Espacios. Vol. 33 (7) 2012. Pág. 19 |
Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ: um estudo prospectivo no âmbito das Forças ArmadasMaster of Science in Accounting UERJ: a prospective study in the Armed ForcesAndréa Paula Osório Duque 1, Renato Santiago Quintal 2 y Francisco José dos Santos Alves 3 Recibido: 30-03-2012 - Aprobado: 18-10-2012 |
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RESUMO: |
ABSTRACT: |
1. IntroduçãoAs mudanças estratégicas nos rumos das organizações de negócios vêm ocorrendo em ritmo acelerado mercê das exigências do mercado, em um contexto globalizado. As grandes nações industrializadas sentiram o impacto das transformações advindas com as novas tecnologias de informação e comunicação, que estão transformando o mundo em um grande ‘quintal’ de negócios. O investimento para atender às necessidades do negócio lucrativo mudou seu eixo até então atrelado a fatores econômico-financeiros, para o da tecnologia aliada a recursos humanos. Focado na premissa de que as tecnologias são produtos da mente humana e que exigem uma educação mais centrada na criatividade, cooperação, iniciativa e planejamento, o Brasil, a exemplo de outros grandes mercados vem buscando um diferencial que o coloque na vanguarda dos países inseridos na sociedade da informação e comunicação. No âmbito das organizações governamentais e privadas, as Instituições de Ensino e Pesquisa vêm recebendo, cada vez mais, a incumbência de suprir postos de trabalhos, ofertando recursos humanos com o perfil de empreendedores, pesquisadores e docentes, em nível de graduação ou pós-graduação. O Programa de Pós-graduação em Ciências Contábeis (PPGCC), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), atua na formação de mestres, atendendo uma demanda oriunda de diversas organizações, dentre elas, dos quadros profissionais das Forças Armadas (Marinha, Aeronáutica e Exército) que vêm implantando um modelo organizacional direcionado para acompanhar as inovações exigidas pelas organizações no direcionamento de políticas desenvolvimentistas. Neste cenário, militares graduados em Ciências Contábeis, Administração e Economia, ocupantes de postos estratégicos ou em início de carreira militar, têm se candidatado ao curso de mestrado em Ciências Contábeis, solidificando uma tendência de mudanças organizacionais nas esferas do poder público e também privado, em que profissionais desse calibre podem atuar como educadores, pesquisadores e consultores. As perspectivas do presente artigo estão alinhadas à pesquisa sobre a adesão das Forças Armadas Brasileiras à proposta de ter, em seus quadros, profissionais militares direcionados para os programas de pós-graduação em Ciências Contábeis. O objeto deste estudo, portanto, concentra-se nos egressos das Forças Armadas do Programa de Pós-graduação em Ciências Contábeis (PPGCC/UERJ), no período de 20 anos de existência, ancorados nessa Instituição, destacando a presença de militares nos programas de mestrado, solidificando uma sensível mudança de expectativas e perspectivas funcionais em várias esferas do poder público. Este estudo objetiva, a rigor, alcançar os seguintes propósitos: investigar o perfil dos militares mestres, no período de 1991 a março de 2011, no PPGCC/UERJ, diagnosticando linhas de pesquisas, metodologias e instrumentos característicos das dissertações; oferecer uma visão simplificada do Sistema de Intendência das Forças Armadas, aos professores-orientadores, de maneira a suscitar reflexões sobre as afinidades entre Ciências Contábeis, Economia, Administração e a Intendência; e, direcionar o público-alvo, em âmbito militar, na escolha temática de suas dissertações na linha de pesquisa das Ciências Contábeis aplicadas à Intendência. 2. Referencial teóricoA presente seção pretende destacar as Forças Armadas Brasileiras, tendo como eixo direcional, o papel do Intendente e suas atribuições no cenário da soberania nacional. Em seguida, analisar o papel da mulher pós-graduada nas Forças Armadas. Outro foco do estudo contempla o Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis – PPGCC-UERJ que pode sinalizar várias opções de desenvolvimento organizacional tanto em nível de empresas públicas quanto privadas e também nas três instituições (Exército, Marinha e Aeronáutica). 2.1 As Ciências Contábeis nas Forças ArmadasHistoricamente, as mudanças no eixo custos-benefícios/tecnologia/recursos humanos foram ocorrendo, inicialmente, de maneira sutil, mas ganhando velocidade com o advento das tecnologias de informação e comunicação - TICs, necessárias para escancarar as portas da inovação gerencial. Entretanto, a tendência das organizações tem sido, em diversos segmentos, incorporar, hoje, as TICs já defasadas do ontem tecnológico. O conhecido “correr atrás do prejuízo” é um decisão inapropriada para resgatar grandes perdas no mercado de negócios, o que no início era apenas um pequeno agravo à modernidade tecnológica. A busca por relevantes avanços no desenvolvimento de modernos sistemas organizacionais nas Forças Armadas gestou uma reorganização nas três armas (Exército, Aeronáutica e Marinha), notadamente, com a criação da Secretaria de Economia e Finanças do Exército, da Diretoria de Intendência da Aeronáutica e da Secretaria Geral Marinha. Nesse contexto, bacharéis em Ciências Contábeis são recrutados pelas Forças Armadas por concurso (estabilidade na carreira) ou para serviço por tempo determinado (processo seletivo simplificado). Os recrutados para atuação nos postos de Intendência recebem formação militar nas seguintes instituições:
As Forças Armadas brasileiras aninham, em seus nichos organizacionais, a figura do Intendente, que nas empresas públicas e privadas englobam profissionais de Ciências Contábeis, Economia e Administração, áreas de conhecimento que integram espectros amplos de atuação no campo de trabalho da Intendência. Portanto, o presente estudo irá abordar o tema proposto como pertinente à inserção dos militares postulantes ao mestrado em Ciências Contábeis, como extensão da carreira de Intendência. 2.2 Exército e IntendênciaA Revista da Intendência (2009) foi a base para a construção informacional do assunto Intendência. Segundo essa publicação, o marco zero da Intendência, no Brasil, ocorreu em 1549, com a chegada de Tomé de Souza, nomeado pela Coroa Portuguesa o primeiro governador geral da nova província. Nessa época, a Intendência implantada na nova possessão portuguesa foi uma extensão do órgão luso “Vedoria da Gente da Guerra” para coordenação “das ações às milícias do além mar”. Duzentos e sessenta e dois anos depois, em 1811, D. João VI reformulou a estrutura logística do exército, transformando a cópia lusa em “Arsenal Real do Exército”, hoje “Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro”. Após a Proclamação da República, em 1889, foram efetivados os primeiros registros de alterações na estrutura de apoio, culminando com a criação do órgão Intendência, no mesmo ano. Ao término da primeira guerra mundial (1914 a 1918), com a vitória da França sobre as forças alemãs, o Brasil recebeu a missão militar francesa que colaborou intensamente na criação do serviço de Intendência. Com novas perspectivas de atuação, esse serviço foi centrado na Academia Militar das Agulhas Negras (Resende/RJ), considerada “o berço dos oficiais intendentes do Exército brasileiro”. A direção setorial do Exército abriga a Secretaria de Economia e Finanças que tem como compromisso básico, a qualidade da gestão dos recursos orçamentários, financeiros e patrimoniais. Essa estrutura administrativa atua também nos sistemas administrativos, auditoria e gestão de recursos. Vale ressaltar que o Centro de Pagamento do Exército (CPEX) gerencia a terceira maior folha de pagamento do governo brasileiro. A Intendência do Exército, segundo a Revista da Intendência (2009, p. 9) tem hoje o sistema logístico e o econômico-financeiro (Secretaria de Economia e Finanças; Diretoria de Contabilidade; Centro de Pagamento do Exército; Diretoria de Auditoria; Diretoria de Gestão Orçamentária; Inspetorias de Contabilidade e Finanças do Exército) Nesse cenário, destaca-se a teia comunicacional e informacional que permeia a atividade da Intendência apoiada nos princípios das Ciências Contábeis, Economia e Administração. 2.3 Aeronáutica e IntendênciaA Aeronáutica adota duas vertentes básicas da Intendência, a operacional e a clássica. A Operacional é aplicada ao apoio dos combatentes e a Clássica, ao suporte técnico administrativo dos serviços essenciais prestados aos recursos humanos atuantes na Força Aérea. A Diretoria de Intendência da Aeronáutica (DIRINT) trabalha estrategicamente no apoio logístico e cabe a essa diretoria gestar a criação de lideranças intelectuais; o gerenciamento e aperfeiçoamento do sistema de Intendência Operacional e operações cívicos-sociais e missões humanitárias (Revista da Intendência, 2009, p. 27). 2.4 Marinha e IntendênciaA Marinha brasileira em função das diretrizes do Programa Netuno (Qualidade da Gestão nas OM da Marinha) busca o aprimoramento contínuo da administração, para promover o desenvolvimento e a atualização de programas de formação e aperfeiçoamento de seus Oficias. O Plano de Carreira de Oficias da Marinha prevê a participação de Oficiais da Marinha, em dedicação exclusiva, em cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu em áreas de interesse da Marinha. Os desafios das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) vão muito além do controle do espaço aéreo, da vigilância das fronteiras e do patrulhamento da fronteira marítima das 200 milhas. Seu papel social e humanitário levam as três Armas a atuarem também em conflitos urbanos, catástrofes, calamidades públicas e ajuda humanitária no território nacional e em solo estrangeiro. Nesses momentos críticos, a Intendência deve estar sintonizada às necessidades e expectativas de atuação eficiente, eficaz e de qualidade no cumprimento de suas atribuições. 2.5 Mulheres nas Forças ArmadasO Brasil, tardiamente, em relação à inserção da força feminina no cenário militar mundial, só tornou efetiva essa presença a partir da década de 1980. A Marinha brasileira foi a pioneira ao abrir espaço profissional para abrigar as primeiras mulheres em sua organização militar (Santos, 2009). Segundo o autor, em 1982, “ocorreu na Aeronáutica o ingresso da primeira turma de mulheres na Força Aérea Brasileira (FAB)”. Quatorze anos depois das primeiras admissões de mulheres na FAB, em 1996, ocorreu a abertura de ingresso do corpo feminino, como cadetes, no quadro da Intendência. O Exército foi o último baluarte militar aberto às mulheres (1989), e que segundo Santos (2009, p. 9) “um Exército voltado exclusivamente para o campo de batalha dificulta a inserção feminina, mas ao se pensar em um exército como pilar da sociedade brasileira, o qual se volta para a produção do conhecimento e inteligência, a inserção feminina torna-se possível”. Neste cenário até então exclusivamente masculino, a presença feminina vem ganhando seu espaço e se integrando aos postulados das Forças Armadas de revitalização de suas corporações perante a sociedade. 2.6 Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis (PPGCC/UERJ)O PPGCC/UERJ teve origem em 1984, inserido no Instituto Superior de Estudos Contábeis da Fundação Getúlio Vargas (ISEC/FGV). Em 1990, passando por dificuldades, o programa foi extinto (Fernandes, 2002, p. 18). Devido a sua reconhecida importância nos estudos na área pública, o programa foi reestruturado e credenciado em 1991, alocado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atualmente, o PPGCC/UERJ possui convênios de apoio financeiro e institucional do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), do Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Rio de Janeiro (CRC-RJ) e da Controladoria Geral do Município do Rio de Janeiro, mas ainda existe espaço para desenvolvimento de profissionais com perfil de empreendedores, pesquisadores e docentes, capazes de agregarem valores à revitalização da imagem das Forças Armadas. Os militares graduados em Ciências Contábeis, Administração e Economia, entre outras, ocupantes de postos estratégicos ou em início de carreira militar vêm se candidatando ao ingresso nos cursos de mestrados em Ciências Contábeis, solidificando uma sensível mudança de perspectivas funcionais em várias esferas do setor público. 3. MetodologiaO presente estudo se caracteriza por uma abordagem descritiva do objeto de pesquisa: militares titulados mestres no Programa de Pós-graduação em Ciências Contábeis (PPGCC/UERJ). A pesquisa descritiva tem “como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 1999, p. 44). A pesquisa documental complementou o estudo ao observar, investigar e coletar dados sobre o fenômeno, em uma perspectiva quanti-qualitativa que possa aguçar o interesse de orientadores e pesquisadores pelos desdobramentos do tema em consolidar um nicho de futuros militares mestres, professores, pesquisadores e consultores. A pesquisa foi estruturada nas seguintes etapas: estudo do fenômeno; pesquisa documental e bibliográfica; coleta e elaboração dos dados; análise e interpretação dos dados; representação gráfica das variáveis do fenômeno. O PPGCC/UERJ, atuando na formação de mestres em Ciências Contábeis, em aproximadamente 21 anos desde sua criação, detectou que entre os 273 mestres titulados (1991-2011), 33 são oriundos das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), correspondendo a 12,09%. Tal constatação originou o presente estudo que pretende diagnosticar e ampliar a participação militar em seus quadros de mestrandos. Essa proposta irá permitir um melhor conhecimento dos cargos públicos militares que incentivam a pesquisa e formação de docência. Outra vertente do estudo está direcionada para o enriquecimento técnico dos orientadores do PPGCC/UERJ, no tocante às necessidades e expectativas das Forças Armadas no que dizem respeito às áreas de pesquisa que possam contribuir para inovações organizacionais e tecnológicas. 3.1 Estudo do fenômenoEsta etapa foi caracterizada pelo estudo inicial sobre a titulação de mestre no PPGCC/UERJ, em um período regular de 20 anos, entre 1991 a março de 2011. Nessa fase, detectou-se a presença de militares mestres, no vicênio, correspondendo a 12,09% da amostragem geral (273 dissertações). Relativamente, o percentual de militares das três Forças Armadas no PPGCC representa uma parcela pequena, considerando que a Intendência - que se apropria dos conhecimentos oriundos das Ciências Contábeis, Administrativas e Econômicas - é uma atribuição de peso no cenário militar. O fenômeno, no entanto, não deve ser avaliado tão somente pela presença de alunos militares na Universidade do Estado no Rio de Janeiro (UERJ), já que outras instituições oferecem programa de mestrado em Ciências Contábeis, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os objetivos do estudo estão centrados no conhecimento da realidade da Intendência nas Forças Armadas, contribuindo para ampliar significativamente a presença de militares pesquisadores/professores e potencializando a contribuição que as Ciências Contábeis podem acrescentar às Instituições Militares. 3.2 Pesquisa documental e bibliográficaA coleta de dados dessa pesquisa foi efetivada por meio de busca em arquivos do PPGCC/UERJ que continham dados sobre mestres titulados no referido programa. A pesquisa bibliográfica sobre Intendência foi elaborada mediante consulta à Revista Intendência (2009), editada pelo Exército, com referências também sobre Aeronáutica e Marinha. 3.3 Coleta e elaboração dos dadosEsta subseção aborda a análise, interpretação e representação gráfica das variáveis do fenômeno. Para dar corpo à pesquisa e seus resultados, optou-se pela observação do fenômeno, subdividindo seus conteúdos informacionais em quatro patamares adequados às variáveis: demografia dos pesquisados; demografia da dissertação, abordagens metodológicas; tema das dissertações. Para os subitens de pesquisa (tipologias da pesquisa quanto aos objetivos, procedimentos abordagem do problema e instrumentos de pesquisa) foram nomeados conforme estudo de Gubiani et al. (2010). 4. Análise dos dadosA abordagem dessa pesquisa foi subdividida em quatro níveis informacionais para melhor observação do fenômeno utilizando-se a análise de conteúdo com os seguintes perfis: Demografia dos pesquisados; Demografia da Dissertação; Abordagens metodológicas e Tema de pesquisa. a. Demografia dos pesquisados: divididos em gênero e número da população-alvo. O universo pesquisado sobre mestres oriundos do PPGCC/UERJ aponta uma população total de 273 egressos, em um período de 20 anos (1991 a 2011) e, dentre eles, trinta e três pertencentes às Forças Armadas. Pormenorizando a fatia de 12,09% dos militares mestres, a distribuição apresentou a seguinte configuração:
Gráfico 1: Forças Armadas no PPGCC/UERJ Observa-se na representação gráfica que 70% dessa amostragem são de militares oriundos da Marinha (23 mestres). Esse fato pode estar relacionado à política dessa Instituição em reorganizar seu órgão de Intendência, promovendo a oportunidade de ter em seus quadros, pessoal tecnicamente capacitado para o exercício das funções operacionais e clássicas dessa profissão restrita às Forças Armadas. Alguns postos de trabalho nas Forças Armadas demandam especialização que a própria Instituição militar promove, inexistindo a necessidade de ingresso em Programas de Pós-Graduação em instituições civis. São necessidades supridas pelas próprias Instituições responsáveis pela formação de Mestres e Doutores em Ciências Navais, Militares e Aeronáuticas: Escola de Guerra Naval (EGN), Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), e Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica (ECEMAR). No entanto, as expectativas dessas Instituições podem recair na escolha por cursos de pós-graduação, com linhas de pesquisas inexistentes em seus programas. Com relação ao gênero, trinta e dois egressos do PPGCC/UERJ, em 2011, pertenciam ao sexo masculino e somente uma, do sexo feminino. Não foi computada, nos dados informacionais desse estudo, a presença de mais uma militar do Exército com previsão de defesa da dissertação para 2012, fato que, temporalmente, não permitiu sua inclusão no cômputo dessa coleta de dados. A baixa presença de mulheres das Forças Armadas no curso de Mestrado em Ciências Contábeis enseja algumas considerações. É recente a admissão de mulheres no universo militar. A Marinha foi pioneira ao abrir as portas para o ingresso de mulheres em um reduto tipicamente masculino. Quatorze anos após esse feito, a Aeronáutica inovou e admitiu o ingresso do corpo feminino como cadetes da Intendência. O Exército foi o último baluarte militar aberto às mulheres em 1989. b. Demografia da Dissertação: divididos em Orientador, Área de Concentração e Linha de Pesquisa. Neste subitem foram estabelecidas algumas variáveis para tipificação da abordagem, assim denominadas: professor-orientador, área de concentração das dissertações e linhas de pesquisas escolhidas.
Quadro 1: Orientadores de Mestrado (PGCC/UERJ) Nove foram os professores orientadores das dissertações de mestrado dos alunos das Forças Armadas. Desse grupo original, somente três ainda estão em atividade em 2012, os prof. Júlio Cardozo, Álvaro Lima e Lino da Silva. Nota-se que o professor orientador Júlio Cardoso, palestrante no Seminário de Auditoria do Serviço da Marinha, em 1988, orientou 36,33% dos militares inscritos no PPGCC/UERJ, seguido do professor Lino da Silva com 21,21%, ambos perfazendo mais da metade das orientações referentes às dissertações militares no referido programa de mestrado. Atualmente, treze professores doutores fazem parte do núcleo de docentes do PPGCC. No subitem “Área de Concentração”, a escolha dos militares mestrandos recaiu na área “Controle de Gestão” que nesse período de 20 anos, constituiu-se na única abordagem do PPGCC/UERJ. A linha de Pesquisa “Controladoria em entidades públicas e privadas” marcou a tendência dos mestrandos militares como norteadora de suas dissertações e focada nos temas “controladoria” e “gestão”. c. Abordagens metodológicas: divididas em tipologia abordada; tipologia de procedimento e instrumento de pesquisa. Este subitem se apoia em alguns referenciais metodológicos como tipologia abordada, de procedimento e instrumentos de pesquisa. De um total de trinta e uma dissertações analisadas nesse quesito (duas dissertações não foram computadas por ausência de registro de dados), dezenove estavam relacionadas à pesquisa qualitativa e doze à pesquisa quanti-qualitativa.
Quadro 2: Tipologia Abordada (PGCC/UERJ) Embora se possa inferir, em um primeiro momento, que as pesquisas escolhidas por esses militares mestres recairiam na opção quantitativa, em função do robusto conteúdo científico ministrado nas Escolas de Formação de Oficiais, o resultado mostrou uma coerência na escolha (qualitativa), tendo em vista que as Ciências Contábeis, como uma ciência social e aplicada, se vale mais de pesquisas qualitativas. Como tipologia de procedimentos o “estudo de casos” aparece em vinte e cinco dissertações, seguido da “pesquisa bibliográfica”, com quatorze. Além desses tipos de metodologia, também foram utilizadas as pesquisas exploratórias e documentais.
Quadro 3: Tipologia de procedimentos (PGCC/UERJ) Para viabilizar a análise estatística dos dados do Quadro 3, procedeu-se a junção dos tipos de procedimentos idênticos que se apresentavam duplicados ou agregados a outros procedimentos. O Estudo de caso, de acordo com Gil (1999, p. 73) tem como objetivos: “explorar situações da vida real [...]; descrever a situação do contexto em que se está sendo feita determinada investigação; e explicar as variáveis causais de determinado fenômeno”. E os estudos de caso estavam relacionados a situações reais da Marinha, Exército, Aeronáutica. Como instrumento de pesquisa, a análise documental foi a mais utilizada (22), seguida ou conjugada com entrevista (8) e do questionário aplicado (4), como a seguir:
Quadro 4: Instrumentos de Pesquisa (PGCC/UERJ) Embora os instrumentos de pesquisa pudessem ser utilizados de forma independente entre si, eles também foram empregados em conjunto com outros instrumentos da metodologia aplicada. d. Tema de pesquisa: para diagnosticar os assuntos relevantes abordados nas dissertações, foi analisado um leque de palavras-chave inseridas como guia complementar do teor das mesmas. Ao todo, foram elencadas 80 palavras-chave e as mais recorrentes se destacam no quadro abaixo:
Quadro 5: Palavras-chave (PGCC/UERJ) Contextualizando o estudo sobre militares mestres do PPGCC/UERJ, foram aferidos os seguintes indicadores. Dos 273 titulados do curso de mestrado, 12,09% referem-se a militares das Forças Armadas e, destes, 23 (vinte e três) oriundos da Marinha, 5 (cinco) da Aeronáutica e 5 (cinco) do Exército. Existe predominância do gênero masculino. A tipologia de procedimento metodológica destaca as abordagens: estudo de caso (48%) e pesquisa bibliográfica (27%); pesquisa documental (19%) e pesquisa exploratória (6%). As palavras-chave obrigatórias para remeter os pesquisadores ao cerne da dissertação por meio da sinalização aos seus principais marcos referenciais deram destaque à “auditoria contábil”, seguida de “gestão público-privada” como os principais e relevantes identificadores dos conteúdos informacionais das dissertações. 5. Considerações finaisOs rumos dos negócios públicos e privados dependem, atualmente, das inovações tecnológicas e do espírito empreendedor que caminham juntos para o sucesso de um empreendimento. A inovação torna-se então relevante para o desenvolvimento do setor público tendo em vista que empresas privadas vêm aderindo com mais rapidez às exigências do mercado. O foco desse estudo se caracterizou pela observação das inovações e do empreendedorismo das Forças Armadas aliadas à preparação de seus recursos humanos no desempenho da função de Intendência. Inovações organizacionais como a abertura de seus postos militares às mulheres comprova que o desenvolvimento organizacional vem consolidando as expectativas de mudanças estratégicas no cenário militar. Esse novo cenário ambientou as propostas iniciais do estudo que podem ser englobadas em dois polos: o primeiro refere-se à necessidade do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis – PPGCC/UERJ de conhecer o público-alvo oriundo das Forças Armadas e suas expectativas no sentido de orientar a demanda para opções de docência, pesquisa e consultoria. O segundo polo diz respeito ao conhecimento da função Intendência e suas correlações com as Ciências Contábeis para fundamentar os orientadores do programa de mestrado sobre o leque temático da Intendência acolhendo propostas inéditas na elaboração de dissertações. O mapeamento elaborado, também, pode contribuir para a criação de projetos de pesquisa voltados para a Defesa Nacional, alinhados ao Programa de Apoio ao Ensino e à Pesquisa Científica e Tecnológica em Defesa Nacional (Pró-Defesa), financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O PPGCC/UERJ, que formou trinta e três militares mestres, poderá usufruir dessa experiência aguçando o interesse dos professores orientadores e futuros mestres em Ciências Contábeis, Administração e Economia para o extenso rol de oportunidades de construção do conhecimento na área de Intendência. Nesse sentido, Oliveira (2003, p. 2) reforça o papel das Ciências Contábeis ao afirmar ser “uma das ciências que tornam possível a existência das modernas empresas multidepartamentais [...]. Sua contribuição é de tal relevância que provavelmente sem ela a economia moderna não existiria”. Portanto, inserir a Intendência no campo de estudos das Ciências Contábeis e parcelas da Administração e Economia colocam no rumo certo o empreendedorismo das Forças Armadas, no usufruto da construção do conhecimento no campo das ciências afins à Intendência e seu rico arsenal tecnológico aplicado ao cumprimento de suas missões. Contextualizando, no cenário das mudanças organizacionais em âmbito militar, vem ocorrendo a adoção de estratégias inovadores que possibilitam a construção de blocos sedimentares e promocionais de mudanças, em que a educação pode ser considerada a argamassa que sustentará a construção do conhecimento. ReferênciasBRASIL. Marinha. (2007) Plano de Carreira para Oficiais da Marinha. PCOM. 8ª Revisão. Fernandes, Antônio Miguel; Arieira, Osiane Nascimento; Aragão, Rodrigo Barros; Machado, Gilcina Guimarães. (2002). O Programa de mestrado em contabilidade da UERJ. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da Uerj, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p.17-24, dez. 2002. Disponível em: <link>. Acesso em: 18 mar. 2012. Gil, Antonio Carlos.(1999). Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas. Gubiani, Clésia Ana; Santos, Vanderlei Dos; Rengel, Silene; Rausch, Rita Buzzi. (2010). Abordagens metodológicas e técnicas das dissertações em Ciências Contábeis realizadas em 2007 e 2008 na USP. In: SEMEAD - SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO, 13., 2010, São Paulo. Anais... . São Paulo: Ppga- Fea-usp, 2010. p. 1 - 17. Disponível em: <link>. Acesso em: 18 mar. 2012. Oliveira, Antônio Benedito Silva.(2003). Métodos e técnicas de pesquisa em contabilidade. São Paulo: Saraiva. Revista da Intendência. (2009) Brasília - DF: Marketing Ltda., set. 2009. Disponível em: <http://www.11icfex.eb.mil.br/11icfex/PaginaInicial/Importante/RevistaDaIntend encia/RevistaDaIntendenciaEd01.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2012. Santos, Lauciana Rodrigues Dos. (2009). A participação das mulheres nas Forças Armadas brasileira: um debate contemporâneo. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ESTUDOS DE DEFESA - ABED, 3., 2009, Londrina. Anais... . Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 2009. p. 1 - 14. Disponível em: <http://www.uel.br/pos/mesthis/abed/anais/LaucianaRodriguesdosS antos.pdf>. 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