Discussão

A educação profissional caracterizada pela universidade corporativa, objeto deste artigo, tem na legislação educacional o seu embasamento legal para sua constituição.

E o Conselho Estadual de Educação tendo em vista o disposto no Artigo de n.º 88 da Lei 9394/96 resolve logo no Artigo 1.º a seguinte redação: “As normas a seguir baixadas aplicam-se, no sistema estadual de ensino, à educação escolar, que deverá estar vinculada ao mundo do trabalho e à prática social, compreendendo a educação básica – integrada pelos níveis de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio – e a educação superior”.

E no que diz respeito diretamente à educação voltada especificamente para profissionais trabalhadores, o parágrafo único deste artigo cita de forma mais contundente a seguinte redação que embasa ainda mais a idéia de implantação de uma universidade corporativa na região: “Os níveis de educação e ensino mencionados no caput deste artigo compreendem os processos educacionais em sua forma regular e nas modalidades de educação de jovens e adultos, educação especial, educação profissional, educação indígena e educação à distância”.

Na região do Complexo Industrial de Santa Cruz, existem atualmente diversas empresas que necessitam de uma melhor estrutura específica voltada para melhoria do desempenho técnico de seus profissionais, no desenvolvimento das suas atividades. E ao mesmo tempo, quando da busca por novos talentos para ocupação das vagas disponibilizadas, os trabalhadores residentes ao entorno e postulantes ao cargo, possam estar aptos oferecendo as empresas desta maneira, uma melhor capacidade profissional.          Desta forma, fica clara que ambas as partes podem ser beneficiadas.

E nesta relação emprego x trabalho, existem cinco dimensões de precariedade que se referem diretamente: a insegurança do mercado de trabalho – falta de oportunidades de emprego; a insegurança do trabalho – proteção inadequada contra a perda de emprego ou despedida arbitrária; a insegurança de emprego – inabilidade de continuar em uma ocupação particular devido à falta de delimitações de ofício e qualificação profissional; a insegurança de segurança & saúde – condições precárias de segurança ocupacional e saúde e a insegurança de reprodução de experiência – falta de acesso à educação básica e treinamento vocacional.

Outro problema decorrente da falta de qualificação profissional é a rotatividade de funcionários. As empresas desembolsam altos valores de rescisões contratuais – valores que poderiam ser utilizados na aquisição de novas tecnologias. A rotatividade que é decorrente de problemas com o comportamento ou desempenho do colaborador não é uma causa, mas o efeito, a conseqüência de certos fenômenos localizados interna ou externamente à organização que condicionam a atitude e o comportamento do pessoal.

Outro fato que aumenta o índice de rotatividade é a oferta e a procura que ocorre no mercado de trabalho por profissionais qualificados. O trabalhador assediado por melhores oportunidades e condições salariais em outras empresas acaba unindo-se a elas, conseqüentemente gerando lucro para a concorrência. A empresa nesse caso perde um potencial investido, e passa a buscar no mercado de trabalho por eventuais substitutos para a manutenção das funções e atividades.

E a perda do capital humano, as já citadas despesas com verbas rescisórias e os gastos com recrutamento e seleção fazem parte de um conjunto de danos que afetam diretamente seu patrimônio líquido, ocasionando desta maneira uma transferência de capital para suprir estes gastos. Agindo assim, a empresa reduz ou inviabiliza a realização de investimentos na aquisição de novos e/ou modernos equipamentos para sua atividade produtiva, na sua infra-estrutura, na aplicação de recursos para melhoria da qualificação dos seus colaboradores.

Importante ponto a ser destacado e que se caracteriza como um dos grandes problemas sociais do país é a entrada dos jovens no mundo do trabalho.

E do ponto de vista das iniciativas dos empresários, a formação profissional – considerada essencial para o jovem trabalhador – tem um endereço claro, aumentar a produtividade do trabalho, a qualidade e a competitividade dos produtos, além de gerar riquezas. Quanto aos trabalhadores e às suas necessidades de sobrevivência, parece haver menor clareza em relação às estratégias ou às opções concretas de formação profissional para a aquisição de novas habilidades e conhecimentos para valorização de sua força de trabalho.

A qualificação e/ou a capacitação profissional, juntamente com o treinamento, são importantes para a conscientização no aspecto de geração contínua de valor dentro da empresa, possibilitando que os profissionais se direcionem proativamente em direção aos objetivos organizacionais. Através da qualificação, as pessoas aprimoram seu conhecimento técnico-profissional, compartilham mais informações sobre a empresa e ampliam seus relacionamentos interpessoais. A qualificação profissional é representada como um instrumento com capacidade de desenvolvimento para habilidades específicas, necessárias para o perfeito exercício de um cargo.

A competência, resultado de uma pessoa qualificada, passou a ser um requisito profissional em que o trabalhador deve adquirir características polivalentes, que preencham as condições ideais para exercer uma determinada função, geralmente adequando-se a um cargo específico e que muitas vezes mais de um funcionário era necessário para executar aquela mesma atividade.

E para estar apto para exercê-las, o indivíduo necessita de um período maior de preparação e aprendizado. Geralmente isso era feito em escolas de nível superior ou médio.

Outras profissões são aprendidas diretamente, por meio da prática de sua atividade junto a profissionais experientes. Uma vez de posse dos conhecimentos e da habilidade necessários à atividade, poderá então ser considerado um profissional.

Com o desenvolvimento das sociedades e a especialização das atividades, criam-se novas profissões e também novas instituições para o ensino correspondente. Os conhecimentos que antes eram adquiridos espontaneamente por meio da atividade junto a profissionais experientes passam a ser administrados então por meio de cursos sistematizados. Novos cursos superiores e técnicos são abertos constantemente. Muitas das novas profissões são fruto do desmembramento de outras, surgindo como áreas de especialização.

No mundo atual e globalizado onde vivemos, o mercado de trabalho mostra-se cada vez mais exigente, e a busca por uma colocação profissional não é mais uma questão de empenho ou de sorte, e sim de qualificação. A qualificação profissional deve ser vista como fator determinante para o futuro daqueles que estão buscando uma colocação no mercado de trabalho, sendo ainda de suma importância aos que buscam manter a posição ocupada, alimentando chances reais de crescimento nas corporações, o que nos leva a crêr que a medida que o tempo passa e o mundo evolui, muito além da experiência, adquirir e renovar conhecimento torna-se inevitável.

E para que uma região obtenha avanços sociais significativos, algumas ações devem ser priorizadas pelos agentes: conquistas de políticas públicas de enfrentamento da pobreza e da indigência, renda mínima, e uma política habitacional de valorização das áreas de vulnerabilidade social. E a maneira mais imediata de transformação deste cenário para a população local é a implantação de cursos de formação profissionalizante para os excluídos.

E para alcançar avanços sociais expressivos, a região necessita da participação dos chamados agentes de desenvolvimento, que são considerados como agentes de transformação das ações para o desenvolvimento local da região. São eles as organizações populares (cooperativas, associações etc.) e de trabalhadores (centrais sindicais e sindicatos); organizações não governamentais e instituições de cooperação nacional e internacional; academia (conjunto de universidades; suporte técnico para as incubadoras); organizações públicas não estatais (agências de desenvolvimento); governos estaduais e municipais (políticas públicas de acesso ao crédito, geração de renda, reinserção profissional); e entidades empresariais.

A região de Santa Cruz e Adjacências atualmente se enquadram economicamente em um processo adverso e tem disponibilizado difícil acesso aos serviços públicos essenciais como emprego, educação, saúde, e necessita da intervenção de atores externos para ajudá-la em sua recuperação econômica, pois a qualidade de vida das pessoas pode ser incrivelmente aumentada com a capacitação e com o crescente desenvolvimento profissional. Pessoas treinadas e habilitadas trabalham com mais facilidade e confiabilidade e, conseqüentemente, com mais prazer e felicidade.

A qualificação e/ou a capacitação profissional, juntamente com o treinamento, são importantes para a conscientização no aspecto de geração contínua de valor dentro da empresa, possibilitando que os profissionais se direcionem proativamente em direção aos objetivos organizacionais.

O objeto em particular deste artigo é a abordagem sobre a contribuição que uma Universidade Corporativa poderá proporcionar para que esta região em destaque possibilite o acesso de melhoria no aspecto da qualidade de sua mão-de-obra para os profissionais ali residentes, da melhoria também para o setor econômico das empresas ali localizadas, e conseqüentemente na recuperação do complexo industrial, que teve sua época de crescimento, e com o passar dos tempos, teve decretado pelas adversidades impostas da economia o seu decréscimo.

Cultura é considerada um trunfo no processo de consolidação da cidadania, com o apoio a projetos de capacitação de comunidades carentes, possibilitando sua reintegração na sociedade. Educação e cultura são as ferramentas em qualquer processo de desenvolvimento social e econômico de uma nação e também o instrumento principal para reduzir as desigualdades, pois dão acesso ao conhecimento, à informação e às oportunidades no mercado de trabalho. Investimentos em cultura geram empregos e renda, contribuindo para a diminuição das diferenças sociais.

Conclusão

Diante da população estimada em 412 mil moradores, conclui-se que a quantidade disponibilizada pelas instituições tradicionais de educação de cursos de qualificação profissional não atende de maneira satisfatória a demanda de profissionais residentes na região do Complexo Industrial de Santa Cruz. Os mesmos necessitam ter acesso a uma melhor capacitação técnica. Com isso faz-se necessário a criação de novas instituições de educação ou entidades organizacionais que venham ofertar cursos de qualificação que beneficiem estes trabalhadores.

Empresas foram visitadas e constatou-se em sua maioria que não existe nenhum tipo de instrumento voltado para um sistema de educação corporativa. Informações obtidas dão conta de que funcionários contratados são treinados na própria empresa, através de conteúdos técnicos e profissionais aplicados pelas instituições particulares por intermédio das palestras e consultorias. Estas empresas também não apresentaram em seus respectivos cronogramas, nenhum esboço de projeto que possa viabilizar a implantação de uma universidade corporativa na região.

A necessidade de profissionais preparados no mercado de trabalho vem notadamente influenciando as empresas a investirem em treinamentos e cursos de qualificação profissional. E quem souber aproveitar esta oportunidade só tem a obter benefícios, dentre eles, uma melhor formação de qualidade técnica, maior chance de empregabilidade, melhor condição salarial. E a região do Complexo Industrial de Santa Cruz, localizado na Cidade do Rio de Janeiro, apresenta diversas características que evidenciam a necessidade de ter disponibilizado para si – sua comunidade e também empresas instaladas – um projeto voltado para o aprimoramento profissional.

O Rio de Janeiro recentemente foi escolhido como sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Fato que movimentará a economia de todo o Estado. Áreas como construção civil, tecnologia, turismo, dentre outros, crescerão e necessitarão de mão-de-obra especializada. E os cursos que poderão estar disponibilizados a população da região, permitirão, além de um novo ofício, um aprimoramento profissional, uma melhor qualidade técnica.

É importante concluir que a capacitação e/ou qualificação profissional visa a reduzir o afastamento por acidentes e aumenta os índices de segurança da empresa, já que o empregado conhece profundamente os equipamentos que utiliza. Outra vantagem é o menor índice de quebra do maquinário e detectar eventuais alterações que podem gerar a interrupção da produção. Além do melhor desempenho produtivo, o profissional qualificado desperdiça menos material e suas peças são menos rejeitadas pelos respectivos controles de qualidade.         

Como já citado anteriormente, fica evidente que ambas as partes, trabalhadores e empresa, podem ser beneficiadas.

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