1 Introdução

As empresas que buscam vantagem competitiva precisam adequar-se às mudanças tecnológicas e operacionais que as circundam. Em muitos casos, necessitam de sistemas de informação que contribuam para “fornecer soluções que permitirão às empresas derrotar e frustrar seus concorrentes” (LAUDON; LAUDON, 1999, p. 42). Desta forma, considera-se importante que profissionais das mais diversas áreas possuam amplos conhecimentos sobre aspectos inerentes aos sistemas de informação, para que assim possam prover subsídios informais úteis ao processo decisório das organizações.

Para que os profissionais detenham maior nível de conhecimento sobre sistemas de informação, é relevante que busquem, por meio da leitura, obter conhecimento e compreensibilidade sobre essa temática. Lang, Zanchett e Domingues (2007, p. 2) citam que “de forma a suprir esta demanda por compreensão, faz-se necessária à leitura. O ponto de partida é ler, para então chegar à compreensão do que está escrito, viabilizando o conhecimento. Estes fatores integrados repercutem no processo de aprendizado”. Os autores argumentam ainda que a mensuração da compreensão de uma pessoa sobre determinado assunto é considerada uma questão relevante, haja vista que um mesmo texto analisado por diferentes pessoas pode ser compreendido também de formas diferentes.

Em 1953 Taylor introduziu uma nova técnica com o objetivo avaliar a compreensibilidade de pessoas diante de determinados textos analisados, sendo denominada de técnica Cloze. Esta técnica utiliza-se de textos publicados sobre determinada área, sendo aplicados a indivíduos que não tiveram contato com o mesmo, tendo como finalidade a avaliação da compreensibilidade dos mesmos para com a temática abordada. A aplicação do teste consiste num texto de aproximadamente 250 palavras, sendo que do texto, excluem-se, a partir da primeira palavra, toda quinta palavra subseqüente, substituindo esta palavra por um espaço em branco, pontilhado de igual tamanho. Solicita-se após, que os participantes do teste façam a substituição nestes espaços em branco, por uma palavra que julgarem ser a mais conveniente para o texto. A constatação da compreensibilidade se dá pelo maior número de acertos de palavras substituídas nos espaços em branco.

Diante do exposto, este estudo propõe a seguinte questão de pesquisa: Qual o grau de compreensibilidade medido por meio da técnica Cloze de livros de Sistemas de Informação de alunos de pós-graduação stricto sensu em Ciências Contábeis? Assim, o objetivo do estudo é investigar a compreensibilidade de livros de Sistemas de Informação por meio da aplicação da técnica Cloze em alunos de mestrado e de doutoradoem Ciências Contábeis. Dois livros de Sistemas de Informação foram selecionados para o estudo. O primeiro livro foi selecionado pelo fato de ser uma obra internacional sobre Sistemas de Informações traduzida do inglês para o português, portanto, produzido sobre o tema em um ambiente com diferenças culturais, tecnológicas e de língua comparativamente ao Brasil. O segundo livro foi selecionado por abordar o mesmo tema e para se ter um parâmetro de comparação entre os resultados da pesquisa sobre a compreensão de uma obra estrangeira e uma nacional.

A importância desta pesquisa está no fato de se investigar se há diferenças na compreensão de duas obras de Sistemas de Informação, uma internacional traduzida e outra brasileira. Supõe-se que o grau de compreensibilidade do primeiro livro seja menor do que do segundo, já que aquele foi produzido sobre o tema em um ambiente com diferenças culturais, tecnológicas e de língua comparativamente ao Brasil. Estes fatores podem influenciar a compreensão do texto pelos leitores, principalmente a depender da tradução realizada. A pesquisa também é relevante por analisar a compreensibilidade de alunos de mestrado e doutorado em ciências contábeis, avaliando aspectos relacionados aos sistemas de informação, tema este considerado relevante por estar presente nas diversas disciplinas dos currículos dos referidos cursos.

2. Sistemas de Informação

A informação observada e transmitida aos usuários não está limitada a dados coletados, sendo necessária a sua organização e ordenamento para que assim os respectivos dados sejam úteis e se transformem em informações concretas aos seus detentores (BARBOSA; SICSÚ, 2002). Neste sentido que as organizações concebem e estruturam seus sistemas de informações, configurando a tecnologia para transformar dados em informações úteis ao processo decisório.

Laudon e Laudon (2001, p. 4) definem sistema de informações como “um conjunto de componentes inter-relacionados que coleta (ou recupera), processa, armazena e distribui informações para dar suporte à tomada de decisão e ao controle da organização”. Souza Júnior et al. (2009, p. 3) citam que é por meio dos sistemas de informações que o administrador da empresa “ consegue ter acesso com facilidade às informações de todos os aspectos da organização. A correta administração dessas informações é fundamental para o sucesso, pois, com base nelas os gestores podem decidir o rumo da organização”.

Infere-se do exposto que as organizações precisam adaptar-se às constantes modificações organizacionais para manterem sua competitividade frente ao mercado em que atuam, e uma das formas para esta constante atualização é por meio de recursos tecnológicos de qualidade. Callado et al. (2009, p. 2) destacam que “a visão dos sistemas de informação como arma estratégica competitiva tem sido discutida e enfatizada, pois não só sustenta as operações de negócio existentes, mas também permite que se viabilizem novas estratégias empresariais”.

Os sistemas de informações estão diretamente relacionados ao processamento de informações, caracterizando-os, classificando, organizando e até mesmo calculando dados de forma que se transformem em saídas de informações (MOSCOVE; SIMKIN; BAGRANOFF, 2002). Os autores apresentam os principais componentes de um sistema de informações para os tomadores de decisões, conforme demonstrado no Quadro 1.

Quadro 1 – Componentes de um sistema de informações
Fonte: adaptado de Moscove, Simkin e Bagranoff (2002).

Diante dos componentes apresentados no Quadro 1, pode-se constatar que os sistemas de informação compõem-se de entradas de informações internas e/ou externas, sendo processadas por meio de classificações, organizações e/ou cálculos, para, por fim, serem transmitidas informações úteis aos tomadores de decisões.

Profissionais da área contábil e demais envolvidos no provimento das informações geradas por meio dos sistemas contábeis, por exemplo, processamento de informações relativas a eventos econômicos, precisam considerar estes componentes como fontes de informações contábeis básicas. A contabilidade atua como transmissora destas informações, observando os eventos ocorridos, codificando-os para que as informações possam ser transmitidas aos usuários, por meio dos relatórios (STROEHER; FREITAS, 2008).

É importante que profissionais da área contábil tenham pleno conhecimento do significado de sistemas de informação, e o que ele pode agregar à gestão empresarial. Guerini, Plebani e Machado (2009, p. 4) citam que para garantir continuidade dos negócios em mercados que se tornam cada vez mais competitivos, “é indispensável a aquisição de tecnologias da informação e softwares de gerenciamento que forneçam aos gestores uma visão global e integrada de todos os processos e setores da organização, bem como subsidie a tomada de decisão”.

Os sistemas de informação buscam ajudar na geração de fluxos de informações, fazendo com que as informações possam auxiliar a empresa no monitoramento do macroambiente em que opera. Na medida em que as empresas buscam expansão frenética e constante, necessitam para seu controle informações rápidas e confiáveis, de modo que os gestores possam organizá-las em tempo hábil (CALLADO et al., 2009).

Para que as informações sejam organizadas, processadas e transmitidas em tempo hábil, com maior credibilidade, é importante que a empresa detenha recursos tecnológicos coerentes. Tecnologia da informação é conceituada por Rezende e Abreu (2001, p. 76) como um conjunto de “recursos tecnológicos e computacionais para geração e uso da informação”.  Os autores descrevem que a tecnologia da informação está fundamentada nos seguintes componentes: hardware e seus dispositivos e periféricos; software e seus recursos; sistemas de telecomunicações; e gestão de dados e informações.

Nessa perspectiva surgem indagações sobre a gestão da tecnologia da informação. Rezende e Abreu (2001, p. 76) ressaltam que, “dentro dessa visão de gestão da Tecnologia da Informação, as tecnologias e seus recursos devem ser compatíveis, modernos, econômicos, úteis e padronizados entre hardware e software (de base e operacional) e os aplicativos ou Sistemas de Informação”. Assim, por estes motivos e outros já citados neste estudo, que se tornam relevantes pesquisas envolvendo diversas áreas do conhecimento, como é o caso deste estudo,  além de focalizar a compreensão de mestrandos e doutorandos em ciências contábeis para com a temática relacionada a sistemas de informação.

3. Técnica Cloze

A técnica Cloze foi introduzida por Wilson L. Taylor em 1953. Esta técnica consiste na organização de um texto em que se excluem algumas palavras e solicita-se ao leitor que preencha os espaços com palavras que melhor completem o sentido do texto em estudo. Essa técnica é oriunda da psicolingüística, estando fundamentada na teoria da informação e noções de amostras aleatórias, que apresentam como objetivo a mensuração da compreensibilidade. (TAYLOR, 1953, apud SANTOS; MASCARENHAS, 2007).

Santos et al. (2002, p. 550) destacam que a técnica Cloze “tem se mostrado bastante eficaz, tanto do ponto de vista prático, tendo em vista a facilidade de elaboração, aplicação e correção, bem como do ponto de vista empírico, em função dos altos índices de correlação positiva de seus resultados com o desempenho acadêmico”.

A aplicação desta técnica consiste na retirada de palavras do texto cujo objetivo é o de avaliar compreensibilidade dos leitores (STEVENS; STEVENS; STEVENS 1993). Andrade (2004, p. 5) explica que “a maior ou menor facilidade que o leitor tem para reconstruir o texto cujas palavras foram retiradas determina um índice de compreensibilidade do texto”. A técnica Cloze é comumente utilizada para medir a inteligibilidade do texto e a compreensibilidade dos leitores perante um determinado texto publicado. 

Para utilizar a técnica Cloze, segundo Andrade e Martins (2004, p. 5), “uma seção de um texto é selecionada, nela eliminamos sistematicamente as palavras e neste lugar colocamos um espaço em branco de igual tamanho para todas as palavras deletadas”. A partir de então, os envolvidos com a pesquisa são solicitados a ler o texto e substituir os espaços em branco por palavras que foram retiradas. Quanto maior for a quantidade de palavras corretas, mais compreensivo é o texto utilizado.

Para mensurar a compreensibilidade dos textos, no sentido de analisar a clareza por meio da técnica Cloze, algumas medidas devem ser consideradas, as quais foram propostas por Williams et al. (2002 apud COSTA et al., 2005, p. 3):

1. os trechos do texto a ser avaliado são escolhidos aleatoriamente;
2. a décima sexta palavra e, a partir dela, toda quinta palavra do trecho selecionado é retirada e substituída por lacunas de tamanho único;
3. o trecho é repassado aos participantes, que não tiveram contato prévio com o trecho completo;
4. aos participantes, é dada a instrução de preencherem as lacunas com as palavras que acreditem terem sido retiradas;
5. as respostas são consideradas corretas quando eles completam a lacuna com a palavra que foi retirada;
6. a passagem que proporcionar o maior número de acertos será considerada a mais clara, com relação ao assunto em questão e, também, a mais clara para o público alvo representado pelo grupo participante da avaliação. O trecho que permitir a segunda pontuação mais alta será considerado o segundo mais claro e assim por diante.

Neste contexto, é relevante destacar que a eficiência atribuída no decorrer do processo compreensivo depende da capacidade do leitor de prever o conteúdo que está sendo descrito, assim como o prévio conhecimento do assunto tratado, simplicidade e consistência da escrita, e a utilização das convenções de linguagem relatadas (WILLIAMS et al., 2002 apud COSTA, 2006).

Santos e Mascarenhas (2007) consideraram os parâmetros preconizados por Bormuth (1968) para analisar o desempenho dos envolvidos em pesquisas com aplicação da técnica Cloze. Os três níveis de leitura apresentados pelos autores foram estabelecidos para apresentar os resultados obtidos na avaliação do teste Cloze. Um percentual de até 44% de acertos referentes ao texto analisado, consideraram como nível de frustração, indicando que o leitor obteve pouca compreensão no decorrer da leitura. Um percentual entre 44% a 57% de acerto demonstrava compreensão suficiente, indicando, porém, que há necessidade por parte do leitor, de auxilio adicional para compreensão. E uma quantidade acima de 57% de acertos demonstrava autonomia na compreensibilidade dos leitores envolvidos.

Bormuth (1968 apud SILVA; COSTA; RODRIGUES, 2007, p. 5-6) arrolou algumas vantagens comparativas para o uso do método Cloze como medidor de clareza. Dentre as vantagens, cita que o método Cloze é simples e de fácil preparação, gerenciamento e avaliação; os itens que fazem parte do método Cloze estão embutidos no texto, evitando que os participantes influenciem os resultados auferidos; as respostas são avaliadas de forma simples e objetiva; e por fim, a técnica Cloze demonstra ser altamente confiável, sendo validados como medidores da clareza relativa diante dos materiais analisados.

A técnica Cloze já foi utilizada para desenvolvimento de pesquisas na área contábil, visando avaliar compreensibilidade por meio de livros textos na área contábil (ANDRADE; MARTINS, 2004), disciplina de Contabilidade de Custos (COSTA et al. 2005), quatro livros relacionados à Contabilidade Básica, Análise das Demonstrações Contábeis I; Análise das Demonstrações Contábeis II; e Contabilidade de Custos I (COSTA, 2006), relatórios da administração de empresas (SILVA, COSTA e ROGRIGUES, 2007).

Este estudo analisa a compreensibilidade de alunos de mestrado e doutorado em ciências contábeis, avaliando aspectos relacionados aos sistemas de informação, tema este considerado relevante por estar presente nas diversas disciplinas dos currículos dos referidos cursos, bem como no dia-a-dia dos profissionais da área contábil.

Pesquisas na Área Contábil com Utilização da Técnica Cloze

Para instrumentalizar esta pesquisa identificaram-se pesquisas desenvolvidas com aplicação da técnica Cloze na área contábil, visando melhor compreensão dos aspectos tratados por tais estudos. Também para diferenciar a elaboração deste estudo das demais pesquisas já desenvolvidas. A busca foi realizada em anais de congressos da área do Qualis CAPES: Congresso ANPCONT, Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, EnANPAD e Congresso Brasileiro de Custos. Os estudos localizados nos anais desses eventos sobre este tema são descritos a seguir de forma breve.

O estudo de Andrade e Martins (2004), intitulado Compreensibilidade de livros-texto de contabilidade: um estudo empírico com a utilização da técnica Cloze, objetivou investigar, por meio de um experimento, a compreensibilidade de livros de contabilidade introdutória selecionados segundo o critério de maior adoção nas universidades públicas brasileiras. Como aporte teórico, os autores desenvolveram aspectos gerais sobre processo de compreensão da leitura, técnica Cloze e compreensibilidade de livros na perspectiva contábil. Para aplicação do teste Cloze, utilizaram dois livros texto sobre contabilidade introdutória e realizaram o teste com 213 alunos do curso de ciências contábeis da Universidade de São Paulo. Concluíram que a compreensão referente ao livro II foi maior se comparado à compreensão do livro III, e que isto pode ser justificado devido ao não conhecimento do conteúdo que até o momento da aplicação do teste Cloze não havia sido ministrado em aula pelos professores. De maneira geral, constataram que em média os textos são compreensíveis para a maior parte dos alunos que participaram do teste, apresentando uniformidade na distribuição de escores.

Costa et al. (2005) desenvolveram uma pesquisa com o objetivo de verificar se existe relação entre o desempenho obtido pelos alunos na disciplina de Contabilidade de Custos I e os resultados do teste Cloze. Para o desenvolvimento do estudo, formularam a hipótese de que existe relação entre o desempenho obtido pelos alunos e a sua pontuação nos testes Cloze. Como fundamentos teóricos, abordaram aspectos inerentes à conceituação e aplicação da técnica Cloze. Os participantes do teste cloze foram os 31 alunos da disciplina de Contabilidade de Custos I do curso de graduação de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Selecionaram um trecho do livro de Contabilidade de Custos adotado na disciplina para aplicação do teste close. Para análise dos dados utilizaram o coeficiente de correlação de Pearson. Concluíram que a obtenção de maior número de acertos no respectivo teste não indica que o aluno irá obter um bom desempenho na disciplina em análise. Porém, ressaltaram que os alunos que não conseguem obter um nível compreensível na leitura do texto, podem ter desempenho ruim no decorrer da disciplina.

Costa (2006) reaplicou a pesquisa desenvolvida em 2005, apresentando o mesmo objetivo de verificar se existe relação entre o desempenho obtido pelos alunos em determinada disciplina e os resultados do teste Cloze. Os envolvidos na pesquisa foram os 118 alunos do curso de graduação de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sendo que o teste foi aplicado na primeira semana de aula do primeiro semestre de 2005. A autora utilizou quatro livros para aplicação do questionário, relacionados à: Contabilidade Básica; Análise das Demonstrações Contábeis I; Análise das Demonstrações Contábeis II; e Contabilidade de Custos I. Utilizou o coeficiente de correlação de Pearson no tratamento dos dados. A hipótese do estudo foi parcialmente refutada, uma vez que os resultados demonstraram que a obtenção de um maior número de acertos no teste Cloze não indica que o aluno obterá bom desempenho na disciplina de Contabilidade de Custos I. No entanto, o desempenho do aluno poderá ser ruim nesta disciplina, caso não consiga obter um nível de autonomia na leitura e compreensão do livro texto. Quanto ao livro de Contabilidade Básica, nesta aplicação do teste Cloze os alunos que mais acertaram no preenchimento das lacunas com palavras corretas foram os que obtiveram maior nota no semestre.

O estudo desenvolvido por Silva, Costa e Rodrigues (2007) objetivou analisar o grau de compreensibilidade e de legibilidade dos relatórios da administração das companhias brasileiras de capital aberto do setor de energia elétrica. A base teórica compreendeu conceitos sobre evidenciação; relatórios de administração; compreensibilidade e legibilidade das informações; aspectos inerentes a técnica Cloze e fórmulas de legibilidade. Para a aplicação da técnica Cloze, realizaram pesquisa com 480 estudantes do curso de graduação de Ciências Contábeis da Universidade de Brasília. A técnica se baseou no preenchimento de lacunas em branco referente a um trecho do relatório da administração do ano de 2003 de uma das 30 companhias que compuseram a amostra, preenchendo as lacunas com a palavra que julgassem a mais apropriada. Os escores do teste Cloze revelaram que apenas um relatório da administração de uma companhia dentre as 30 analisadas apresentou grau satisfatório de compreensibilidade. Observaram que 40% dos relatórios apresentaram baixo grau de compreensibilidade e 57% nível de compreensão suficiente. Quanto à legibilidade, 33% obtiveram escore superior a 60, considerado ideal para caracterizar um texto legível; e 33% apresentaram legibilidade caracterizada como difícil nos relatórios da administração de 2003.

Santos e Mascarenhas (2007) realizaram pesquisa com o objetivo de analisar o grau de compreensibilidade dos relatórios de gestão das unidades gestoras do governo federal, jurisdicionadas à Controladoria Regional da União no Amazonas (CGU) e ao Tribunal de Contas da União (TCU), que apresentaram processos de contas individualizados no exercício de 2005. Os autores utilizaram a técnica Cloze para constatação da compreensibilidade. Dentre os participantes, 52% eram analistas, técnicos de finanças e controle com atuação na área de auditoria e 57% eram analistas de controle externo. Com a aplicação do teste Cloze os autores concluíram que os relatórios de gestão das unidades gestoras do governo federal apresentaram um nível de compreensibilidade considerada parcialmente satisfatória, pois 50% dos relatórios foram compreendidos em nível de independência e 50% em nível instrucional, não havendo, portanto, pontuação para o nível de frustração. Dentre os fatores que influenciaram na compreensibilidade verificada por meio do teste Cloze, destacaram-se o interesse sobre o assunto tratado nos relatórios de gestão; alta familiaridade e/ou conhecimento dos conteúdos abordados; elevada prática de leitura; e vasto conhecimento ortográfico e vocabular.

 Esta pesquisa difere das demais até então desenvolvidas, por objetivar investigar por meio da técnica Cloze a compreensibilidade dos alunos de pós-graduação stricto sensu em Ciências Contábeis sobre trechos extraídos de dois livros de Sistemas de Informação, sendo um traduzido do inglês para o português e o outro de autores brasileiros. A pesquisa diferencia-se por investigar obras sobre sistemas de informação, haja vista que não foi possível localizar estudos que tratam sobre essa temática envolvendo profissionais da área contábil e por uma obra ser traduzida e produzida em ambiente diverso do Brasil e a outra consubstanciar-se de literatura nacional. Visando analisar a compreensibilidade por parte de alunos de mestrado e de doutorado de Ciências Contábeis referente às obras sobre Sistemas de Informação, este estudo utiliza-se da técnica Cloze.