Espacios. Vol. 33 (11) 2012. Pág. 11


Determinantes da inovação: estudo de caso em uma organização brasileira de software

Determinants of innovation: a case study in a Brazilian organization of software

Adriano Olímpio Tonelli 1, André Luiz Zambaldev 2, Cristina Lelis Leal Calegário 3 y Paulo Henrique de Souza Bermejo 4

Recibido: 01-03-2012 - Aprobado: 12-06-2012


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RESUMO:
Este trabalho tem como objetivo investigar a configuração e relacionamentos de diferentes determinantes da inovação em uma pequena empresa de software. Para tanto, foi feita uma pesquisa exploratória, qualitativa e longitudinal a fim de identificar e analisar eventos e determinantes da inovação no período entre 1984 e 2011. Os resultados indicam que o empreendedor desempenha papel central na articulação dos fatores estruturais (mercado, rede e trajetória tecnológica) e absorção e disseminação de conhecimentos necessários ao desenvolvimento de inovações na firma. A partir dos resultados, o estudo ainda sugere que fatores externos são essenciais para a inovação, colocando a capacidade de absorção e a postura do empreendedor como conceitos centrais para estudos relacionados ao desenvolvimento de novos produtos de software.
Palavras-chave: Determinantes da inovação, software, capacidade de absorção.

 

ABSTRACT:
This work aims to investigate the relationships the setting and relationships different sources of innovation in a small software firm. A qualitative, exploratory, and longitudinal research was conducted to investigate innovation events and related sources between 1984 and 2011. The results show that the entrepreneur plays a central role: i) in the articulation of structural factors (market, networks and technological trajectories) and ii) on the absorption and dissemination of knowledge necessary to develop innovations in the firm. From the results, the study suggests that external factors are crucial for innovation, placing absorptive capacity and entrepreneur as central concepts for studies related to the development of new software products.
Keywords: Innovation determinants, software, absorptive capacity.


1. Introdução

A inovação está no centro do desenvolvimento das firmas do setor de software (Trippl et al., 2009). Trata-se de uma indústria intensivamente baseada em conhecimento (Mathiassen,Pourkomeylian, 2003; Metha, 2008) e tipicamente schumpeteriana, cujos direcionadores da competição caracterizam-se por baixas barreiras à entrada, custos marginais mínimos, rápidas e constantes inovações e proliferação de novos empreendimentos (Giarratana,Fosfuri, 2007).

Para firmas do setor de software, inovar compreende uma capacidade importante não apenas para o crescimento, mas também para sobrevivência. Numa indústria com altas oportunidades tecnológicas, baixas condições de apropriabilidade e altos níveis de transbordamento, vantagens competitivas e posições de mercado tornam-se frágeis e de curto prazo (Dosi,Nelson, 1994; Giarratana,Fosfuri, 2007; Nieto,Quevedo, 2005; Romero,Martínez-Román, 2011; Roper et al., 2008) . Além disso, o caráter intelectual e intangível de produtos de software e a caracterização dessa indústria demandam das firmas grande concentração de pessoal qualificado e know-how, além de capacidades de geração interna de conhecimentos e de absorção de insumos desenvolvidos no ambiente externo (Hernández-Espallardo et al., 2011; Lichtenthaler,Lichtenthaler, 2009; Nieto,Quevedo, 2005; Trippl, et al., 2009; Varis,Littunen, 2010) . Nesse sentido, a capacidade de geração constante de novos produtos, serviços e processos de software está no centro de estratégias de grande parte das empresas de software, o que demanda o conhecimento das diferentes fontes necessárias à geração dessas inovações.

Com vistas a aprimorar a compreensão dos determinantes da inovação, estudos  (Aaen, 2008; Castellacci,Zheng, 2010; Corbin et al., 2007; Huber, 2011; Romijin,Albaladejo, 2002; Trippl, et al., 2009) têm se concentrado em investigar uma série de fatores que se configuram como entradas para processos de inovação em firmas de base tecnológica, incluindo empresas de software.

 De modo geral, determinantes da inovação podem ser classificados sob duas dimensões: uma estrutural (externa), relacionada a fatores da indústria e do ambiente externo à firma, e outra interna, associada às capacidades internas da firma para o desenvolvimento de inovações (Romero,Martínez-Román, 2011; Vega-Jurado et al., 2008).

Fatores internos e externos compreendem dois níveis que, embora distintos, possuem importantes complementaridades no que tange à determinação da capacidade inovadora (Kramer et al., 2011; Roper, et al., 2008). Em síntese, a capacidade da firma se apropriar de fatores externos necessários à inovação é função das capacidades internas previamente desenvolvidas (Cohen,Levinthal, 1990; Nieto,Quevedo, 2005; Zahra,George, 2002) . O processo de inovação caracteriza-se, portanto, por múltiplas combinações de fatores internos e externos à firma, gerando diferentes configurações e relacionamentos dentro das firmas.

Dessa forma, este trabalho apresenta a seguinte questão de pesquisa: como se configuram e relacionam os diferentes determinantes de inovação em software?

Partindo da premissa de que existem complementaridades entre determinantes internos e externos para a inovação, este trabalho parte de uma abordagem qualitativa e longitudinal para investigar a configuração e relacionamento dos diferentes determinantes da inovação em uma firma de pequeno porte que atua no setor de software.

A opção pela abordagem qualitativa e longitudinal direciona a pesquisa para uma compreensão mais aprofundada sobre o campo de estudo em questão (Miles,Huberman, 1994; Yin, 2009). No contexto desta pesquisa, tal característica possibilita uma investigação sobre o papel que determinantes da inovação desempenham ao longo do tempo.

Além disso, tal como ressaltam Malhotra e Birks (2007) e Miles e Huberman (1994), o uso da metodologia proposta possibilita ainda iluminar e aprofundar resultados obtidos a partir de pesquisas quantitativas acerca de correlações entre determinantes da inovação e resultados de geração de novos produtos nas firmas. Tal opção é condizente com a premissa de Teece (2007) segundo o qual frameworks ortodoxos não conseguem explicar como e porque ativos intangíveis, tais como know-how, tecnologias e recursos humanos, são críticos para a inovação nas firmas. Na medida em que a inovação em software configura-se como um processo envolvendo essencialmente conhecimento, essa premissa mostra-se adequada à pesquisa.

O restante deste artigo está organizado da seguinte forma. A seção 2 apresenta os conceitos fundamentais sobre inovação. Esses conceitos servirão como fundamento para desenvolver o modelo conceitual proposto para a pesquisa. A seção 3 apresenta o modelo teórico proposto para a investigação. Desenvolvido com base na literatura, esse modelo aborda a integração entre determinantes internos e estruturais para a geração da inovação. A seção 4 apresenta os resultados obtidos a partir do estudo de caso e, por fim, a seção 5 apresenta as conclusões, limitações e proposta de trabalhos futuros.

2. Fundamentos da inovação

Na indústria de software, pode-se conceituar a inovação como um processo destinado a desenvolver e introduzir no mercado: i) novas características e aplicações para produtos ou processos de software existentes; ii) um novo produto, processo ou serviço de software; iii) melhorias em gerações anteriores de produtos e processos de software (Lippoldt,Stryszowski, 2009).

A definição supracitada enfatiza alguns dos aspectos fundamentais relativos à inovação, especialmente quando se olha para ela sob uma ótica neo-schumpeteriana. 

Em primeiro lugar, cabe ressaltar o caráter incerto que envolve o desenvolvimento e uso de inovações (Teece, 1996), dada a racionalidade e aprendizado limitados dos agentes envolvidos em processos de desenvolvimento de novos produtos, processos ou serviços (Dosi,Nelson, 1994). Diante desse contexto, o desenvolvimento de inovações envolve a busca, experimentação e aprendizado contínuos sobre oportunidades tecnológicas e de mercado (Arrow, 1962; Dosi,Nelson, 1994; Heiskanen,Heiskanen, 2011; Teece, 1996) .

Na medida em que envolve processos contínuos de experimentação, tentativa e erro, o desenvolvimento de inovações caracteriza-se como dependente de trajetórias (Dosi,Nelson, 1994; Teece, 1996). A atual capacidade da firma em inovar é dependente das capacidades acumuladas ao longo do tempo (Cohen,Levinthal, 1990; Dosi,Nelson, 1994).

Terceiro, a inovação consiste num processo intensivamente baseada em conhecimento (Darroch,McNaughton, 2002; Wallin,Von Krogh, 2010). Especificamente, conhecimentos tácitos adquiridos a partir de experiências desempenham papel central para o desenvolvimento de inovações (Nonaka,Tackeuchi, 1997), o que colocam know-how e pessoas qualificadas entre os principais ativos necessários à criação de capacidade inovativa nas firmas (Teece, 1996).

A centralidade do conhecimento implica ainda em duas outras importantes características para a inovação: interrelações e inapropriabilidade.

Teece destaca as interrelações como propulsoras para a construção iterativa de novas soluções (Teece, 1996). Sob essa ótica, ambientes propícios à inovação podem ser construídos a partir do engajamento de diferentes agentes, tais como clientes, unidades de produção, marketing e vendas, em práticas comuns, de modo a proporcionar trocas de conhecimentos e experiências (Newell et al., 2009).

Quanto à inapropriabilidade, cabe destacar que sistemas legais de patentes e propriedade intelectual nem sempre garantem retornos para criadores de inovações. Isso ocorre porque o conhecimento técnico é altamente fluido, com alta propensão de transbordar para além das fronteiras da firma e proporcionar apropriação por parte de terceiros (Segarra-Blasco,Arauzo-Carod, 2008; Teece, 1996; Vega-Jurado, et al., 2008) .

As características supracitadas fazem da inovação um grande desafio para as firmas. Embora tenha grande potencial de conferir vantagens competitivas, transformar mercados e provocar mudanças no status quo, inovações envolvem inúmeras incertezas e capacidades não triviais. Nesse sentido, conhecer alguns dos determinantes de resultados de inovação consiste num importante passo em direção à compreensão dos mecanismos que levam as firmas a obterem vantagens competitivas e diferenciação em relação ao mercado.

Na seção seguinte, será apresentado o modelo conceitual proposto para investigação das fontes de inovação, considerando resultados relatados na literatura.

3. Modelo conceitual: determinantes da inovação

Com vistas a investigar como diferentes fontes se relacionam para a geração de inovação em firmas de software, o modelo conceitual proposto (figura 1) considera a integração entre fatores estruturais e capacidades internas da firma como aspectos ligados aos resultados de inovação. Tal premissa é consistente com diversos trabalhos desenvolvidos na literatura, tais como Cohen e Levinthal (1990), Romero e Martínez-Román (2011). Roper et al. (2008) e Varis e Littunen (2010).

No nível da indústria e do ambiente externo à firma, diversos determinantes da inovação têm sido destacados. A presença de fontes externas de conhecimentos provenientes de: universidades e centros de pesquisa (Palmberg, 2006), associações de firmas e de profissionais (Varis,Littunen, 2010), clientes, usuários, competidores e parceiros de negócio (Brait, 2004; Palmberg, 2006; Romijin,Albaladejo, 2002; Roper, et al., 2008; Souitaris, 2002) configura-se como importantes para a construção de externalidades positivas e transbordamentos que podem ser utilizados para a geração de inovações (Huber, 2011). Adicionalmente, forças de mercado, trajetórias tecnológicas, condições de apropriabilidade e pressões competitivas têm sido apontadas como importantes gatilhos para o processo de inovação (Castellacci,Zheng, 2010; Palmberg, 2006; Roper, et al., 2008; Vega-Jurado, et al., 2008) .

No nível da firma, capacidades organizacionais tais como competências tecnológicas, conhecimento de mercado, nível educacional e experiência de colaboradores, perfil do empreendedor, estilos de administração, perfil estratégico, sistemas internos de comunicação e processos de aprendizagem e de gestão do conhecimento  (Corbin, et al., 2007; Filippetti, 2011; Ibrahim et al., 2008; Kramer, et al., 2011; Romero,Martínez-Román, 2011; Roper, et al., 2008; Vega-Jurado, et al., 2008) criam em cada organização um perfil único que determina, em partes, a capacidade para gerar internamente conhecimentos e se aproveitar de externalidades e transbordamentos para gerar inovações.

Partindo do pressuposto da complementaridade entre fatores internos e externos, Cohen e Levinthal (1990), baseando-se na literatura sobre aprendizado organizacional desenvolvido ao longo da década de 1980, introduzem o conceito de capacidade de absorção (CA) como a capacidade da firma em identificar, assimilar e aplicar novas informações e conhecimentos externos para fins comerciais e, dessa forma, gerar inovações.

Desde o seu surgimento, o conceito de CA tem sido utilizado para explicação de fenômenos associados a aprendizado organizacional, relações interorganizacionais e inovação (Lewin et al., 2010; Sun,Anderson, 2008; Volberda et al., 2010) . Sob essas perspectivas, o conceito de capacidade de absorção pode ser visto como integrador entre as fontes internas e externas de inovação, servindo como artifício para o desenvolvimento de uma abordagem mais ampla na compreensão dos fatores que geram inovações na firma (Sun,Anderson, 2008; Volberda, et al., 2010).

Figura 1 Modelo conceitual para investigação de determinantes da inovação

A capacidade de absorção consiste, entretanto, em um construto complexo, sendo operacionalizado na literatura a partir de formas distintas. Em sua concepção original (Cohen,Levinthal, 1990), a CA foi definida a partir de uma abordagem cognitiva de aprendizado, sendo influenciada por atividades internas de P&D da firma.

Desenvolvimentos posteriores, entretanto, deram à capacidade de absorção novas dimensões. Dentre essas dimensões, destacam-se: i) a expansão de determinantes internos da CA para além das fronteiras do setor de P&D, considerando mecanismos internos de integração social e formalização de conhecimento (Vega-Jurado, et al., 2008), ii) o papel deempreendedores, administradores e outros colaboradores individuais na criação de capacidade de absorção (Calori et al., 1994; Volberda, et al., 2010) e iii) o papel das relações interorganizacionais e fontes externas de conhecimento (Lane,Lubatkin, 1998; Sun,Anderson, 2008). No que tange às fontes internas e externas de conhecimento, Lewin et al. (2010) propuseram uma abordagem para rotinização da CA, considerando capacidades de absorção internas, dependentes da estrutura organizacional, experiência passada, pessoas e incentivos, e externas, dependentes de sistemas de inovação e intensidade de P&D da indústria.

Embora diversos trabalhos tenham buscado aprimorar o conceito de capacidade de absorção, trata-se ainda de um construto pouco compreendido (Lewin, et al., 2010). Dentre os principais desafios associados à compreensão da CA no contexto da inovação, podem-se apontar a carência de pesquisas qualitativas (Lane,Lubatkin, 1998) e longitudinais (Volberda, et al., 2010) e a falta de estudos que buscam o desenvolvimento de visões processuais para a capacidade de absorção (Lewin, et al., 2010).

A abordagem proposta neste trabalho insere o conceito de capacidade de absorção como determinante para os resultados de inovação na firma. Para tanto, a CA é descrita a partir da combinação de fatores internos e externos, tal como ilustra a figura 1.

4. Metodologia

A pesquisa caracteriza-se essencialmente como sendo exploratória, qualitativa, longitudinal e baseada em procedimento de estudo de caso.

O caso estudado compreende uma firma de pequeno porte que atua no desenvolvimento e comercialização de software para cartórios. O caso foi selecionado a partir de amostragem por julgamento (Malhotra,Birks, 2007) com base nos seguintes critérios: i) atuação no setor de software; ii) possui histórico de desenvolvimento de inovações de software; iii) possui disponibilidade de oferecer informações necessárias à condução da pesquisa.

Dados foram obtidos a partir de entrevistas em profundidade, baseadas em roteiro semiestruturado, junto ao proprietário e dois colaboradores envolvidos em atividades de desenvolvimento de inovações na firma.

Dados foram analisados no sentido de identificar eventos de inovação, conforme definição de tipos de inovação em software proposta por (Lippoldt,Stryszowski, 2009). Sob essa perspectiva, eventos de inovação foram identificados com base nos seguintes critérios: i) desenvolvimento e comercialização de novos produtos ou serviços de software; ii) desenvolvimento e comercialização de novas características e/ou aplicações para produtos ou serviços de software já existentes ou iii) desenvolvimento e comercialização de melhorias em gerações anteriores de produtos ou serviços de software.

Para cada um dos eventos identificados, foram levantados e analisados os principais determinantes e suas configurações que, na percepção dos envolvidos na firma, contribuíram para o desenvolvimento das inovações.

A coleta e análise de dados foram suportadas por um conjunto de construtos a priori (Eisenhardt, 1989), obtidos a partir da literatura e descritos no modelo conceitual deste trabalho. Tais construtos, bem como relações hipotéticas estabelecidas, serviram de base para investigação da presença e configuração de determinantes da inovação presentes no caso estudado.

5. Resultados

5.1 A Organização Alpha

Fundada em 1984, a Organização Alpha, nome fictício utilizado para fins de confidencialidade, é uma empresa que atualmente concentra os negócios no desenvolvimento e comercialização de produtos e serviços de software para cartórios.

A trajetória da Organização Alpha em relação ao seu principal negócio foi altamente influenciada pelo fim da reserva de mercado a empresas de informática e automação, feito pelo Governo Brasileiro em 1991 (Lei no 8.248/91). A firma iniciou atividades atuando no setor de automação de presídios. Entretanto, com a abertura do mercado brasileiro de automação e informática e a entrada de grandes concorrentes internacionais, a Organização Alpha se viu forçada diversificar a atuação, passando para o ramo de automação de cartórios.

Dada a carência de concorrentes para entrega de soluções de automação para cartórios, com o tempo, esse novo negócio mostrou-se de grande rentabilidade, tornando-se a principal atividade da organização.

As soluções atualmente desenvolvidas pela firma cobrem grande parte do território brasileiro, concentram-se em: i) automatização de processos de Tabelionatos e Protestos; ii) automatização de processos de cartórios de Títulos e Documentos e Pessoas Jurídicas; iii) serviços de comunicação entre Tabelionatos e bancos.  

5.2 Eventos de inovação na Organização Alpha

Dados levantados na Organização Alpha permitiram a identificação de quatro principais eventos de inovação, compreendendo um período de 1985 a 2011.

Evento 1: desenvolvimento de nova solução para automação de cartórios de Protesto

O primeiro evento de inovação identificado consiste em um importante marco para a Organização Alpha e ocorreu entre os anos de 1985 e 1991, com o desenvolvimento, pelo proprietário da empresa, de um sistema destinado ao armazenamento e recuperação de informações em cartórios de Protesto.

A versão inicial do sistema foi desenvolvida em 1984 em plataforma DOS, utilizando linguagem Pascal e sistemas de arquivos para registro de dados.

No início, o sistema não foi desenvolvido para fins comerciais. A principal motivação do desenvolvimento foi o atendimento às necessidades do cartório pertencente à família do proprietário da Organização Alpha.

Até, então, o negócio da Organização Alpha concentrava-se na automação de presídios. Entretanto, com o fim da reserva de mercado, o proprietário enxergou no sistema uma solução para diversificação dos negócios da organização. A entrada de concorrentes internacionais no ramo de automação de presídios fez com que o proprietário se concentrasse no estreitamento de laços com potenciais clientes para o sistema de cartórios. Tal estreitamento ocorreu essencialmente através dos laços sociais que o proprietário mantinha, por intermédio da família, com outros cartórios.

De acordo com o proprietário da Organização Alpha, “naquela época, a automação nos cartórios era nula, as demonstrações foram um sucesso, em um dia, vendemos mais de 13 sistemas e com isso, começamos a enxergar o potencial desta solução como um novo negócio para a Organização Alpha”.

Evento 2: melhoria do produto a partir de interfaces gráficas.

O segundo evento de inovação relaciona-se ao desenvolvimento de melhoria na geração anterior do produto, identificada a partir do primeiro evento de inovação. Este evento foi motivado pelo desenvolvimento tecnológico do setor de software; especificamente, pelo surgimento do sistema operacional Windows 3.1 e da plataforma Delphi de desenvolvimento.

A partir da absorção dessas novas tecnologias pela Organização Alpha, foi possível desenvolver uma nova versão do produto a partir da incorporação de interfaces gráficas, substituindo a operação baseada em linhas de comando da versão anterior.

Evento 3: expansão para novas aplicações e mercados

O terceiro evento de inovação relaciona-se ao desenvolvimento de uma nova versão do produto, que possibilitou a expansão do escopo de aplicações para cartórios de grande porte e para operações que envolvem registro de Títulos.

Através da incorporação de um sistema gerenciador de banco de dados (SGBD) e outras tecnologias, foi possível aumentar a capacidade do sistema em armazenar e processas grandes volumes de dados de grandes cartórios, além de permitir o tratamento de imagens e aplicação para registro de Títulos.

Evento 4: desenvolvimento de novo serviço de comunicação

O quarto evento de inovação caracteriza-se pelo desenvolvimento de um novo serviço, baseado em plataforma web e em computação de nuvem, para transmissão de informações entre cartórios e bancos. Este serviço possui complementaridade em relação aos produtos para automação de cartórios comercializados pela empresa e tem como objetivo criar um novo mecanismo para substituição de processos não automatizados de comunicação entre bancos e cartórios.

5.3 Configuração de determinantes da inovação na Organização Alpha

Durante o estudo, foi possível identificar tanto determinantes de origem interna quanto de origem externa para o desenvolvimento dos eventos de inovação na Organização Alpha.

Essencialmente, determinantes estruturais identificados associam-se a novos entrantes no mercado, trajetória tecnológica do setor de software e redes de relacionamento entre cartórios. Já os principais fatores determinantes internos identificados foram o know-how, a postura estratégica do empreendedor frente a inovação e sistemas de comunicação interna entre empreendedor e equipes de desenvolvimento.

A tabela 1 descreve o papel individual de cada determinante da inovação identificado no estudo.

Tal como previsto pelo modelo conceitual apresentado neste trabalho, a interação entre determinantes das dimensões interna e estrutural mostrou-se de grande importância para o desenvolvimento das inovações na Organização Alpha.

Ao analisar a interação entre os diferentes determinantes, observa-se a atuação do empreendedor como central para o processo de inovação na firma estudada. Foi possível identificar que, no caso estudado, o empreendedor desempenha papel central tanto na articulação dos fatores estruturais - mercado, rede e trajetória tecnológica - quanto na absorção e disseminação de conhecimentos necessários ao desenvolvimento de inovações na firma.

No primeiro caso, empreendedor como articulador de fatores estruturais, observou-se que a postura do empreendedor frente a redes de notários e demais envolvidos com tabelionato é influenciada pela percepção dele em relação ao mercado. De acordo com o proprietário da Organização Alpha, “o mercado de cartórios é bastante conservador, muitos clientes se recusam a mudar para novas versões do sistema”. Diante desse contexto, a estratégia de engajamento em redes da organização aponta para o estabelecimento de relações com os três lados do negócio que envolve cartórios: bancos (Febraban), cartórios (Associação de Notários) e corregedoria. Ao se relacionar com esses três lados, a Organização Alpha procura manter uma postura proativa a partir da participação em eventos e feiras, palestras para apresentação de novas visões sobre produtos e serviços desenvolvidos pela empresa e demonstração junto a clientes potenciais que integram a rede de relacionamentos. Esta postura proativa pôde ser observada em todos os quatro eventos de inovação identificados, em que o empreendedor, influenciado em partes pela trajetória tecnológica do setor de software, buscou levar as inovações ao mercado.

Já no segundo caso, sendo o agente central da Organização Alpha para engajamento com redes externas, o empreendedor desempenha o papel de absorção de novas demandas para geração de novos produtos. Isto pôde ser observado a partir do evento 4 de inovação, onde o novo serviço foi desenvolvido a partir de demandas identificadas a partir do relacionamento do empreendedor com bancos e cartórios.

O papel do empreendedor em identificar e absorver conhecimentos externos também pode ser identificado na relação desse com a trajetória tecnológica. Especialmente no desenvolvimento dos eventos de inovação 2, 3 e 4, em que, respectivamente, a interface gráfica, o sistema gerenciador de banco de dados universal e as plataformas web e computações em nuvem foram assimilados pelo empreendedor e passados, através de sistemas de comunicação direta, para as equipes de desenvolvimento. De acordo com um dos colaboradores envolvidos na incorporação do SGBD ao produto (Evento 2), “o proprietário liderou o desenvolvimento desse novo produto, especialmente em relação à identificação da oportunidade e definição das tecnologias a serem utilizadas (...) ele também teve papel importante em passar para a equipe uma nova abordagem de desenvolvimento baseada em duas camadas, o que até então era novidade para a nossa equipe.”

Entretanto, embora o empreendedor seja central na absorção de conhecimentos externos para inovação, observa-se que o nível educacional dos colaboradores, os sistemas internos de comunicação e representam importantes fatores que proporcionam demandas e conhecimentos externos serem traduzidos em soluções e produtos a serem comercializados. Segundo o proprietário,  Organização Alpha “conta com uma equipe de quinze desenvolvedores de nível superior, o que facilita a absorção de novos conhecimentos sobre tecnologias e sobre o negócio de títulos e tabelionato, a serem incorporados em novos produtos”. Adicionalmente, a locação de colaboradores e empreendedor em um único ambiente cria um sistema de comunicação diária que proporciona troca e incorporação de conhecimentos em novos produtos. Neste ambiente, conhecimentos do empreendedor sobre tecnologias e sobre o negócio de títulos e tabelionado e conhecimentos dos colaboradores sobre tecnologias são mesclados e compartilhados diariamente a partir de comunicações informais e reuniões com a equipe de desenvolvimento.

Tabela 1 Influência individual dos diferentes determinantes da inovação na Organização Alpha

Dimensão

Determinante

Impacto nos eventos de inovação

Estrutural

Mercado

Evento 1: Abertura de mercado impulsionou a busca por novos mercados e, consequentemente, a do novo produto para cartórios

Trajetória tecnológica

Evento 2: Surgimento de sistema operacional e plataforma para desenvolvimento de sistemas baseados em interfaces gráficas empurrou o aprimoramento do produto na Organização Alpha;

Evento 3: surgimento de SGBDs universais possibilitou o desenvolvimento de novas funcionalidades e mercados para o produto;

Evento 4: tecnologias de desenvolvimento web e computação em nuvens possibilitaram o desenvolvimento do novo serviço de transmissão de dados.

Redes de relacionamento entre cartórios

Evento 1: Fornecimento de canal para comercialização do produto

Evento 4: Fornecimento de demandas para a geração do serviço de comunicação

Interna

Postura estratégica do empreendedor

Evento 1: Capacidade do empreendedor identificar necessidade e desenvolver versão inicial do sistema. Postura proativa do empreendedor em se engajar na rede para comercialização do novo sistema;

Eventos 2 e 3: Capacidade do empreendedor identificar e absorver mudanças tecnológicas a fim de incorporá-las ao produto;

Evento 4: Capacidade do empreendedor em identificar oportunidades tecnológicas associadas à plataformas web e3 computação em nuvens. Engajamento do empreendedor em redes de notários para absorção de demanda de inovação

Sistemas internos de comunicação

Eventos 2, 3 e 4: Comunicação direta entre o empreendedor e as equipes de desenvolvimento para disseminação de novas tecnologias. Presença de ambientes únicos e comunicação recorrente.

5. Conclusão

Este trabalho teve como objetivo investigar a configuração e relacionamentos entre diferentes determinantes da inovação em uma firma de pequeno porte que atua no setor de software.

A partir do estudo qualitativo e longitudinal, foi possível identificar que a geração de inovações em uma firma de software é altamente dependente de fatores estruturais. No caso estudado, o mercado, as redes de clientes e as trajetórias tecnológicas configuram-se como essenciais para a inovação, seja para a obtenção de demandas por novos produtos, para a criação de canais de comercialização ou para oferecimento de oportunidades tecnológicas aplicáveis à melhoria de produtos ou a criação de novos serviços.

No que tange à configuração de diferentes determinantes da inovação, este estudo identificou que empreendedor desempenha papel central na articulação de fatores estruturais associados ao mercado, redes de relacionamento e trajetórias tecnológicas. Dessa forma, a postura conservadora do público-alvo cria no empreendedor uma postura proativa em desenvolver e apresentar novas soluções ao mercado. De modo a possibilitar estratégias proativas, inserção da firma inovadora em redes de relacionamento se configura como um canal para comunicação com o público-alvo, proporcionando à Organização Alpha divulgar e apresentar novas soluções para o ramo de tabelionato. Adicionalmente, a inserção da firma em redes permite absorver conhecimentos sobre novas demandas para novos produtos.

O empreendedor desempenha ainda papel central na absorção e disseminação de conhecimentos tecnológicos e de mercado necessários à inovação. Entretanto, observa-se que o nível educacional e capacidade técnica das equipes de desenvolvimento e sistemas internos de comunicação configuram-se como fatores moderadores entre a capacidade do empreendedor e os resultados de inovação.

A importância dos fatores estruturais torna a capacidade de absorção um conceito de grande relevância para se compreender os mecanismos que levam à geração de inovações em uma firma. Neste estudo, identificou-se a figura do empreendedor como central, mas complementada pela presença de fatores estruturais - trajetórias tecnológicas, redes de empresas e condições de mercado, e internos - sistemas internos de comunicação e nível educacional de colaboradores.

5.1 Limitações e trabalhos futuros

Este estudo apresenta limitações que devem ser consideradas ao interpretar e utilizar os resultados obtidos.

Primeiro, a investigação baseia-se em dados qualitativos obtidos em uma empresa de software. Embora essa abordagem seja justificável e interessante para a literatura, os resultados obtidos não são generalizáveis, devendo ser interpretados à luz do contexto em que foram produzidos. Nesse sentido, trabalhos futuros podem aplicar o modelo conceitual desenvolvido em diferentes contextos a fim de confirmar ou refutar os resultados aqui obtidos.

Em segundo lugar, este estudo deixa algumas questões sem resposta. A evolução dos relacionamentos do empreendedor junto a redes externas não foi tratada neste trabalho. Diante disso, pesquisas futuras poderão investigar como se configuram o engajamento e o poder de empreendedores frente a redes externas a fim de aumentar a capacidade de inovação da firma.

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1 Departamento de Administração e Economia Universidade Federal de Lavras, Brasil. Email: tonelli@dcc.ufla.br
2 Departamento de Ciência da Computação Universidade Federal de Lavras, Brasill. Email: zamba@dcc.ufla.br
3 Departamento de Administração e Economia Universidade Federal de Lavras, Brasil. Email: ccalegario@dae.ufla.br
4 Departamento de Ciência da Computação Universidade Federal de Lavras, Brasill. Email: bermejo@dcc.ufla.br


Vol. 33 (11) 2012
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