Introdução
A busca incessante das empresas para que se possa atingir um grau de eficiência e qualidade no setor da construção civil, demonstra que já há algumas décadas, o Brasil tem aplicado métodos ligados à qualificação profissional no setor, sendo que teve inicio esse movimento de qualificação a partir da criação do Liceu de Artes e Oficios do Rio de Janeiro, em 1856, e a partir de 1940, começaram a surgir novas organizações para qualificação de profissionais para emprego na construção civil, como a ABNT, SENAI, e alguns programas de qualificação (REGINO, 2010).
E com o surgimento de novos estudos sobre qualidade dentro das indústrias do segmento, empresas passaram a adotar programas de qualidade a partir da década de 90, possibilitando com este programa proporcionar benefícios financeiros e estratégicos de maneira mais rápida.
A ISO9001-2008 mostra que o modelo de um sistema de gestão da qualidade, baseado em uma abordagem de processo, sugere que clientes desempenham um papel muito importante para definir os insumos necessários para delinear os requisitos que irão determinar o produto, assim como os resultados apresentados na satisfação do cliente, para determinar se a empresa atendeu aos requisitos do cliente. E também pode ser aplicada uma metodologia adicional, o PDCA (Plan-Do-Check-Act), que pode ser descrito resumidamente como:
- Plan (planejar): estabelece objetivos e processos necessários para gerar resultados de acordo com os requisitos do cliente e com as políticas da organização.
- Do (fazer): implementa os processos.
- Check (checar): monitora e medir processos e produtos em relação às políticas, aos objetivos e aos requisitos para o produto e relata os resultados.
- Act (agir): executa ações para promover melhoria contínua do processo.
Ranzani e Oliveira (2009) definem que um sistema de qualidade utilizando a ISSO9001-2008 é um conjunto de processos e recursos idealizados com o objetivo de mensurar processos produtivos e certificar determinada empresa, para que a mesma possa enriquecer a operação dos processos da organização, possa aumentar a produtividade, melhorar da auto-confiança da organização, melhorar a satisfação dos clientes, dentre outros fatores.
Assim como o programa ISO9001, existem outros programas que podem ser utilizados para melhorar a qualidade de serviços de empresas, como o Seis Sigma, e segundo Carvalho et al (2010), o programa Seis Sigma é uma tática apoiada na capacidade de cumprir metas, sendo uma iniciativa estratégica que pode ser considerada um veículo para as demais iniciativas estratégicas.
Este estudo visa revisar e organizar a partir da fundamentação teórica sobre qualidade de produção e programa Seis Sigma, para obter uma visão mais abrangente dos fatores que possam gerar sucesso do programa Seis Sigma dentro das organizações, sendo que os resultados e conclusão possam oferecer subsídios teóricos para os diversos agentes atuantes (pesquisadores, gestores, governo, fornecedores, clientes, empresas, dentre outros) que estão envolvidos direta ou indiretamente com o tema.
Referencial teórico
A busca incessante por qualidade na construção civil, não se deve apenas ser embasada na melhoria de qualidade de materiais utilizados no setor, como por exemplo, ferros, vidros, tipos de cimentos, revestimentos e sistemas automatizados, mas deve-se buscar uma mudança também em duas vertentes complementares às citadas acima, como a qualificação profissional e a sócio-educacional, sendo uma complementar a outra.
Segundo Regino (2010), atualmente o mercado busca profissionais que estejam sintonizados com as novas características nos processos produtivos alinhados a programas de qualidade, sendo imprescindível que estes profissionais alinhem a qualidade total do processo, somando neste processo qualidade da obra, qualidade profissional e qualidade sócioeducacional, sendo que este profissional deva possuir formação sócioeducacional e profissional, com suporte para este aprendizado, para colocá-lo em pratica dentro e fora da indústria, onde se entende que este trabalhador qualificado possa exercer sua atividade profissional com capacidade para resolver problemas dentro de suas capacidades de maneira eficaz, aumentando suas competências profissionais e conseqüentemente sua qualidade de vida.
No atual momento em que se encontra a construção civil no país, onde muito se questiona a qualificação da mão de obra empregada no ramo, percebe que é importante ressaltar a aplicação destes programas de qualidade, incentivando a criação e execução de novos métodos que contribuam com o atual quadro de nível de escolaridade dos atores atuantes no ramo da construção civil, buscando aumentar o nível de escolaridade, pois o setor é o que apresenta menor índice de escolaridade, conforme gráfico 01.
Grafico 01 – Grau de instrução dos profissionais da construção
Fonte: Adaptado de Regino (2010).
Ainda Regino (2010), a qualificação profissional é primordial para que o andamento das empresas esteja alinhado com o quadro atual de renovação dos conhecimentos que surgiram em outros setores, ou até mesmo dentro da construção civil, onde novas tecnologias e materiais empregados vêm sendo cada vez mais utilizados dentro de canteiros de obras, pois uma empresa que somente investe em estoques de produtos, e não investe em estoques de conhecimento, estará fadada a sofrer problemas futuros em sua organização, por isso deve ser importante alinhar teoria e pratica através de ferramentas e procedimentos padronizados.
Porém o que se constata atualmente, é que empresas construtoras estão deixando de promover qualificação junto à mão de obra, pois devidos a altos custos de encargos sociais e trabalhistas, estão sendo terceirizados serviços, transferindo estas responsabilidades aos subempreiteiros, e para que haja um equilíbrio na qualificação profissional e qualidade dentro da empresa, não deveriam estar alinhados os investimentos com tecnologia com os feitos com mão de obra?
Mas os investimentos com qualificação de mão de obra podem também estar ligados a resistência do próprio trabalhador do setor, pois em muitos casos, estes iniciam suas atividades na construção civil por vários motivos, sendo os mais comuns por estar acompanhando algum familiar que já esta no oficio, ou por não ter oportunidades de estudos, ou por ser mais fácil a colocação no mercado de trabalho devido a grande rotatividade, dentre outros, conforme pode ser visto no gráfico 02.
Grafico 02 – Razões para ingresso na construção civil.
Fonte: Adaptado de Regino (2010).
Acredita-se que com o alinhamento da produção conjunta entre qualificação da mão de obra e utilização de novas tecnologias, possam permitir que as empresas consigam melhores resultados nos processos produtivos, pois qualificar profissionais para a chegada dos novos produtos aos canteiros de obras, estes possam tomar decisões quando ocorrer situações onde sejam necessárias estas atitudes, estando os profissionais envolvidos na execução de determinada tarefa, capaz para tomar estas decisões.
Ao contrário do que acontece dentro dos canteiros de obras, os escritórios que desenvolvem os projetos arquitetônicos e complementares, para execução das edificações nestes canteiros, assim como o material de venda dos empreendimentos, tais como maquetes eletrônicas, animações, material publicitário dentre outras coisas, tem cada vez mais se especializando e buscando uma melhoria continua de todos os envolvidos na produção de um determinado produto, pois o mercado este cada vez mais competitivo e globalizado, pois a rapidez da troca de informações com as novas ferramentas de comunicação fazem essa troca de informações praticamente imediatas.
Com a globalização, cresce a concorrência entre as empresas, sobrevivendo somente as que forem mais eficientes. As empresas estão em constante evolução, desta maneira, os responsáveis por sua gestão precisam encontrar novas formas de administrar e melhorar seus resultados, sendo, para isso, necessário utilizar práticas eficientes na gestão do negócio.
O cenário político-econômico conduz as empresas a se ajustarem às novas regras de mercado buscando alternativas para a gestão de seus negócios, com foco na otimização dos processos produtivos, redução dos custos de produção e satisfação dos clientes. Neste contexto, a metodologia ISO9001-2008 para gestão de projetos tem sido utilizada estrategicamente por administradores que objetivam aumentar a eficiência e eficácia dos negócios nas organizações.
A ISO9001 é uma metodologia empregada em projetos de melhoria e pressupõe, freqüentemente, o uso de ferramentas especifica, conciliando estas ferramentas de gestão, agindo de forma direta na eliminação de problemas, sendo um processo de negócio que permite as organizações incrementar seus lucros por meio da otimização das operações, redução das variações dos processos, melhoria da qualidade e eliminação de defeitos, falhas e erros.
Este programa de gestão de qualidade de projetos e suas práticas consistem na aplicação de conhecimentos, perfis e técnicas das atividades de projeto, a fim de atender a requisitos de escopo, tempo e qualidade. E a gestão de projetos tem importância ante as mudanças e aos níveis de qualidade e competitividade, estando freqüentemente associado ao sucesso o cumprimento de prazos e dos custos orçados, estabelecendo o gerenciamento de projetos em uma atividade disciplinar que define as ferramentas e técnicas que são necessárias para indicar, planejar e executar qualquer projeto.
Gestão de projetos
A gestão de projetos propõe equilíbrio entre os processos de processo projetual, tempo de execução, custo, qualidade e bom relacionamento com o cliente, estando o sucesso na gestão resultado das seguintes propostas: entrega no prazo previsto, cumprimento do custo orçado, nível de desempenho adequado, aceitação pelo cliente. Desta maneira, gestão de projetos pode-se dizer que são as informações da empresa, coletadas e processadas, para poder analisar e implantar uma decisão de investimento. Mas é muito importante para o sucesso, saber dos objetivos, dos fluxos de informação, comunicação, planejamento, recursos humanos, acompanhamento, um produto confiável, com baixo risco e uma boa liderança.
O planejamento é uma das fases mais importantes, pois é o momento em que é detalhado o escopo do produto, são definidos os custos, os prazos, os riscos, a forma de comunicação e as manutenções (corretivas e preventivas). Também faz parte desta fase, a elaboração dos produtos, a definição dos recursos humanos (gerente do projeto, equipe e os apoiadores), sendo um papel fundamental na obtenção do sucesso do projeto (TOFOLI? SILVA E TOFOLI 2009).
E os programas de gestão de qualidade seguem uma linha de trabalho muito parecida, conforme a Figura 01, que demonstra o fluxograma dos métodos, com entrada de informações, a transformação destas informações em dados técnicos e a saída do produto final, pois tanto a ISO9001 como o Seis Sigma, buscam a qualidade nos processos, onde Tofoli? Silva e Tofoli (2009) afirmam que o Seis Sigma é um programa alinhado ao conceito da qualidade, lucratividade e aumento da satisfação do cliente, busca algumas estratégias que visam aumentar a vantagem competitiva das organizações.
Figura 01 – Fluxograma de métodos de gestão de qualidade.
Fonte: Adaptado de Iris Bento da Silva(2011).
Ainda Tofoli? Silva E Tofoli (2009) apud Pande (2001), pode ser definido o programa Seis Sigma como um sistema flexível para direcionar e otimizar os negócios, possibilitando benefícios após a sua implementação, pois a proposta do Seis Sigma é um processo disciplinado, focalizando a produção e entrega de produtos e serviços livres de defeitos.
E o conceito da ISO9001 esta em focar as atenções no cliente, onde a empresa que irá desenvolver o produto encomendado deve conhecer as necessidades e expectativas do cliente, para que possa transformar esses anseios em produto final, buscando a satisfação do cliente continuamente, para que possa atender as necessidades atuais e as necessidades futuras.
Este conceito com monitoramento das atividades na produção, busca minimizar os desperdícios e o consumo de recursos, tendo como estratégia levar a empresa à classe mundial, pois, a meta é chegar o mais próximo do zero defeito. Conseqüentemente, a confiabilidade no produto aumenta, a necessidade de realização de testes e inspeção diminui, os custos reduzem e a satisfação do cliente aumenta.
Estudo de caso
A palavra arquitetura refere-se à arte ou a técnica de projetar e edificar o ambiente habitado pelo ser humano, porem, o processo produtivo no desenvolvimento da proposta arquitetônica, é comumente considerado intuitivo, onde o projeto arquitetônico tem a intenção de ordenar os espaços para uma posterior construção (edificação), concebida com a intenção de ordenar espaços, em função de uma determinada característica (época, meio, técnica e programa de necessidades), podendo ser confundida como arte que não necessita de organização nos processos produtivos.
Segundo Gomes (2009), a arquitetura é estudada a partir das características do resultado final do Processo de Desenvolvimento de um Produto (PDP) de uma construção, onde são executadas intervenções no meio ambiente para criação de novos espaços, para atender as necessidades imediatas ou a expectativas programadas, e caracterizadas por aquilo que é chamado de partido segundo intenções plásticas, e o processo projetual pode ser entendido como um conjunto de ações que buscam um resultado específico, considerando todas as etapas envolvidas no PDP, desde o projeto arquitetônico até a construção da edificação, referindo-se à concepção do produto final, no caso a edificação.
Desta afirmação, compreende-se o desenvolvimento de um processo projetual em arquitetura como um eliminador de problemas, onde deve então ser obtida uma solução através do produto final de projeto, sendo ele edificado ou não, sendo o Processo de Projeto de Arquitetura uma atividade que consiste na concepção, planejamento e representação do anseio de mudança de uma determinada situação para um estado futuro, mudança gerada a partir da manipulação e ordenação dos espaços(GOMES 2009 apud SCHÖN, 1983).
Os escritórios de arquitetura de um modo geral não possuem um controle de processos de projetos e tampouco possuem controle na administração do tempo dentro dos escritórios de projeto, onde se constatou no inicio da década de 2000 que a falta destes controles e de registros formais dos procedimentos adotados, representavam as principais limitações para o segmento utilizar ferramentas de gestão de qualidade para um maior desenvolvimento do setor, sendo o de projetos um dos últimos, dentro da cadeia da construção civil, a se interessar pelos requisitos definidos pela norma de sistemas de gestão da qualidade ISSO 9001/2000. (HENRIQUES et al 2008).
Com a implantação de programas de qualidade em diversos segmentos no ramo da construção civil, o interesse pela implantação de um sistema de gestão foi induzindo as empresas de projetos ao interesse pela certificação conforme os requisitos da norma ISO 9001.
E no desenvolvimento do presente trabalho, fica claro que os resultados da implantação de um sistema de gestão com base na norma mostram-se eficaz na melhoria do processo de projeto, porém, deve ser considerada como o comprometimento dos profissionais envolvidos, uma análise contínua do processo e uso concomitante de tecnologias da informação.
Os resultados obtidos na pesquisa indicam que a aplicação do sistema de gestão de qualidade no desenvolvimento do projeto auxilia no fluxo de informações, possibilitando maior controle sobre o processo produtivo de projeto, onde o processo como um todo possui uma mesma linguagem e passa a ser mais bem gerenciado.
Caracterização da empresa
A empresa objeto do estudo de caso tem aproximadamente 30 anos de existência, com tradição no mercado de Londrina - Pr. Atualmente esta formada por um arquiteto diretor e nove arquitetos colaboradores, três estagiários de arquitetura, além de um profissional de apoio administrativo e dois assessores administrativos. O foco de atuação esta no atendimento de empresas privadas com o desenvolvimento de projetos arquitetônicos para clientes corporativos, porém desenvolve projetos para edificações comerciais e residenciais, além de desenvolver projetos para órgãos públicos. Também são desenvolvidas atividades de coordenação de projetos, sobretudo quando se faz necessário para compatibilização de projetos provenientes de outros escritórios de arquitetura fora do mercado local.
No início do escritório em questão, embora não existisse na empresa um sistema formal e estruturado regido por normas de gestão, já eram utilizados alguns procedimentos para o contato com os clientes, elaboração de orçamentos de projeto e acompanhamento dos contratos. Os envolvidos no corpo funcional do escritório observaram que o programa a ser aplicado poderia ser uma oportunidade de aperfeiçoar práticas gerenciais e, com a implantação de um sistema de qualidade, estruturar o processo projetivo, desenvolvendo outras atuações para aprimorar a gestão empresarial, onde esta implantação gerar além das ações até então adotadas nas rotinas de trabalho, contribuições positivas no desenvolvimento de novas competências e maior competitividade no mercado.
Metodologia
Utilizou-se o método do estudo de caso, no qual foram executadas pesquisas através de entrevistas acerca do método de gestão utilizado pela empresa. O trabalho se iniciou com um levantamento de dados, para apresentação da pesquisa à empresa, ao qual se obteve a adesão formal da mesma. Na seqüência, foi realizada uma pesquisa “in loco” para detalhamento e alinhamento das questões referentes ao sistema, delineamento da dinâmica dos trabalhos e constituição dos grupos organizacionais de arquivos que estão em andamento no escritório e arquivos já concluídos. Foram realizadas reuniões, para apresentação dos procedimentos desenvolvidos pela empresa e troca de experiências no grupo. Para cada requisito, o pesquisador interpretou as características, os objetivos e os aspectos na elaboração das questões apresentadas.
Ao longo do trabalho, percebe-se que a empresa estudada permeia o trabalho cooperativo, pois características de determinados empreendimentos desenvolvidos pela empresa, troca de experiências e informações para o bom andamento de diferentes frentes de trabalho e projetos específicos, a respeito dos aspectos técnicos e comerciais referentes às suas rotinas de trabalho.
Uma ferramenta auxiliar para troca de informações utilizada pelo escritório avaliado é utilizado por meio de software especifico, onde um sistema extranet é utilizado para a disponibilização de documentos desenvolvidos pelo grupo e coordenação dos trabalhos entre diferentes empresas.
Gestão das relações com os contratantes
Um dos requisitos implementados pela empresa optou por desmembrar as características de projetos em duas vertentes, sendo a de projetos para particulares e outro para órgãos públicos, sendo que estas características se desmembram em duas, onde a primeira seria referente à reunião de informações e coleta de dados para a definição da proposta técnica e comercial, pois o primeiro procedimento reúne as informações preliminares necessárias ao desenvolvimento da atividade projetual, com as informações para definir o escopo do projeto e um planejamento inicial do mesmo, com previsão de custos e encaminhamento da carta proposta e um segundo procedimento para a coleta de informações complementares após fechamento do contrato para o planejamento do trabalho e a distribuição de tarefas dos membros da equipe.
Estes procedimentos fornecem informações necessárias ao desenvolvimento detalhado do briefing (programa de necessidades) do empreendimento, e os requisitos necessários ao desenvolvimento do projeto, incluindo as interfaces com os outros projetos complementares.
E a definição dos requisitos de projeto permite que o programa de necessidades seja elaborado de maneira mais sistemática, resultando na eficiência do desenvolvimento projetual e na qualidade do produto final.
Na empresa do estudo de caso, o programa de necessidades torna-se documento, que aborda os requisitos do projeto apresentados pelo cliente e delimitam requisitos tais como legislações específicas e normativas, definindo parâmetros relacionados com outras especialidades relacionadas ao projeto, determinando as fases do projeto, as aprovações formais pelo cliente, e o acompanhamento destas etapas, determinando prazos e responsabilidades da equipe.
E como resultado da aplicação deste sistema de qualidade do programa utilizado, se recomenda a caracterização da tipologia do empreendimento, aspectos funcionais, instalações básicas, volumetria do edifício, áreas ocupadas no terreno, dimensões de ambientes, dentre outras características, como define também ações relativas aos demais projetos.
Outra característica relevante no processo,foi o do estabelecimento de um procedimento no controle de documentos relativos aos empreendimentos, incluindo documentos administrativos e técnicos, sejam estes documentos físicos e digitais, pois a organização dos arquivos digitais segue um padrão de organização, conforme Figura 02.
Figura 02 – Organização básica de arquivos.
Fonte: Foto do autor.
E estes procedimentos de controle dos documentos e arquivos, tornam-se facilmente localizáveis e rastreáveis, minimizando possíveis problemas de troca de informações ou até mesmo o desvio destas.
Entre os procedimentos utilizados, para armazenamento de arquivos digitais, utiliza-se uma nomenclatura especifica e classificação dos documentos de projetos, e simultaneamente determina a forma de acesso aos mesmos, com arquivos raiz e arquivos descendentes, subdividindo entre projetos ativos e projetos inativos, onde nos projetos inativos, estão aqueles que já estão concluídos, foram cancelados pelo cliente ou então projetos que vieram de algum meio externo, conforme Figura 03.
Figura 03 – Organização básica de arquivos dos projetos inativos.
Fonte: Foto do autor.
Já os projetos ativos são aqueles que já estão em andamento dentro do escritório, onde são organizados em subpastas a partir da pasta principal, sendo subdivididos em levantamento de dados (briefing do cliente), documentos (dados referentes ao projeto), estudo (para estudos preliminares), prefeitura (com desenvolvimento dos projetos legais), básico (com os projetos que irão direcionar os projetos complementares como elétrico, hidráulico e estrutural), executivo (projetos que ira direcionar a execução do empreendimento), detalhamento (projetos detalhados com cada item especifico do empreendimento), vendas (material publicitário do empreendimento), perspectivas (estudos de volumetria, acabamentos e espaços do empreendimento), complementares (projetos elétrico, hidráulico, estrutural referentes ao empreendimento), fotos (imagens digitalizadas com os dados do empreendimento, como terreno, andamento da obra, analise de correlatos), email (documentos eletrônicos com as informações pertinentes ao empreendimento), área comum/térreo/interiores (projetos de área comum, de apartamentos decorados e áreas de lazer), todos subdivididos, sendo que em cada empreendimento, eles recebem um nome especifico, geralmente o nome do próprio empreendimento, e após subdivididos em pastas nomeadas com o tipo de arquivo, de desenho ou detalhamento, conforme Figura 04.
Figura 04 – Organização básica de arquivos dos projetos ativos.
Fonte: Foto do autor.
E cada arquivo recebe um código especifico para melhor armazenamento e facilidades para usabilidade deste, pois diferentes profissionais podem desenvolver atividades distintas dentro de um mesmo arquivo, podendo perder informações de extrema importância no seu manuseio. Por isso, o escritório determina um modelo de nome de arquivos digitais, com a numeração do arquivo, que indica qual a posição de empreendimento dentro do escritório, onde maior a numeração deste indica ser este o mais recente nos arquivos.
Outro detalhe no armazenamento de projetos, cada um tem sua particularidade através de códigos podem ser organizados entre plantas, cortes, elevações, detalhamentos, dentre outros, seguindo de uma numeração para indicar a quantidade de informações contidas no arquivo, assim como o nome do ambiente e o código de revisão, onde a ultima revisão esta vinculada a uma numeração de maior valor (Ex: R02 tem uma versão mais recente que R01, assim como R03 tem uma versão mais recente que R02), conforme pode ser visto na Figura 05.
Figura 05 – Organização e nomenclatura dos arquivos.
Fonte: Foto do autor
Outra característica no escritório analisado do programa de qualidade e treinamento contínuo dos colaboradores, e quando um novo membro ingressa no quadro funcional da empresa, o mesmo passa por treinamento focado na atividade a ser desenvolvida, sendo que estes processos seguem um programa, determinado através de um Manual de Qualidade, onde este define as particularidades de cada colaborador, através de um Manual de Descrição de Funções.
Este manual se desmembra em subcategorias com dados específicos, tais como:
- Atribuições?
- Competências?
- Controle de documentos?
- Responsabilidades?
- Procedimentos?
- Controle de qualidade?
- Treinamentos?
- Formulários e modelos correlatos?
- Cadastro funcional?
- Histórico de treinamento?
- Lista de presença, etc.
A utilização deste programa torna os procedimentos uma rotina no desenvolvimento de todos os trabalhos executados pela empresa, onde os colaboradores documentam os procedimentos de desenvolvimento destes trabalhos, para que possam estar sempre atualizados estes documentos. E este sistema de qualidade gera também uma busca contínua de aprimoramento e atualização do corpo colaborador, com cursos de capacitação e atividades desenvolvidas na empresa, onde cada colaborador possui uma pasta de atividades desenvolvidas e também com os arquivos condizentes à sua atividade, mantendo sempre atualizado o historio de projetos.
Conclusão
A utilização de sistemas de programas de qualidade demonstra que no escritório analisado, independente de algum colaborador que esteja no desenvolvimento de determinado projeto prossiga na produção de suas atividades devido algum acontecimento externo, este trabalho pode ter continuidade sem que ocorram atrasos ou informações desencontradas, inclusive no trabalho cooperativo entre empresas externas que estejam desenvolvendo o mesmo empreendimento e que atuam em diferentes segmentos, proporcionando a troca de informações nas diversas rotinas de trabalho dos escritórios envolvidos.
Com a implantação dos procedimentos de sistema de qualidade utilizado pela empresa deste estudo de caso, este se mostra eficiente na otimização e organização dos processos, melhorando a qualidade do projeto desenvolvido pela mesma.
Com a aplicação do sistema de qualidade, fica claro a obtenção de um maior domínio sobre informações importantes relativas ao desenvolvimento do projeto, custos e procedimentos, com melhor comando para delegar prazos e determinar a equipe necessária para o desenvolvimento do empreendimento. Gera menor risco de falhas referentes ao processo de projetual, onde mais benefícios podem ser notados, como a possibilidade de reorganização do projeto, minimização de erros e eliminação de retrabalho. Com a devida documentação organizada, a delegação de responsabilidades, informações convencionadas, reforça o cultivo da melhoria contínua, seja no âmbito do processo de qualidade da gestão de projetos, seja no ato do processo projetual.
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