09-2013 |
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RESUMO: |
ABSTRACT: |
1. IntroduçãoA Constituição Federal do Brasil, promulgada em 1988, em seu artigo 196 garante o direito universal de acesso a saúde. Para alcançar este objetivo, são necessárias políticas sociais e econômicas que vislumbrem o bem estar, ao bem social e à redução do risco de doenças e de outros agravos, garantindo acesso às ações e serviços de saúde de maneira universal e social. Em 1990 foi implantado em todo o país o Sistema Único de Saúde (SUS), a partir desta data foram criados os órgãos necessários ao funcionamento deste novo sistema, desenvolvendo-se em busca da efetividade das ações em saúde através da municipalização. A municipalização representa a articulação, união e organização dos Municípios brasileiros, em particular dos serviços municipais de saúde, através de seus dirigentes e técnicos, em prol da defesa de um conjunto de temas e objetivos relacionados à descentralização de recursos, de poder e ações no setor da saúde (MULLER NETO, 1991). Está fundamentada em conceitos como o de Sistemas Locais de Saúde (SLS), no qual se busca estabelecer a universalização da cobertura e do acesso da atenção às populações de maneira regionalizada, objetivando a melhoria de seus níveis e condições de saúde, com o máximo de eficácia técnico-operacional, política, econômica e social. O propósito último da criação e desenvolvimento dos Sistemas Locais de Saúde não é apenas um passo a mais no processo de descentralização político-administrativo do Sistema de Saúde, mas sim uma maneira de redirecionar e modificar a forma de organização e o conteúdo das ações e serviços de saúde, de forma a se responder às demandas da população, atendendo às necessidades de saúde e, contribuindo para a solução dos problemas de saúde da população que vive e trabalha em um determinado espaço territorial e social (MENDES, 1993). O Sistema Local de Saúde (SLS) de Caxias do Sul atende à 48 Municípios de abrangência da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde, sendo responsável pela formulação e implantação de políticas, programas e projetos que objetivam a promoção de uma saúde de qualidade à população usuária do SUS. Para cumprir com o seu objetivo, oferece a assistência hospitalar através de sete hospitais atendentes pelo SUS, Sistema de Saúde Suplementar e Desembolso Direto. Os serviços de saúde estão em constante evolução para melhorar o atendimento das necessidades da população. Segundo Pereira et al. (2004), desde a I Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia em Saúde em 1994, a estrutura administrativa do governo e as políticas públicas têm sido influenciadas por temas de saúde, direcionadores da inovação e da competitividade no Brasil. O caráter multidisciplinar característico da inovação culmina em multiplicidade de conceituações formuladas. A inovação apresenta-se usualmente na literatura sob a forma de conceitos vagos. Além disso, há conceitos que frequentemente são sobrepostos ou confundidos com o termo inovação, desta forma, faz-se necessário distinguir invenção de inovação (CARAYANNIS, GONZALEZ, 2003). Conforme dados da World Health Organization (2000), os serviços de saúde no mundo conceberam um gasto global de 3 trilhões de dólares, que representou 8% do PIB mundial. Em pesquisa mais recente, a mesma fonte revela que os gastos com saúde no Brasil representam 7,6% do PIB (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2006). Para atender à Constituição promulgada em 1988, a qual determina que a saúde é direito de todos e dever do Estado, foi criado o SUS, na qual buscou na descentralização, a forma de gestão para alcançar seus objetivos, sendo que a Emenda Constitucional nº 29 de 2000 veio a definir os valores mínimos a serem aplicados em ações e serviços de saúde pelos governos Estaduais, Municipais e pela União (CONASS, 2006). Invenção é aquilo que gera algo novo, que surge de ideias, de criatividade (CARAYANNIS et. al. 2003), mas que nem sempre tem alguma aplicabilidade (DRUCKER, 1994); enquanto não transformada em inovação é economicamente irrelevante (SCHUMPETER, 1982). Inovação é uma palavra derivada do Latim innovare, que significa tornar “algo novo” (BESSANT, 2003, p. 761), “introduzir algo novo à existência e à ordem das coisas”, (CARAYANNIS et. al. 2003, p. 115). É a transformação de uma ideia em um produto comercializável, novo ou melhorado, ou em um processo produtivo, ou em um novo método de serviço social (OECD, 1981); pode ser considerada como um novo uso de possibilidades e componentes pré-existentes (SCHUMPETER, 1997), sendo utilizada para agregar valor, por meio de elevação de vendas, redução de custos e outras melhorias similares amplamente aceitas e utilizadas (TIDD et. al. 2005). O processo efetivo para as empresas é a inovação e não a invenção (SCHUMPETER, 1997). Partindo da relevância das questões relacionadas à saúde no contexto histórico e econômico no Brasil, em destaque na cidade de Caxias do Sul, e da importância da inovação para as organizações, a pesquisa traz primeiramente a base conceitual sobre inovação; identifica as inovações que ocorreram nos seis hospitais de Caxias do Sul que se dispuseram a participar do estudo, o setor da organização e como elas ocorreram e, ainda classifica-as quanto à extensão e grau de novidade. Por fim, apresenta a análise das inovações identificadas em cada um dos hospitais, apresentando as conclusões. O presente estudo teve por objetivo geral identificar as inovações em 85% dos hospitais participantes da pesquisa, os quais integram o Sistema de Saúde de Caxias do Sul – SSCX, no período de 2005 até a data de cada uma das entrevistas. A partir do objetivo geral, a pesquisa se estruturou nos seguintes objetivos específicos: 1) caracterizar os hospitais participantes da pesquisa; 2) identificar quais os tipos de inovações que ocorrem nestas organizações: a) inovação de produto (bens ou serviços); b)inovação de processo; c) inovação de marketing; d) inovação organizacional; 3) identificar os motivadores das inovações; 4) identificar como e onde ocorrem as inovações; e 5) verificar a extensão e o grau de novidade das inovações identificadas. 2. Referencial teórico2.1 sistema de saúde brasileiroNo Brasil, a Lei nº 8.080 de 1990 apenas menciona no seu artigo 2º, parágrafo 1º, que é dever do Estado estabelecer acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde (BRASIL, 1990). Para cumprir sua missão, o Sistema Único de Saúde (SUS) apropria-se de princípios organizadores, tais como descentralização, regionalização, hierarquização e a participação da sociedade organizada através das instâncias de controle social. A partir desta liberação, o sistema de saúde de Caxias do Sul têm como responsabilidade, através da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), praticar a gestão plena do Sistema Único de Saúde (SUS) no Município, bem como nos 48 Municípios de abrangência da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde. A SMS é responsável pela formulação e implantação de políticas, programas e projetos que tendam à promoção de uma saúde de qualidade à população usuária do SUS. A "porta de entrada" para o Sistema Único de Saúde (SUS) são as Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) existentes no Município, sendo que devem ser as primeiras referências da população para buscar cuidados aos seus problemas e atenção às suas necessidades básicas de saúde. O Município de Caxias do Sul possui uma rede de 39 UBS’s, onde a população caxiense pode ter acesso a consultas nas áreas de clínica, pediatria, ginecologia, obstetrícia, enfermagem e nutrição, além de medicamentos, que compõem uma lista de aproximadamente 118 itens, selecionados de acordo com o perfil epidemiológico da população e segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Nas UBS’s ocorre o agendamento do Transporte de Apoio (SAMU 192 Caxias) no qual é destinado a transportar pacientes crônicos ou dependentes de oxigênio, ou restritos ao leito, do seu domicílio aos serviços de hemodiálise, radioterapia, quimioterapia, fisioterapia, assim como para cirurgia ou consultas médicas no Município e fora dele. A assistência hospitalar ofertada aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) de Caxias do Sul é feita pelo Hospital Pompéia, Hospital Geral, Hospital Saúde e Clínica Paulo Guedes. Também integram o Sistema de Saúde de Caxias do Sul (SSCX), por meio do Sistema de Saúde Suplementar e Desembolso Direto, o Hospital do Círculo, Hospital Fátima e Hospital Unimed, totalizando sete hospitais, sendo seis denominados de Hospitais Gerais e a Clínica Paulo Guedes, denominada de Hospital Especializado. 2.2 InovaçãoPara Schumpeter (1934) a inovação se apresenta em cinco situações diferentes. Com a introdução no mercado de um novo bem de produção ou de consumo, de um novo método de produção, da criação de um novo mercado (no país ou em outro), da utilização de uma nova fonte de fornecimento de matéria-prima ou de produtos semi-acabados e, também servir-se de novas estruturas de mercado (novos insumos de produção, novos canais de distribuição ou novos monopólios) (OLEA, 2008). O elemento corriqueiro, sobre inovação, que pode-se extrair da literatura é que se os novos produtos ou serviços não são aceitos pelo mercado, a inovação não existe , portanto, é a introdução com êxito de um produto ou serviço em um mercado, que define a existência da inovação. 2.2.1 Tipos de inovaçãoA inovação é vista como um processo de mudança, na qual produtos ou processos novos ou significativamente melhorados substituem os até então existentes. Classificam-se em quatro categorias, descritas a seguir: 1) inovação de produtos (bem ou serviços): são mudanças de um produto ou serviço oferecido pela organização; 2) inovação de processos: são as mudanças no modo através dos quais os produtos ou serviços são criados e distribuídos; 3) inovação de gestão: mudanças nos modelos mentais subjacentes que moldam o que a organização faz; e 4) inovação de mercado: mudanças no contexto que os produtos ou serviços são introduzidos no mercado (TIDD et. al. 2005; BESSANT, PAVITT, 2007). Estas categorias também são validadas no Manual de Oslo (2005), classificando as inovações em quatro tipos: produto, processo, marketing e organizacional. 2.2.2 Grau de novidade da inovaçãoAs inovações necessitam contar algum grau de novidade. De acordo com o Manual de Oslo (2005), existem três conceitos para a novidade das inovações: nova para a empresa, nova para o mercado e nova para o mundo. Para se considerar uma inovação, o requisito mínimo é que a mudança introduzida seja nova para a empresa. Um método de produção, processamento e marketing ou um método organizacional sendo novo para a empresa, mesmo que já tenha sito implementado por outras, trata-se de uma inovação para a mesma. Considera-se como inovação para o mercado quando a empresa é a primeira a introduzir a inovação em seu mercado, sendo este definido como a empresa e seus concorrentes e podendo incluir uma região geográfica ou uma linha de produtos. Quando a empresa é a primeira a introduzir a inovação em todos os mercados, nos níveis nacional e internacional, então esta inovação é considerada nova para o mundo. Portanto, uma inovação nova para o mundo exige um grau de novidade qualitativamente maior do que a inovação nova somente para o mercado. 3. MetodologiaIniciando da hipótese empírica de que os hospitais que integram o Sistema de Saúde de Caxias do Sul (SSCX) inovaram, foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa de estudo de casos múltiplos (multicaso e intracaso), de caráter exploratório, a fim de estudar o ambiente organizacional ainda não descoberto. Nesta pesquisa foi utilizado o estudo de múltiplos casos, em que vários são conduzidos simultaneamente. Para alcançar os objetivos gerais e específicos da pesquisa foram coletados dados primários e secundários, os dados primários decorrem das entrevistas individuais em profundidade realizadas com os gestores dos seis hospitais participantes. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, considerando o perfil dos entrevistados e sua disponibilidade de tempo, buscando não extrapolar uma hora de entrevista, tempo este sugerido por Wolcott (1994) como ideal no aproveitamento e consistência dos dados verbalizados. Os entrevistados foram escolhidos dentre os gestores de cada um dos seis hospitais que integram o SSCX, de maneira que pudessem fornecer informações úteis para atender aos objetivos da pesquisa. O período pesquisado ficou entre o ano de 2005 até a data da realização de cada uma das entrevistas, de acordo com o que determina o Manual de Oslo (2005). Ressalta-se que o instrumento de pesquisa conforme o Quadro 1 foi elaborado de forma semiestruturada com perguntas abertas, tendo sido pré-validado por especialistas da área. Os secundários são originários da revisão bibliografia, bancos de dados oficiais e outras informações constantes em periódicos, artigos, teses e estudos sobre o tema pesquisado e sobre o Sistema de Saúde, obtendo uma base conceitual para consolidar o referencial teórico utilizado (KÖCHE, 2004). O roteiro para entrevista com os gestores dos hospitais foi demonstrado no quadro 1. Quadro 1 – Instrumento de pesquisa, elaborado de forma semiestruturada com perguntas abertas
Fonte: Elaboração própria. 3.1. Objeto do estudo e execução do instrumento de pesquisaConforme as informações extraídas do CNES (2008), dos seis hospitais participantes da pesquisa, cinco deles são considerados hospitais gerais e um hospital especializado, sendo que três deles são instituições privadas, dois são entidades beneficentes sem fins lucrativos e um é uma fundação privada. Três hospitais possuem atividade de ensino e pesquisa. A Tabela 1 demonstra de forma detalhada o número de profissionais no período de 2005 a 2007, não sendo possível apurar os números relativos aos anos de 2005 e 2006 por não terem sido disponibilizadas (ND) as informações destes períodos pelos hospitais Saúde e Clínica Paulo Guedes. Tabela 1 – Número total de profissionais nos hospitais estudados no período de 2005 a 2007
Fonte: Elaboração própria, com base em dados da pesquisa e disponibilizados no Datasus. O Hospital Pompéia foi o que realizou o maior número de atendimentos nos três anos estudados. A Tabela 2 demonstra de forma detalhada o número de atendimentos no período de 2005 a 2007 em cada um dos hospitais pesquisados. Tabela 2 – Número total de atendimentos nos hospitais estudados no período de 2005 a 2007
Fonte: Elaboração própria, com base em dados da pesquisa. Os seis hospitais participantes da pesquisa possuíam 1.203 leitos em 2007. A Tabela 3 discrimina o número de leitos no período de 2005 a 2007, em cada um dos pesquisados. Tabela 3 – Número total de leitos nos hospitais estudados no período de 2005 a 2007
Fonte: Elaboração própria, com base em dados da pesquisa e disponibilizados no Datasus. Cabe salientar que a composição do faturamento dos hospitais participantes da pesquisa corresponde a 50% através do Sistema Único de Saúde, 83% através do Sistema de Saúde Suplementar e 66% do Sistema de Desembolso Direto. Para preservar a identidade dos participantes da pesquisa e a confidencialidade das informações específicas de cada Hospital, como foi informado no momento da entrevista, a identificação utilizada para elas e consequentemente para o Hospital, será H1, H2... H6, de acordo com o número de inovações por eles elencadas. Os seis entrevistados possuem curso de graduação, sendo que cinco têm pós-graduação em nível de especialização e dois deles, curso de mestrado. O tempo que os entrevistados exercem o cargo varia de 1 a 21 anos, sendo que um deles ocupa o cargo há um ano e os demais, há mais de cinco anos. O cargo dos entrevistados está demonstrado no Quadro 2. Quadro 2 – Cargo ocupado pelos entrevistados
Fonte: Elaboração própria, com base em dados da pesquisa. As entrevistas foram realizadas no período de setembro de 2008 a janeiro de 2009, de acordo com a disponibilidade dos entrevistados, sendo gravadas em meio magnético. Posteriormente à realização das entrevistas, as mesmas foram transcritas registrando-se cada uma das informações, observando a precisão exigida pelo processo de condição de entrevistas individuais. 4. Análise e interpretação dos dadosAtravés da análise das entrevistas de cada um dos hospitais participantes da pesquisa, buscou-se identificar quais os tipos de inovações ocorreram, como elas ocorreram, quais os motivos que levaram os hospitais de Caxias do Sul a inovarem, em quais setores ocorreram as inovações, a extensão da mudança (incrementais ou radicais) e o grau de novidade (novas para a organização ou para o mercado). Foram trinta e cinco as inovações identificadas nos hospitais participantes da pesquisa, sendo dez de produto, dez de processo, quatro de marketing e onze organizacionais. As duas inovações de processo identificadas pelo entrevistado H5, conforme o referencial teórico analisado refere-se a inovações organizacionais.A Tabela 4 demonstra de forma sintetizada estas informações, já observando a classificação acima exposta. Tabela 4 – Resumo das inovações identificadas nos hospitais participantes da pesquisa
Fonte: Elaboração própria, com base em dados da pesquisa. O Quadro 3 elenca todas as inovações identificadas nos hospitais pesquisados. Quadro 3 – Inovações identificadas nos hospitais pesquisados
Fonte: Elaboração própria, com base em dados da pesquisa. De forma geral, os principais motivos pelos quais os hospitais que participaram da pesquisa buscam inovar é a gestão, representado 40% dos motivadores e a demanda com 20% dos motivadores, ou seja, estes dois motivos representam 60% dos motivadores identificados pelos entrevistados. A Tabela 5 demonstra estes dados. Tabela 5– Motivadores das inovações
Fonte: Elaboração própria, com base em dados da pesquisa. Observou-se que quinze das trinta e cinco inovações identificadas foram implementadas em todos os setores dos hospitais participantes da pesquisa, o que representa 43% das inovações. A Tabela 6 demonstra os setores onde foram implementadas as inovações nos hospitais pesquisados. Tabela 6 – Setores onde foram implementadas as inovações nos hospitais pesquisados
Fonte: Elaboração própria, com base em dados da pesquisa. Nas respostas da questão número três do instrumento de pesquisa, como os hospitais inovam, percebe-se que as formas são bastante diversas, sendo que a principais recorrências encontradas referem-se a “Certificação” com quatro ocorrências e “Compra de Equipamentos” com três ocorrências. A Tabela 7 apresenta o resumo das inovações quanto à extensão e ao grau de novidade das inovações dos hospitais pesquisados. Tabela 7– Extensão e grau de novidade das inovações implementadas nos hospitais pesquisados
Fonte: Elaboração própria, com base em dados da pesquisa. 5 Considerações finaisO tema proposto para este trabalho não é alvo de muitas pesquisas no Brasil; da mesma forma que este fato é um grande limitador, percebe-se que, depois de concluída a pesquisa, surgirão oportunidades para a realização de outras, a fim de colaborar com o desenvolvimento do conhecimento científico e influenciar, principalmente, a promoção de políticas públicas em favor da saúde. Os Hospitais participantes da pesquisa demonstraram terem implementado inovações no período pesquisado, trinta e cinco foi o número de inovações identificadas, representando uma média de 5,8 inovações por Hospital. O H1 foi o que apresentou o maior número, com catorze inovações, enquanto o H6 implementou somente uma inovação no período. Foram identificadas dez inovações de produto, dez inovações de processo, quatro de marketing e onze organizacionais. Das sete inovações que tiveram recorrência, ou seja, que foram implementadas em mais de um Hospital, quatro são inovações organizacionais e uma é inovação de processo, demonstrando que os Hospitais pesquisados e estão preocupados em aprimorar as suas formas de gestão dos negócios. Seis das dez inovações de produto tiveram a demanda como principal motivador, demonstrando que os Hospitais pesquisados investem na inovação de produto quando há uma necessidade do mercado em que atuam; entretanto essas inovações nem sempre são novas para o mercado, o que demonstra um crescimento do mercado. Observando-se o grau de extensão, todas as inovações de produto foram consideradas radicais. Inovações de processos são motivadas pela humanização, agilidade e gestão, ressaltando que, para inovar em processos, os pesquisados buscam, principalmente, qualidade de atendimento e rapidez. A maioria destas inovações são consideradas incrementais e novas para a organização. Todas as inovações em marketing foram classificadas como inovações radicais e novas para o mercado, tendo como motivadores a sustentabilidade, a demanda e fortalecimento da Marca. As inovações em marketing foram as que tiverem o menor número de ocorrências no período pesquisado. As inovações organizacionais têm como motivador a busca da melhoria na gestão dos Hospitais, sendo que na grande maioria das vezes são consideradas como novas para a organização, demonstrando que os Hospitais pesquisados valem-se de metodologias de gestão, já difundidas no mercado, principalmente de programas de certificação como a ISO 9000, a Acreditação Hospitalar e o Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade. Enfatiza-se que o principal motivador para as inovações nos Hospitais pesquisados, foi a melhoria na gestão, abrangendo todos os setores dos Hospitais; foram catorze inovações concentradas em processos e organizacionais, evidenciando a preocupação de seus gestores com a padronização e controle das atividades. Verifica-se, que o objetivo geral, como os objetivos específicos estabelecidos para este estudo, foram atingidos, observando a limitação da pesquisa quanto à caracterização dos Hospitais participantes. Conclui-se que o desenvolvimento de pesquisas sobre Inovação no Sistema de Saúde do Brasil apresenta-se como uma oportunidade, buscando fomentar os gestores dos Hospitais e, principalmente, os gestores públicos na implantação de políticas públicas sobre a saúde. ReferênciasBESSANT, J. (2003); “Challenges in innovation management”. In: SHAVININA, L.V. (Org.), The international handbook on innovation. Oxford: Elsevier Science, parte X, c. 1. BRASIL. 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