1. Introdução
Esta pesquisa tem como propósito de investigação a eficiência na classificação por ranking das dez maiores cooperativas do Brasil, considerando a classificação apresentada pelo Banco Central de Brasil (BACEN, 2010). O gerenciamento do ativo total com os resultados da concessão está relacionado com o desempenho das cooperativas, pois representam a eficiência com que utilizam o patrimônio na conversão de operações de crédito, isto traz a questão relacionada com os fatores de risco, mais frequentemente, com o risco de crédito.
A utilização do patrimônio na concessão de crédito está atrelada à política de crédito adotada pela cooperativa na ocorrência de eventos que, em um processo de gestão preventivo, permite a sua mensuração e consequente redução dos índices de análise de crédito, no entanto, sua evidenciação precisa ser ampla de forma a mostrar este tipo de risco nas cooperativas de crédito brasileiras.
A questão está em analisar a eficiência e ranking das cooperativas de crédito do Brasil, sob a premissa de que a cooperativa com mais ativo total deve ser classificada em primeiro lugar no ranking das cooperativas de crédito brasileiras em relação a depósitos totais, patrimônio líquido, operações de crédito e posteriormente, em relação ao número de associados; conduzindo a expectativa desta pesquisa, fato que permite avanço na competitividade com os bancos comerciais.
Considerando que as cooperativas estão inseridas num ambiente competitivo, a busca pela eficiência em gerar operações de crédito deve ser uma constante, além de considerar a minimização dos riscos na organização, transpassando os interesses dos gestores e se relacionando com o comprometimento de todos os envolvidos no processo. A eficiência nas operações de crédito pode conduzir as cooperativas a maiores fatias do mercado de crédito, pois essas conseguem praticar taxas menores que os bancos comerciais, frente às possibilidades do tomador de crédito entender o processo e a forma como as cooperativas de crédito praticam o seu custo de oportunidade.
As orientações sobre risco surgiram em 1988, no momento em que o Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia, órgão ligado ao Bank for International Settlements (BIS), com formação, inicialmente pelo grupo dos dez países mais ricos, exigiu que os bancos evidenciassem no processo de concessão de crédito uma análise que permitisse sua redução. As atividades não interferem na orientação financeira dos países, mas com orientações sobre as formas de como os bancos devem atuar frente às necessidades financeiras do mercado. Seu primeiro acordo está relacionado com a gerência de risco de crédito, atividade para as quais os bancos são formados.
Em 1998, o comitê apresentou um Novo Acordo de Capitais da Basiléia, entendendo que existem outros riscos, além dos publicados anteriormente, e com o objetivo de melhorar a transparência das informações sobre a gestão das entidades, além de demonstrar os riscos de suas atividades.
No Brasil, as pesquisas aconteceram conforme descrição do foco no Acordo da Basiléia, analisando a forma como os bancos estão estruturando suas áreas de risco e consequente conhecimento e evidenciação. No entanto, as pesquisas sobre risco relacionadas às cooperativas de crédito estão em fase inicial, como também a análise do desempenho por ranking como forma de comparação entre os resultados das cooperativas e a análise pelo conjunto de resultados e indicadores.
Contudo, a análise de risco precisa de mais abrangência, ampliando o que o Comitê da Basileia determinou para os bancos, acordo sob o qual as cooperativas estão enquadradas. A análise de risco sob o ponto de vista das cooperativas de crédito também precisa de evidenciação e que sejam, de fato, estabelecidos instrumentos de mitigação. Mesmo que as necessidades apontem para a estruturação, as pesquisas voltadas para a análise de risco segmentada por categorias de clientes, nas cooperativas de crédito, ainda não estão acontecendo.
O risco apresentado por Gitman (2004, p. 184) compreende “a possibilidade de perda financeira”; esta, por sua vez, poderá envolver os ativos com mais facilidade em disponibilidade de recursos monetários, como transformar estes itens em caixa, assim, com maior probabilidade de ocorrerem perdas monetárias.
Em se tratando da mensuração destes recursos ou possibilidade da ocorrência efetiva desse risco nas organizações, relaciona-se com a possibilidade de apurar, de forma econômica, o nível da atividade ou do ativo que está sofrendo ameaça de reduzir seu valor.
Na tentativa de reduzir de forma efetiva este acontecimento, os gestores necessitam compreender sua forma de estimativa. Assim, esta avaliação entende “que pode ser medido pela amplitude dos retornos” (Gitman, 2004 p. 188). No entanto, a prudência recomenda a formação do entendimento quanto à configuração que este ativo, com possibilidade de risco, será avaliado, recomendando entendimento pleno do medidor utilizado pela empresa. Com isto, busca-se visualizar as perspectivas para a empresa e observar as tendências do mercado e da economia em geral.
Como objetivo desta pesquisa, apresenta-se a análise da eficiência e ranking das cooperativas de crédito do Brasil.
O problema está na consideração da utilização eficiente do ativo total da cooperativa em gerar crédito aos cooperados e patrimônio líquido a cooperativa. Como questão de pesquisa se destaca a forma de classificação apresentada pelo BACEN, que reflete o ranking obtido com o mesmo conjunto de dados e se representa a eficiência nas operações de crédito.
Os procedimentos da pesquisa se caracterizam como documentais, nos instrumentos adotou-se a pesquisa quantitativa, com abordagem qualitativa. Como universo foram estudadas a dez maiores cooperativas brasileiras, segundo dados do BACEN, de dezembro de 2009. A técnica de coleta de dados ocorreu com base nos dados publicados pelo Banco Central do Brasil (BACEN), no estudo dos dados foi empregada a Análise Hierárquica dos Processos (AHP), além da análise de indicadores de desempenho.
Como limitações, a própria população que foi analisada: as dez maiores cooperativas de crédito – o que não permitiu generalizações ao total de cooperativas brasileiras. A justificativa tem como relevância do estudo as atividades de risco de crédito, que ainda carecem de evidências pelas pesquisas brasileiras, tampouco, as relações das atividades operacionais e a possibilidade da ocorrência de risco nas operações de crédito.
A exequibilidade está amparada na literatura brasileira sobre o assunto, de forma que permitirá o estudo e o estabelecimento do ranking das cooperativas de crédito, facilitando a utilização de várias metodologias e permitindo sua evidenciação nas operações.
A oportunidade do estudo se relaciona com a eficiência na utilização do patrimônio com as operações de crédito, no ambiente competitivo denota que a adequação ao macroambiente significa o controle das atividades operacionais com apontamento dos riscos. Desta forma, tem-se muito a desenvolver no estudo de risco nas cooperativas, principalmente na área de crédito e desempenho para definir seus resultados.
Na evidenciação dos riscos, considerando, o risco de crédito, o risco de mercado e outros, esta pesquisa se justifica pela contribuição que dará, seja no estudo científico ou nas atividades voltadas à aplicabilidade na análise do risco de crédito pelas cooperativas de crédito. Assim, destacam-se as hipóteses de pesquisa como: Hipótese 1: Cooperativas com maior volume de ativo total continuam com posições asseguradas quando analisadas pela AHP; Hipótese 2: Cooperativas classificadas pelo BACEN mantêm a mesma posição no ranking conseguido pela aplicação da AHP; Hipótese 3: Rejeita as hipóteses anteriores.
Esta pesquisa está estruturada com a introdução, que apresenta aspectos iniciais do estudo, com a fundamentação teórica que destaca os conceitos que suportam a pesquisa, com o método de pesquisa que destaca os procedimentos utilizados e as técnicas estatísticas, a análise dos dados, as conclusões resultantes da pesquisa e as referências utilizadas.
2. Gerenciamento de risco
O gerenciamento do risco está relacionado com a necessidade das empresas concedentes de crédito em reduzir a possibilidade de sua ocorrência. De modo que os investidores desejam o retorno adequado ao capital investido, fato que cabe ao gestor a maximização do resultado e o retorno sobre o investimento inicial. Assim, o gerenciamento de risco está atrelado ao processo de mitigação do risco, como forma de garantir o retorno esperado pelas partes.
As instituições financeiras utilizam os sistemas de classificação de risco para avaliar o risco dos tomadores de crédito e para monitorar o risco das carteiras de ativos de crédito. As classificações de risco também são utilizadas pelas instituições financeiras para estabelecer as condições contratuais das operações de crédito concedidas. Quanto maior o risco do tomador, pior será o seu rating e mais restritivas serão as condições sob as quais a instituição concederá crédito, principalmente em relação a volume, prazo, taxa de juros, garantias e covenants. (BRITO; CORRAR; ASSAF NETO, 2009, p. 3).
Do ponto de vista do investidor poderá ocorrer o surgimento de vários perfis do mais avesso ao risco e do mais arrojado, quanto ao grau de risco e à consideração sobre o momento de incerteza. Os momentos de incertezas e os fatores relacionados com o processo de concessão do crédito podem alterar a forma de como as partes se relacionarão, pois os fatores condicionantes são alterados pelo momento em que as partes atravessam no cenário econômico.
De acordo com Lemgruber et al (2001, p. 106), “risco de crédito está relacionado a possíveis perdas quando um dos contratantes não honra seus compromissos”. Na concepção de Silva Neto (1998, p. 163) deve ser estudado também o risco de mercado:
[...] como a instituição financeira sempre possui uma gama de ativos em sua carteira, o risco de mercado deve ser analisado em conjunto. Quando possuímos uma carteira de ativos, é muito importante compreendermos o comportamento de toda a carteira como se ela fosse um único ativo.
A estrutura de capital das cooperativas de crédito pode facilitar a prática da concessão do crédito, uma vez que permite a prática do enquadramento considerando a pulverização do crédito em maior volume de negócio ou maior retorno sobre o patrimônio líquido, pela possibilidade de diluir as possíveis perdas com as transações de crédito.
[...] a implementação do gerenciamento de risco deve ser uma decisão de quem efetivamente detém o poder decisório na instituição. Esta é uma necessidade que leva a obter resultados que tenham impacto imediato, com influência máxima na rotina diária da instituição. Por exemplo, o gerenciamento de risco pode envolver mudanças internas de percepção de qualidade e lucratividade, e como tal requer comprometimento total da diretoria. (DUARTE JUNIOR, 2001, p.108).
Silva (2008, p. 29) ressalta outros aspectos que podem impactar na concessão de crédito como relação da possível inadimplência, tais como:
[...] as razões que levam o cliente ao não-cumprimento da promessa podem estar relacionadas ao seu caráter, a sua capacidade de gerir os negócios, aos fatores externos adversos ou a sua incapacidade de gerar caixa. Mesmo a garantia não devendo ser o fator decisivo para concessão do empréstimo ou de um financiamento, alguns tipos de operações devem ser respaldados por garantias que equilibrem e compensem as fraquezas relacionadas ás demais variáveis implícitas no risco de crédito.
O gerenciamento do risco poderá permitir às cooperativas o adequado desempenho frente à maximização do resultado e remunerando o capital dos cooperados na medida em que foram estipulados nos contratos. Esse gerenciamento conduzirá ações que permitam a gestão do fluxo de recursos disponíveis pelos formadores de capital, atendendo as garantias dos investidores quando da aplicação dos recursos.
3. Operações de crédito
As operações de crédito fazem parte do mix de produtos que as cooperativas de crédito possuem, com vistas a maximizar o seu patrimônio. No entanto, a análise do processo de concessão do crédito ocorre para que as instituições financeiras procedam adequadamente no momento de estabelecer o grau de risco sobre o capital emprestado, fato que permitirá à cooperativa uma otimização do resultado quando considerada a adequada análise dos dados cadastrais e/ou ofertados com garantia.
De acordo com Schrickel (1994, p. 27):
[...] a análise de crédito envolve a habilidade de fazer uma decisão de crédito, dentro de um cenário de incertezas e constantes mutações e informações incompletas. Esta habilidade depende da capacidade de analisar logicamente situações, não raro, complexas, e chegar a uma conclusão clara, prática e factível de ser implementada.
Na concepção de Caouette, Altman e Narayanan (1999, p. 40):
[...] os bancos administram o risco de crédito quase que exclusivamente através da adoção de procedimentos de análise de crédito, o procedimento de fazer um questionário antes de tomar a decisão de conceder o empréstimo. A análise de crédito se focaliza em dois tópicos distintos, mas interligados: a intenção e a capacidade do tomador de pagar o empréstimo. Analisar a intenção de pagar é, essencialmente, uma questão de investigar o caráter do tomador. Analisar a capacidade de pagar é uma questão de investigação das perspectivas econômicas do tomador.
Os procedimentos de análise de crédito permitem às cooperativas o estabelecimento de parâmetros para classificação do cooperado quando da solicitação do crédito e permitirá a prática da remuneração sobre o capital investido de forma que atenda às necessidades das partes e que permita a redução das incertezas na transação, diminuindo assim, a possibilidade do não recebimento do crédito concedido.
Caouette, Altman e Narayanan (1999, p. 1) definem crédito como “a expectativa de uma quantia em dinheiro, dentro de um espaço de tempo limitado, então o risco de crédito é a chance de que esta expectativa não se cumpra”.
O não-cumprimento do acordo envolve aspectos de juízo de valores por parte do tomador do crédito, que, para Ventura (2000, p. 65):
[...] no crédito, é o elemento subjetivo, a confiança, o que governa; ela é a base do crédito. A apreciação, o juízo favorável que o possuidor do capital fizer de uma pessoa ou um grupo de pessoas (firma) e o que permite a operação de crédito. Entretanto, essa confiança, apreciação ou juízo favorável, tem um fundamento positivo, que se estabelece ou pela garantia material que o devedor possa oferecer para o resgate do empréstimo, ou pelo conceito moral que ele goze.
Saunders (2004, p. 8) destaca que, no caso de inadimplência, “um banqueiro tem direitos sobre a garantia real dada pelo tomador. Quanto maior a prioridade destes direitos, e maior o valor de mercado da garantia real subjacente, menor o risco de exposição do empréstimo.”
A função do crédito pode ser contextualizada dentro de uma série de finalidades. Captar recursos junto aos agentes econômicos, financiar as necessidades de investimentos e consumo das agentes com situação orçamentária superavitária e financiar as necessidades de investimentos e consumo dos agentes com situação orçamentária deficitária tem sido o papel histórico dos bancos. A função do crédito consiste em avaliar a capacidade de pagamento do tomador, visando assegurar a reputação e a solidez do banco. Dar segurança aos depositantes sobre os valores confiados ao banco e garantir o retorno aos acionistas. (SILVA, 2008 p. 23)
De acordo com Crouhy, Galai e Mark (2007, p. 25), o risco de crédito:
[...] é o risco que uma mudança na qualidade do crédito de uma contraparte afetará o valor de um título ou carteira. A inadimplência, pela qual a contraparte está indisposta ou incapaz de satisfazer suas obrigações contratuais, é um caso extremo; entretanto, as instituições estão também expostas ao risco de que uma contraparte possa ser rebaixada por uma agência de rating. O risco de crédito é uma preocupação somente quando a posição é um ativo, isto é, quando tem um valor de reposição positivo. Nessa situação, caso a contraparte negligencie, a firma ou perde o valor total de mercado da posição ou, mais comumente, a parte do valor que não pode recuperar após o evento do crédito.
Securato (2007, p. 33) define o risco como:
[...] o ‘grau de incerteza’ ou ‘a possibilidade de perda’, como a probabilidade de ocorrência do evento gerador da perda ou da incerteza. O fato de não se ter elementos para usar probabilidades, ou o fato de o decisor não desejar utilizá-las, levará a uma condição limite que será a incerteza em sua plenitude, a que será chamada simplesmente de incerteza.
Os procedimentos adotados na análise do crédito estão atrelados à possibilidade da ocorrência do não recebimento, que confirmariam a incerteza na transação e que conduzirá à ação de recuperação do capital investido, podendo inviabilizar as transações futuras entre as partes. O fator de incerteza será confirmado quando o tomador do crédito descumprir com o contrato estabelecido e que aumentará para os futuros créditos o percentual referente ao grau de crédito concedido. |