Espacios. Espacios. Vol. 30 (2) 2009. Pág. 19
Factores que impactan el desempeño de un programa estadal de innovación tecnológica bajo un enfoque macroergonómico
Carlos Fernando Jung*, Lia Buarque de Macedo Guimarães**, José Luis Duarte Ribeiro*** y Carla Scwenberg ten Caten****
Recibido: 12-11-08 - Aprobado: 15-02-09
RESUMO: |
|
ABSTRACT: |
- |
||
RESUMEN Este artículo exhibe los resultados de una investigación cualitativa cuyo objetivo fue identificar, analizar y sintetizar los problemas que pueden estar afectando las competencias de los investigadores generando además, casos de Investigación y Desarrollo (I+D) que resultan fracasos dentro el Programa de Polos de Innovación Tecnológica de la Secretaria de Ciencia y Tecnología del Estado do Rio Grande do Sul. También fueron analizadas las relaciones e integraciones entre las capacidades de los investigadores y los subsistemas sociales, técnico, organizacional y su respectivo ambiente externo. Como resultado, es propuesto un mapa conceptual que demuestra los múltiples factores que pueden afectar las capacidades de los investigadores de los Polos de Innovación y, consecuentemente, el desempeño del Programa. Palabras-clave: Innovación, Competencias, Investigación y Desarrollo, Polos |
O sucesso de um programa governamental de fomento à geração de inovações tecnológicas depende das competências organizacionais dos atores envolvidos, opor¬tunidades tecnológicas, recursos financeiros e humanos disponíveis e da minimização do impacto de variáveis do ambiente externo que possam afetar o desempenho do programa (Freeman, 1988; Nelson, 1993).
Um dos programas governamentais voltados ao desenvolvimento de inovações tecnológicas é o dos Pólos de Inovação Tecnológica, implantado em 1989 pela Secretaria da Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (SCT/RS). O programa oportunizou a formação de sistemas regionais de inovação no estado, gerando anualmente, através de parcerias entre os setores público e privado, inúmeras novas tecnologias, produtos e processos. O objetivo principal do programa é aumentar a competitividade dos setores produtivos regionais (SCT/RS, 2007).
Este programa auxiliou o financiamento de 413 projetos de P&D entre 1989 e 2005, em 21 regiões do Estado do Rio Grande do Sul (Jung, Caten e Ribeiro, 2007). Em cada região, existem Pólos de Inovação que possuem Unidades Executoras responsáveis pela gestão e execução dos projetos. Essas Unidades são normalmente instituições de ensino superior públicas ou privadas que possuem infra-estrutura para atividades de P&D. Cada Pólo de Inovação consiste em um sistema regional de inovação que é formado por universidades, faculdades, institutos e centros de pesquisa, empresas, associações e sindicatos.
Souza (2006) afirma que, ao longo do tempo, o Programa de Pólos de Inovação Tecnológica do RS vem obtendo resultados satisfatórios através da inserção de novas tecnologias nos setores produtivos regionais. Entretanto, também foram constatados casos de insucesso no Programa. No período de 1989 a 1999 de um total de 260 projetos resultaram 21 casos de insucesso, ou seja, 8% dos projetos apoiados não cumpriram as metas técnicas estabelecidas. Já no período de 2000 a 2005 cerca de 2% dos 153 projetos não obtiveram êxito.
A Divisão de Pólos de Inovação Tecnológica da Secretaria da Ciência e Tecnologia do RS, responsável pela gestão do Programa, aponta como principais causas de insucessos problemas identificados nas fases de elaboração e execução dos projetos. Estes problemas estariam relacionados a deficiências existentes nas competências dos pesquisadores que atuam nos Pólos de Inovação Tecnológica (Souza, 2006).
Seguindo esse raciocínio, poderia-se atribuir os problemas somente às competências dos pesquisadores, pois, conforme afirmam Parry (1996) e Perrenoud (2000), competência é um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que influenciam a maioria das atividades de um indivíduo e determinam o desempenho e resultado de um trabalho.
No entanto, existem fatores externos que afetam as competências dos indivíduos e a determinação destes é complexa. Estes fatores são decorrentes do ambiente que envolve as características organizacionais, envolvendo fatores sociais, políticos, educacionais etc. (Tadin et. al., 2005). Neste caso, Dejours (1997) salienta que a competência do indivíduo depende também do contexto social, é dependente tanto de um indivíduo quanto do outro, ou seja, depende do coletivo. Corroborando, Zarifian (2001) afirma que deve ser levada em conta a interação do indivíduo com o meio-ambiente. Desta forma, como os ambientes de trabalho não são lineares em suas características, podem motivar diferentemente um mesmo indivíduo, gerando diferentes resultados (Prahalad e Hamel, 1990).
Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa que teve a finalidade de identificar, analisar e sintetizar os problemas que podem estar afetando as competências dos pesquisadores e gerando casos de insucesso em Pesquisa e Desesenvolvimento (P&D) no Programa de Pólos de Inovação Tecnológica da Secretaria da Ciência e Tecnologia do Estado do Rio Grande do Sul. Foram analisadas as relações e inter-relações entre os subsistemas social, técnico, organização e ambiente externo, as competências dos pesquisadores e o desempenho do Programa. O restante deste artigo está organizado conforme segue: a seção 2 apresenta o referencial sobre o tema, a seção 3 descreve o estudo aplicado, a seção 4 apresenta a síntese dos resultados, e a seção 5 traz as considerações finais do estudo.
A partir da problemática, surge a necessidade de explicar a organização como algo dinâmico e aberto. Deve-se considerar que, a todo instante, as relações entre os componentes de um sistema mudam, e o ambiente interno e externo de alguma forma se altera e pode afetar as competências dos indivíduos (Emery, 1964 e Trist, 1978).
Neste cenário, uma opção para compreender como as características de uma estrutura organizacional podem influenciar os indivíduos e os próprios resultados da organização é utilizar a Teoria dos Sistemas Sócio-Técnicos. Essa teoria procura descrever como os sistemas se organizam, dividindo-os em sistemas menores (ou subsistemas) para entender como interagem e mutuamente se influenciam (Hendrick e Kleiner, 2000).
Biazzi Jr. (1994) afirma que a perspectiva sócio-técnica considera na análise dois subsistemas: (i) o técnico, que são as máquinas, equipamentos, instrumentos e infra-estrutura técnica; e (ii) o social, que são os indivíduos e grupos de indivíduos, seus comportamentos, capacidades, cultura, sentimentos e tudo de humano que os acompanha. A partir da Teoria dos Sistemas Sócio-Técnicos, foi proposta uma nova abordagem. Hendrick (1993) propôs utilizar uma visão sistêmica para entender, explicar e projetar um sistema de trabalho: a abordagem macroergonômica. Esta proposta visa romper a tradicional visão microergonômica, que trata apenas do estudo das tecnologias de interface homem-máquina, humano-meio-ambiente, humano-trabalho ou humano-software. A abordagem macroergonômica propõe que a análise seja realizada a partir da relação humano-organização.
A proposta macroergonômica propõe analisar toda a organização a partir do sistema de trabalho, e o sistema de trabalho a partir de toda a organização (Hendrick e Kleiner, 2000). Corroborando, Brown Jr. (1990) afirma que a macroergonomia procura entender as organizações como um sistema sócio-técnico e integra conceitos e métodos da Teoria dos Sistemas Sócio-Técnicos no campo da ergonomia.
Esta abordagem amplia a visão acerca das relações do homem com o meio e permite uma análise sistêmica a partir dos subsistemas: (i) ambiente externo, que abrange todos os elementos externos aos limites da organização possuindo características que variam de meio para meio; (ii) social, constituído por grupos informais (comunidade e família) e formais, que fazem a conexão entre o indivíduo e a organização (colegas de trabalho, fornecedores, clientes etc.), sendo que dessas relações surge o senso de identidade e o propósito do trabalho, seleção e trocas a partir dos comportamentos; (iii) técnico, formado pela infra-estrutura física, máquinas, equipamentos, instrumentos, recursos e insumos tecnológicos existentes em níveis: individual, setorial, departamental e organizacional; e (iv) organização, que é definida a partir dos outros três e pela interação entre eles, sendo considerados como elementos constituintes: a natureza do trabalho, variedade da tarefa e significância (Trist, 1978; Pasmore, 1988; Hendrick e Kleiner, 2000).
Aliada a idéia de utilizar os fatores existentes nos subsistemas social, técnico, organização e ambiente externo para entender como estes podem influenciar diretamente nas competências dos indivíduos e afetar seu desempenho, pode-se agregar a contribuição de Emery (1964, 1976) e Trist (1978), que propõem uma análise da organização do trabalho a partir dos fatores que possam estimular e comprometer os indivíduos com a melhoria do desempenho organizacional.
Emery (1964, 1976) e Trist (1978) propuseram as “propriedades do trabalho”, que são constituídas por seis propriedades relativas ao “trabalho em si” para que seja possível o indivíduo estar estimulado e comprometido com suas atividades laborais, sendo elas: (i) variedade e desafio, as atividades devem ser razoavelmente variadas e representar progressivamente novos desafios, permitindo o exercício das competências para a resolução de problemas novos e diversos; (ii) aprendizagem contínua, o trabalho deve oportunizar a necessidade de crescimento e uma educação continuada; (iii) margem de manobra e a autonomia, as atividades devem invocar a capacidade de decisão, deve-se oportunizar o exercício da autonomia e estimular a responsabilidade pelas decisões; (iv) reconhecimento e apoio, o trabalho deve ser reconhecido e apoiado por todos, fortalecendo o vínculo do indivíduo com a organização; (v) sentido de contribuição social, o trabalho deve vincular as atividades à conseqüências sociais positivas, demonstrando a importância e contribuição do indivíduo para a sociedade; e (vi) futuro desejável, o trabalho deve permitir que o indivíduo tenha a visão de um futuro melhor. Emery (1964, 1976) e Trist (1978) propuseram outras seis propriedades que devem ser atendidas, referentes as “condições de emprego”, a saber: (i) salário justo e aceitável, (ii) estabilidade no emprego, (iii) vantagens apropriadas, (iv) segurança, (v) saúde e (vi) processos adequados.
* Mestre e Doutorando em Engenharia de Produção, PPGEP/UFRGS, RS, Brasil Coordenador do Curso de Engenharia de Produção, FACCAT, RS Gestor do Pólo de Inovação Tecnológica do Vale do Paranhana, SCT/RS, Brasil carlosfernandojung@gmail.com
**Ph.D em Engenharia Industrial, University of Toronto, U.T., Canadá. Coordenadora do Núcleo de Design e Ergonomia, PPGEP/UFRGS, RS, Brasil lia@producao.ufrgs.br
***Pós-Doutor em Engenharia, Rutgers - The State University of New Jersey, R.U., USA. Vice-Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFRGS, RS, Brasil ribeiro@producao.ufrgs.br
****Doutora em Engenharia, PPGEM/UFRGS, RS, Brasil Coordenadora do Escritório de Projetos, PPGEP/UFRGS, RS, Brasil tencaten@producao.ufrgs.br