5 Considerações Finais
A Linter Sistemas foi bem sucedida no processo de inovação que resultou no seu principal produto, o primeiro software no Brasil para a programação da produção com algoritmos da Teoria das Restrições.
A inovação analisada ocorreu em um ambiente organizacional específico, uma rede de organizações parceiras. Portanto, o Drummer é um produto desenvolvido por uma rede de inovação.
A Linter adotou uma estrutura de relacionamento composta de um relacionamento direto e duas redes com relacionamentos indiretos. Cada um destes relacionamentos contribuiu em uma fase distinta da inovação para criar um produto funcional e aceito pelo mercado:
- Para adquirir know-how nos algoritmos (Teoria das Restrições) do produto, a Linter criou relacionamentos indiretos através da rede do Instituto Goldratt.
- Para concluir o teste do produto e finalizar as funcionalidades do Drummer, a Linter adotou um relacionamento direto com intensivo compartilhamento de recursos com a empresa da implementação piloto (software free versus conhecimento das necessidades do usuário).
- Com o propósito de aumentar a amplitude de distribuição do seu produto, a Linter utilizou-se de relacionamentos indiretos através da rede de uma empresa líder no setor de informática com um consolidado canal de distribuição no mercado-alvo do software de Teoria das Restrições.
O Estudo de Caso refutou a hipótese inicial da pesquisa. Constato-se que a eficácia do Drummer foi obtida apenas depois da Linter obter conhecimentos tácitos através de uma estrutura de rede fechada e relacionamento direto com a Empresa Metalúrgica, e após ter obtido os conhecimentos explícitos sobre os algoritmos, por meio de uma estrutura de rede aberta com o Instituto Goldratt, que viabilizou acesso a relacionamentos indiretos com o Instituto Goldratt Internacional e com a experiência de manufaturas usuárias.
Portanto, a Linter conduziu dois ciclos distintos na dinâmica de redes de inovação. Para obter um protótipo do software utilizou-se de uma dinâmica composta de relacionamentos abertos em rede indireta para capturar conhecimentos explícitos sobre os algoritmos do software. Enquanto que para obter a configuração completa do novo software pronta para atingir o seu mercado-alvo, utilizou-se de uma dinâmica de rede interorganizacional composta por um relacionamento fechado e direto para capturar conhecimentos tácitos no uso dos algoritmos.
Por fim, o presente estudo evidencia como a Linter Sistemas evoluiu na definição de sua estratégia empresarial. Antes de se integrar a uma rede de inovação, os sócios da empresa conduziram o seu negócio baseados em uma percepção subjetiva de que o seu principal produto, um ERP (Enterprise Resource Planning), estava perdendo diferenciação no mercado. Após a experiência bem sucedida de participar de uma rede de inovação para desenvolver o software de programação da produção, a Linter formalizou a sua estratégia empresarial e se posicionou no mercado como fornecedora de softwares especializados complementares ao ERP das empresas-cliente.
Referências Bibliográficas
Ahuja, G. (2000). Collaboration networks, structural holes, and innovation: a longitudinal study.Administrative Science Quarterly. Vol 45 p. 425-455.
Amato, J. N. (2000). Redes de cooperação produtiva e clusters regionais:oportunidades para as pequenas e médias empresas. São Paulo: Atlas.
Antolin, M. N. (2001). Bases para el estudio del proceso de innovación tecnológica en la empresa.Universidad de Leon, México.
Canner, N.; Mass, N. J. (2005). Turn R&D upside down. Research technology management. Washington. Vol. 48, Iss. 2; p. 17-21.
Chen, Y.; Wu, T. (2006). The conceptual construction of core competence for two distinct corporations in Taiwan. Journal of American Academy of Business. Cambridge. Vol. 8, Iss. 1; p. 197-201.
EC. (1995). Green paper on innovation. European Commission, Directorate-General XIII/D.
Freeman, C. (1982). The economics of industrial innovation. London: Frances Pinter.
Goldratt, E.; Cox, J. (2002). A meta:um processo de melhoria contínua. São Paulo: Nobel.
Goldratt, E. (1991). The haystack syndrome:sifting information out of the data ocean. New York: North River Press.
Grawatsch, M.; Schuh, G. (2003). Triz-based technology intelligence. European TRIZ Association meeting TRIZFutures 2003. Fraunhofer Institute for Production Technology IPT, Aachen, Germany.
Holmen, E.; Pederseni, A. C.; Torvatn, T. (2004). Building relationships for technological innovation. Journal of Business Research, Vol. 58, Issue 9, pp. 1240-1250.
Lichtenthaler, E. (2005). The choice of technology intelligence methods in multinationals: towards a contingency approach. Internacional Journal of Technology Management, vol.32, Nos. 3/4.
Nonaka, I.; Takeuchi, H. (1997). Criação de conhecimento na empresa. Rio de Janeiro: Campus.
Pyka, A.; Küppers, G. (2002). Innovation networks: theory and practice. Cheltenham, UK, Edward Elgar Publishing Limited.
Pyka, A.; Gilbert, N. G.; Ahrweiler, P. (2002). Simulating innovation networks. In: Pyka, A.; Küppers, G. Innovation networks: theory and practice. Cheltenham, UK, Edward Elgar Publishing Limited.
Porter, M. E. (1983). The technological dimension of competitive strategy. In: Burgelman, R. A., Maidique, M. A. (eds) (1988). Strategic management of technology and innovation. Irwin, Homewood, Illinois, pp. 211-233.
Powell, W. W.; Koput, K. W.; Smith-Doerr, L. (1996). Interorganizational collaboration and the locus of innovation: networks of learning in biotechnology. Administrative Science Quarterly. Vol. 41, p.116-145.
Rothwell, R. (1994). Industrial innovation: success, strategy, trends. In: Dodgson, M.; Rothwell, R (eds.). (1994). The handbook of industrial innovation. Edward Elgar Publishing Limited.
Scherer, F. M. (1980). Industrial market structure and economic performance. Boston: Houghton Mifflin.
Stevens, C. (1997). Mapping Innovation. The OECD Observer. Number. 207, Aug/Sept, p.16-19.
TERRA, J. C. C. (2001). Gestão do conhecimento:o grande desafio empresarial : uma abordagem baseada no aprendizado e na criatividade. São Paulo: Negócio Editora.
YIN, R. K. (2005). Estudo de caso: planejamento e método. Porto Alegre, Bookman.
Zander, U.; Kogut, B. (1995). Knowledge and the speed of transfer and imitation of organizational capabilities: an empirical test. Organizational Science, vol. 6, número 1, pp. 76-92, In ANTOLIN, M. N. Bases para el estudio del proceso de innovación tecnológica en la empresa.(2001). Universidad de Leon, México.
|